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Escola Secundária de Nkobe

Nome do aluno: ________________________________________________ nr.____ Turma _______Curso:______


2024 Ficha de apoio de História - 12ª classe I Trimestre

Unidade Temática I: Periodização da História de Moçambique


Os conceitos de periodização e cronologia
Os historiadores utilizam a periodização e a cronologia para facilitar a compreensão dos factos históricos. Para a História de
moçambique, apresenta-se uma proposta de periodização, que é como todas as periodizações, relativa e subjectiva.
Conceito de Periodização
Etimologicamente a palavra, periodização, significa dividir em períodos. Mas em História esta ideia não satisfaz, pois não fica
bem clara a ideia ou noção de período.

O que é um período histórico?


Por período histórico entende-se um certo momento, mais ou menos longo, durante o qual uma série de acontecimentos, mais
ou menos homogéneos, podem permanecer inalteráveis.
Quando se diz período da Luta armada de libertação nacional em Moçambique , refere-se a um determinado momento da
história de Moçambique durante o qual o acontecimento mais marcante foi o desencadeamento da luta armada de libertação
nacional, mas também ocorreram vários outros acontecimentos relacionados com esta.
Assim seriam marcas desse período além das acções militares, a Fundação da Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO), a emergência das zonas libertadas, a adopção da política das portas abertas, o golpe de estado em Portugal e
assinatura dos acordos de Lusaka, a instalação do governo de transição em Moçambique, entre outros.
Portanto, periodizar ou dividir em períodos históricos seria o exercício visando encontrar o que distingue, num dado processo
histórico, as diferentes épocas históricas.
Periodização é a divisão artificial, feita pelos historiadores, dos acontecimentos históricos em grandes épocas históricas
(períodos ou idades), destacando as características principais que distinguem um período do outro.

Como se pode perceber o que define período histórico não é um certo número de anos, mas sim a permanência e sequência
dos acontecimentos.
Por exemplo, se sabemos que o período da fixação bantu em Moçambique se estendeu do século IV ao século IX e o da
penetração mercantil Árabe foi entre o século IX e XVI, então, fica claro que a penetração árabe deu-se a seguir ao período da
fixação Bantu.
Os marcos cronológicos que são seleccionados não são absolutos; têm como objectivo principal disciplinar o ensino e o
estudo da História, isto é, a data que é escolhida para separar épocas históricas, não constitui uma barreira intransponível
entre épocas. Algumas características da época anterior coexistem, durante algum tempo, com as da época vigente.

Metodologias aplicadas na periodização


Os historiadores em cada época ou cultura tem aplicado metodologias diferentes de periodização da História. O historiador
periodiza a História mediante as fontes históricas de que dispõe e dos critérios que utiliza, o torna o acto de periodização da
História é relativa e artificial.
Toda a periodização é passível de críticas, por ela ser artificial, mas é indispensável para que o conhecimento histórico se
torne inteligível.
Existem várias periodizações históricas ligadas a diferentes pontos de vistas culturais, etnográficos1 e ideológicos. A
articulação político-genealógica2 constitui o método mais antigo de periodização empregue pelo Homem, onde na sua análise
observa os limites dos reinados e das dinastias.
Além da periodização, os acontecimentos históricos podem ser situados no tempo numa perspectiva cronológica.
Cronologia
A palavra cronologia advém da juncão das palavras da língua grega chronos, cujo sentido é tempo + logos, que
significa estudo. Designa, assim, a ciência cuja finalidade é determinar as datas e a ordem dos acontecimentos - históricos,
principalmente - descrevendo-os e agrupando-os numa sequência lógica.
1
Etnográficos: Estudos descritivos das instituições e das civilizações.
2
Genealógica: Estudos relativos à origem e sucessão de famílias, descrevendo as relações de parentesco entre gerações.

1
Podendo-se definir a Cronologia como a listagem dos acontecimentos por datas, começando pelo mais antigo até ao mais
recente. Veja o exemplo que segue de uma Cronologia da história recente de Moçambique.
Cronologia
1990 – Aprovação da nova constituição que introduziu o multipartidarismo, em Moçambique.
1992 – assinatura do acordo de paz em Roma pelo presidente Joaquim Chissano e o líder da Renamo Afonso.
1994 – Realização das primeiras eleições gerais, no país.
1999 - Realização das Segundas eleições gerais, no país.

As primeiras formas de contagem do tempo, feitas pelos primeiros Homens, eram feitas através da constante observação dos
fenómenos naturais.
Durante muitas décadas, o trabalho do historiador foi limitado ao uso do tempo cronológico que consistia em datar o tempo em
dias, meses, anos, décadas e séculos. Hoje em dia, a contagem do tempo não constitui a principal prioridade da História uma
vez que a sua passagem não determina as mudanças e acontecimentos (factos históricos).
Hoje em dia, os historiadores utilizam o tempo histórico. Esta leva em consideração factores como os eventos, a conjuntura e
a estrutura.
Tempo histórico segundo Marc Bloch é a ciência dos homens no tempo.
 É o que é permanente;
Estrutura  Localiza-se no tempo longo; Exemplo: a Idade Média
 Aplica-se a domínios culturais, económicos, políticos, etc.
 É cíclica;
Exemplo: a Plena Idade Média
Conjuntura  Tem duração média;
em França.
 Também aplica-se a domínios culturais; económicos, políticos, etc.
 Ocorrência singular; Exemplo: assassinato de
Evento
 É o tempo curso. Eduardo Mondlane, a 3/021969.

Tipos de Cronologias
Cada povo adoptou cronologias diferentes. As mais utilizadas na actualidade são: a cronologia cristã e a cronologia
muçulmana.

Cronologia cristã (ou da nossa era) - A cronologia ou calendário cristão, o nascimento de Cristo é o ano um (1) e marca a
divisão entre duas (2), uma anterior ao nascimento de Cristo e outra posterior.
As siglas usadas no calendário cristão são:
 a.C. (antes de Cristo) e a.n.e. (antes da nossa era) para designar o período anterior ao nascimento de Cristo. A
contagem do tempo e regressiva ou decrescente;
 d.C. (depois de Cristo ou “anno Domini”) e n.e. (nossa era) para designar o período era de Cristo ou seja depois do
nascimento de Cristo. A contagem do tempo é progressiva ou crescente.

A cronologia muçulmana - É diferente da cronologia cristã. O ano um (1) dos muçulmanos corresponde ao ano 622 d.C. dos
cristãos. O ano um (1) da cronologia muçulmana é o ano da Hégira. Corresponde ao ano da fuga de Maomé. Pode também
ser chamado de ano maometano.

Proposta de Periodização da História de Moçambique.


Como deve-se recordar, periodizar é identificar os grandes momentos de evolução da História. Pois bem, a tarefa de identificar
esses momentos cabe ao historiador e este fá-lo de acordo as fontes, a sua compreensão dos factos, as suas convicções,
enfim, a sua personalidade. Portanto, é comum encontrar diversas propostas de periodização de acordo com os diferentes
autores.

Em relação à História e para efeitos de exemplificação vamos considerar duas das várias propostas.

Tempo Nome Características do período


Até aos Período da  Sociedade sem exploração e sem classes
anos comunidade  Praticava-se a caça, a recoleção e a pesca
200/300 primitiva  O modo de vida era nómada
n.e.  O trabalho estava dividido por idade e sexo e divisão da produção era feita por igual

2
 Os instrumentos de trabalho eram muito rudimentares
 Exemplo de comunidade: Khoisan
De  Comunidades de agricultores e pastores
Período dos
200/300  Eram sedentários
povos de
n.e. até  Dominavam a tecnologia do ferro
língua bantu
800  Grande grupo de povos unidos pela mesma língua Bantu
 Os árabes chegaram no século IX e instalaram-se em Moçambique, sobre tudo no litoral;
Período da  O seu objectivo era promover o comércio
Desde penetração  No século XII chegam a Moçambique asiáticos com objectivos também comerciais
800 até mercantil  Há relatos e depoimentos de Buzurg Ibn Sharhiyar (marinheiro persa) e de Al-Masudi (viajante
1890 asiática e muçulmano) onde se afirma que há um activo comércio com as “terras de Sofala”
europeia  No século XV foram iniciados contactos com os mercadores europeus, mais especificamente, com os
portugueses
De 1890 a 1930-ocupação e exploração económica:
 Campanhas de pacificação em todo o território de Moçambique, resultante das medidas tomadas na
conferência de Berlim
 Ocupação militar por parte de Portugal e a montagem do Estado (aparelho do Estado colonial)
 Criação de modelos de exploração económica do território moçambicano
 Centro e Norte de Moçambique são concessionados a companhias majestáticas e arrendatárias para
a sua administração, bem como para a exploração dos seus recursos humanos e naturais
Desde Período da  Estabelecimento dos acordos com a Rodésia do Sul e a África do Sul para exportação de mão-de-
1890 até agressão obra para as minas e a construção de infra-estruturas ferroportuárias em Lourenço Marques e na
1962 imperialista Beira
De 1930 a 1962- período colonial e fascismo:
 Portugal esforça-se por estabelecer nas suas colónias a burguesia portuguesa
 Começa o processo da eliminação dos direitos soberanos das companhias majestáticas
 A Companhia de Moçambique cessa os seus direitos político-administrativos sobre Manica e Sofala
em 1942
 Os objectivos da metrópole eram pôr a ecomimia moçambicana ao serviço do Estado Novo (regime
fascista português)
 Surgimento de uma fonte única de reivindicação pela emacipação de Moçambique, a fundação da
Frente de Libertação de Moçambique, que resulta da fusão entre o MANU, UDENAMO e UNAMI:
 Setembro de 1964, início da luta armada de libertação nacional e dela surgiram as zonas libertadas,
as primeiras formas de administração da FRELIMO em Moçambique;
Período da  A política económica portuguesa de portas abertas, cujo objectivo é internacionalizar a guerra em
Desde
luta armada Moçambique;
1962 até
de libertação  Continua-se com os planos de fomento;
1975
nacional  Em 25 de Abril de 1974 dá-se o golpe de estado em Portugal e uma viragem a favor da
descolonização da África portuguesa;
 Assinatura dos Acordos de Lusaka, a 7 de Setembro de 1974, que marcaram o fim do sistema
colonial em Moçambique. É estabelecido o governo de transição;
 Em 25 de Junho de 1975 é proclamada a Independência Nacional.
De 1975 a 1994
 Formação do Estado moçambicano, de modelo socialista, orientado por uma economia centralizada,
dirigida pelo Estado.
Desde  São elaborados vários planos económicos: PEC, PPI, PRE, PRES;
1975  Guerra civil;
Período da
aos  É elaborada a Constituição de 1990;
República
nossos  Fim da guerra civil com a assinatura do Acordo de Paz de Roma, a 4 de Outubro de 1992.
dias De 1994 aos nossos dias
 Eleições livres e democráticas;
 Implantação da democracia
 Implantação da economia livre.
Quadro 1 – proposta de periodização da História de Moçambique. Fonte: Nhampulo, Telésfero de Jesus.

Mini-Teste
1. Defina periodização.
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2. Defina cronologia.

3
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3. Porque se diz que a periodização é sempre relativa e subjectiva?
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4. Observe nas duas pequenas listas de acontecimentos abaixo:
A B
25/6/1962. formação da frente de libertação de Moçambque 25/6/1962. formação da frente de libertação de Moçambique
(Frelimo) (Frelimo)
25/9/1964. início da luta armada de libertação nacional 07/9/1974. assinatura dos acordos de Lusaka que puseram
03/2/1969 assassinato de Eduardo Mondlane primeiro fim a luta armada de libertação nacional
presidente da Frelimo 20/9/1974. formação do governo de transição
07/9/1974. assinatura dos Acordos de Lusaka que puseram 25/9/1964. início da luta armada de libertação nacional
fim a luta armada de libertação nacional 03/2/1969. assassinato de Eduardo Mondlane primeiro
20 /9/1974. formação do governo de transição presidente da Frelimo
25/6/1975. proclamação da independência nacional 25/6/1975. proclamação da independência nacional
a) Qual das duas listas é uma cronologia? Justifique a sua resposta.
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5. Assinala a frase que melhor define cronologia. 6. Assinala a frase que melhor define Periodização é:
A. Lista que mostra os períodos de ocorrência dos A. a forma de organização dos acontecimentos no tempo e
acontecimentos. no espaço.
B. Divisão dos acontecimentos históricos em grandes B. a divisão dos acontecimentos históricos em grandes
épocas, destacando as características principais. épocas, destacando as principais características.
C. Listagem dos acontecimentos por datas, começando do C. a listagem dos acontecimentos por datas, começando do
mais antigo até ao mais recente. mais antigo até ao mais recente.
D. Forma de organização dos acontecimentos no tempo e no D. uma operação metodológica da história.
espaço.

7. Que importância tem a periodização para a História de Moçambique?


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8. Faça corresponder as acolunas A e B, de modo a obter a concordância entre os acontecimentos da coluna A e os
respectivos períodos na coluna B.
A. Transferência da capital do Estado de Gaza de 1. I Período – Comunidades de Caçadores e recolectores ou Khoisan (até
Mandlakazi para Mussorize. século III/IV)
B. Fundação das feitorias de Tete e Sena. 2. II Período – Comunidades de Agricultores e Pastores Bantu
C. Envio de Lourenço Marques para a Baía de 3. III Período - Moçambique e a penetração mercantil estrangeira – 800-
Maputo. 1890
D. Criação de zonas libertadas em Moçambique, 4. IV Período - Moçambique e a agressão imperialista - 1890 - 1974/5

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1.3 A Problemática das Fontes da História e Moçambique
As Fontes Históricas
Fonte histórica é "Tudo aquilo que exprime o homem, um indício que revela a presença, actividade, sentimentos, mentalidade
do homem". Inclui textos, monumentos, observações de toda a ordem, sinais, palavras, paisagens, etc. Em resumo, fonte
histórica é "tudo o que nos pode informar sobre o passado dos homens ".

