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Universidade Licungo

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitação em Turismo

Cesarina Pinto Camacho

Hortência Agostinho Nelson

Nordine Taria

A utilização do método arco na construção do conhecimento geográfico

Quelimane
2022
Cesarina Pinto Camacho

Hortência Agostinho Nelson

Nordine Taria

A utilização do método arco na construção do conhecimento geográfico

Projecto científico a ser apresentado


ao Departamento de Ciências e
Tecnologias, no curso, de Licenciatura
em Ensino de Geografia com
Habilitação em Turismo na cadeira de
PIG recomendado por:

PhD. Cardenito Colher

Quelimane
2022
Sumário
1. Introdução..............................................................................................................................3

1.1. Objecto Geral......................................................................................................................3

1.2. Objectivos Específicos........................................................................................................3

1.3. Metodologia........................................................................................................................3

2. Conceito básico......................................................................................................................4

2.1. Método ou metodologia......................................................................................................4

2.1.1. Educação e o PEA............................................................................................................4

2.1.2. Etapas de Arco de Maguerez............................................................................................5

2.1.3. 1ª Etapa – Observação da realidade para reconhecimento do problema..........................5

2.1.4. 2ª Etapa – Levantamento dos pontos-chaves relacionados ao problema.........................7

2.1.5. 3ª Etapa – Teorização dos pontos-chaves para compreensão do problema.....................8

2.1.6. 4ª Etapa – Construção de Hipóteses de solução ao problema..........................................9

2.1.7. 5ª Etapa – Aplicação à Realidade das hipóteses de solução..........................................10

3. Conclusão.............................................................................................................................13

4. Bibliografia..........................................................................................................................14
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1. Introdução

O presente trabalho aborda sobre a utilização do método arco na construção do


conhecimento geográfico, visto que actualmente a sociedade contemporânea vive, no
momento atual, a necessidade de repensar sobre os objetivos e as práticas de ensino,
refletindo sobre a sua fundamentação científica e cultural. É preciso que os alunos do hoje
tenham a oportunidade de vivenciar estratégias que os possibilitem aprender a pensar,
considerando a subjetividade do sujeito, para que haja uma formação que permita o exercício
da cidadania (Libâneo, 2009). Nessa direção, a teoria do ensino desenvolvimental, proposta
por Vasili Davydov em 1988, apresenta-se como recurso didático que cria condições
importantes para o desenvolvimento de actividades e assimilação de conteúdos. Ainda,
contribui na formação do pensamento teórico, reconhece a necessidade de investigar a origem
do conteúdo a ser ensinado e quem são os alunos que participarão do processo educacional.
De acordo com a referida teoria, os contextos sociocultural e institucional são fatores
determinantes para que as actividades de aprendizagem sejam eficazes (Libâneo, 2009).

1.1. Objecto Geral

 Conhecer a utilização do método arco na construção do conhecimento geográfico

1.2. Objectivos Específicos

 Explicar o método arco na construção do conhecimento geográfico;

 Identificar as etapas do método arco na construção do conhecimento geográfico;

 Descrever as etapas do método arco na construção do conhecimento geográfico.

1.3. Metodologia

A metodologia é o conjunto de técnicas e processos utilizadas para realização de um


trabalho, neste caso especifico o trabalho académico, para a realização do presente trabalho
foi nos possível o uso da metodologia de pesquisa qualitativa, onde partismos da consulta de
diversos manuais, bibliografia, provenientes da internet, em algumas bibliotecas virtuais e
manuais físicos e a sua possível leitura e analise resultou na realização do presente trabalho.
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2. Conceito básico

2.1. Método ou metodologia

É também importante definir o significado da metodologia e a sua importância na


investigação. Como tal, para Minayo (1999, p.16) “Metodologia é o caminho do pensamento e
a prática exercida na abordagem da realidade... A metodologia inclui as concepções teóricas de
abordagem, o conjunto de técnicas... e o potencial criativo do investigador”.

Segundo Gil (2003, P.83), a metodologia é um conjunto de actividades sistemáticas


irracionais que permitem alcançar os objectivos, conhecimento valido e verdadeiro. Na
realidade é com base nos diferentes métodos que eles cingirem de modo que o meu trabalho
tenha êxitos, isto é, de forma que o trabalho tenha dados viáveis.

