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Universidade Save
Chongoene
2022
Amina Saide Passul
Maria da Conceição Mucavel
Nelson João Miambo
Rute Sebastião Macucule Jalane
Tomás Eugénio Tembe
Universidade Save
Chongoene
2022
Índice
Introdução..................................................................................................................................4
Metodologia............................................................................................................................4
Objectivos...............................................................................................................................5
Geral....................................................................................................................................5
Específicos..........................................................................................................................5
Revisão Bibliográfica.................................................................................................................6
Conclusão.................................................................................................................................17
Bibliografia..............................................................................................................................18
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Introdução
Este trabalho tem como objectivo geral conhecer os percursores da literatura São
toménse, sem sair do contexto: o ciclo da cor da pele e negrismo e alteridade. Como
objectivos específicos, temos: identificar os percursores da literatura são toménse, apresentar
as obras destacadas quando se trada de ciclo da cor da pele, negrismo e alteridade.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa bibliografica, com vista em trazer um maior entendimento
sobre os percursores da Literatura São Toménse, com revisão bibliográfica como
procedimento para colecta de dados.
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Objectivos
Geral
Discutir os precursores da Literatura São tomense
Específicos
Descreve os precursores da Literatura Sao tomense;
Discutir o papel dos mesmos na formação da literatura São tomense;
Apresentar algums feitos (obras) dos precursores.
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Revisão Bibliográfica
Francisco Stockler
Francisco Stockler, filho de Ignácio Garção Stockler (natural da Bahia) e de Lourença
Graça Costa, nasceu em 1834, na ilha de São Tomé e foi educado em Lisboa. Concluiu o
curso do Liceu Nacional e matriculou-se na Escola Politécnica. Foi nomeado professor
público e teve
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de regressar à sua pátria para tomar posse desse cargo. Veio a falecer no dia 2 de
Janeiro de 1881 em São Tomé, com apenas 47 anos de idade (Pontes, 2008).
Stockler filia-se à escola ultrarromântica portuguesa dos finais do século XIX,
segundo alguns críticos. Em seus espólios, foram encontrados poemas dispersos, alguns
escritos em crioulo-forro – dialecto usado na ilha de São Tomé –, que foram publicados no
Novo Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro, nos anos 1880. Outros escritos foram
publicados ainda na História etnográfica da ilha de São Tomé, em 1895, de autoria de
Almada Negreiros.
Os poemas de Stockler exaltam a vegetação e a fauna da ilha de São Tomé, além de
mostrarem também a sensibilidade do poeta diante dos desconcertos da vida e do mundo.
Francisco Stockler também escreveu em prosa. Dessa modalidade escrita, destacam-se os
trabalhos: A chegada de S. Ex.º o governador da província; Pais de família; Os angolares; O
povo dos angolares.
é uma obra que já indicia uma incipiente percepção das diferenças rácicas, estruturada
em metáforas antitéticas, com uma dimensão auto-contemplativa e de pendor nativista
(pela valorização da cor negra).
Ferreira (1977) comenta, “Versos fica como a primeira obra em que o problema da cor
da pele actua como motivo – e de uma forma obsessivamente dramática”.
Como se pode observar, a obra poética de Costa Alegre marca o início de uma
produção literária tipicamente são tomense. Adiante constam alguns poemas do autor dos
quais o grupo faz a análise.
Esses poetas vincularam sua poesia a uma ideologia estética que intentava a
construção de uma identidade cultural a nível nacional. Para isso, sustentavam um discurso
de combate social, contrário ao colonialismo, denunciador da exploração desse sistema, da
precariedade socioeconómica devida à monocultura do cacau e do café, do regime do
contrato e do drama dos contratados. Constitui uma das obras do autor o poema Epicédio
(VEIGA apud FERREIRA, 1977).
negra nos Estados Unidos, Cuba ou Haiti e redimensionados pelo movimento da Negritude.
Assim, tal como os «3 poemas soltos», incluídos em Ilha de nome santo, a saber «Epopeia»,
«Exortação» e «Negro de todo o Mundo», os poemas negritudinistas de Coração em África
evocam, para estigmatizar, a desagregação e a dispersão absoluta do povo negro, a tristeza, a
melancolia e a martirizada submissão do negro da diáspora.