Tipos de Fontes Históricas


a) Fontes Escritas - manuscritas ou impressas, incluem inscrições, jornais, cartas, documentos oficiais, etc. Dividem-se em:
 Epigráficas – inscrições gravadas em materiais duros como a pedra, o bronze, ou a cerâmica. Geralmente são textos
curtos, com fins comemorativos, funerários, etc.
 Arquivísticas ou Diplomáticas: documentos de carácter oficial (diplomas, tratados, etc); ou de carácter jurídico
(escrituras notariais, actas de assembleias, inventários, sentenças, registos paroquiais, Legislação geral ou especial,
documentação geral, etc).
 Literários ou Narrativas: livros, oratória, anais e crónicas, hagiografias, narrativas diversas.
NB.: as fontes escrita também poder ser divididas em: Manuscritas, Impressas e Epigráficas. Tanto as fontes escritas
arquivísticas ou diplomáticas e as fontes escritas literárias ou diplomáticas, podem ser manuscritas ou impressas.

b) Fontes Materiais ou Arqueológicas - vestígios materiais do homem (fósseis, restos de utensílios domésticos, monumentos,
objectos de arte, pinturas rupestres e demais vestígios da actividade do humana). Determina-se a idade destes objectos,
através dos métodos de datação; por exemplo, Carbono-14 ou datação carbono. No nosso país existem vários
sítios/estações ou locais arqueológicos, nomeadamente: UEM, Madzimbabwe de Mayikeni, Chibuene, Chinhamapere,
Matola, Xai-Xai, Vilanculos, Marrape, Hola-Hola, Mavita, Chongoene, Bilene, Zitundo, Serra Maúa, Monte Mitukwe, etc.

c) Fontes Orais – são informações orais transmitidas de geração em geração sob a forma de conto, lenda e outras formas,
com o objectivo de transmitir a memória dos antepassados. Para a reconstituição da História do nosso país as fontes orais
tem, por isso, um papel relevante e dominante. Contudo, é preciso um certo cuidado na utilização das fontes orais;
devendo ser submetidos a um tratamento apropriado no sentido de se apurar a verosimilhança histórica, nomeadamente:
 Questionar vários intervenientes de um mesmo acontecimento e depois confrontar os resultados;
 Sobre o mesmo assunto transmitido por via oral, tentar encontrar fontes escritas e/ou fontes arqueológicas ou
materiais;
 Reformular as questões colocadas aos transmissores da história oral, coloca-las novamente e confrontar os
resultados.

d) Documentos gravados ou audiovisuais - transmitido por sons ou imagens (fita magnética, disco, cilindro, desenho, pintura,
mapa fotografia, filme, microfilme, etc).

As limitações das fontes da História de Moçambique


 Disponibilidade: são escassas para determinados períodos e assuntos, abundantes para outros ou ainda inexistentes.
Por outro lado têm as suas limitações e só é possível obter uma parte da realidade, obrigando o historiador a novas
pesquisas em busca revelações. As fontes orais, também tem limitações decorrentes do tempo, onde, sobre um
acontecimento, muitas fontes são eliminadas da memória colectiva, por esquecimento
 Credibilidade: qualquer investigação da História do nosso país tem de passar por um trabalho de análise rigorosa das
fontes, pois a maior parte delas levanta sérios problemas de credibilidade. A historiografia da época estar manipulada
pelos criadores das fontes: as fontes escritas, porque são produzidos por quem está no poder no momento, exigem do
historiador maior atenção a esses condicionalismos e analisar com forte espírito crítico aqueles documentos. As fontes
materiais (monumentos) também são construídos de acordo com o regime em vigor.
 Acesso: para o estudo das fontes é necessário saber onde encontra-las. As fontes escritas podem pesquisar-se em
arquivos públicos, bibliotecas públicas e em arquivos pessoais ou familiares – nos últimos tempos têm sido
desenvolvidos esforços para publicar documentos e livros em sites, como https://memoria-africa.ua.pt. e
https://historymozambique.org.net. Para estudar as fontes materiais devem-se visitar campos de arqueologia, museus
monumentos, etc. para as fontes orais, devem-se consultar os relatos escritos existentes, mas sobretudo, devem-se
interrogar os próprios moçambicanos sobre os temas do passado.
 Distribuição das fontes: ela é desigual, no que se refere a sua distribuição pelo território nacional; por períodos históricos;
por temáticas da História do nosso país. Para a História de Moçambique há o predomínio de relatos de etnografia e da
Natureza.
As limitações que se apontaram tornam a tarefa do investigador demasiado difícil, assim, é sempre importante:

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 Preservar os vestígios que existem;
 Recolher ao máximo todos os vestígios sobre a temática em causa;
 Selecionar de forma criteriosa os vestígios quando estes são numerosos;
 Levantar hipóteses que permitam questionar o “silêncio” das fontes.

A importância da tradição oral


Muitas das vezes, as fontes orais, são as únicas disponíveis para se escrever a História de Moçambique. São de extrema
riqueza para o auxílio e efectiva construção historiográfica de Moçambique, uma vez que, tal como em grande parte de África,
em Moçambique, a população é maioritariamente analfabeta. E, para transmitirem conhecimentos às próximas gerações
(literários, coreográficos, técnicos, etc), o povo africano desenvolveu uma grande capacidade de memorização.
Actualmente, têm-se realizado várias pesquisas, através de trabalho de campo com o objectivo de recolher elementos de
tradições orais relacionados com a resistência à ocupação colonial em África. Ela apresenta-se como uma fonte integral da
História de África e já tem uma metodologia bem estabelecida. Jan Vansina e Joseph Ki-Zerbo têm-se destacado no estudo da
tradição oral.
No processo da recolha e registo da tradição, é necessário um certo grau de segurança na reconstituição da memória das
sociedades africanas. O uso das informações escritas pelos cronistas requer um tratamento apropriado: submeter as fontes à
crítica interna e externa e dai avaliar o grau de interferência dos cronistas na transmissão dos relatos dos indígenas. Na
tradução da tradição oral, de uma língua para outra, a dificuldade é ainda maior, por isso há que evitar correr o risco de cair
nas omissões ou deturpações.
Mini-Teste
1. Leia o texto abaixo:
Sobre as Fontes da História de Moçambique
Partindo do pressuposto de que existe uma grande diversidade de, fontes históricas, uma questão pode ser colocada aos
historiadores moçambicanos.
E a questão é: Que fontes é que espera encontrar o historiador ao pretender debruçar-se sobre a história deste país?
Lê o texto
“A maioria dos estudiosos da história de Moçambique são unânimes e peremptórios em reconhecer que a historiografia colonial
deixou uma base fragilíssima em termos de estruturas de fontes. A documentação legada é rica em descrições de natureza
etnográfica, memórisa de viajantes e legislação colonial, apresentando tendências para um registo fraco sobre as lutas populares
contra o sistema colonial,da introdução desse sistema e do seu impacto na formação social moçambicana, tornando muito difícil uma
reconstituição da História do país. (...)” 16 Anos de Historiografia. Vol1, Maputo, 1991, pp 17–27
Sendo as fontes escritas de origem colonial elas dão relevo aos aspectos que mais interessavam aos colonos como as rotas, as
características dos povos a conquistar, etc. Assim as fontes da História de Moçambique, herdadas do período colonial, são
dominadas por descrições de natureza etnográfica, memórias dos viajantes e legislação colonial.
Assim, “a reconstituição de períodos relativamente remotos da História de Moçambique enferma muitas vezes de uma falta de
informações escritas fiáveis ou de fontes inacessíveis aos investigadores. Deste modo, em muitos casos, a informação oral acaba
sendo a única fonte disponível” In: Moçambique. 16 Anos de Historiografia. Vol 1, Maputo, 1991, pp 17– 27
A ascensão do país à independência permitiu o surgimento de uma vaga de estudiosos nacionais, que procurou fazer uma
reproblematização da história do país.
As mudanças políticas que se operaram a partir de finais da década 1980 foram criando outras aberturas para reinterpretações da
história de Moçambique, uma vez que “ Não nos podemos, (...), esquecer que em qualquer época ou período histórico a classe que
está no poder determina um certo tipo de produção histórica, manipulação para a qual os investigadores sociais devem estar sempre
atentos” Moçambique. 16 Anos de Historiografia. Vol 1, Maputo, 1991, pp 17 – 27
Se o estudo da História de Moçambique tem na fonte oral um dos principais suportes, uma outra questão surge: Em que medida
podemos confiar nas fontes orais? Não incorremos no risco de considerar algumas deturpações dos factos, já que as testemunhas,
por um lado, podem esquecer- se de alguns factos e, por outro, simplesmente, podem, por conveniência, falsear alguma informação?
É claro que o risco aqui referido, ele sempre existiu e existirá sempre. Pois, a história toma sempre a linha da classe dominante. Isto
é, é esta classe que define o ângulo pelo qual os factos devem ser narrados.
Vistos os factos neste ângulo, vale a pena reconhecer que as fontes históricas, sejam elas escritas, orais ou de outro tipo qualquer,
mostram-nos apenas uma parte da realidade.
Mas concretamente das fontes orais falando, podemos afirmar que elas, especificamente, permitem-nos, muitas vezes, colocar novas
perguntas à própria história, pela boca do protagonista e reproblematizá-la”.
o Faça uma síntese do texto acima.
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2. 2. Assinale a frase que melhor define cronologia. 3. 3. Periodização é:


A. Lista que mostra os períodos de ocorrência dos A. a forma de organização dos acontecimentos no tempo e
acontecimentos. no espaço.
B. Divisão dos acontecimentos históricos em grandes B. a divisão dos acontecimentos históricos em grandes
épocas, destacando as características principais. épocas, destacando as principais características.
C. Listagem dos acontecimentos por datas, começando do C. a listagem dos acontecimentos por datas, começando do
mais antigo até ao mais recente. mais antigo até ao mais recente.
D. Forma de organização dos acontecimentos no tempo e no D. uma operação metodológica da história.
espaço.

4. Escreva no espaço correspondente o tipo de fonte descrita.


Descrições Tipo de fonte
A. Vestígios materiais do homem (fósseis, utensílios, monumentos, etc.).
B. informações transmitidas de geração em geração sob a forma de conto, lenda, etc.
C. Documentos de carácter oficial (diplomas, tratados); ou de carácter jurídico (escrituras, sentenças).
D. Inscrições gravadas em materiais duros como a pedra, o bronze ou a cerâmica.
E. Livros, oratória, anais e crónicas, hagiografias, narrativas diversas.
F. Transmitido por sons ou imagens (fita magnética, disco, filme, etc).

5. Assinale com V as afirmações verdadeiras e F as falsas, sobre as fontes da História de Moçambique.


Afirmações V/F
A. Uma das maiores heranças do período colonial em Moçambique foi o rico espólio de fontes escritas.
B. Embora de origem colonial, as fontes escritas são os materiais mais completos e úteis para a reconstrução da
história de Moçambique.
C. As fontes da História de Moçambique são dominadas por descrições de natureza etnográfica, memórias dos
viajantes e legislação colonial.
D. Para a reconstituição da História de Moçambique, dispomos de informações escritas fiáveis e abundantes.
E. As fontes escritas de origem colonial não dão relevo apenas aos aspectos que mais interessavam aos colonos
como as rotas, as características dos povos a conquistar, etc.
F. Com a independência do país surgiu uma vaga de historiadores nacionais que procurou fazer uma
reproblematização da história do país.
G. Em Moçambique as fontes escritas são escassas.
H. A fonte oral é a mais credível de todos os tipos de fontes que se podem usar.

6. Faça corresponder as acolunas A e B, de modo a obter a concordância entre os acontecimentos da coluna A e os


respectivos períodos na coluna B.
A. Transferência da capital do Estado de Gaza de 1. I:Comunidades de Caçadores e recolectores ou Khoisan (até
Mandlakazi para Mussorize. séc. III/IV)
B. Fundação das feitorias de Tete e Sena. 2. II: Comunidades de Agricultores e Pastores Bantu
C. Envio de Lourenço Marques para a Baía de Maputo. 3. III: Moçambique e a penetração mercantil estrangeira - 800–
1890
D. Criação de zonas libertadas em Moçambique. 4. V Período – Luta de Libertação Nacional - 1962 - 1974/5
7. Explique a importância da fonte oral para a reconstituição da História em Moçambique.
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8. Que cuidados devemos ter com as fontes orais?
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As Comunidades de Caçadores e Recolectores (os Khoisan) – até aos anos 200/300 a.n.e.
O terrritório que é hoje Moçambique foi inicialmente habitado por comunidades pertencentes a dois grupos – os khoi- khoi e os
San, conjuntamente designados Khoisan e tinham como base da economia a caça e recolecção, dedicando-se também a
pesca. Limitavam-se a caçar ou recolher frutos, mel, ovos, folhas e outros produtos disponíveis no meio em que viviam, ou
seja, não desenvolviam qualquer actividade produtiva.
O trabalho era dividido por sexo e idade (Divisão natural do trabalho).Todos os membros envolviam-se na vida económica e
social, mas cada um ocupava-se de tarefas que estivessem de acordo com a sua capacidade física. Assim as mulheres, os
velhos e as crianças realizavam tarefas relativamente menos pesadas e menos perigosas como a recolecção, a limpeza dos
acampamentos, e outras enquanto aos homens cabiam as tarefas mais pesadas e perigosas em especial a caça.

