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Introdução ..................................................................................................................................................... 1
Anatomia do Tubo Digestivo ........................................................................................................................ 3
Estrutura geral da parede do tubo digestivo .............................................................................................. 3
Anatomia do Aparelho Digestivo Extra-Abdominal .................................................................................... 4
Anatomia do Sistema Digestivo Intra-Abdominal ........................................................................................ 6
Anatomia Dos Órgãos Anexos...................................................................................................................... 9
Glândulas salivares ................................................................................................................................... 9
Fisiologia do Aparelho Digestivo Extra-Abdominal .................................................................................. 13
Fisiologia dos Órgãos Anexos .................................................................................................................... 20
Regulação da Digestão............................................................................................................................ 21
Patologia Digestiva ..................................................................................................................................... 24
Conclusão ................................................................................................................................................... 26
Bibliografia: ................................................................................................................................................ 27
Introdução
O aparelho digestivo é um sistema vital para o nosso organismo, responsável por transformar os
alimentos que ingerimos em nutrientes que o corpo pode absorver e utilizar como fonte de energia.
É composto por órgãos que vão da boca ao ânus e possui um processo complexo e delicado, que
pode ser afetado por diversos fatores. Neste contexto, é fundamental conhecer a estrutura e
funcionamento do aparelho digestivo para manter uma boa saúde e qualidade de vida.
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Sistema Digestivo
O sistema digestivo é responsável por receber os alimentos, decompô-los em nutrientes, absorver
os nutrientes e liberá-los na corrente sanguínea, além de eliminar do corpo as partes não digeríveis
dos alimentos.
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Desenvolvimento do sistema digestivo
O sistema digestivo humano começa a se desenvolver a partir do tubo digestivo primitivo, formado
a partir do endoderma. Durante a gestação, o tubo se divide em três partes: intestino anterior, médio
e posterior, que dão origem aos órgãos do sistema digestivo. O desenvolvimento embrionário
inclui também o surgimento de estruturas acessórias como o fígado, pâncreas e vesícula biliar. O
sistema digestivo continua a se desenvolver durante a infância e adolescência até atingir sua forma
definitiva na vida adulta.
Mucosa: é a camada interna do tubo digestivo que entra em contato com o alimento. É composta por três
subcamadas: o epitélio, a lâmina própria e a muscularis mucosae. O epitélio é a camada mais superficial e
é responsável pela absorção e secreção de substâncias. A lâmina própria é uma camada de tecido conjuntivo
frouxo que contém células imunológicas e glândulas que produzem muco. A muscularis mucosae é uma
fina camada de músculo liso que ajuda no movimento da mucosa.
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Submucosa: é a camada de tecido conjuntivo que fica abaixo da mucosa. Contém vasos sanguíneos, vasos
linfáticos e nervos que fornecem nutrientes e oxigênio para a mucosa.
Muscularis: é a camada de músculo liso que é responsável pelos movimentos peristálticos que empurram
o alimento através do tubo digestivo. É composta por duas camadas de músculo liso: a camada circular
interna e a camada longitudinal externa.
Serosa: é a camada mais externa do tubo digestivo e é composta por tecido conjuntivo que protege e fixa
o tubo digestivo ao restante do corpo. A camada adventícia é encontrada em órgãos que estão fora da
cavidade abdominal, enquanto a serosa é encontrada em órgãos dentro da cavidade abdominal e é coberta
por uma camada de células mesoteliais.
Funções da boca:
A boca é um ponto de entrada para o sistema digestivo e respiratório e seu interior é revestido por
membranas mucosas que apresentam cor rosa avermelhada a marrom/preto. A mucosa oral é mais
escura em indivíduos de pele escura devido à atividade dos melanócitos, enquanto as gengivas têm
uma cor mais clara e se encaixam firmemente ao redor dos dentes.
Língua
A língua é composta por músculos intrínsecos altamente móveis e feixes de fibras extrínsecas que
se fixam em estruturas vizinhas, como os ossos temporal e hióide.
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• Na parte anterior, o dorso da língua está recoberto de uma mucosa muito pregada em
elevações ásperas de diferentes formas (papilas), entre as que se encontram as terminais
nervosas sensitivas responsáveis do gosto.
• Na parte posterior do dorso da língua (raiz da língua, parte menos móvel) encontramos
numerosas glândulas mucosas (secretoras de saliva) e folículos linfáticos (tonsila lingual).