O Método do Arco traz como ponto de partida a observação da realidade, de


maneira ampla, atenta, em que se busca identificar o que precisa ser trabalhado, investigado,
corrigido, aperfeiçoado. A partir dos aspectos verificados, são eleitos problemas a serem
estudados.

2.1.1. Educação e o PEA

O educar pela pesquisa consiste na imprescindibilidade de não focar somente na


formação do profissional, mas também na transformação da realidade educacional do aluno
(Demo, 2016). Demo (2016, p. 11) afirma que “a base da educação escolar é a pesquisa, não
a aula”, e vai além, “a pesquisa deve ser atitude cotidiana no professor e no aluno” (Op. cit.,
p. 11), bem como “a caracterização emancipatória da educação exige a pesquisa como
método formativo, pela razão principal, de que somente um ambiente de sujeitos gesta
sujeitos” (Op. cit., p. 11).

Portanto, de acordo com essa ideia, por meio da pesquisa constrói-se o


conhecimento e, ao mesmo tempo, promove-se a consolidação de um sujeito autor,
questionador e crítico de suas ações, seja ele professor ou estudante. Nesse viés, a presente
pesquisa volta o olhar atento para o lugar do aluno, para os acontecimentos que devem ser
desnaturalizados. Interpretar as relações cotidianas propicia a reflexão sobre o que está sendo
conhecido.
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No cerne dessa questão, Demo (2016) e Colombo e Berbel (2007) defendem um dos
métodos mais importantes para a aprendizagem: a problematização. A problematização
permite ao aluno a movimentação do pensamento, a interlocução sobre o que já foi aprendido
com algo novo, que está sendo construído. Uma ou umas respostas à problematização
instaurada não concebe(m) somente o entendimento da informação; para dar conta do seu
entendimento, se faz necessário o processo reflexivo.

A metodologia da problematização sugere a inserção de bons problemas na vida do


aluno para que ele inicie um processo de motivação pela busca de respostas sobre o desafio
proposto em fontes diversas. Para exemplificar a metodologia da problematização, Colombo
e Berbel (2007) apresentam o Arco de Maguerez, que consiste em utilizar a realidade como
ponto de partida e de chegada. Na Figura 1 tem-se uma representação do Arco de Maguerez
baseado na literatura de Berbel (2012).

Fonte: Elaborado pelos autores embasados em Berbel (2012)

2.1.2. Etapas de Arco de Maguerez

Esse processo representando pelo Arco de Maguerez é construído em cinco etapas.


Segundo os autores, deve-se iniciar pela observação da realidade para que o problema seja
definido, investigado, teorizado, hipotetizado, talvez solucionado e, por fim, aplicado de volta
à realidade, descritos a seguir de acordo com as considerações de Berbel (2012):

2.1.3. 1ª Etapa – Observação da realidade para reconhecimento do problema

A observação da realidade permite perceber o contexto em que o estudo está sendo


vivenciado, apreendendo os aspectos diferentes que o abarcam para poder elaborar o
problema. A leitura do lugar favorece a compreensão dos fenômenos de forma mais
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significativa. Partir da comunidade é aproximar o aluno das possibilidades de utilizar os


conhecimentos para a mudança e não somente para as avaliações escolares.

AM inicia-se com a observação da realidade, que compreende a ação de olhar


atentamente a parcela da realidade que está sendo vivida, com objetivo de identificar
problemas, definidos como dificuldades, carências, discrepâncias, de várias ordens, que serão
problematizadas (Alves & Berbel, 2012).

Essa etapa foi contemplada em três encontros, em cada serviço de saúde mental,
caracterizando-se pelo primeiro contato dos profissionais com a realidade que vivenciam
diariamente, visando identificar as potencialidades e desafios dos profissionais, entraves do
serviço e, em especial, os problemas que, prioritariamente, precisavam ser discutidos no
decorrer da pesquisa, seguindo as demais etapas do Arco de Maguerez.