Nas suas actividades usavam instrumentos rudimentares feitos de pedra, madeira, ossos, chifres. Porque a pedra era o
principal material de fabrico de instrumentos, uma das características destas comunidades é o uso da técnica líctica, ou seja,
da técnica da pedra.
Os produtos da caça como da recolecção são actividades são de consumo imediato, por isso a sua economia caracterizou-se
pelo Imediatismo de produção/consumo. Não havia qualquer acumulação de excedente.
A caça e recolecção são actividades que podem ser realizadas individualmente. Portanto, não existe a necessidade de as
pessoas se juntarem para conseguir alimento. Sendo assim, nestas comunidades não foram constituídas formas de
organização social permanentes. As pessoas viviam em bandos instáveis. Também eram nómadas, uma vez sempre que os
animais ou plantas começavam a escassear num certo lugar as pessoas eram obrigadas a procurar novos sítios com maior
disponibilidade de alimentos. Não havia quaisquer formas de exploração e nem classes.

Os Povos de Origem Bantu


Na Idade do Ferro, em Moçambique, assistiu a chegada a chegada de vários povos com uma língua comum, o bantu. Os
bantu não eram uma raça ou uma etnia, mas sim vários povos unidos pela língua; praticavam a agricultura, a pastorícia e
trabalham o ferro. As sucessivas migrações foram paulatinas e seguidas de ocupação e são várias as causas que ajudam a
explicar mas, o historiador Martin Hall que melhor as sintetiza.

A Expansão e Fixação Bantu (de 200/300 até 800)


Por volta dos séculos II e III n.e., chegaram em em vaga sucessivas a África Austral novos povos provenientes da África
Ocidental, especialmente da orla noroeste da Grande Floresta Equatorial – os povos de língua bantu. Em Moçambique, estes
povos estabeleceram-se nas bacias fluviais e limites do litoral e nos planaltos e encostas do interior, criando novas formas de
organização social, económicas e até ideológicas
As estações arqueológicas que testemunham a presença dos bantu em Moçambique são: estações de Zitundo (e um dos
locais de povoamento dos bantu mais antigos da África Austral e foi ocupada por povos da tradição Matola), campus da UEM
(foi ocupado no inicio do primeiro milénio por povos da tradição Matola), Matola, Xai-Xai, Vilanculos, Marrape, Hola-Hola,
Mavita, Chongoene, Bilene, Serra Maúa, Monte Mitukwe, etc.
Causas da expansão bantu
 Alargamento do deserto do sahara: nos primeiros milénios da n.e. assistiu-se a aceleração da desertificação do deserto
do sahara, o que levou as populações a migrarem em busca de terras favoráveis a sul e a sudeste.
 Aumento da população na orla noroeste da Grande Floresta Equatorial: o aumento populacional do núcleo proto-bantu
obrigou que parte da população migrasse para sul e sudeste, a procura de melhores condições de vida
 A falta de terras cultiváveis nas florestas congolesas: a dificuldade de conseguir terras desbastadas na floresta equatorial
congolesa, obrigou as populações a migrarem para outras latitudes onde pudessem encontrar terras cultiváveis.
 A difusão da tecnologia do ferro e as práticas agropastoris: para além da caça, pesca e recolecção, as populações bantu
conheciam a agricultura, a pastorícia e o uso do ferro. Estas capacidades inovadoras são, provavelmente, a maior razão
da expansão bantu, uma vez que exigiam a ligação com um só local – eram comunidades sedentárias3.
Quadro Comparativo entre a Comunidade primitiva Khoisan e a Comunidade Sedentária Bantu
3
Estas sociedades localizava-se próximo de fontes permanentes de água. As suas casas eram de madeiras e produziam cereais
subtropicais como mapira e mexoeira. Criavam gado bovino, ovino e caprino em pequenas quantidades. Alimentavam-se também de peixe,
ostras e outros mariscos. Foram os primeiros falantes bantu que trouxeram a metalurgia do ferro para o território que hoje é Moçambique e
os vestígios chegaram até aos nossos dias, podendo ser vistas nas estações arqueológicas e museus

8
Comunidades Comunidade primitiva Khoisan Comunidade Sedentária Bantu
 Caçadores e recolectores e também pescadores;  Agricultores e pastores;
 Excelentes caçadores;  Cultivo do solo (ex. mapira e mexoeira);
 Conhecedores de diferentes técnicas de caça:  Criavam gado bovino, caprino e ovino;
armadilhas em forma de cova coberta com  Leite;
capim, veneno extraído de raízes, de cobras, de  Usavam celeiros de argila e cestos gigantes para
aranhas e de escorpiões que usavam para untar armazenar cereais;
Características flechas;  Usavam bois como montada e como animais de
económicas  Conhecedores de técnicas de conservação da carga;
carne (assada, fumada ou seca);  Dominavam a metalurgia do ferro;
 Recolham bolbos comestíveis, frutas, nozes;  Faziam esculturas;
 Vestiam-se de tangas feitas de peles de animais;  Peixes, ostras e outros mariscos
 As cascas de ovo de avestruz e tartaruga  Sedentários.
serviam para carregar e conservar a água;
 Nómadas.
 Organizavam.se em bandos; Organizavam-se em famílias alargadas, clãs e tribos;
 Divisão natural do trabalho (as mulheres, Divisão natural do trabalho (mulheres= agricultura,
Características
crianças e idosos = recolecção e os homens = homem=caça, ferro, pesca, etc) e divisão natural do
sociais
caça): trabalho;
 Sem Hierarquia social. Havia hierarquia social.

Teorias de expansão

Analisando as diversas ideias, Martin Hall resume em três aspectos fundamentais as grandes discussões que linguistas,
arqueólogos e historiadores têm realizado sobre a expansão bantu:
1ª teoria: rácica de Martin Hall: Os povos bantu eram uma nova raça que teria emigrado para o sul, substituindo e absorvendo
as comunidades primitivas que habitavam a África Austral – Esta é uma concepção rácica da expansão. Ela foi prontamente
criticada e posteriormente abandonada.
2ª teoria: linguística: Os povos bantu não eram uma nova raça, mas sim, povos falantes de línguas aparentadas entre si – o
bantu. O termo bantu passou a ser utilizado a partir de 1862, graças ao trabalho do linguista alemão Bleek, que descobriu o
grande parentesco em cerca de 300 línguas faladas na região Austral. Esta teoria, tem várias vertentes para explicar a
expansão bantu:
a. Para GREENNBERG, Joseph, a migração bantu deu-se em direcção ao sul, a partir da zona de fronteira entre os
Camarões e a Nigéria – Núcleo Proto-Bantu;

2ª teoria: linguística: Os povos bantu não eram uma nova


raça, mas sim, povos falantes de línguas aparentadas entre
si – o bantu. O termo bantu passou a ser utilizado a partir de
1862, graças ao trabalho do linguista alemão Bleek, que
descobriu o grande parentesco em cerca de 300 línguas
faladas na região Austral. Esta teoria, tem várias vertentes
para explicar a expansão bantu:
b. Para GREENNBERG, Joseph, a migração bantu deu-se
em direcção ao sul, a partir da zona de fronteira entre os
Camarões e a Nigéria – Núcleo Proto-Bantu;
c. GUTHRIE, Malcom, defende que o centro da expansão
teria sido a região de Luba na Província de Shaba, na
República D do Congo;
d. OLIVER, Roland, concordou com ambos, defendendo
que suas teorias se complementavam e acrescenta um
novo dado – a expansão obedeceu a quatro fases
distintas.

Figura 03: A Expansão bantu, segundo Guthrie, Greenberg e Heine

9
e. PHIPLLIPSON, David, defende que a origem da expansão encontra-se na floresta dos Camarões, com dois movimentos
distintos: um que contornou a Grande Floresta para a região dos Grandes Lagos (a Oriente) e outro que seguiu
atravessando a Grande floresta em direcção a República Democrática do Congo e Angola;
f. EHRET, Cristopher, acredita que as línguas bantu espalharam-se através da zona tropical com um período de
diferenciação local nas regiões de floresta e de Savana antes da sua expansão final para oriente e região sul-oriental.

3º teoria: segundo Martin Hall há cerca de 6000 anos a.n.e. a região do Sahara começou com o processo de desertificação, o
que obrigou as populações a moverem-se do deserto para as savanas mais ao sul (região do sahel). Esta mudança causou o
processo da domesticação de sementes, como o sorghum..

Surgia assim uma economia mista (agricultura, pastorícia e tecnologia de uso de ferro) o que permitiu a sedentarização das
populações, a especialização no trabalho e o surgimento da desigualdade social – uma nova organização política e económica
com tendências pera a centralização de novo tipo de poder político emergente

Em Moçambique, as evidências da fixação bantu, foram gradualmente reveladas, em diversas estações arqueológicas,
nomeadamente: as estações de Matola, Xai-Xai, Vilanculos, Marrape, Hola-Hola, Mavita, Chongoene, Bilene, Zitundo, Serra
Maúa, Monte Mitukwe, etc.

As sociedades moçambicanas após a expansão bantu


1. Actividades económicas: A base económica das primeiras sociedades moçambicanas era agricultura de cereais: mapira e
mexoeira. As outras actividades: caça, pesca, olaria, tecelagem e a metalurgia do ferro. A terra era património da
comunidade e todos tinham acesso. Competia aos membros seniores (chefias) a distribuição e o controlo de sua correcta
utilização. Quando a produção era maior, havia excedente. O excedente era trocado com outras comunidades por outros
produtos ou por objectos de adorno. O seu aparecimento contribuiu para acumulação de riqueza, o nascimento das
sociedades de exploração4 e o surgimento da exploração do Homem pelo Homem5.

2. Organização social e política: A sociedade estava organizada em famílias alargadas, tribos e clãs. Em frente de cada uma
das famílias alargadas estava um chefe e um conselho de anciãos- (classe dominante) e existia um grupo de homens
livres e escravos domésticos (classe dominada). Em Moçambique identifica-se dois tipos de linhagens: matrilinear (norte
do rio Zambeze) e patrilinear (no Sul do rio Zambeze).

3. Ideologia: A ideologia é uma dimensão importante a ter em conta no estudo das primeiras comunidades que habitaram
Moçambique. Os chefes das linhagens orientavam as cerimónias mágicas religiosas, como por exemplo as cerimónias da
invocação da chuva e da fertilidade dos solos, bem como garantir a estabilidade política e o sucesso das actividades
económicas. Como chefes religiosos eram considerados elos de ligação entre os vivos e os mortos. Por outra, grande
parte dos conflitos sociais era originada por crença na feitiçaria e a acção dos curandeiros e dos feiticeiros contra a
feitiçaria, resultavam nas coerções morais e políticas e nas dependências familiares.

Mini-teste
1. A palavra Bantu designa: 2. Todas são características do estado EXCEPTO…
A. Um conjunto de tribos e raça com características diferentes A. A monopolização do poder
B. Um conjunto de línguas com características diferentes B. A descentralização política
C. Um conjunto de línguas com características comuns C. Institucionalização da hierarquia política
D. Todos os estrangeiros que vinham a Moçambique D. Legitimação racional e reconhecimento
1. As actividades económicas das 1ªs comunidades Bantu 2. A divisão de trabalho entre os Bantu era …
eram: A. na base da especialização. C. na base do género e
A. Caça e recolecção C. Agricultura e caça idade.
B. Agricultura e pastorícia D. Agricultura e comércio B. na base do parentesco. D. na base da camada
social.
3. Entre os Bantu, o solo era património das linhagens, 3. As primeiras comunidades Bantu procuraram
cabendo ao chefe: estabelecer-se em:
A. Expropriá-la em seu benefício A. Zonas áridas
B. Distribuí-la aos membros da linhagem B. Zonas fluviais
C. Distribuí-la segundo seus caprichos C. Zonas semidesérticas
D. Cedê-la a quem pagasse mais D. Zonas de floresta
4. As actividades económicas das comunidades Bantu 5. Os povos Bantu trouxeram consigo a técnica do uso
4
Sociedade economicamente voltada para a exploração dos solos, do comércio e das relações de trabalho.
5
A exploração do Homem pelo Homem, é resultado do aparecimento do excedente e do exercício de tarefas não produtivas por um grupo
reduzido da população (chefias).

10
permitiram o desenvolvimento de sociedades: de instrumentos de:
A. Nómadas C. Seminómadas A.Pedra B. Bronze
B. Sedentárias D. Comunitárias C. Ferro D. Madeira
6. As relações permanentes de produção entre os Bantu são 7. A fixação Bantu é produto de um processo de
determinadas pela: expansão encetada a partir:
A. Prática da caça e pesca A. Da orla noroeste das grandes florestas congolesas
B. Prática de trocas comerciais. B. Da bacia do rio Nilo através do vale do Rift
C. Prática da actividade agrícola C. Da costa oriental da África
D. Prática da pastorícia D. Da bacia do rio Zambeze através do vale do Rift
8. Qual dos grupos etno-linguísticos abaixo não é patrilinear? 9. Qual é o principal suporte, a razão de ser, do estado?
A. Changana B. EMakua A. A racionalidade B. O poderio militar
C. Shona D. Ndau C. A Constituição D. O carisma do chefe
10. O lobolo era uma prática através da qual os chefes 11. Assinale as características das sociedades de Moçambique
estabeleciam as relações entre as linhagens após a fixação Bantu.
A. No Sul de Moçambique A. Prática da agricultura, pastorícia e da religião islâmica
B. No Centro de Moçambique B. Prática da agricultura, pastorícia e sedentarização das
C. No Norte de Moçambique populações
D. Ocidente de Moçambique C. Imediatismo produção-consumo, surgimento das classes
sociais
D. Predominância da caça e recolecção e prática da religião
islâmica
12. Conhecimento da história das migrações bantu é nos fornecido 13. Assinale com um X a alínea que indica, entre os
pela: (indique a alínea certa com) bantu, a função do chefe na gestão do solo como
a. investigação de fontes escritas deixadas pelos primeiros património das linhagens.
portugueses a. expropriá-la em seu benefício
b. investigações de fontes arqueológicas em antigas ruínas como b. distribuí-la em função dos seus caprichos
Chiboene c. distribuí-la pelos membros da linhagem
c. leitura de antigos escritos de mercadores árabes e persas

14. Assinale com um a alínea correcta, sobre as actividades económicas das primeiras comunidades bantu.
caça, pesca e recolecção B. agricultura, pastorícia e metalurgia do ferrro C. agricultura e pesca
O início da diferenciação etnolinguística em Moçambique
A predominância da linha matrilinear a norte do rio Zambeze (Niassa, C. Delgado, Nampula, Zambézia e
Norte de Norte de Teté)
Moçambique  Isto deve-se à estrutura económica baseada na agricultura.
 Como no Norte a agricultura era a actividade económica dominante, as mulheres que eram as
responsáveis por tal eram a figura social e económica mais importante.
A predominância da linha patrilinear a sul do rio Zambeze (sul de Teté, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza,
Sul de Maputo Prov. e C Maputo)
Moçambique  Isto porque havia ai a prática de actividades masculinas relevantes, como a pastorícia e a caça.
 Com a chegada das populações de comerciantes muçulmanos, o comércio foi mais uma actividade
destinada aos homens e veio conferir-lhes uma condição económica e social ainda mais privilegiada.