Dentes
Os dentes são estruturas cilíndricas que permitem a mastigação e a comunicação oral. São 32
dentes permanentes distribuídos em duas arcadas simétricas, compostas por incisivos, caninos,
pré-molares e molares. Os dentes de leite começam a cair a partir dos 6-8 meses e são substituídos
gradualmente pelos permanentes até os 14 anos. A higiene bucal adequada e visitas regulares ao
dentista são essenciais para manter a saúde e estética dental.
Os dentes possuem duas partes: a coroa visível e a raiz que o fixa aos ossos. A raiz pode ser única
para alguns dentes e múltipla para outros. A polpa é o núcleo de conjuntivo com vasos e nervos
e a dentina é o tecido calcificado que a recobre. Já o esmalte é uma camada extremamente
calcificada e dura que reveste a coroa externamente. Os dentes têm a função de cortar e triturar
alimentos sólidos para formar o bolo alimentar.
Faringe
A faringe é um tubo muscular revestido por uma mucosa semelhante à da boca, que conecta a
boca ao esôfago. Ela é dividida em três partes: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Sua
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função é facilitar a rápida passagem do alimento da boca para o esôfago por meio da deglutição,
que é ajudada pela saliva e muco que revestem a boca, a faringe e o esôfago.
Esófago
Cervical, torácica e abdominal, esta última com um esfíncter esofágico inferior para evitar o
refluxo do conteúdo do estômago.
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O estômago é um órgão do sistema digestivo que possui camadas semelhantes à parede do tubo digestivo,
porém com particularidades.
O intestino delgado é um tubo que vai do piloro até o ceco, com cerca de 6 a 8 m de comprimento
e 2 a 3 cm de diâmetro.
• Duodeno: com cerca de 25 cm, com forma de "C" e 4 porções: superior, descendente,
horizontal e ascendente.
• Jejuno: continuação do duodeno, com maior diâmetro, parede mais espessa e mesentério
mais vascular, localizado no quadrante superior esquerdo abdominal.
• Íleo: último segmento, continuação do jejuno até o intestino grosso, com parede mais fina
e menos vascularizada que o jejuno, situado no quadrante inferior direito abdominal. A
transição entre jejuno e íleo é progressiva e ambas são móveis, sobre seu próprio
mesentério.
O intestino delgado é uma estrutura do sistema digestivo com particularidades que o tornam
eficiente na absorção de nutrientes:
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• No duodeno, estão as criptas de Brunner, que secretam muco alcalino para neutralizar o
ácido do estômago.
• O epitélio cilíndrico simples inclui células de absorção, células caliciformes e células
enteroendócrinas.
• Placas de Peyer, acúmulos de tecido linfóide, estão dispersas na mucosa.
O intestino delgado completa a digestão e absorve nutrientes para o sangue, graças à sua grande
superfície de mucosa adaptada para essa função. O intestino grosso é o segmento final do tubo
digestivo, que se estende desde o intestino delgado até o ânus, com formato quadrangular, 1,5 m
de comprimento e 6-8 cm de diâmetro.
O sistema anal humano tem dois esfíncteres - o interno, profundo e involuntário, e o externo,
superficial e voluntário. O esfíncter anal interno é formado por fibras musculares lisas circulares
espessadas do reto, enquanto o esfíncter anal externo é formado por músculo estriado que forma
o soalho da pélvis. O ânus é uma estrutura de transição, onde o epitélio cilíndrico simples do
intestino se torna plano estratificado, o que permite a eliminação das fezes.
• Tem um maior diâmetro, que vá-se afinando progressivamente desde o ceco até o ânus.
• Não tem vilosidades.
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• As glândulas mucosas (criptas) são mais profundas, mais frequentes e contem muitas
células caliciformes, produtoras de muco que lubrifica a mucosa para facilitar a passagem
do bolo fecal.
• O intestino grosso absorve água principalmente, recuperando-a do resíduo líquido
procedente da absorção de nutrientes pelo intestino delgado, até formar o bolo fecal, de
consistência semi-sólida. O cólon sigmóide e o recto fazem de reservatório das fezes até
serem expulsas.
As glândulas salivares maiores são estruturas pares com ácinos glandulares que drenam à boca
por um conduto conjuntivo-muscular.
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Fígado
O fígado é a maior glândula do corpo humano, localizada no quadrante superior direito do
abdômen. Ele é responsável por funções vitais no metabolismo e na digestão, produzindo bile e
removendo toxinas.