A formulação do problema constitui o maior desafio de toda a metodologia da


problematização, pois parte de uma questão que não se encontra resposta pronta.
Problematizar a realidade implica uma situação de envolvimento desde o início, e isso dá um
caráter de concretude especial à situação observada, pois o problema deve ser extraído dessa
realidade e surge de algo que necessita ser superado (Berbel, 2012).

O estímulo para a observação da realidade, a partir do olhar dos envolvidos no


contexto, foi mediado por atividades grupais, utilizando sucata, imagens, figuras e
instrumentos musicais. Também foram utilizadas técnicas problematizadoras, como a
discussão de estudo de casos inerentes ao serviço de saúde.

Buscou-se construir um retrato diagnóstico que possibilitasse refletir a realidade dos


serviços, para subsidiar as situações conflituosas que se configurariam como problemas.
Inicialmente, em um dos serviços os participantes elencaram 37 situações problemas e no
outro foram identificadas 28. Também como parte da primeira etapa do AM, foi necessário
discuti-las, visando priorizar qual o problema da realidade observada que os profissionais
elegeriam para prosseguir no processo de discussão nas demais etapas.

Vale destacar que muitos dos problemas levantados não eram da governabilidade
dos profissionais dos serviços, sendo a maioria, relativas a esferas gestoras e, portanto, não
aplicáveis diante da natureza da investigação proposta. Foi um momento importante da
investigação, no sentido de elucidar os participantes quanto o que e como alcançar resultados,
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visto que a última etapa do AM se relaciona a aplicação das ações discutidas voltadas à
realidade em que os desdobramentos das reflexões não dependeriam diretamente das ações
dos participantes.

Esta etapa se caracterizou por intensas discussões que mobilizaram opiniões


divergentes, sensibilizando as equipes, tendo sido descritas como situação incômoda para
alguns participantes. Apontar e discutir problemas são tarefas complexas podendo ser
delicadas em quaisquer circunstâncias, mesmo em equipes onde a comunicação é clara,
sincera e verdadeira.

Em equipes as opiniões divergentes devem ser estimuladas e a confiança entre todos


é grande havendo potencial para reconhecer e resolver os problemas que a envolvem, com
criatividade, e geralmente encontram-se estruturadas em relações flexíveis e permeáveis a
novas ideias (Moscovici, 2001).

2.1.4. 2ª Etapa – Levantamento dos pontos-chaves relacionados ao problema

Os pontos-chave apontam o que é realmente importante, considerando os possíveis


determinantes que o envolvem. Nesse ponto os alunos organizam o pensamento, refletem e
pautam-se nas informações mais significativas, protagonizando o processo de aprendizagem.

Uma vez definido o problema, iniciou-se esta etapa com o objetivo de levantar os
pontos chaves relacionando seus possíveis fatores e maiores determinantes, a fim de
compreender a complexidade e a multideterminação que seria estudada em profundidade
durante a próxima etapa do AM, relativa à teorização (Colombo & Berbel, 2007).

Neste foco, o encontro grupal foi permeado por técnicas mobilizadoras e reflexivas
acerca do funcionamento dos membros da equipe e da dinâmica da equipe no serviço,
enquanto processo de integração e articulação do trabalho, discutindo também a
responsabilização individual e coletiva para a existência do problema.

O movimento de reflexão do eu dentro do serviço, estimulou o reconhecimento da


responsabilização pessoal de cada um, enquanto agente ativo que participa simultaneamente
da construção dos problemas, das soluções e/ou mudanças no serviço. Assim, ainda que os
dois serviços investigados tivessem elegido diferentes problemas nos seus processos de
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trabalho, sobressaíram como pontos chaves aspectos relacionados a coresponsabilização dos


profissionais para a existência e solução do problema.

2.1.5. 3ª Etapa – Teorização dos pontos-chaves para compreensão do problema

A teorização instiga a estudar sobre o cerne do problema, busca respostas mais


organizadas e elaboradas. A teorização volta-se para a reflexão e não para a reprodução.
Teoriza-se sobre algo já conhecido no cotidiano.