Na 2a parte de Coração em África, o poeta «regressa» à sua ilha: fizera um percurso
desde Ilha de nome santo, em que o desejo de conhecimento das realidades e de identificação
com a terra natal (que a dedicatória, primeiro, e. depois, o poema «A canção do mestiço»
sintetizam) o leva a perscrutar as especificidades sociais e culturais da ilha, numa escrita neo-
realista cujo funcionamento ideológico revela uma dimensão nacionalista pelas suas
intenções anti-coloniais.
Nomeara em Ilha de nome santo a exploração colonial e a precariedade social da
população nativa, em «Cancioneiro» e no «Ciclo do Álcool», a identidade mestiça do ilhéu
(por vezes uma dolorosa mestiçagem, como na poesia do «Romanceiro»), subvertendo o
código do exotismo literário ao textualizar «realidades miúdas da vida do homem» para. após
um mergulho no universalismo negritudinista. que começara em «3 poemas soltos» e
continuaria na primeira parte de Coração em África, regressar à pulsão da tellus insular. Os
poemas dessa segunda parte, intitulada «Regresso à ilha», maioritariamente escritos durante
uma estada em São Tomé. na Páscoa de 1962. relevam do evocacionismo da terra natal, das
suas potencialidades naturais e culturais, mas também espirituais. re\ alorizando-as através da
citação dos seus frutos, animais, paisagens, ritmos e sensações, num gesto de imersão na
tellus que o poeta realiza convocando os seus mais atávicos afectos: mas ainda assim, nunca
esquecendo as tensões sociais, em última instância coloniais.
A obra poética de Tenreiro foi, desde sempre, uma leitura obrigatória para todos que
participaram dos movimentos sociais, políticos e literários que geraram, em Lisboa,
sobretudo a partir da década de 1950, organizações como a Casa dos Estudantes do Império
(CEI) e o Centro de Estudos Africanos, de que Tenreiro foi um dos fundadores, em 1951.
(FONSECA & MOREIRA).
Nota-se uma distância solar, como se vê, entre a humilhação da Costa Alegre e a
glorificação dos valores culturais africanos por parte de Francisco Tenreiro que obviamente
corresponde à amplitude consciencializadora que vai do século XIX ao século XX. Apesar da
sua condição de mestiço, ou seja, com a possibilidade de se rever, ao mesmo tempo, do lado
africano e europeu, Tenreiro não esquecia a sua origem africana.
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Tomás Medeiros
O médico e activista político António Alves Tomás Medeiros nasceu em São Tomé
em 1931, viveu em Angola, Gana, Argélia e finalmente instalou-se em Portugal, onde reside
até hoje. Tomás Medeiros se destacou politicamente e, quando jovem, foi dirigente da Casa
dos Estudantes do Império, em Lisboa, onde dirigiu a Revista Mensagem. Sua actuação
política levou-o a ser co-fundador do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e
do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), lutando pela independência
dos países africanos colonizados por Portugal.
A poesia de Tomás Medeiros está publicada em várias antologias. Em prosa, ele
publicou, em 2003, O automóvel do engenheiro Dlakamba e A verdadeira morte de
Amílcar Cabral, que é, segundo a sua editora, Althum, uma obra bem documentada,
que dá a conhecer as diferentes facetas do fundador do PAIGC [Partido Africano para
a Independência da Guiné e Cabo Verde], “o político, o guerrilheiro, o escritor e,
sobretudo, o humanista”. (Machado, 2012).
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1. Estilo formal
O texto é poético, composto por oito estrofes regulares, visto que cada estrofe contém o
mesmo número de versos e são classificadas como quadras. A composição métrica das
sílabas em cada verso de todas as estrofes é irregular, sendo que o número de sílabas métricas
oscila de seis para doze. Quanto à rima, a rima em todas as estrofes é simultaneamente
classificada como aguda, final/externa e alternada/cruzada. Porém, há excepção da rima na
sexta estrofe, pois esta é considerada como uma rima encadeada/interna; a última palavra
“lírio” no primeiro verso rima com a mesma, mas no meio do terceiro do terceiro verso.
Desta forma, há uma irregularidade na composição rimåtica do texto. Inerente a composição
de acentuação do verso em cada estrofe, são maioritariamente oxítonas, dado que as últimas
sílabas tónicas em cada verso coincidem com as últimas sílabas das palavras.