• Face diafragmática: localizada na parte superior e possui uma superfície convexa e lisa
em contato com o diafragma.
• Face visceral: localizada na parte inferior e possui uma superfície irregularmente côncava
em contato com diferentes órgãos, que deixam impressões na sua superfície, como a
flexura direita do cólon, duodeno, rim direito e estômago.
Esta é uma descrição anatômica do fígado, um órgão que é completamente coberto pelo peritônio
visceral. O fígado é suspenso do diafragma pelo ligamento coronário e fixado ao peritônio parietal
da parede abdominal anterior pelo ligamento falciforme. O bordo do fígado é espessado pelo
ligamento redondo, que é um resíduo dos vasos umbilicais fetais.
A face visceral do fígado apresenta três estruturas fundamentais dispostas em forma de "H": o
ligamento falciforme, o hilo hepático e a vesícula biliar. O hilo hepático é a zona de entrada ao
fígado por onde transitam a veia porta, a artéria hepática, o ducto biliar, nervos e linfáticos. A
vesícula biliar é uma estrutura anexa ao fígado onde se armazena a bile, e na parte posterior
encontra-se a veia cava inferior.
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o Veia cava inferior (ramo vertical direito do "H", parte posterior)
Ele inclui:
• Tríadas portais nos vértices do hexágono com ramos da veia porta, artéria hepática e via
biliar. • Veia centro-lobular que ocupa o espaço central.
• Sinusóides que comunicam os vasos portais aos hepatócitos.
• Células de Kupfer que fagocitam restos celulares sanguíneos e microrganismos.
• Canalículos biliares que comunicam os hepatócitos ao ducto biliar para a drenagem da
bile produzida pelos hepatócitos.
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Via biliar
É um conjunto de ductos que transportam a bile, produzida pelo fígado, até o duodeno.
Inclui:
A bile é transportada através de uma série de canais dentro do fígado, começando nos canalículos
e progredindo para vasos biliares maiores, que correm paralelamente aos vasos sanguíneos da
árvore portal. Os ductos hepáticos esquerdo e direito drenam cada lobo do fígado.
Funções:
Pâncreas
O pâncreas é uma glândula aplanada e comprida, com estrutura semelhante às glândulas salivares,
que se localiza na parte retroperitoneal, atrás do estômago. Ele se divide em cabeça, corpo e
cauda, sendo que a cabeça fica alojada na curva do duodeno.
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O suco pancreático é um líquido alcalino que contém água, sais, bicarbonato e enzimas digestivas.
O ducto pancreático principal é um tubo no pâncreas que transporta suco pancreático dos acinos
até o duodeno, onde se une ao ducto colédoco na ampola hepato-pancreática.
• Dissociação Mecânica: alimentos são triturados pelos dentes e misturados com saliva para
formar bolo alimentar
• Dissociação Química: enzimas na saliva decompõem alimentos em moléculas menores.
Mastigação
Os dentes são responsáveis por iniciar a divisão dos alimentos na boca através da mastigação.
Cada tipo de dente tem uma função específica: os incisivos cortam, os caninos rasgam e os pré-
molares e molares trituram.
Ensalivação
processo de mistura dos alimentos triturados com a saliva. A saliva é um líquido viscoso, sem odor
e sem sabor que contém enzimas que ajudam na digestão dos alimentos e protegem a mucosa oral.
A saliva é composta por duas porções, cada uma com funções diferentes:
• A serosa é uma solução clara com enzimas digestivas, como a ptialina e a lipase lingual,
que decompõem carboidratos e lípidos, respectivamente. É secretada pelas glândulas
maiores.
• A mucosa é uma solução viscosa produzida pelas glândulas submandibulares, sublinguais
e menores, que tem a função de lubrificar e proteger o epitélio da boca.
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A parte mucosa é secretada continuamente, enquanto a parte serosa é liberada em resposta a sinais
indicando que a ingestão de alimentos está prestes a começar.
Deglutição
O bolo alimentar, produto da mastigação e da mistura com saliva, será deglutido em fracções de
segundos, mediante três estágios:
• Voluntário através dos músculos da língua: no qual o bolo alimentar é empurrado pela
língua para a parte oral da faringe.
• Faríngeo: controlada pelo sistema nervoso autónomo onde ocorre a passagem do bolo
alimentar pela faringe para o esófago.
• Esofágico: também controlada pelo sistema nervoso autónomo onde ocorre a passagem do
bolo alimentar pelo esófago para o estômago.