A teorização corresponde ao momento em que os participantes da investigação


buscam por informações para melhor compreender o problema identificado na perspectiva de
cada ponto-chave destacado. Esta etapa se desenvolve em forma de estudos exploratórios
com a literatura, podendo utilizar de diversos métodos (Berbel, 1998; 2012).

É a fase de se construir respostas mais elaboradas para o problema, sendo que, todo
estudo, até esta etapa, serve de base para a transformação da realidade (Colombo & Berbel,
2007). Para tanto foram propostas diversas estratégias, considerando que o processo de
construção de conhecimento e busca de informações deve partir dos participantes, como
prevê a metodologia do Arco de Maguerez.

Nesse sentido, os pesquisadores que coordenavam os encontros se posicionaram


como coadjuvantes, orientando e disponibilizando referências da literatura científica que
poderiam ser exploradas por eles. Em um dos serviços foram entregues artigos e textos
relacionados aos temas dos pontos-chaves, para que embasasse a discussão da realidade
vivida comparada aos aspectos encontrados na literatura.

No outro serviço os participantes se propuseram a visitar serviços disponíveis no


território, enquanto espaço geográfico na saúde, onde se onde se verifica a interação
população-serviços no nível local devendo manter articulação para a assistência integral dos
usuários. Visavam também o embasamento teórico para posterior socialização entre os
profissionais do serviço. Cabe salientar que esta etapa demandou maior estímulo dos
pesquisadores aos participantes, na medida em que se verificou entre os profissionais certo
grau de dificuldade em cumprir a demanda e exigência necessárias de ações que visam à
fundamentação teórica de algo que se pretende compreender.
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Neste processo foi igualmente repensado o papel de cada um na responsabilização


de compromissos acordados e no enfrentamento dos impasses do cotidiano. Esta terceira
etapa do AM foi considerada pelo grupo de pesquisadores como complexa e desafiadora, na
medida em que depende diretamente do envolvimento dos participantes, da sua postura ativa
na busca de fundamentos teóricos, para a devida articulação com a realidade vivida, a fim de
ponderarem soluções viáveis no enfrentamento dos pontos-chaves em questão.

Essa fase exigiu, portanto, um posicionamento de espera e confiança nos


participantes, no sentido de aguardar o uso da potência das equipes para o alcance da
compreensão por elas desejada.

2.1.6. 4ª Etapa – Construção de Hipóteses de solução ao problema

A elaboração de hipóteses de solução permite verificar as soluções para o problema,


fundamentando-se na capacidade criadora e em alternativas originais de solução. Baseado no
exposto anteriormente, se pode questionar: O que precisa acontecer para resolver o
problema? O que poderá ser providenciado? Existem dificuldades? O que pode ser feito?
Conforme Berbel (2012), pesquisar e planejar ajuda a solucionar o problema, reforçando a
visão de uma educação libertadora por meio do estímulo ao raciocínio e ao desenvolvimento
de habilidades, ampliando-se as hipóteses de solução.

Ao relacionar as informações teorizadas com as reflexões das etapas anteriores, a


proposta era de elaborar as hipóteses de solução para o problema eleito na primeira etapa da
coleta de dados, tendo em vista o planejamento de estratégias para a aplicação à realidade.

Nesse momento a criatividade e a originalidade foram estimuladas para se pensar em


alternativas de soluções (Colombo & Berbel, 2007), munidos pelas informações
disponibilizadas pela teorização. Assim, nesta quarta etapa do AM, os procedimentos e
técnicas grupais tiveram por objetivos problematizar e refletir possibilidades e movimentos
necessários ao caminho de solução dos problemas elencados.

Para tanto, em um dos serviços, lançou-se mão de videoclipes motivacionais que


tratavam da dificuldade de responsabilização das pessoas em geral diante dos problemas que
surgem no cotidiano. Um deles refletia como a ação de não se responsabilizar, ou seja, a não
ação diante de algo, pode interferir no problema, e ainda ao invés de não solucioná-lo
podendo agravá-lo.
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É interessante destacar que no serviço, onde não foi apresentado o vídeo que se
discutia a coresponsabilidade de cada um no problema vivido por todos, os participantes
tenderam a planejar ações que fossem executadas tão somente por pessoas ou instituições
alheias a equipe de trabalho, como as esferas gestoras da Secretaria Municipal de Saúde.
Neste caso, foi necessário planejar outro encontro para que fossem pensadas ações factíveis
pelo próprio grupo.