Características específicas das linhagens

Características específicas da linhagem matrilinear


 Era endogâmica6 e uxorilocal7.
 Todo o ritual que acompanha o processo do casamento obedece às normas costumeiras.
Casamento Geralmente, o homem dirige-se a casa dos pais da noiva, pedindo-a em casamento. Basta a mulher
aceitar, assim como os pais e tio materno consentirem na união e eles passam a viver juntos, sem
quaisquer rituais especiais.
 Era considerada possuidora de virtualidades místicas do clã e transmissora do nihimo (família
Mulher matrilinear ou clã consanguíneo, que se considera descendente de um antepassado comum).
 Na sociedade makua os casamentos entre pessoas do mesmo nihimo não eram permitidos.
 Pertencem a família da mãe;
Filhos
 A educação dos filhos é assegurada pelo tio materno
6
Costume ou regra que assenta na defesa do casamento entre Indivíduos do mesmo grupo étnico, religioso ou social.
7
O homem, com o casamento transfere-se da sua povoação para a da mulher.

11
Dote (mahari, em  São bens ou dinheiro dados à mulher que casa, tem maior significado nestas sociedades.
makua)
Actividades  A caça, a pesca e a construção de casas eram as únicas actividades masculinas relevantes.
económicas  As mulheres, praticando a agricultura, e que asseguravam o sustento das comunidades.
Transmissão do  Com a morte de um chefe, o poder passa para o sobrinho, filho da irmã mais velha.
poder

Características específicas da linhagem patrilinear


 O lobolo8 surge como uma indemnização caracterizando a formalidade e a estabilidade do
matrimónio, ficando o marido e sua família com a responsabilidade de cuidarem da mulher e
filhos. É um mecanismo de estabilidade dos casamentos e de subordinação da mulher em
relação ao homem.
Casamento
 Virolocalidade9: há a transferência da mulher para a povoação do marido por ocasião do
casamento.
 Propriedade do marido, é designado muti10, constituída por produtos de trabalho, casa e os
presentes que recebe.
Transmissão do poder  É do pai para o filho mais velho.
 A prática da pastorícia era a actividade masculina por excelência;
 Conferia aos homens o acesso a um bem duradouro, principalmente expresso em gado
Actividades económicas bovino
 O gado era o principal meio de pagamento do lobolo e simbolizava o poder económico, ou
melhor, representava a capacidade de adquirir esposas.

Actividades.
1. Refira-te e estabeleça diferença entre as linhagens seguidas na construção das famílias alargadas no sul e norte de
Moçambique

Localização dos grupos etnolinguísticos de Moçambique

Moçambique é um país com uma rica


diversidade cultural. As atribuições
etnolinguísticas que fazem parte do mosaico
cultural moçambicano resultam de um longo
processo e de mudanças e assimilações que
tiveram lugar há séculos atrás.
Os nomes de unidades etnolinguísticas
surgiram em diferentes períodos. Os nomes
Makua (makhuwa), Tonga do vale do Zambeze
e Lolo ou Lomué, já eram conhecidos nos
finais do séc. XVI. Os nomes etnogeográficos
Nianja ou Niassa (gente do lago), Yao (gente à
volta da Montanha) e Mwani (gente da costa
da actual província de C. Delgado), surgiram
na mesma época.
Alguns nomes como Chopi e Ndau aparecem
por volta de 1830, durante a grande depressão
do M’fecane. No séc. XVII já se falava de
povos falantes da linga Sena mas não de etnia
como hoje se apresenta.
No séc. XVI existiam no Sul de Moçambique o grupo Bitonga de Inhambane; o grupo de Estado Marave fundiu com os grupos
Chuabo (Quelimane), Sena e Nyungue (Tete) que surgiu entre Sec. XVI-XIX.

8
Dote para legitimar uma união de um homem com uma mulher.
9
A mulher com o casamento, transfere-se da sua povoação para a do marido.
10
Casa em língua changana.

12
O nome Shona surge no Sec. XIX (1850-1885), no mesmo período verifica-se a ocorrência do termo Tsonga/ Ronga,
Changana, e Tswa (Matswa). O termo ronga já teria existido no séc. XVII, o Tswa no séc. XVIII e o Changana11 no séc. XIX.

Os principais núcleos linguísticos de Moçambique são: Tsonga (sul), Shona (centro) e Cheua (Norte).

UNIDADE TEMÁTICA: OS ESTADOS DE MOÇAMBIQUE E A PENETRAÇÃO MERCANTIL ESTRANGEIRA

I. Abordagem Teórica sobre a origem do Estado


 O surgimento da diferenciação social
Na comunidade primitiva não existia estado. Todos trabalhavam e o produto final era distribuído de forma igual por todos. Não
havia diferenciação social.
Quando as sociedades tornaram-se sedentárias, passaram a praticar agricultura e pastorícia. Muitos chefes locais passaram
apropriar-se do excedente de produção e usavam como moeda de troca. Foi nesta base que começaram os primeiros sinais
da diferenciação social. Os chefes, para defender os seus interesses, criaram equipas de pessoas para administrar e
organizar a sociedade em seu próprio benefício. É o nascimento do Estado.

Algumas teorias sobre a origem do estado


Desde a antiguidade até aos nossos dias houve vários tipos de Estados:
Tipos de Estados Características
Esclavagista  Modo de produção esclavagista;
 Exploração da mão-de-obra escrava no sector produtivo, sendo esta a principal força produtiva.
Feudal  Modo de produção feudal;
 A terra é a base da riqueza, sendo a mão-de-obra explorada a dos servos, a principal força produtiva.
Burguês-  Modo de produção capitalista;
capitalista  Exploração da mão-de-obra assalariada, sendo esta a principal força produtiva.
Socialista  Modo de produção socialista;
 Centralização da produção, controlo da produção pelo povo através de unidades produtivas, sendo o
povo a principal força produtiva.
Democrático  Modo de produção capitalista;
 Exploração da mão-de-obra assalariada, o Governo é responsável pela gestão da coisa pública,
garantido deste modo a melhoria das condições básicas do povo: saúde, emprego, educação, etc.

Existem várias concepções sobre a origem do Estado, de onde podemos destacar as teorias promovidas pelos marxistas,
liberais e totalitaristas.
Concepção marxista (Karl Marx): O Estado é uma organização de poder político numa sociedade de classes. É uma
máquina reguladora destinada a manter o domínio de uma classe social sobre a outra. O Estado têm funções técnico-
administrativo e de dominação política. O Estado surge onde, quando e no grau em que as contradições de classes não
podem, objectivamente, conciliar. E vice-versa: a existência do Estado demonstra que as contradições de classes são
irreconciliáveis.
Concepção Liberal (Adam Smith): A missão do Estado consiste em eliminar todos os obstáculos que se opõem a uma
vida agradável: a função do Estado reduz-se a assegurar a manutenção da ordem estabelecida, em que os interesses
individuais e o jogo livre dos mesmos constituem o interesse geral.
Concepção Totalitária (Estaline e Adolfo Hitler): O Estado é controlado por uma e única pessoa, que regula todos os
aspectos da vida pública e privada dos cidadãos. A propaganda, o culto do líder, o partido único e o domínio total da
economia eram as caracteristicas dominantes.

II. O Estado do Zimbabwe

11
O termo changana surgiu primeiro como termo político (súbdito de Sochangane, rei do Estado de Gaza), e depois como grupo regional,
apesar de se subdividir em algumas variantes.

13
Leitura
O Estado do Zimbabwe
O Estado do Zimbabwe constitui um dos exemplos típicos de estados que em Moçambique surgiram e/ou desenvolveram o
comércio à longa distância com os árabes, primeiro, e com os portugueses e outras nacionalidades, mais tarde.
O estado do Zimbabwe existiu entre 1250 e 1450. Ele foi um dos primeiros, senão mesmo o primeiro a surgir no território que é
hoje Moçambique, se bem que a sua maior parte se localizasse no actual Zimbabwe. A palavra “Zimbabwe” (plural
madzimbabwe), significa casa de pedra e a designação “estado do Zimbabwe” advem do facto de as classes dominantes
terem feito rodear as suas habitações por amuralhados de pedra.
Sobre o significado e importância dos madzimbabwe tudo leva a crer que para além da ostentação do poder, eram importantes
os instrumentos físicos de domínio de uma classe e sobretudo de protecção. Essas construções eram feitas em zonas altas e
rodeadas de construções das populações camponesas.
Como vimos na lição anterior, o estado forma-se tendo como premissas básicas a existência de classes sociais com
interesses contrários, o que leva à luta de classes e consequentemente à pertinência de uma força para manter o referido
conflito controlável.
No território que é hoje Moçambique, a diferenciação social entre os chefes linhageiros e de clãs e os produtores directos, não
apareceu com a prática de comércio com os árabes. Pode-se dizer sim que esta actividade deu um impulso importante a este
fenómeno que já começava a ganhar espaço nas sociedades bantu e acelerou a sua generalização.

No território que é hoje Moçambique, a diferenciação social entre os chefes linhageiros e de clãs e os produtores directos, não
apareceu com a prática de comércio com os árabes. Pode-se dizer sim que esta actividade deu um impulso importante a este
fenómeno que já começava a ganhar espaço nas sociedades bantu e acelerou a sua generalização.
As populações que habitavam o planalto Zimbabweano eram da cultura Leopards Kopje baseada na agricultura e na
mineração em grande escala e viram a sua evolução para um estado centralizado sob o impulso do comércio a longa
distância.
A ligação do surgimento do estado do Zimbabwe com comércio com os árabes não quer significar que antes deles não se
praticasse comércio entre os bantu, simplesmente nessa altura esta desenvolveu-se de modo a que não prejudicasse aquela
que era a actividade principal- a agricultura.
Neste contexto, a mineração, base desse comércio era praticada em períodos que não comprometiam a agricultura.
Portanto, o comércio não criou o estado do Zimbabwe, mas desempenhou um papel importante para a sua edificação. Foi o
comércio que alargou o padrão de consumo e aumentou as ambições territoriais dos chefes. Com efeito, a necessidade de
quantidades cada vez maiores de ouro para responder às exigências do comércio fez com que os chefes recorressem às
anexações e alianças políticas com outras comunidades. Este processo foi visto como de delimitaçõão das fronteiras do
estado do Zimbabwe.
O estado do Zimbabwe não era uma unidade geográfico-administrativa contínua, mas sim uma capital com as características
já descritas, apenas com vários centros regionais com igual aspecto.
Na capital – Zimbabwe - estava concentrada grande parte do poder político e económico, de acordo com o testemunho dos
vestígios arqueológicos aí encontrados. A diferenciação social era bem nítida no estado do Zimbabwe e manifesta-se hoje
através da concentração dos bens de prestígio no interior dos amuralhados, enquanto o exterior se encontra repletos de
artigos menos valiosos.
Em Moçambique (actual) encontrava-se localizado o Zimbabwe de Manyikeni, a 50 km de Vilankulo, província de Inhambane.
Este foi habitado entre 1170/80 e 1610/70. Mais do que centro de uma dinastia, Manyikeni foi, pela sua localização um
importante entreposto comercial que controlava a baía de Vilankulo e permitia o rápido escoamento de mercadorias.

A Decadência do Estado do Zimbabwe


No princípio do século XV o estado do zimbabwe entrou em declínio na sequência do abandono do grande Zimbabwe pela
maioria dos seus habitantes. O abandono de Manyikeni esteve, ao que tudo indica, ligado à implantação político-militar
portuguesa em Sofala e na ilha de
Moçambique bem como na fragmentação do estado Zimbabwe nos estados Butua e Muenemutapa.

14
 Formação: O estado do Zimbabwe formou-se entre 1250-1450. Tomou o nome de Zimbabwe porque, na capital e noutros
centros de poder, os chefes faziam rodear as suas habitações de amuralhados de pedra conhecidos por madzimbabwe
(singular de Zimbabwe). Foi fundado por povos Karanga (grupo bantu que falava shona).

 Localização: rio Zambeze e Lipompo.

 Actividades económicas:
Agricultura (mapira e mexoeira) - actividade básica
Pastorícia (criação de bois, carneiros e cabras) - actividade da aristocracia.
Metalurgia
Comércio (cereais; gado; sal; objectos de adorno: missangas e conchas; e instrumentos de ferro). Esta actividade
era controlada pela aristocracia. Manyikeni foi entreposto comercial de grande importância.
 Organização Política: A sociedade do estado de Zimbabwe encontrava-se organizada da seguinte forma: no topo estava
o rei, auxiliado por um conselho de anciãos (viviam dentro das muralhas); na base da pirâmide estava a comunidade
aldeã que vivia fora das muralhas.

 Ideologia: - Crenças mágico-religiosas. O rei e os chefes das linhagens imploravam aos antepassados a chuva, saúde,
protecção para a caça e para viagens. A ideologia mágico-religiosa era a arma fundamental do poder, da coesão social
e de aparente imobilidade social.