Na fase faríngea da deglutição, a faringe impede que o alimento entre na cavidade nasal e no trato
respiratório através do levantamento do palato mole e da movimentação da traqueia para cima,
que permite a cobertura da entrada da via respiratória pelo epiglote.
O esôfago transporta o bolo alimentar para o estômago por meio de contrações rítmicas
ondulatórias (peristalse).
O tubo digestivo prepara os alimentos para serem utilizados pelo organismo através de três
mecanismos fisiológicos presentes em todos os segmentos do aparelho digestivo intra-abdominal.
O tubo digestivo tem capacidade de mudar de forma por meio de contrações do músculo liso em
sua parede. Essas contrações são de dois tipos e têm diferentes finalidades em cada segmento do
tubo:
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• Os movimentos segmentares ou de mistura facilitam a digestão química do alimento,
misturando-o com secreções e emulsionando-o.
• Os movimentos peristálticos impulsionam o alimento pelo tubo digestivo, desde a boca até
o ânus
A digestão química utiliza enzimas e compostos químicos do tubo digestivo e órgãos anexos para
quebrar grandes moléculas de alimentos em pequenas moléculas que podem ser absorvidas pelo
intestino delgado.
Os nutrientes preparados no tubo digestivo são absorvidos pela mucosa intestinal e distribuídos
pelo organismo através do sangue.
O estômago mistura e realiza digestão química de alimentos com suco gástrico, mas tem pouca
função de absorção.
O suco gástrico é uma solução altamente ácida (pH 2) produzida pelo epitélio gástrico (cerca de
3 litros diários), que contém a enzima digestiva pepsina. Essa enzima é capaz de quebrar as
proteínas em moléculas menores (polipeptídeos).
• O ácido no estômago não só ajuda a ativar a pepsina, mas também possui uma função
defensiva, eliminando a maioria dos microrganismos que entram no corpo através dos
alimentos.
• Apesar de estarem protegidas por uma densa camada de muco, as células da mucosa
gástrica são continuamente lesadas pela acção do ácido, pelo que tem que estar sempre em
regeneração. Estima-se que a superfície do estômago é totalmente reconstituída em cada
três dias.
• Em lactentes, a quimosina é a principal enzima responsável por separar o leite em frações
líquidas e sólidas, ao contrário da pepsina.
O alimento mastigado, conhecido como bolo alimentar, fica no estômago por cerca de 2 a 4 horas,
onde é misturado com suco gástrico e agitado por contrações musculares, formando uma mistura
semilíquida e ácida chamada quimo.
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O estômago tem uma absorção limitada de nutrientes. Além do álcool, alguns sais, água e
medicamentos como aspirina podem ser absorvidos diretamente no estômago.
O quimo segue do estômago para o duodeno através do esfíncter muscular de saída, também
conhecido como piloro. A passagem é controlada por contrações peristálticas que empurram o
quimo do corpo gástrico para o antro pilórico, permitindo a passagem apenas de pequenas
quantidades.
• A acidez do quimo afeta sua velocidade de transporte para o duodeno. Quanto mais ácido,
mais lento é o transporte,e
• O intestino delgado tem a capacidade de controlar a velocidade de esvaziamento do
estômago de acordo com a sua própria plenitude, ou seja, quanto mais cheio o duodeno,
mais lento o estômago se esvazia.
No duodeno e no início do jejuno, o quimo se mistura com a bile do fígado, o suco pancreático e
o suco entérico do intestino, formando o quilo, um líquido alcalino que ajuda a decompor as
macromoléculas dos alimentos em unidades mais simples.
A bílis é uma solução alcalina produzida no fígado (cerca de 1 litro por dia) e armazenada na
vesícula biliar. Além de água e íons, a bílis contém outras substâncias como:
O pâncreas produz cerca de 1,5 litros por dia de suco pancreático, que é uma solução alcalina
com pH de 9 contendo grandes quantidades de bicarbonato de sódio. Esse suco contém a maioria
dos enzimas digestivos necessários para quebrar as diferentes macromoléculas dos alimentos:
• A amilase pancreática é uma enzima que degrada o amido em carboidratos mais simples.
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• A lipase é uma enzima responsável pela quebra de gorduras em seus componentes básicos,
glicerol e ácidos graxos.
• As enzimas tripsina, quimotripsina e elastase têm a função de quebrar proteínas em
peptídeos de cadeia curta. Para evitar a digestão interna do pâncreas, essas enzimas são
secretadas como precursores inativos e ativadas no duodeno por meio da enterocinase, uma
enzima produzida pelo epitélio intestinal.