A partir das possibilidades de hipóteses de soluções discutidas e tendo em vista o


planejamento de estratégias para sua efetivação, os participantes foram convidados a elaborar
um plano de ação, em que teriam a oportunidade de refinar os elementos destacados até
então. Para tanto, os pesquisadores disponibilizaram uma ferramenta de gestão, denominada
5W2H que auxilia nesse processo, pois visa dinamizar a reflexão e a direciona com vistas à
aplicação da realidade vivenciada, foco da ultima etapa do AM.

Esta ferramenta, muito utilizada no meio administrativo, foi desenvolvida por


profissionais de uma indústria automobilística japonesa para auxiliar no planejamento
empresarial, por permitir colocar em prática os planos de ação, por meio de perguntas
norteadoras para a definição clara de atividades a serem desenvolvidas, no contexto que se
deseja melhorar (Meira, 2003).

Ao concluir essa etapa os planos de ações elaborados pelos participantes estavam


concluídos e prontos a serem aplicados nos seus serviços. Assim, foi proposto que os
implementassem, conforme os aprazamentos previstos, obedecendo o intervalo de
aproximadamente um mês, entre essa etapa do AM e a próxima.

2.1.7. 5ª Etapa – Aplicação à Realidade das hipóteses de solução

A aplicação à realidade consiste em como exercitar as soluções descobertas através


das análises viáveis e aplicáveis para intervir na situação identificada (Berbel, 2012).

Esta fase volta-se para a aplicação das hipóteses de solução à realidade, em que as
decisões são executadas na prática, num movimento contínuo de retorno do estudo ao
contexto investigado, e de intervenção de forma concreta.
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Apresentando o papel transformador, é o momento que permite fixar as soluções


geradas além de contemplar o comprometimento dos participantes para voltar para a mesma
realidade, transformando-a (Colombo & Berbel, 2007).

Para tanto, técnicas grupais de interação e vitalização foram utilizadas buscando


preparar os participantes para o momento de finalização da investigação, agora diante de
outro cenário devidamente refletido e pensado, a partir do olhar não somente dos
pesquisadores, mas em especial, dos envolvidos neste processo problematizador.

Todo o processamento vivido da dinâmica grupal permitiu a reflexão de como a


atitude pessoal e coletiva pode contribuir para a tomada de consciência e produção de
mudanças em uma realidade. Assim, após tal momento reflexivo, foram compartilhadas
experiências de retorno das ações delineadas na etapa anterior na realidade dos serviços.

Ficou evidenciado que várias delas foram implementadas de maneira exitosa,


apontando-se ainda o enriquecimento significativo nas relações da equipe, entre si e no
serviço em geral. Por outro lado, algumas ações do planejamento não foram executadas na
totalidade, como era esperado, por serem aprazadas com um período maior que o previsto
para a conclusão do estudo.

Essa metodologia utiliza a resolução de problemas para o seu desenvolvimento, se


materializando por meio da aplicação do estudo da realidade na qual esse foi observado,
objetivando a sua transformação (Berbel, 2012). O Arco de Maguerez, elaborado na década
de 1970 por Charles Maguerez, teve como ponto de partida profissionais não alfabetizados
atuantes em minas, agricultura e indústria de países europeus e africanos. A inserção da
metodologia da problematização com o Arco de Maguerez se deu a partir de propostas de
formação de professores em um viés problematizador por Bordenave e Pereira, no início da
década de 1980, apoiados em premissas de Paulo Freire, Jean Piaget, David Ausubel (Berbel,
2012; Soares, 2021).

Dentro dessa perspectiva, a professora Neuzi Berbel, desde a década de 1990, tem se
debruçado sobre a temática buscando promover uma educação problematizadora e
transformadora na área educacional. Para Soares (2021), a configuração do método utilizado
por Neuzi Berbel se dá por meio da adaptação/reinterpretação do arco feita por Bordenave e
Pereira e mantém os princípios propostos por Maguerez. Dentre esses, a participação ativa
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dos envolvidos e o diálogo constante entre eles visando responder ao desafio da resolução de
problemas.