 Decadência:
Penetração mercantil portuguesa;
Lutas dinásticas pelo controlo do comércio à longa distância;
Seca do rio save;
Falta de terras férteis e de sal.

Actividades
1. Que povo esteve na origem da formação do estado do Zimbabwe?
2. Quais foram as actividades económicas controladas pela aristocracia?
3. Qual era a função dos sacerdotes no estado de Zimbabwe?
4. As práticas ideológicas desempenharam um papel importante. Justifica.
5. Os madzimbabwe localizavam-se em zonas altas a volta das quais existia uma cintura humana formada pelas aldeias dos
camponeses.
 Explique a importância dos madzimbabwe tendo em conta a afirmação acima.
6. Interprete o significado da concentração de vestígios de objectos de actividades de prestígio no interior dos amuralhados,
contrastando com os de menor valia, especialmente instrumentos de trabalho a volta dos mesmos.

III. O Estado dos Mwenemutapas


Formação
O estado de Mwenemutapa nasceu da desintegração do estado do Zimbabwe por volta do ano 1440-1450, quando Mutota
juntamente com os seus exércitos invadiu o planalto Zimbabweano vindo fixar-se em Moçambique.

A decisão de Mutota mudar- se para o próximo do rio Zambeze com uma parte da população karanga foi motivada pelos
seguintes factores:

a) Políticos: As contradições surgidas entre os chefes dos clãs Rozwi e Torwa pelo controlo do comércio com a costa.
b) Económicos: O Zambeze é uma óptima via de comunicação e de transporte de mercadorias.
c) Demográficos: O aumento populacional numa região pouco fértil, como era a região do grande Zimbabwe.
d) Naturais: A redução do caudal das águas do rio Save, dificultando a comunicação o com a costa.

Formas de Conquista
Como fizemos referência anteriormente, cerca de 1450, Mutota, o chefe das populações Karanga evadindo-se do planalto do
Zimbabwe reúne numerosos guerreiros e através de violentas campanhas militares submete a maior parte da população das
imediações do Zambeze.

15
Embora tenhamos feito menção a alguns factores, não são muito claras as razões dessa invasão. Na sequência desta
conquista do norte do planalto Zimbabweano pelos exércitos de Mutota, desenvolveu-se entre os rios Mazoe e Luia o centro
dum novo estado, chefiado pela dinastia dos Mwenemutapa.

Os povos submetidos que tenham sido anteriormente submetidos a chefes Marave, eram, à excepção dos Tonga,
matrilineares e não falavam a língua shona.

O efectivo de grupo invasor deu origem, no vale do Zambeze, a uma nova etnia, denominada macorecore.

Após a morte de Mutota, tomou o poder seu filho Matope que prosseguiu as acções de conquista, estendendo o seu poder por
vários reinos vizinhos. Assim, além do núcleo central, o estado dos Mwenemutapa incluia vários estados vassalos,
nomeadamente Sedanda, Quiteve, Manica, Bárue...

Sistema Administrativo
O império dos Mwenemutapa era, como dissemos, uma aliança de tribos Chona que se agruparam sob a autoridade dum
chefe da tribo Rowzi. Este reinava como um grande senhor, tendo vários outros reis ou chefes sob a sua autoridade. Estes reis
eram obrigados a pagar um imposto anual ao Mwenemutapa.

Cada um deles vivia numa cidade de pedra - Zimbabwe. Os reis vassalos tinham poder administrativo sobre os seus reinos,
mas eram obrigados a prestar contas ao senhor máximo, ou seja ao imperador Mwenemutapa.

Os reis tinham também poderes de ordem política, religiosa e judicial, isto é, tinham poderes de cobrar Impostos, julgar
questões e manter a ordem e disciplina, mas tudo em nome do Mwenemutapa.

Entre os principais estados vassalos ou subordinados podemos citar Bárue, Quiteve, Manica, Sedanda, etc.

Atenta ao mapa seguinte ilustrando os estados dos Mwenemutapa.

O Império dos Mwenemutapa


Estratificação Social
De uma forma geral, a sociedade chona caracterizava-se pela coabitação no seu seio de dois níveis sócio-económicos
distintos: a comunidade aldeã e a aristocracia dominante.
 A comunidade aldeã - Era constituída pelo maioria da população na qual evidenciavam-se os camponeses.
 A aristocracia dominante – composta pelos homens que tinham a seu cargo as tarefas político-administrativas.

O chefe supremo no estado dos Mwenemutapa era o Mambo, que era coadjuvado nas suas funções pelas suas três principais
esposas (Mazarira, Inhahanda e Nambuiza) que realizavam funções importantes na administração, e por nove altos
funcionários responsáveis pela defesa, comércio, cerimónias religiosas, relações exteriores, festas, etc.

O Mambo, como chefe supremo, devia tratar com equidistância a todos os súbditos e, nesse sentido, devia desenraizar-se do
seu núcleo familiar. É por isso que no acto de entronização o mambo devia praticar o incesto.

O poder do mambo era tão grande que a sua morte era seguida de um ritual em que durante os oito dias de luto que
antecediam a indicação do novo mambo, criava-se um ambiente de caos, com todo o tipo de desacatos que só paravam com
a indicação do sucessor, ou seja, o restabelecimento da ordem. Durante este período o estado ficava a cargo de um
“substituto interino” designado nevinga e que era morto após consumada a sucessão.

Ao nível mais baixo da administração estava o mukuro ou Mwenemusha que era o chefe da comunidade aldeã. Este era o
mais velho da comunidade e o seu poder transmitia-se por herança.

Outras camadas que não faziam parte de nenhum destes grupos eram as dos artesãos que trabalhavam o ouro, o ferro e o
cobre; dos comerciantes que faziam a troca dos produtos locais com mercadores árabes e portugueses ambos vindos da
costa.

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MWENEMUTAPA/MAMBO
Chefe supremo, auxiliado pelas suas principais três mulheres e por nove funcionários
subalternos: mutumes (mensageiros) e infíces (guarda pessoal do soberano)

MAMBO
chefes dos reinos conquistados

FUMO/ENKOSSE
Chefe provincial, eleito entre os homens mais poderosos da comunidade

MWENEMUSHA/MUKURU
Chefe da aldeia (musha): É o homem mais velho de cada aldeia

Estrutura Administrativa dos Mwenemutapa


Relações Aristocracia /Comunidade Aldeã.
A articulação entre a Aristocracia Dominante e a Comunidade Aldeã estava baseada em relações de submissão e exploração
materializadas pelas obrigações e direitos que cada uma das partes tinha para com a outra. As comunidades aldeãs (mushas)
sob a direcção dos mwenemushas, garantiam com o seu trabalho a manutenção e a reprodução social de toda a sociedade
Chona. Portanto os camponeses achavam-se numa posição de submissão e de exploração pois estando os chefes isentos
das actividades produtivas, cabia aos camponeses fornecer parte da sua produção, como tributo, aos chefes. Portanto os
chefes viviam da produção dos camponeses.

Formas de Reprodução ou de Reforço do Poder


Muito bem caro aluno, agora vamos analisar um aspecto importante na vida dos estados de Moçambique, que é perceber
como é que os chefes eram aceites pelas comunidades a ponto de lhes pagar tributos e respeitálos como chefes. De onde
obtinham os chefes, tanto poder?

Veja a seguir...
Entre as populações Karanga era muito importante o culto aos antepassados, pois as comunidades karanga acreditavam que
a sua vida só podia decorrer normalmente se os antepassados quisessem. A chuva, as doenças, as guerras, tudo dependeria
da vontade dos antepassados.

Mas como podiam os Karanga saber aquilo que os antepassados desejam? Era normalmente o Mwenemutapa que servia de
intermediário entre os vivos e os antepassados. Além do Mwenemutapa existiam algumas pessoas que o povo acreditava
terem poderes especiais para dialogar com os antepassados e essas pessoas eram muito respeitadas.

E como é que ele conseguia provar às massas que ele se comunicava com os antepassados?

Sendo o rei considerado de origem divina, o povo acreditava na divindade de Mwenemutapa até ao ponto de não ver a sua
cara quando falava. Sempre que o rei se dirigisse ao povo falava atrás de uma cortina. O povo ouvia a sua voz mas sem ver a
cara.

Todo este conjunto de representações que o povo tinha, o sistema tributário e o comércio à longa distância asseguravam a
reprodução do edifício social chona e das desigualdades sociais existentes, ou seja, garantiam a lealdade popular à figura do
rei.

Quanto ao sistema tributário, embora de carácter simbólico, cada uma das comunidades aldeãs tinha a obrigação de dar
qualquer coisa ao monarca regularmente para além da renda em trabalho de sete (7) dias prestados por mês.

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No respeitante ao comércio à longa distância, até do ponto de vista económico garantia a importação de produtos asiáticos
que na sociedade Chona ascendia à categoria de bens de prestígio (tecidos missangas de vidro, louça de porcelana e de
vidro, etc.).

Praticava-se o culto aos espíritos dos antepassados (os Muzimus). A morte do Mwenemutapa significava caos (choriros). Os
Swikiros estavam associados ao poder político, especialmente as sucessões.
A Decadência
Fundado nos meados do século XV o estado dos Mwenemutapa mantevese firme até princípios do século XIX, altura em que
caiu diante das invasões Nguni. Até esse momento, o estado passou por um processo gradual de desagregação resultante de
conflitos internos e da penetração mercantil portuguesa na região.

Os conflitos internos nos mwenemutapa iniciaram logo após a morte de Matope em 1480, resultando das disputas pelo poder
e pelo controlo do comércio provocou e que culminaram com a divisão do império.

Esses conflitos agravaram-se devido ao incitamento dos árabes à revolta dos fumos contra o Mwenemutapa. Era objectivo dos
árabes que os fumos se tornassem independentes do Mwenemutapa deixando de lhe pagar o tributo em ouro. Assim, os
árabes podiam obter dos fumos maiores quantidades de ouro em troca dos panos, missangas e louças que traziam.

Um dos primeiros mambos a declarar-se independente do Mwenemutapa foi o Changa, do reino Butua, um grande guerreiro e
hábil dirigente a quem os árabes chamaram "emir", levando a que ele e seus sucessores, passassem a ser conhecidos por
Changamire.

As lutas entre os changamire e os mwenemutapa, especialmente os sucessores de Matope, enfraqueceram progressivamente


a unidade e a organização do império.

A juntar aos problemas internos, no princípio do século XVI iniciou a fixação dos portugueses em Sofala e na Ilha de
Moçambique.

Após a sua fixação, os portugueses, esforçaram-se por expulsar os árabes e tomar o controle do comércio no Índico, além de
aproveitar as rivalidades entre os reinos locais para penetrar no interior em busca das minas de ouro.

No entanto, continuavam a existir dois grandes reinos rivais: Changamire e Makaranga. Os Changamire tinham como aliados
os reinos de Quiteve, Torwa e Manica. Os Makaranga eram aliados dos Bárue e de Manica(?).

As guerras entre estes dois rivais continuaram durante décadas até que o Changamire Dombo impôs o seu domínio em toda a
região do Limpopo até Zambeze e que compreendia os reinos Rozwi e Karanga. Embora não tivesse tomado o título de
Mwenemutapa e continuasse a usar o título de Changamire Dombo era na verdade o sucessor dos antigos Mwenemutapa na
autoridade que soube manter.

Com o tempo, mais portugueses foram chegando e, pouco a pouco, o comércio recomeçou.

O domínio de Changamire durou até o ano de 1830 aproximadamente, data em que os guerreiros Zulu.

Em suma os factores da decadência dos Mwenemutapas foram:


 A fixação de mercadores portugueses na costa moçambicana;
 Conflitos interdinásticos;
 Intervenção dos portugueses nos assuntos internos do Estado;
 Desenvolvimento dos prazos no vale do Zambeze;
 Intensa cristianização prosseguida pelos missionários

Cronologia
400/50 Fundação do Estado dos Mwenemutapa por Mutota
1561 Pe. Gonçalo da Silveira chega à corte do Mwenemutapa e tenta baptizar o Mwenemutapa. Pe. Gonçalo da
Silveira é morto.
1570 Inicia a expansão Zimba.
1571 Expedição militar de Francisco Barreto ao Mwenemutapa – Fracassou.
1585 Expedição portuguesa contra o chefe macua Mauruça.
1586/89 Ascensão de Gatsi Lucere ao trono após a morte de Negomo.
1607 Gatsi Lucere faz concessões de terras aos portugueses.
1627 Caprazine sucede Gatsi Lucere.

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1629 Caprazine destronado pelos portugueses colocando no poder Mavura que faz tratado com os portugueses e é
baptizado com o nome de Filipe.
1693 Campanha de Changamire Dombo contra os portugueses. Os portugueses são expulsos.
1695- Todas as feiras de Manica são encerradas na sequência do levante de Changamire Dombo.
1719

Mini-teste
1. Explica o processo da formação do Império dos Mutapas.
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2. Caracteriza a estrutura sócio-económica da formação Shona-Karanga
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3. Refira as actividades económicas da aristocracia dominante.
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a) Que tributo era pago pelos estrangeiros ao estado?
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b) Qual era a função deste tributo?
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4. Fala das obrigações das mushas?
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5. Qual era o papel dos Swikiros?
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6. Como formou-se o Estado de Marave?
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7. A formação social Shona-Karanga surgiu com base numa expansão resultante da desagregação do Estado do Zimbabwe
a) Situe esta expansão no tempo e indique os espaços abrangidos
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8. Indica os limites do Império dos Mwenemutapas.
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9. Mencione os estados vassalos do Estado dos Mwenemutapa
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IV. Os Estados Marave


A formação
Os estados Marave começaram a formar-se após a chegada, ao sul do Malawi, de emigrantes, provavelmente oriundos da
região Luba do Congo, liderados pelo Clã Phiri. Segundo dados arqueológicos, a fixação dos Phiri-Caronga terá ocorrido entre
1200-1400.