• Ribonuclease e Desoxirribonuclease são enzimas que quebram as ligações dos ácidos
nucléicos, RNA e DNA, respectivamente, convertendo-os em nucleótidos de cadeia curta.
O suco intestinal é uma solução produzida pelo intestino delgado, contendo enzimas digestivas e
pH neutro. Sua principal função é degradar as unidades moleculares menores, resultantes da
digestão inicial realizada pelas enzimas pancreáticas. É produzido em média 2 litros por dia e é
essencial para a digestão.
Inclui:
O quimo estimula a secreção de sucos e os movimentos do intestino delgado, que são mantidos
até o esvaziamento para o intestino grosso.
Absorção.
A água é absorvida por osmose em ambos os sentidos junto com eletrólitos e nutrientes.
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Os eletrólitos entram nas células intestinais por transporte passivo ou ativo e vão para os capilares,
enquanto os carboidratos simples atravessam a mucosa intestinal por transporte passivo ou ativo
e passam para os capilares sanguíneos intestinais. Aminoácidos e peptídeos de cadeia curta são
absorvidos ativamente e passam para os capilares por difusão facilitada.
Durante a digestão de lipídeos, o glicerol e os ácidos graxos são absorvidos pelas células intestinais
e reunidos em pequenos grãos lipídicos cobertos por proteínas chamados quilomicrones.
• Os quilomicrones são grandes demais para passarem pelos capilares sanguíneos e são
transportados pela rede linfática. Viajam dos vasos linfáticos intestinais até a veia subclávia
esquerda e se incorporam ao sangue sem passar pelo fígado.
• Após uma refeição gordurosa, o sangue pode ficar com aparência leitosa devido aos muitos
quilomicrones presentes.
lipossolúveis (A, D, E e K) e hidrossolúveis (C, B1, B2, B6, niacina e ácido fólico). As vitaminas
lipossolúveis são absorvidas por difusão simples e são transportadas pelo sistema linfático. Já as
vitaminas hidrossolúveis são absorvidas pelos capilares por difusão facilitada. A vitamina B12 só
é absorvida no íleo e requer o fator intrínseco produzido pelo estômago.
O cólon ascendente e transverso são partes importantes do intestino grosso, onde ocorre a absorção
de água. Esta água pode ser proveniente da ingestão de líquidos ou da secreção de sucos digestivos.
Em média, são absorvidos cerca de 1-2 litros de água por dia.
• O intestino grosso não possui vilosidades e nem secreta sucos digestivos com enzimas,
sendo assim, o seu papel é a absorção da água para a formação do bolo fecal.
• A formação do bolo fecal por absorção de água no intestino grosso dura em média cerca
de 3-8 horas e faz-se mediante suaves movimentos.
No intestino grosso, muitas bactérias não patogênicas vivem e desempenham funções importantes
como:
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• Dissolver os restos alimentares não assimiláveis mediante fermentação, o que produz os
gases (metano, CO2, sulfureto de hidrogénio, indol,…) que acompanham às fezes.
• Decompor a bilirrubina da bílis em estercobilina, que dá a cor parda característica das fezes.
• Proteger o organismo contra bactérias estranhas geradoras de doenças (com as quais
concorrem para se alimentarem dos resíduos fecais).
As fibras vegetais, como a celulose, não são digeríveis e contribuem para a formação da massa
fecal. Elas retêm água por um mecanismo osmótico, o que torna as fezes mais macias e fáceis de
serem eliminadas.
O intestino grosso distal é responsável pelo armazenamento e expulsão das fezes, possuindo uma
função reduzida de absorção de água. As fezes são transportadas para o reto através de movimentos
em massa que ocorrem de 1 a 3 vezes por dia.
O esfíncter anal externo é responsável por regular o reflexo de defecação. Em condições normais,
ele fica contraído, impedindo a eliminação das fezes, mesmo quando há o reflexo defecatório. Para
permitir a defecação, é preciso que haja um relaxamento voluntário desse músculo.
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Fisiologia dos Órgãos Anexos
Os órgãos anexos do tubo digestivo são glândulas especializadas na síntese e secreção de
substâncias, como enzimas, para facilitar a digestão. As glândulas salivares, localizadas na boca,
são um exemplo desses órgãos e produzem saliva, cuja função foi abordada na aula 26 de
Fisiologia do aparelho digestivo extra-abdominal.