As orientações extraídas de Colombo e Berbel (2007) trazem à tona pontos


fundamentais para a construção dos saberes do professor, considerando os alunos sujeitos
autônomos e críticos, capazes de produzir textos de qualidade no trabalho conjunto com base
na pesquisa e nas práticas pedagógicas. A sala de aula deve ser um local em que, assim como
em um laboratório, se aplicam os melhores métodos para impulsionar e engajar os alunos no
processo de ensino/aprendizagem. Todavia, o professor deve estar preparado para a inserção
das novas metodologias que possibilitam essa perspectiva.

Libâneo (2004, p. 221) assevera que o planeamento escolar “é um processo de


racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e
a problemática do contexto atual”. Esse planejamento deverá seguir linhas estratégicas
definidas, levando em consideração a participação de todos que trabalham no ambiente
escolar. A operacionalização dos procedimentos e a aplicação dos instrumentos tendem a
viabilizar o desenvolvimento de um trabalho coletivo de todos os educadores envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem.

Baseado no exposto, este trabalho tem como objetivo analisar o conhecimento dos
professores de escolas municipais sobre a metodologia da problematização com o Arco de
Maguerez, além de verificar o interesse docente em participar de formação continuada sobre
o tema.
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3. Conclusão

Chegando ao termino do trabalho o grupo constatou que a proposta da aplicação de


uma metodologia activa na coleta de dados, é possível afirmar que o Arco de Maguerez é
uma estratégia importante quando se pretende problematizar questões de pesquisa,
requerendo maior engajamento dos atores envolvidos (pesquisadores e participantes) no
processo investigativo. Fundamentado nos resultados das duas pesquisas intervencionistas
pode-se perceber o caráter educativo permeado em todas as etapas do seu desenvolvimento,
ancorado especialmente na reflexão-ação-reflexão.

Sua validade, na perspectiva problematizadora, ficou evidente ao verificar o


empoderamento dos profissionais diante da problemática discutida, saindo do papel de meros
informantes e ou receptores para produtores do conhecimento, num processo coletivo,
mediado pelos pesquisadores na condução dos estudos.

Cumprir as etapas do AM subsidiou o caminhar pela realidade vivenciada nos


serviços comunitários de saúde mental, considerando os fatores determinantes do contexto
em estudo, seus limites, e ainda instrumentalizou os participantes nos aspectos teórico-
práticos para o alcance das soluções elencadas e aplicáveis à sua realidade, o que legitima a
intencionalidade de pesquisas do tipo intervenção.

Assim, utilizar o AM como estratégia para coleta de dados, foi uma experiência
exitosa, pois além de permitir a participação ativa dos profissionais no decorrer do estudo,
possibilitou a tomada de consciência das suas situações conflituosas, condição facilitadora
para o enfrentamento das dificuldades, em particular, neste tipo de condução metodológica de
pesquisa.
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4. Bibliografia

André, M. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 1998.

Berbel, N. A. N. (2014). Metodologia da problematização: respostas de lições extraídas da


prática. Semina: Ciências Sociais e Humanas, 35(2), 61-76.

Bordenave, J. D. (2005). El método del arco: una forma de hacer educación


problematizadora

Colombo, A.A, Berbel, N.A.N. (2007). A Metodologia da Problematização com o Arco de


Maguerez e sua relação com os saberes de professores. Semina: Ciências Sociais e Humanas. 28 (2),
121-46.

Demo, P. Aprender por pesquisa. São Paulo: Cortez, 2016.

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Libâneo, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5.ed. Goiânia: Alternativa,


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Meira, R.C. (2003). As ferramentas para a melhoria da qualidade. Porto Alegre: SEBRAE

Soares, R. G. Formação profissional docente e metodologias ativas: uma pesquisaação com


base na problematização. 2021.

Tardif, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

Viçosa, C. S. C. L.; Soares, R. G.; Folmer, V.; Salgueiro, A. C. F. Metodologia da


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