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Os povos Phiri cuja linhagem dominante era a dos Caronga não constituíram apenas um estado, mas vários, na medida em
que se registaram entre os invasores conflitos dinásticos que levaram à fragmentação do clã original e ao surgimento de novas
linhagens que se estabeleceram a Oeste, Sul e Sudeste do território ocupado pelos Caronga, dando lugar a novos estados.
Assim, além do estado dos Caronga, passaram a existir os Estados Undi, Kaphwiti, Biwi, etc., cujo aparelho de estado se
confundia com a família reinante e era constituído por indivíduos oriundos do clã original Phiri.
Como é que esses povos migrantes dominaram os povos que aí existiam? Contrariamente ao estado dos Mwenemutapa, cujo
processo de conquista foi de natureza militar, a Norte do rio Zambeze entre os povos matrilineares, a ocupação territorial se
fez pela conquista da esfera ideológica expressa nos santuários e nos rituais.
Tratou-se, pois, de um processo aparentemente não violento, uma vez que não envolveu acção militar. Foi, sim, um processo
pacífico conduzido através da esfera ideológica, por via da absorção gradual dos cultos nativos.
No caso de estado sénior dos Caronga, a mulher espírita do culto Muali foi tornada esposa perpétua do Caronga, enquanto as
oficiantes do culto eram substituídas por médiuns masculinos.
No estado Undi, oficiantes nomeados pelos Phiri foram colocados junto da oficiante mediúnica do culto Makewana ligado ao
clã local. Uma nova categoria de espíritos foi inoculada no panteão: a dos espíritos dos antepassados dinásticos Phiri, que
passaram a ser venerados não apenas como espíritos, mas igualmente e sobretudo como espíritos territoriais. A oficiante do
culto era considerada portadora de poderes pluviais, mediúnicos e oraculares e o culto do Makewana tornou-se numa
importante força unificadora do estado Undi.
No que diz respeito ao estado dos Lundu, o culto da m'bona sofreu o mesmo tipo da transformação, passando a estar mais
associado ao culto dos antepassados Phiri Lundu. A mulher espírita principiou a ser dada pelo Lundu do espírito m'bona.
O gradual domínio dos territórios, através da absorção e adaptação da ideologia local, foi acompanhado por casamentos com
mulheres dos clãs nativos. Por exemplo, o Undi casava com mulheres desses clãs e os filhos dos matrimónios eram
designados como chefes. Outras vezes, o Undi reinante casava com uma irmã do chefe local.
Controlando os santuários, introduzindo neles os espíritos dos antepassados dinásticos Phiri, casando com mulheres
mediúnicas e com mulheres de clã locais, as classes dominantes dos estados Marave deixaram de ser olhadas como
"intrusas". Através desse processo, subtil, na aparência não violento, era possível controlar o meio de produção
fundamentalmente, a terra, o que significa que era possível controlar a força do trabalho.
Há evidência de que, já antes da chegada dos Phiri, havia um comércio regular com os swahili-árabes que penetravam no
vale do Zambeze e chegavam até ao Chire. Os Phiri passam a monopolizar esse intercâmbio.

A Economia nos estados Marave


Nos estados Marave a agricultura constituía a base da economia. Em geral era uma agricultura itinerante sobre queimadas,
feita com enxada de cabo curto, que tinha como principais culturas a mapira, o milho, a mandioca e leguminosas nas terras
altas.
Além da agricultura os Marave produziam e comercializavam enxada de ferro em grande escala. Nos séc. XVII e XIX, as
enxadas de metalurgia Marave constituía um dos produtos mais exportados pelo porto de Quelimane.
Fazia parte das actividades produtivas Marave o fabrico e venda de tecidos de algodão, chamados "machiras". Eram tão
elevadas a quantidade e qualidade da machira que até puderam resistir à competição de tecidos de origem indiana e
provocaram com frequência pânico na coroa portuguesa, que tinha muitos lucros dos direitos aduaneiros cobrados pela
entrada dos tecidos da Índia. Ainda dos estados Marave, saia também o sal que era adquirido por mercadores Ajaua e Bisa.
A Ideologia
Quando os Phiri chegaram à região entre Chire e Luangua, a população local, liderada por diversos clãs como o Banda,
praticavam cultos relacionados com a fertilidade dos solos, invocação, controlo das cheias, etc.
Esses cultos eram dedicados ora a "entidades supremas" como o culto de Muali ou o culto de Chewa de Chissumbi, ora à
veneração dos espíritos naturais.
Entretanto, aos Marave eram mais importantes os cultos dedicados às entidades supremas. Os mais importantes eram
geralmente realizados por mulheres, como o caso da mulher espírito do culto Muali ou do culto Makewana.

Estrutura Sócio-política
Os estados Marave possuíam um aparelho muito complexo, considerando o exemplo do estado de Undi cujos imensos
territórios abrangiam a parte Norte da província de Tete. O chefe da aldeia denominava-se Fumo ou Mwene-mudzi, a seguir
estava o chefe territorial conhecido por Mwenedziko, por seu turno seguido por um chefe provincial, encarregado de uma série
de territórios, conhecido por Mambo e no topo estava o Undi.

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Cada chefe era servido por um conjunto de conselheiros denominados Mbili e havia ainda um corpo de funcionários menores
como: mensageiros, guarda dos chefes, etc.
Esses chefes todos ligavam-se por laços de parentesco. No entanto as Mwene-mudzi, geralmente eram genitores das
matrilinhagens locais (núcleo matrilinear básico chamava-se Bele, formado pela mulher e, por incorporação, pelo marido da
mulher e pelos maridos das filhas da mulher).
UNDI
chefe supremo

MAMBO
Chefe provincial

MWINI-DZICO
Chefe territorial

FUMO OU MWINI MUDZI


Chefe da aldeia

Formas Reprodutivas da Classe Dominante


Tal como sucedia a Sul do Zambeze, no caso dos Mwenemutapa e das linhagens satélites, a Norte, as classes dominantes
dependiam, para a sua reprodução de duas fontes: em primeiro lugar dos tributos diversos cobrados internamente e, em
segundo lugar, do comércio a longa distância, nomeadamente, o comércio de marfim, o qual representava para os soberanos
Marave o mesmo que ouro para os soberanos shona.
No caso do estado dos Undi, a classe dominante recebia tributos regulares: marfim, tabaco, géneros alimentares, partes dos
animais caçados pelos súbditos, utensílios de ferro, cestos, esteiras, panos, etc. Os súbditos eram obrigados a trabalhar nas
terras dos chefes, a construir as suas casas e a assegurar a manutenção da capital.

Existiam também os tributos de vassalagem que incluíam penas vermelhas de certos pássaros, marfim, peles de leão e de
leopardo, direitos de trânsito pelas terras, as primícias das colheitas, etc.

O Undi era uma espécie de guardião dos produtos das parcelas que os súbditos eram obrigados a cultivar no "interesse geral".
Com o produto de sobretrabalho dos súbditos, o Undi sustentava visitantes, jogos e danças e ajudava os necessitados tal
como nos Mwenemutapa. A outra parte de sobreproduto era usada para troca por mercadorias produzidas pelos Swahili-
Árabes.
Uma terceira categoria de tributos eram os tributos rituais, normalmente, os dedicados às primícias das colheitas e às taxas
devidas aos chefes pela orientação das cerimónias rituais. Os chefes recebiam ainda taxas pela resolução de disputas e taxas
de trânsito pelo território.

A Queda dos Estados Marave


A desintegração e a queda dos Estados Marave estiverem ligadas às lutas no seio dos Phiri com o fim de assegurar o total
controlo do comércio do marfim e a interferência cada vez maior dos prazeiros na vida dos Estados Marave originam a
expansão Zimba do séc. XVI.
O declínio das rotas comerciais Marave que iam até à costa substituídas desde fins do século XVI por duas novas rotas
controladas pelos Ajaua, também constitui um dos factores que minou o poder das dinastias e ditou a fragmentação linhageira
interna.
Por outro lado, a desintegração foi intensificada pela penetração de mercadores no fim do século XVIII. Por exemplo, Caetano
Pereira, com a sua dinastia "Prazeira", assenhorou-se de muitas províncias dos Estados Undi.
Há que ter em conta ainda o aparecimento dos Nguni, que se fixaram na região na sequência do Mfecane em 1835.
O outro factor a ter em conta foi a penetração mercantil portuguesa no vale do Zambeze a partir de 1530 e o bloqueio aos
Swahili-Árabes.

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Actividades
1. Quais são os povos que formaram os estados marave?
2. O processo da formação dos estados Marave não foi violento.
a) Qual foi a via usada para a sua formação?
b) Explica o processo de formação desses estados?
3. Como era feita a sucessão do poder Marave?
4. Refira os tributos pagos nos Estados Marave.
5. Quais foram os principais cultos dos Marave?
6. Quais foram as razões da decadência dos marave?

I. A penetração Mercantil Asiática


A Penetração Mercantil Árabe-Persa
Os primeiros mercadores que actuaram em Moçambique foram os árabe-persa, provenientes da Península Arábica e do Golfo-
Pérsico.
Razões da Expansão
A fixação dos mercadores árabes em Moçambique ocorreu na sequência da expansão árabes motivada sobretudo por razões
económicas e ideológicas, entre as quais:
a) A desertificação das terras no país de origem e o superpovoamento - tornaram a vida das populações difícil, obrigando-
as à migração e exercício de comércio internacional.
b) Surgimento do Islão - A necessidade de se alastrar pelo mundo a nova religião surgida, com vista a sua afirmação global.
c) Procura de terras férteis - Para a prática da actividade agropecuária pois nas suas regiões de origem não existiam
condições para a prática das mesmas.
d) Prática do comércio, baseado em tecidos, missangas e outros produtos.

Locais de Fixação
Inicialmente essas populações estabeleceram-se nas Ilhas de Zanzibar e Pemba. No século XIII os árabes fixaram-se em
entrepostos comerciais por eles fundados ao longo da costa, tais como Quíloa, Mombaça, Sofala e Mogadíscio.
Estabeleceram-se na costa para poder controlar o comércio com o hinterland e se defenderem das tribos continentais.
Numa segunda fase os árabes penetraram no interior de Moçambique, após terem sofrido um bloqueio económico em Sofala
levado à cabo por mercadores portugueses. Angoche passou a servir de feitoria para trocas comerciais com o rio Zambeze
como rota mercantil pela qual se escoavam os produtos do hinterland para a costa donde partiam para Arábia Saudita. Assim,
surgiu o comércio à longa distância.
O Comércio
O comércio entre os árabe-persas e os povos africanos,
envolvia sobretudo o ouro adquirido em terras africanas em
troca de bens de prestígios (panos de seda, objectos de
vidro, missangas, cobres, bebidas alcoólicas e outras
bugigangas) e especiarias.
O ouro era usado para o pagamento das especiarias na Índia
com as quais a burguesia local conseguia entrar no mercado
europeu de produtos exóticos. Moçambique passou a
constituir a principal reserva de meios de pagamento de
especiarias (pimenta, canela, etc.).
Os mercadores de origem asiática envolveram-se também,
no tráfico de escravos, em grande parte dirigidos para a
Arábia e Índia, chegando alguns até à China.
Com o decorrer dos tempos os Árabes chegaram a um
estado de prosperidade económica considerável, erguendo
ao longo das regiões costeiras grandes cidades que mais
tarde transformaram-se em grandes centros comerciais tais
como: Mogadíscio, Quíloa, Mombaça, Quelimane e Sofala. Os entrepostos comerciais árabes na costa oriental africana

Impacto da Actuação do Capital Mercantil Árabe-Persa.

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A penetração mercantil árabe em Moçambique colocou em contacto as comunidades de Moçambique e os árabes. Como é
natural, desse contacto resultaram influências mútuas nas formas de vida económica política e sócio-cultural. Como é que a
penetração árabe se reflectiu nas diversas esferas da vida das comunidades de Moçambique? Veja a seguir!...
a) No Plano Económico
Uma das consequências da penetração mercantil árabe em Moçambique foi o desenvolvimento do comércio. É certo que já
aconteciam trocas comerciais antes da penetração árabe mas o seu volume era bastante reduzido. A partir do contacto com
os árabes, as sociedades do norte de Moçambique incrementaram as relações comerciais e entraram definitivamente no
comércio internacional.
A penetração árabe levou, igualmente, à introdução de novas plantas e animais que eles traziam ou simplesmente passaram a
domesticar. Sendo grandes navegadores – lembre-se que os árabes vieram por mar desde os seus locais de origem até
Moçambique – os árabes deixaram também como legado o desenvolvimento das técnicas de navegação e de construção
naval.
b) No Plano Cultural
Certamente, caro aluno, já reparou que a região norte de Moçambique, especialmente ao longo da costa a maioria da
população professa a religião islâmica. Pois bem, esse é que é o testemunho de que uma das implicações da penetração
mercantil árabe foi a Islamização da costa norte de Moçambique, ou seja, a adopção da religião, hábitos, do vestuário e outras
práticas árabes.
A presença árabe levou, igualmente, através da mistura de línguas ao surgimento de novos grupos linguísticos – Naharra na
Ilha de Moçambique, Koti em Angoche, Kimwani em Moma, etc.
c) No Plano Político
No campo político a presença árabe teve, igualmente repercussões, nomeadamente o surgimento dos primeiros estados em
Moçambique. Com a expansão comercial e o advento do Islão, esses núcleos da costa estruturaram-se em comunidades
políticas como os xeicados e os sultanatos, cujas independências ou subordinações, entre si ou em relação às potências
Swahili da costa à norte de Moçambique ou as ilhas Comores, foram variando ao longo do tempo.
d) Os contactos ao longo da costa e suas repercussões:
Desde o Sec. IX, são reconhecidas marcas de uma lenta e progressiva fixação dos mercadores árabes ao longo da costa
oriental moçambicana, motiva pelo comércio.
A indicação mais antiga acerca de Sofala encontra-se nos relatos de Al-Masud, viajante do Sec.X.
Relatos da época falam da existência de uma intensa actividade comercial nas terras de sofala em toda África Oriental.
Apesar da longa distância percorrida pelos barcos, havia uma rede de entrepostos comerciais intermédia. E graças ao
aperfeiçoamento da técnica de navegação que conseguiram alcançar vários pontos da costa oriental africana.
O ouro e o marfim foram os principais produtos do comércio. Para além destes produtos eram procurados: instrumentos de
ferro, chifres de rinocerontes, carapaças de tartaruga, cereais, carnes, frutos e vegetais.

e) Marcas da presença árabe:


 Aparecimento de cidades mercantis (feitorias): Quíloa (Tanzânia); Mombaça (Quenia) e Mogadíscio (Somalia);
 Desenvolveu-se, na costa oriental, a cultura e civilização Swahili;
 Islamização dos povos africanos;
 Surgimento dos reinos afro-islâmicos da costa moçambicana: Quitangonha, Sangage e Sancul.