O fígado tem diversas funções, incluindo a produção e excreção da bílis que é armazenada na
vesícula biliar e excretada no duodeno em resposta a alimentos ricos em gorduras.
Metabolismo e armazenamento de carbohidratos:
• Após uma refeição com alta concentração de glicose no sangue, o organismo armazena a
glicose em forma de glicogênio, que consiste em grandes cadeias de unidades de glicose.
• Durante o jejum ou exercício, quando a concentração de glicose no sangue está baixa, o
corpo degrada o glicogênio para liberar glicose e equilibrar os níveis sanguíneos.
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Limpeza do sangue, mediante a fagocitose (através das células de Kupfer) de restos celulares e
microrganismos.
As funções do pâncreas são duas, realizadas por cada uma das partes histológicas:
Pela glândula pancreática exócrina: produção e excreção no duodeno pela via pancreática, do suco
pancreático.
Pela glândula pancreática endócrina (ilhotas de Langerhans): produção e secreção ao sangue de
hormónios que regulam o metabolismo dos carbohidratos, insulina e glucagon principalmente.
Regulação da Digestão
As três funções do sistema digestivo (motilidade, digestão e absorção) que conduzem ao
aproveitamento dos nutrientes dos alimentos estão reguladas por diferentes mecanismos locais e
sistémicos, mediados por:
Estruturas nervosas (regulação nervosa), que incluem:
• Sistema nervoso autónomo simpático, inibidor geral das funções digestivas ( diminui o
peristáltismo e a actividade secreto-motora);
• Sistema nervoso autónomo parassimpático ou vagal (do nervo vago), estimulador geral das
funções digestivas ( aumenta o peristaltismo, a actividade secreto-motora e relaxa os
esfíncteres involuntários) ;
• Sistema nervoso entérico constituído pelos plexos submucoso e mioenterico que são
estruturas nervosas da parede intestinal. Este sistema pode dar origem as respostas locais
directas ou sob a influencia do sistema nervoso autónomo
• Alças de retroalimentação para o Sistema Nervoso Central que integram e coordenam as
actividade entre Sistema Nervoso Entérico e o Sistema Nervoso Autónomo.
Hormónios, produtos químicos produzidos no próprio intestino ou em outros órgãos que
comandam acções do tubo digestivo (regulação hormonal).
O apetite ou vontade de comer é regulado pelo equilíbrio entre dois centros do hipotálamo: centro
da fome e centro da saciedade, que controla o anterior por mecanismo homeostático
(retroalimentação negativa).
A redução da concentração da glicose no sangue (hipoglicémia) e outros estímulos bioquímicos
inibem (desactivam) o centro da saciedade, de maneira que o centro da fome desencadeia a
sensação de vontade de comer, que estimula a procura e ingestão de alimento.
Uma vez ingerido o alimento, a glicose aumenta no sangue e activa o centro da saciedade, que
trava o centro da fome (retroalimentação negativa).
A Salivação tem regulação nervosa exclusivamente, desde o centro da salivação do bulbo, que
envia ordens às glândulas salivares por via parassimpática para a sua contracção, que provoca a
secreção salivar. Existem diferentes estímulos:
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Estímulos positivos, que provocam maior salivação:
• Informação directa da presença de alimentos apetitosos pelo sentido do gosto (papilas
gustativas da língua).
• Informação indirecta da presença de alimentos apetitosos por outros sentidos (ver, cheirar
ou pensar em comida).
• Presença de alimento na boca, faringe ou esófago. A irritação destes órgãos provoca
também a salivação, pelo que uma salivação excessiva, sem relação com a comida pode
ser sintoma de tumores ou inflamações a estes níveis.
• Estimulação parassimpática, como se produz em estados de relaxamento ou com certos
medicamentos ou drogas parassimpaticomiméticos (medicamentos que estimulam a
actividade do sistema nervoso parassimpático).
Estímulos negativos, que reduzem a salivação:
• Informação pelos órgãos dos sentidos sobre o estado dos alimentos em mal estado ou coisas
nojentas.
• Desidratação reduz a produção de saliva, mediante mecanismo homeostático de poupança
de água.
• Inibição parassimpática, como se produz em estados de ansiedade e alerta ou com certos
medicamentos ou drogas (parassimpaticolíticos).
A composição e volume da saliva depende do tipo de alimento ingerido: substâncias ácidas e
secas produzem mais saliva aquosa; substâncias proteícas e com carbohidratos provocam maior
secreção enzimática.