2. Estilo de linguagem
3. Temática
4. Ideologia
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É protonacionalismo, dado que o sujeito enaltecea uma negra e protesta pela valorização da
sua cor.
5. Género
6. Modo
7. Periodização
1. Estilo formal
É um texto poético, neste caso um soneto, tipo poético caracterizado por irregularidade
estrófica com duas quadras e dois tercetos, cujos versos apresentam uma irregularidade
métrica em que as sílabas variam de 10 a 12. Apresenta uma irregularidade rimática onde
temos na primeira estrofe rimas interpoladas, na segunda alternadas (cruzadas), na terceira e
na quarta temos emparelhadas (paralelas). As rimas quanto a acentuação são todas regulares
sendo elas graves (a sílaba tónica é a penúltima sílaba da palavra). O texto recebeu uma
influencia estética clássica, por este obedecer rigorosamente o modelo europeu como o caso
de vocabulário, os versos trazem no fim pontuação, iniciam com letras maiúsculas.
2. Estilo de linguagem
O texto Aurora transmite um sentimento, um desejo de alcançar uma aurora, palavra que
descreve um despertar, um começo, um inicio da vida, um nascer do sol, o princípio, termo
este que aparentemente é alguém para qual o texto é direccionado. Neste caso, temos
ambiguidade.
O sujeito chama atenção de que a única saída que existe diante da humilhação em que estão
submetidos sendo comparados com noite, sombra pavorosa, antítese, é tomada uma atitude de
Aurora, o dia, a luz, um começo, etc., porem ele alerta que não será algo fácil, como pode
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concluir o sujeito ao escrever “tu tens horror de mim…, eu sou a sombra pavorosa…, sou a
tua antítese”, ao perceber que a razão do seu ser, sua natureza, suas origens, constituem uma
rivalidade a posição da aurora.
Apesar das dificuldades, o sujeito acredita na capacidade de se chegar a essa posição seja
isso por bem ou por mal, por mais que não seja por eles afinal terão que dar a vida para que
isso aconteça (onde eu acabo é que o teu ser começa). Ele não vê a vida a não ser uma nova
diferente daquela em que está. Não consegue se desfazer da ideia, muito pelo contrário, a
vontade tende a crescer, como se pode notar através da última estrofe mesmo que isso lhe
custe a vida – que me obriga a dizer-te “amor ou morte”.
Portanto, para a descrição desse sentimento notamos para além da ambiguidade mas também
subjectividade e conotatividade.
3. Temática
5. Modo e género
O modo do texto é lírico com o género Ode. É um canto exaltando aurora, o almejo por um
despertar.
Conclusão
O estudo da produção poética dos escritores africanos pode ser feito mediante uma
abordagem diacrônica das literaturas a que pertencem, o qual observe: as dificuldades do
sujeito poético de se encontrar com seu universo africano; o fato de que grande parte da
produção literária reflete a busca da identidade cultural e a tomada progressiva de uma
consciência nacional; o fato de que é sempre possível detectar, nos autores, o momento
poético da luta, que se configura num discurso de resistência e de reivindicação por
mudanças; as mudanças que encaminham para um processo de releitura constante que liga o
presente e o passado na construção de uma África que se renova continuamente.
Após a execução deste trabalho, conclui-se que Costa Alegre marcou o início de uma
produção literária tipicamente são-tomense. Apesar do seu pouco tempo de vida, o seu legado
mantém-se estável na literatura de São Tomé. A construção dos poemas, as temáticas
diversificadas, mostra que este poeta foi um homem muito culto, consciente da sua cor, e das
suas qualidades. E por outro lado, é pacífica a ideia de que os fundamentos irrecusáveis da
literatura são-tomense começam a definir-se com precisão em 1942, com Ilha de nome santo,
de Francisco José Tenreiro.
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Bibliografia
Ferreira, M. (1977). Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa - I (1ª ed., Vol. VII).
Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa.
Laranjeira, P., Mata, I., & Santos, E. R. (1995). Literaturas Africanas de Expressão
Portuguesa. LIsboa: Universidade Aberta.
Pontes, J. X. (2008). Sum Fâchiku Stockler no contexto da poesia são-tomense no século XIX.
Centro dos Estudos Africanos da Universidade do Porto: Porto.