Actividades
1.Desde quando Sofala é referida nos relatos árabes?
2.Quais foram os principais produtos de troca?
3.Explica as consequências da penetração mercantil árabe-persa em Moçambique.

II. A Presença Mercantil Europeia

A Penetração Mercantil Portuguesa


O primeiro contacto entre os portugueses e as gentes de Moçambique data de 1498 com a chegada de Vasco da Gama, no
âmbito da expansão europeia. Portanto não se tratou de uma acção premeditada que levou os portugueses a Moçambique,
pois foi na busca do caminho marítimo para Índia que pararam casualmente no nosso país.
Nessa sua passagem por Moçambique, os portugueses testemunharam o intenso comércio de ouro que os árabes faziam com
as populações de Moçambique, o que criou o interesse daqueles pelo referido comércio.
No início do século XVI, o interesse dos portugueses pelo comércio levou-os a iniciar o processo da sua fixação no território.
Pelo que em 1505 fixam -se em Sofala e em 1507 na Ilha de Moçambique.

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A fixação dos portugueses em Sofala e Ilha de Moçambique tinha por finalidade assegurar o controlo das rotas comerciais.
Esta fixação provocou tensão entre os árabes e os próprios portugueses pelo controlo do comércio, mas até finais do século
XVI os árabes detêm a supremacia no comércio com os shona.
A reacção dos árabes à fixação portuguesa em Sofala e Ilha de Moçambique foi a abertura de uma nova rota comercial dos
Mwenemutapa para Angoche, o que levou, em 1511, a um ataque português, mal sucedido, que não foi capaz de pôr termo às
actividades árabes no sultanato, continuando a fazer comércio com os Mwenemutapa.
Até 1530 os mercadores portugueses tentaram, sem êxito, lutar, não só contra o bloqueio que lhes foi movido pelos árabes
que transformaram Angoche num novo centro de escoamento de ouro, mas também contra o bloqueio de certas dinastias
shona à passagem das mercadorias da costa para o interior. Só a partir desta data é que os portugueses decidiram penetrar
no vale do Zambeze a fim de ir ao encontro das fontes de produção, construindo feitorias em Tete e Sena (1530) e Quelimane
em 1544. Tratava-se, agora, não da tentativa de controlo das vias de escoamento de ouro, mas do acesso as zonas
produtoras.
Neste período, inicial, a penetração portuguesa no interior tinha em vista montar um sistema de alianças com as classes
dominantes locais, de forma a criar condições favoráveis da actuação do capital mercantil. Numa primeira fase a aliança
visava eliminar a concorrência dos mercadores árabes e conseguir o reconhecimento do capital mercantil português como
único parceiro no comércio.
Mesmo após a resistência árabe ter sido neutralizada, a aliança com a aristocracia shona, se bem que tenha sido num
contexto diferente, permaneceu uma necessidade estratégica.
Para atingir os seus objectivos, os portugueses adoptaram um sistema de alianças com a aristocracia shona, mas em finais do
século XVI a aliança não era ainda suficiente para pôr em causa a autoridade do Mwenemutapa. Pelo contrário a aristocracia
possuía uma margem de manobra e de iniciativa bastante lata daí que os agentes portugueses subordinam-se aos imperativos
sociais e ideológicos dos Shona.
Os elementos fundamentais da supremacia shona sobre os mercadores estrangeiros manifestavam-se no pagamento da curva
e da empata e na observância do ritual “descalçar, tirar o chapéu, estar desarmado e bater palmas para entrar na corte” em
sinal de respeito ao rei.
Neste processo a ajuda militar concedida pelos portugueses ao Mwenemutapa parece ter desempenhado um papel de relevo
face à insurreição interna liderada por Matuzianhe, que se fez cabeça de todos os levantamentos, intitulando-se rei de
Makaranga.
O Mwenemutapa vendo que os seus inimigos se multiplicavam e não cessavam de o perseguir pediu apoio aos portugueses
de Sena. Em 1607, e em troca de apoio militar para fazer face as revoltas internas, o mambo reinante, Gatsi Lucere, começa a
ceder terras aos portugueses.
A cedência de Gatsi Lucere iniciou uma fase de aliança entre os shona e os portugueses. Entretanto nem todos os integrantes
da corte eram favoráveis às concessões feitas aos portugueses. Assim quando Caprazine, da facção que se opunha aos
interesses portugueses, subiu ao trono em 1627, tentou retirar os privilégios destes.
A posição do novo rei em relação aos portugueses levou a que este fosse, por estes, deposto e substiuído por uma pessoa
mais disposta a preservar os interesses dos portugueses – Mavura.
Em 1629 Mavura foi baptizado com o nome de Dom Filipe e declarou-se vassalo de Portugal. Assinou um tratado que garantia
aos portugueses a livre circulação de homens e mercadorias, que se achavam isentas de qualquer tributo; a obrigatoriedade
de Mwenemutapa consultar o capitão português de Massapa antes de tomar qualquer decisão; a permissão para os
mercadores entrarem na corte de Mwenemutapa sem respeitar o protocolo e a autorização para a construção de igrejas.
Mais ainda nos finais do século XVII uma guarnição de 50 soldados portugueses passou a residir no Zimbabwe do
Mwenemutapa. Estavam deste modo estabelecidas formalmente as relações de dependência do Mwunemutapa para com os
portugueses.
O Processo de Mineração
O trabalho de mineração era geralmente organizado no quadro das relações de parentesco e da divisão das tarefas no
decorrer do processo produtivo fazia-se de acordo com esse quadro. Eram sobretudo mulheres e crianças que trabalhavam
nas minas ou, pelo menos, cabiam-lhes as tarefas mais duras e perigosas, nomeadamente a de penetrar nas escuras galerias
à procura de ouro. O trabalho nas minas provocou a fuga de comunidades inteiras, particularmente nas áreas mineiras.
Entretanto, o capital mercantil, apesar dos aluimentos e das fugas de comunidades, submetia cada vez mais a produção ao
valor de troca, numa sociedade em que antes predominara a produção de valores de uso. Portanto as pessoas passaram a
ser obrigadas a dedicar mais tempo a mineração em prejuízo das actividades viradas para a subsistência.

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Impacto da Penetração Mercantil Portuguesa
Como viu, caro aluno, com a penetração mercantil portuguesa a mineração passou a ser feita em prejuízo da agricultura e
outras actividades de subsistência contribuindo para a erosão da economia natural das mushas;
Outra consequência do comércio do ouro é que ele despoletou lutas clânicas pelo controle do comércio com os portugueses,
visto tratar-se de uma fonte de obtenção de bens de prestígio. As distensões internas que
culminaram com a aliança dos Mwenemutapa aos portugueses, iniciando a desintegração do estado tinham como principal
motivação o controle do comércio do ouro.
A penetração mercantil portuguesa levou também ao surgimento de novas unidades políticas cuja classe dominante era
formada por mercadores portugueses estabelecidos como proprietários de terras, que haviam sido doadas, compradas ou
conquistadas (PRAZOS)
A Rebelião de Changamire Dombo em 1693
Em 1693, como resultado do descontentamento que se instalou no estado perante o novo quadro criado pelo acordo de 1629,
Changamire Dombo, a convite do mwenemutapa Nhacunimbite encabeçou um levante armado que levou a derrota dos
portugueses e sua expulsão do estado. Com estes acontecimentos terminava a fase do ouro e iniciava a do marfim.
Paralelamente, a dinastia dos Changamire impôs o seu poder alargando, territorialmente, o estado e substituindo a velha
dinastia dos
Mwenemutapa. O novo Mambo colocado no poder ficou proibido de reatar as relações comerciais com os portugueses.
Marcando-se desta forma o fim do ciclo do ouro.
Resumo
A penetração mercantil europeia foi levada a cabo essencialmente por portugueses a partir do Sec. XV. Os portugueses
movidos por interesses económicos fixaram-se em Moçambique, numa 1ª fase, a nível da costa, criando em 1505- a feitoria de
Sofala e Ilha de Moçambique em 1507, com objectivo de controlar as vias de escoamento do ouro e, a partir de 1530
penetraram no vale do Zambeze, criando as feitorias de Sena e Tete, e em 1544 a feitoria de Quelimane com objectivo de ter
acesso as zonas produtoras do ouro.
Factores da penetração mercantil europeia:
 Economicos: Moçambique, para os portugueses, era um bom local para escoar produtos produzidos em Portugal e por
outro lado, com raras e apetecíveis matérias-primas: ouro, marfim e escravos.
 Factores sociais: numa 1ª fase, tanto a penetração como a convivência eram pacificas. Este cenário mudou com a morte
do Padre Jesuíta Gonçalo de Silveira em 1561, altura em que Portugal começou com o envio de expedições militares
para impor a sua dominação.
 Factores religiosos: difusão do cristianismo e enfraquecimento do islamismo.

A presença portuguesa no Estado de Mwenemutapa (1505-1693)


Quando os portugueses chegaram a Moçambique, em 1498, interessaram-se pelo ouro existente no Estado de
Mwenemutapa.
A presença dos portugueses no Estado de Mwenemutapa foi marcada por lutas constantes com os árabes que já estavam
instalados.
Em 1530, quando os árabes se aperceberam da concorrência portuguesa, transformaram Angoche no centro de escoamento
do ouro (fugindo da presença portuguesa em Sofala), como resposta os portugueses penetraram no interior para ter acesso as
zonas produtoras.

Os acordos de 1607 e 1629


Em 1590, com a morte de Mutapa Negomo, Gatsi Rusere ascende. Este só conseguiu manter o seu poder graças ao auxílio
dos portugueses com quem rubricou um acordo de assistência militar em 1607. Com este tratado, o Mwenemutapa
comprometeu-se: a ceder todas as suas minas de ouro, de cobre, ferro, chumbo e estanho aos portugueses, acto que foi visto
como uma traição.
Em 1624, com a morte de Rusere, eclode uma nova guerra de sucessão entre os filhos Kaparasidze e Mavura. Este último
venceu o irmão após ter rubricado um tratado com os portugueses em 1629, que lhes concedia: vassalagem do rei; alienação
das minas de ouro e de prata em seu favor; livre circulação sem pagamento de tributos/ impostos (curva); a garantia da
expulsão dos mercadores árabes do território; autorização para os missionários dominicanos pregarem a sua religião; não
exigir a observância das regras protocolares quando recebidos na corte; aceitar uma força de 50 soldados na corte.
Repercussão:
 Fim do comércio árabe;
 Crescimento de comerciantes e aventureiros portugueses;

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 Crescimento da exploração dos recursos naturais (feita por mulheres e crianças, antes dedicadas a agricultura)
 Nascimento dos prazos da coroa
 Fim do Estado de Mutapa.

Mini-teste
1.A fixação de mercadores portugueses na costa moçambicana a partir de 1505, com a ocupação de Sofala, introduziu
profundas transformações económicas no Estado dos Mutapa. Justifica
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2.Explica o objectivo dos portugueses a partir de 1530.
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3.Refira-te aos conflitos existentes entre os árabes e os portugueses.
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4.Em 1571, em retaliação ao acontecimento de 1561, os Portugueses enviaram uma expedição militar.
a). Qual era o objectivo dessa expedição?
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4. No Sec. XVII surgem conflitos interdinásticos na sociedade shona..
a). Refira-te e explica um desses conflitos.
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5.Em 1629, Mavura fez concessões militares, políticas e económicas aos portugueses.
a).Que significado teve esse acordo?
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b). Qual foi a solução encontrada pelos shonas?
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III.Os Prazos da Coroa em Moçambique


A palavra prazo, foi usada a partir do séc XIV para designar pequenas unidades políticas estruturadas dentro do império dos
Mwenemutapa por mercadores de origem portuguesa e indiana. A ocupação das terras seguiu três vias principais:
 Doações dos chefes africanos ao governo português;
 Conquista militar por parte de alguns mercadores ricos e;
 Compra aos chefes africanos pelos mercadores.

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O sistema de prazos existiu apenas na região do Zambeze, entre Tete e Sofala nos séc. XVI e XVII.
O nome prazo aparece no Sec. XVII, quando os portugueses começaram a receber do Vice-Rei da Índia (em nome do rei de
Portugal), por um prazo de tempo (duas ou três gerações). Prazeiros terminaram definitivamente na década 30 do Sec. XX
Localização: ao longo do vale do Zambeze, entre Quelimane e Zumbo.

Alguns Prazos do vale do Zambeze: Massangano, Massingire, Gorongosa, Makololo, Maganja, Kanyemba, Makanga,
Matakenya e Carazimamba.