A deglutição tem também regulação nervosa (mediante o centro da deglutição do bulbo),
começando com um mecanismo voluntário (a língua empurra o bolo alimentar para a faringe) e
continuando com reflexos simples provocados pela própria presença de alimento.
A chegada do bolo à faringe estimula o centro da deglutição, que responderá provocando:
• Encerramento da nasofaringe e laringe, para evitar a passagem do bolo para a via aérea,
• Inibição do centro respiratório do bulbo, para parar a respiração, e
• Contracção da musculatura faríngea, para empurrar o bolo até o esófago.
A chegada do bolo ao esófago provoca, por meio de estímulo parassimpático (vagal) a contracção
ondulatória (Peristálse) da musculatura esofágica, empurrando o bolo até o estômago.
O estômago tem regulação mista:
• Nervosa, pelos nervos vago (estimulador) e simpático abdominal (inibidor), e
• Hormonal, pela gastrina, hormónio estimulador produzido pelo próprio epitélio gástrico,
que facilita a secreção de suco gástrico, os movimentos de mistura e de propulsão e o
relaxamento do piloro
A regulação gástrica faz-se em 3 fases:
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• Cefálica, que começa antes da chegada do bolo ao estômago e na que participam os níveis
superiores do encéfalo. Assim, a visão, cheiro,… de alimentos provoca, além de salivação,
secreção de suco gástrico e movimentos do estômago (contracções de fome)
• Gástrica. A chegada de alimento ao estômago provoca um reflexo simples: o enchimento
do fundo gástrico e o aumento do pH gástrico pelo alimento, estimulam a secreção de
gastrina.
• Intestinal. A entrada de quimo no duodeno provoca a libertação de hormónios intestinais
com função oposta à gastrina, diminuindo a secreção gástrica e retardando o esvaziamento
gástrico.
O intestino delgado, como o estômago, tem regulação nervosa e hormonal.
A chegada de quimo ácido ao duodeno desencadeia a liberação de diferentes hormónios da própria
mucosa duodenal:
• Enterogastrona, secretada quando passa uma porção de quimo pelo piloro, inibindo a
motilidade e a secreção gástrica. Quando essa porção avança e deixa o duodeno, este se
esvazia, cessando a produção de enterogastrona, e o estômago, agora já não inibido, reinicia
a motilidade, deixando passar uma nova porção de quimo para o duodeno, reiniciando o
ciclo.
• Secretina, secretada quando o duodeno recebe ácido do quimo, estimulando o pâncreas
para liberar um suco pancreático rico em água e bicarbonato.
• Colecistocinina, secretada perante um quimo rico em gorduras, estimula a liberação de bílis
e de suco pancreático.
A chegada de quimo ao duodeno também desencadeia os movimentos (de mistura e de propulsão)
do intestino delgado, que tem uma regulação mista:
• Gastrina, colecistocinina e insulina estimulam a motilidade intestinal
• O nervo vago, perante a distensão mecânica do duodeno, estimula a Peristálse. A falta do
reflexo (sempre que o intestino está vazio), faz com que o simpático predomine, inibindo
a motilidade.
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• Gastro-ileal, pelo que estimula a motilidade do íleo e portanto, a passagem de quilo pela
válvula íleo-cecal.
• Gastro-cólico, que provoca movimentos em massa do cólon.
A defecação é regulada por duas vias nervosas interligadas. A distensão do recto envia um sinal com dois
destinos:
A nível da medula espinal sacra, que provoca involuntariamente o reflexo da defecação:
contracção do recto e relaxamento do esfíncter interno
A nível do hipotálamo e outros centros cerebrais, que provoca a vontade de defecar, que permite
a defecação só se voluntariamente se faz o relaxamento do esfíncter anal externo e a contracção
da musculatura da parede abdominal e diafragma.
Patologia Digestiva
Grande parte da patologia de esófago e estômago se dá pela condição extremamente ácida do
conteúdo gástrico:
O refluxo gastro-esofágico se dá quando o esfíncter esofágico inferior não se fecha
adequadamente, permitindo ao quimo ácido reflua para a parte inferior do esófago. Isto causa azia,
com sensação de queimação epigástrica e retroesternal chamada pirose.
• Disfagia refere-se à dificuldade para a deglutição do alimento, que acontece em diferentes
doenças do esófago.
A alteração (por bactérias, medicamentos,…) da barreira de muco que protege a mucosa gástrica
do seu próprio ácido, provoca:
• Lesões difusas da mucosa (gastrite) ou
• Lesões localizadas e profundas (úlceras gastro-duodenais) que até podem sangrar
severamente ou perfurar a parede do estômago ou duodeno.
Diarreia é a evacuação frequente (mais de 3 vezes por dia) de fezes, que geralmente são fezes
líquidas ou pastosas, ocasionalmente acompanhadas de sangue (disenteria).
Obstipação ou Constipação é a evacuação pouco frequente (menos de 3 vezes por semana) de
fezes, geralmente duras. É uma condição de longa duração (meses), geralmente relacionada com
hábitos alimentares e higiénicos inadequados. O termo constipação, embora seja sinónimo de
obstipação, na prática clínica e como senso comum, tem-se usado para se referir a congestão nasal
por resfriado, gripes.
A Obstrução Intestinal é uma condição aguda, de muitas possíveis causas, caracterizada pela
obstrução completa do trânsito intestinal, de maneira que não há emissão de fezes nem de gases e
se acompanha geralmente de vómitos.
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O fígado adoece principalmente pela acção de tóxicos (álcool, principalmente) e de
microorganismos (como o vírus da hepatite), que podem actuar durante muito tempo (cronificar)
até diminuir a função do fígado. Esta situação chama-se insuficiência hepática e pode provocar:
• Retenção de líquidos no interstício de todo o corpo, especialmente na cavidade peritoneal
(ascite), devido a diminuição da produção de albumina (proteína plasmática que mantém a
pressão oncótica do sangue) e/ou aumento da pressão hidrostática.
• Sangramentos, por diminuição da produção de factores da coagulação.
• Alterações metabólicas, pela incapacidade de realizar as suas funções habituais e pela
incapacidade para metabolizar medicamentos e tóxicos.
A obstrução ao fluxo do sangue pela veia porta (por trombose da mesma ou por doença crónica
do fígado) provoca um aumento da pressão do sangue do seu território (hipertensão portal), que
frequentemente provoca sangramentos dentro do próprio tubo digestivo (hemorragia digestiva
alta).
A via biliar produz frequentemente cálculos (formações minerais, como pedras, por cristalização
dos seus componentes). Os cálculos podem não dar problemas ou provocar diferentes doenças, em
relação à obstrução e infecção da via biliar e do pâncreas.
Doenças do pâncreas incluem: a sua inflamação aguda com auto-digestão do órgão pelos enzimas
que contém (pancreatite aguda), a sua inflamação crónica e cicatrização do seu tecido (pancreatite
crónica) e os tumores (carcinoma pancreático). Lesões das células beta das ilhotas de
Langerhans no pâncreas resultam em diabetes insulino-dependente
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Conclusão
O aparelho digestivo é um sistema essencial para a nossa sobrevivência e manutenção da saúde.
Composto por diversos órgãos que trabalham em conjunto para transformar os alimentos em
nutrientes, sua importância é inegável. Entretanto, a má alimentação, o estresse e outras condições
podem afetar negativamente o funcionamento desse sistema, causando sintomas desagradáveis e
problemas de saúde. Por isso, é fundamental adotar um estilo de vida saudável, que inclua uma
dieta equilibrada, atividades físicas e cuidados com a saúde mental. Além disso, é importante estar
atento aos sintomas gastrointestinais e buscar atendimento médico em caso de necessidade, a fim
de obter diagnóstico e tratamento adequados. Com essas atitudes, é possível garantir um aparelho
digestivo saudável e uma vida mais plena e feliz.
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Bibliografia:
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2017.
SCHMITT, V. L. et al. Tratado de Gastroenterologia: da Graduação à Pós-graduação. 2ª ed. Porto
Alegre: Artmed, 2017.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE GASTROENTEROLOGIA. Aparelho Digestivo. Disponível
em: https://www.sbgg.org.br/publico/pacientes/aparelho-digestivo/. Acesso em: 12 abr. 2023.
Frank H. Netter, MD, Atlas of Human Anatomy, Fifth Edition, Saunders - Elsevier, Chapter 4
Abdomen, Subchapters 24 to 31.
Neil S. Norton, Ph.D. and Frank H. Netter, MD, Netter’s Head and Neck Anatomy for Dentistry,
2nd Edition, Elsevier Saunders, Chapter 22 Introduction to the Upper Limb, Back, Thorax and
Abdomen, Page 556 to 614.
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