Base económica:
 comercio mercanti- era a base da sua economia. Os prazos serviam para escoar mercadorias (ouro, marfim e
escravos) através do vale do Zambeze até a costa litoral do Indico;
 cobrança de imposto, o mussoco (pago em cereais)

Por quê os Prazos


A razão que levou Portugal a criar os prazos foi o facto de aqueles que eram exilados para Moçambique, tal como as
autoridades administrativas e os soldados enviados para lutar contra o mwenemutapa, se apoderarem de grandes terras onde
exerciam o seu poder absoluto sem prestar contas a ninguém. Desta situação, que não convinha ao rei de portugal, pois
perdia benefícios económicos e políticos, nasceu a ideia de mandar contingentes de pessoas a Moçambique, a quem
concediam uma parcela de terreno uma medida que vinha acelerar a dominação colonial com o incremento do povoamento
branco.
O concessionário era obrigado a residir no prazo, a pagar um foro e a fornecer tropas as autoridades portuguesa em caso de
necessidade. A terra era concedida por um período de duas a três vidas findo o qual, a terra voltava à coroa, podendo
continuar na mesma familia, em novo prazo de três vidas com novo foro, se tivesse sido convenientemente administrada. A
sucessão era feita por linhagem feminina e os herdeiros eram obrigados a casar com brancos ou seus descendentes.
O que de princípio se pretendeu criar, quer em Moçambique quer na Índia foi a exigência de renovação das concessões de
três em três gerações com a sucessão se fazendo por via feminina em caso de morte dos titulares. Este esquema
enquadrava-se na perspectiva de levar a Moçambique mulheres portuguesas de modo a garantir a continuidade da raça
branca, evitando casamentos entre homens brancos e mulheres negras.
Desde o seu surgimento, os prazos, enfrentaram uma série de dificuldades, pelas seguintes razões:
 Muitos dos prazeiros eram cadastrados; em Moçambique estavam cumprindo penas de degredo e como tal não
representavam os interesses da coroa portuguesa em Moçambique;
 Pouco numerosos, os prazeiros não podiam cumprir a missão de promover a cultura europeia em Moçambique, pelo
contrário acabaram eles por se africanizar;
 A autoridade portuguesa estabelecida na costa era impotente para impor a lei aos prazeiros cujo poder militar crescia
continuamente;
 Muitas terras tinham sido ocupadas com esforço individual dos prazeiros e sem qualquer apoio da coroa portuguesa;
 A autonomia dos prazos era quase absoluta.

Deste quadro resultou que, se bem que inicialmente se tenha conseguido um êxito parcial, com o passar do tempo os prazos
evoluiram numa direcção totalmente diferente da prevista, funcionando exclusivamente em benefício dos próprios prazeiros no
lugar de se guiar pelos interesses da monarquia portuguesa. Os prazeiros foram assim aumentando os seus benefícios
pessoais, o seu poder político-militar nas suas terras e estabelecendo-se o mais possível de modo a fazer frente tanto aos
ataques dos chefes locais, como das próprias autoridades portuguesas.
Os Prazeiros tinham os seguintes deveres para com a coroa Portuguesa:
 reger-se pelas leis da coroa;
 expandir a civilização e a fé crista;
 proteger os habitantes africanos residentes nos prazos;
 pagar o imposto anual (foro), correspondente a décima parte do rendimento do prazo.

Estrutura dos Prazos


A estrutura do prazo era bastante simples. No topo encontrava-se o senhor prazeiro, dono e senhor do prazo. Era responsável
pela fixação dos impostos a ser pagos pela população do prazo e arredores, pela justiça no prazo, possuia os seus exércitos.
O senhor prazeiro era servido por uma enorme massa de escravos divididos em dois grupos:
1. A-chicunda - com a função de garantir a defesa do prazo, organizar operações de caça ao escravo nas formações
vizinhas, cobrar impostos, etc;
2. Escravos domésticos - afectos a agricultura, mineração e a indústria ligeira local.

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A economia do prazo estava baseada em acções de pilhagem conduzidas contra territórios vizinhos, bem como, no comércio
de escravos, peles e marfim.
Os Prazos não foram do que a síntese do cruzamento de dois sistemas de produção:
1º - Preexistente na sociedade Shona, com dois níveis: camponeses das mushas e aristocracia dominante formada pelos:
mambos e fumos;
2º -que se sobrepôs ao 1º, formado pelos Prazeiros (elite dominante) e por exército de guerreiros, os A-Chicundas (caçavam
os elefante e os escravos)

 Esquema:
1. Prazeiro-chefe máximo; 2.A-chicunda-exército; 3.Mambos-chefes territoriais; 4. Fumos-chefes das aldeias; 5.
Comunidade aldeã.

Para apoiar o senhor prazeiro existiam cargos administrativos como: mussambazes/ vassambazes-controlavam o comércio;
mucazambos/mwanamambos- gestores; chuangas-inspectores; miacodas- chefe dos cativos (ensacas); ensacas- mulheres
cativas (escravas).

Ideologia
Os senhores usavam quase na totalidade as formas nativas de invocação dos cultos, o mais importante foi o culto Muavi-culto
aos espíritos, as cerimónias de invocação da chuva.

Tentativas de Regulamentação do Sistema de Prazos


O quadro descrito sugere que os prazos desde o seu surgimento não responderam aos anseios da coroa portuguesa e como
tal o governo enceta acções convista a disciplinar e exercer um controlo sobre a actividade dos prazeiros, tendo para o efeito
publicado leis visando reformar o sistema.
A primeira reforma foi publicada em 1667 mas os seus resultados foram praticamente nulos, pois os prazeiros continuaram a
não pagar os foros à coroa portuguesa e a administrar os prazos como bem entendiam.
A segunda tentativa de regular os prazos ocorreu em 1760 quando o governo português decidiu que:
 Os prazos não deviam ter mais de 3 ou 4 léguas quadradas e caso fossem atravessados por um rio ou possuissem um
terreno mineiro não deveriam exceder a 1 légua;
 A partir de então os prazos só deveriam ser autorizados pelo governo de Lisboa depois de um período experimental de
quatro anos;
 Os prazeiros deveriam permitir a fixação de outros europeus dentro dos seus terrenos;
 Os prazeiros deveriam contribuir na manutenção dos fortes, na construção de estradas e travessias de pontes e
contribuir em homens e armamento para as expedições militares.

Apesar da publicação deste rigoroso regulamento os prazeiros continuaram relutantes em aceder a qualquer das exigências
portuguesas.

Decadência dos Prazos


Na primeira metade do século XIX os prazos entraram numa fase de regressão na qual ocorreu o desaparecimento de muitos
prazos, motivado por factores internos aos próprios prazos bem como a factores externos que se juntaram aos primeiros.
Entre esses factores há a destacar o comércio de escravos, encetado em grande escala na 2a metade do século XVIII no vale
do Zambeze e, a partir de 1830, os ataques dos Nguni do estado de Gaza.
Com o desenvolvimento do tráfico de escravos, os prazeiros exportavam os camponeses, de quem dependia a produção de
víveres, e mais tarde, com o aumento das exigências em escravos acompanhado do esgotamento dos primeiros, começaram
a exportar os a-chicunda cuja função principal consistia em proteger militarmente os prazos e em depredar as sociedades
vizinhas.
Como consequência, os cativos em fuga, organizaram bandos predatórios que atacavam os prazos e destruiam as redes
comerciais do sentão.
A situação agravou-se quando forças militares Nguni, começaram a efectuar "raids" à Sena, Manica Bárué e Luabo,
capturando camponeses, apoderando-se de mulheres, queimando povoações, cobrando tributos.

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Esses dois fenómenos suscitaram um extenso despovoamento em todo o vale o que , a partir de 1830 a maioria dos prazos se
tornou vulnerável às invasões de chefaturas e de estados que os senhores de terras tanto tinham sacrificados ao comércio de
escravos desde 1750.
Assim, forças do Bárue, começaram a atacar regularmente vários prazos em busca de alimento.
Entre 1820 e 1835, o exército do muenemutapa reinante atacou alguns prazos situados na margem esquerda do Zambeze.
Entretanto, por volta de 1840 os Nguni de Gaza tinham ocupado 28 dos então existentes 46 prazos. Nos prazos não afectados
pelos ataques, os seus arrendatários foram obrigados a pagar tributos periódicos aos guerreiros Nguni. De cobradores
impiedosos do "mussoco" os senhores de prazos tinham-se tornado seus pagadores.
Este fracasso deveu-se também a duas razões fundamentais:
Os portugueses agiram mais pela necessidade de controlar uma situação do que dentro de um plano de colonização bem
elaborado.
A resistência a este sistema foi sempre muito grande.
I. A presença portuguesa e os Estados Marave (1693-1750)
O ciclo de marfim
Com a revolta de Changamire Dombo (1693), os portugueses dirigiram-se para margem esquerda do Zambeze, onde já se
encontrava os Marave. Nesta região, uma das actividades económicas era a caça ao elefante, cujo comércio de marfim era
controlado pelos Phiri-caronga.
Os conflitos entre os Phiri-caronga eram frequentes e com a chegada dos portugueses ganharam outra dimensão.

Papel do capital mercantil português


A actuação do capital mercantil nos estados marave desepenhou:
 reforço do poder económico dos chefes;
 instabilidade político-militar e económica, a título de exemplo são os conflitos entre os caronga e Lundu, no Sec. XVI,
sendo que os Lundu, ocuparam uma posição geográfica favorável, bloquearam os contactos comerciais entre os
carongas e os portugueses. Ademais, os Lundu expandiram-se, conquistaram as principais rotas do marfim na costa
norte de Mocambique , fenómeno que ficou conhecido como expansão nyanja ou zimba. A expansão culminou com
uma nova rota –Chire-Mossuril.
Em 1622, os Caronga fazem uma aliança militar com os portugueses, conseguindo derrotar os Lundu e controlar a rota Chire-
Mossuril

Principais zonas do comércio do marfim


O comércio do marfim fez-se intensamente a norte do Zambeze, nos territórios situados entre rio Luangua e Quelimane.
As principais zonas de comércio do marfim em Moçambique foram: Ilha de Moçambique; Mossuril; Chire; Macuana, constituída
por três territórios (Uticulo, Cambira e Uocela; lago Niassa e Delagoa Bay (Baia de Maputo)
Os mercadores vinham principalmente de Kilwa e Mombaça, sendo Angoche a base costeira de partida para o interior das
terras dos Phiri-carongas.
A rota do comércio do marfim mais importante foi Chiri-Mossuril, inicialmente dos Lundu, mais tarde conquistada pelos Phiri-
carongas.

Principais intervenientes: Estados marave; Mercadores swahili e árabes; sociedades Makuanas (Makua e yao), Portugueses,
senhores Prazeiros e comerciantes baneanes/ indianos, chefes Phiri-Lundu e chefes Nhaca.

A companhia dos Mazanes e o seu papel


Em 1686, o vice-rei da India entregou o monopólio comercial entre a Ilha de Mocambique e Diu aos baneanes, isto é, a
Companhia dos Mazanes. Esta companhia possuía vários privilégios entre os quais o monopólio de artigos de exportação:
marfim, carapaça de tartaruga, etc.
Os baneanes tornaram-se importantes grossistas entre Diu, Damao, Goa e Moçambique.
O domínio indiano no comércio em Moçambique teve lugar no contexto do conflito luso-árabe, quando a nobreza sediada em
Goa queria livrar-se da interferência dos árabes e Swahilis no comercio do marfim. Com o desvio das actividades para as
mãos de indianos, não havia rendimentos oriundos de Moçambique a chegar a Lisboa, nesse sentido, o Rei de Portugal (D.
Jose I) decretou a separação entre Moçambique e Goa em 1752.
Decadência dos Marave:
 conflitos no seio da classe dominante Marave;

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 crescente influência portuguesa na esfera política dos Marave;
 monopólio comercial do marfim por parte dos chefes Ajauas; etc

Mini-teste
1. Assinale a alínea que se refere à origem dos mercadores 2. As relações entre os portugueses e indianos no âmbito do
árabe-persa. ciclo do marfim eram:
A. Índia e Península arábica C. Império Persa A. De amizade C. Indiferentes
B. Península Arábica e Golfo-Pérsico D. China e Índia B. de rivalidade D. de falsidade
3. Assinale a alínea que se refere aos objectivos da 1.ª fase 4. Qual dos acontecimentos abaixo registou-se na primeira
da penetração mercantil estrangeira em Moçambique? fase do ciclo do ouro?
A. A difusão do cristianismo na Europa e prática do comércio A. Ocupação de Sofala e ilha de Moçambique
B. Procura de terras férteis e prática do comércio B. Doação de terras pelo mambo aos portugueses
C. Desertificação das terras e o superpovoamento C. Revolta de Changamire Dombo
D. A expansão do ferro no mundo D. Acesso dos portugueses à corte do mambo
5. Qual dos acontecimentos abaixo registou-se na segunda 6. O tráfico de escravos foi uma das causas do declínio dos
fase do ciclo do ouro? prazos porque:
A. Construção de fortalezas em Sena e Tete A. O comércio de escravos criou conflitos entre os prazeiros
B. Morte do padre Gonçalo da Silveira
C. Ataque dos portugueses aos árabes em Angoxe B. Os prazeiros não conseguiram acompanhar a abolição
D. Pagamento de uma renda anual em ouro aos portugueses C. Os prazeiros começaram a vender os a-chicunda
D. Os escravos começaram a atacar os prazos
7. A ocupação das terras que deram origem aos prazos no 8. A companhia dos Mazanes foi fundada em:
vale do Zambeze foi através de: A. 1686 em Lisboa
A. Doação do mambo, compra e conquista militar B. B. 1752 em Goa
B. Distribuição das terras pela coroa portuguesa aos C. C. 1752 em Lisboa
mercadores D. D. 1686 em Goa
C. Acordos entre os mercadores portugueses e árabes
D. Atribuição pelo rei a favor dos comerciantes
9. O fracasso do sistema de prazos em Moçambique deveu-se…
A. A sua localização em regiões do interior, longe do alcance das autoridades.
B. A impotência de Portugal para impor a lei em terras ocupadas, sem apoio da coroa.
C. O apoio prestado pelos chefes africanos aos prazeiros.
O fraco investimento da coroa portuguesa nos prazos.

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