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ANATOMIA HUMANA

AULA 4

Prof. Willian Barbosa Sales


CONVERSA INICIAL

Sistema gastrintestinal

Abordaremos nesta aula a composição anatômica do sistema


gastrintestinal, também conhecido como sistema digestório. Esse sistema é
composto por um tubo revestido de epitélio mucoso que começa na cavidade
oral e termina no canal anal, sendo classificado como uma cavidade corporal
aberta, pois possui um aporte de entrada e outro de saída. A principal função do
sistema gastrintestinal é a oferta de nutrientes para todo organismo. Para que
isso aconteça, à medida que o alimento percorre cada órgão do sistema, ele
sofre modificações físicas, químicas e físico-químicas, para ser digerido,
absorvido e assimilado.
O sistema gastrintestinal mede aproximadamente 8 metros da boca até o
canal anal, sendo composto pelos seguintes órgãos: cavidade oral, faringe,
esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e órgãos em anexo
(fígado e pâncreas), conforme Figura 1.

Figura 1 – Sistema gastrintestinal

Créditos: La Gorda/Shutterstock.

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TEMA 1 – CAVIDADE ORAL, FARINGE E ESÔFAGO

A cavidade oral é composta pela boca, bochechas, língua, dentes,


gengivas e glândulas salivares e forma o primeiro compartimento do sistema
gastrintestinal. Nesse compartimento, a principal função é a formação do bolo
alimentar por meio da mastigação e da ação da saliva. Na boca existem três
glândulas salivares: parótida, submandibular e sublingual. A produção de saliva
por essas glândulas dá início à digestão de carboidratos e auxilia na formação
do bolo alimentar.
A faringe marca o segundo compartimento, também conhecido como
faríngeo – esofágico – deglutitório. Ela faz a conexão entre cavidade oral e o
esôfago. O bolo alimentar passa por ela por meio da deglutição, por movimentos
peristálticos. Durante a deglutição, a faringe obstrui a entrada da traqueia e
direciona o bolo alimentar para o esôfago. A função do esôfago, que é delimitado
pela esfíncter esofágico superior e esfíncter esofágico inferior, é direcionar o
alimento até o estômago por meio de fortes movimentos peristálticos (Figura 2).

Figura 2 – Cavidade oral, faringe e esôfago

Créditos: Teguh Mujiono/Shutterstock.

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TEMA 2 – ESTÔMAGO

O terceiro compartimento gastrintestinal é o estômago, que forma um


saco muscular com diversas camadas musculares lisas. Nele o bolo alimentar
sofre a ação da secreção gástrica do ácido clorídrico, que o transforma em
quimo. O estômago realiza fortes movimentos peristálticos para misturar o bolo
alimentar ao ácido clorídrico para realizar a digestão do alimento.
A mucosa interna do estômago é irregular, formando pregas, nas quais
existem glândulas produtoras de muco que fazem a proteção do estômago
contra seu próprio ácido clorídrico e células parietais que produzem o ácido
clorídrico. O estômago possui quatro partes anatômicas importantes: fundo
gástrico, corpo gástrico, antro pilórico e canal pilórico, onde existe o músculo
esfíncter pilórico que realiza o controle do esvaziamento do estômago frente à
ação hormonal, conforme Figura 3.

Figura 3 – Estômago

Créditos: Ilusmedical/Shutterstock.

TEMA 3 – INTESTINO DELGADO

O quarto compartimento é formado pela parte mais longa do tubo


digestivo, intestino delgado, no qual ocorrerá a degradação integral e completa
do substrato alimentar por meio das enzimas pancreáticas e pela bile e a
absorção dos nutrientes. Ao longo da digestão o intestino delgado realiza
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movimentos peristálticos a fim de aumentar o contato do substrato alimentar com
a mucosa para favorecer a absorção e o deslocamento ao logo do intestino
delgado.
O intestino delgado é dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo. Em
uma pessoa viva ele possui aproximadamente 5 metros, mas em um cadáver,
devido ao relaxamento muscular, pode chegar até a 7 metros. O duodeno, que
faz sequência ao estômago logo após o esfíncter pilórico, é uma das partes mais
importantes do intestino delgado e possui a forma da letra “C”. Nele o quimo
ácido oriundo do estômago é convertido em quilo, pela ação das enzimas
pancreáticas e pela bile armazenada na vesícula biliar, finalizando o processo
digestivo e dando início à absorção dos nutrientes.
O jejuno corresponde a 40% e o ílio a 60% de todo o tamanho do intestino
delgado. A mucosa interna do intestino delgado é composta por células
chamadas de enterócitos, os quais, por sua vez, possuem microvilosidades em
suas bordas que aumentam a superfície de absorção dos nutrientes. Todos os
nutrientes absorvidos no intestino delgado são carreados para o fígado para
serem metabolizados via veia porta, e o que não foi absorvido é direcionado ao
intestino grosso, conforme Figura 4.

Figura 4 – Intestino delgado

Créditos: Magic Mine/Shutterstock.

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TEMA 4 – INTESTINO GROSSO

O intestino grosso é anatomicamente dividido em duas grandes porções:


o intestino grosso proximal e o distal. Na porção proximal, o conteúdo intestinal
é transformado em fezes, ocorrendo absorção de água e eletrólitos. Na parte
distal, ocorre o armazenamento das fezes para sua eliminação em momento
oportuno, por meio da defecação. As células presentes no intestino grosso não
apresentam microvilosidades, porém possuem células especializadas na
produção de muco, que lubrificam as fezes, facilitando sua eliminação. A
movimentação ao longo do intestino grosso ocorre por fortes ondas peristálticas,
também conhecidas como ondas de massa.
O intestino grosso é subdivido em ceco, porção inicial que faz
comunicação com a última porção do intestino delgado, e o ílio, ambos
delimitados pelo esfíncter ileocecal, que impede retorno de material fecal para o
intestino delgado. No ceco, existe a presença do apêndice vermiforme, uma
pequena extensão tubular de fundo cego. O cólon é a região intermediária do
intestino grosso e se divide em cólon ascendente, cólon transverso, cólon
descendente, cólon sigmoide, o reto porção final do tubo digestivo e o canal anal,
que se encontra fechado devido à contração tônica dos músculos esfíncteres
anais interno (involuntário) e externo (voluntário), conforme Figura 5.

Figura 5 – Intestino grosso

Créditos: Designua/Shutterstock.

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TEMA 5 – FÍGADO E PÂNCREAS

O fígado é considerado o laboratório do corpo humano, pois todos os


nutrientes oriundos da absorção via intestino delgado são direcionados para o
fígado via veia porta, onde são processados e metabolizados. A célula unidade
funcional do fígado é o hepatócito, local de produção da bile, porém o seu
armazenamento ocorre na vesícula biliar, e sua principal função durante a
digestão é a emulsificação de gorduras. O fígado é divido anatomicamente em
quatro lobos: lobo direito, lobo esquerdo, lobo quadrado e lobo caudado,
conforme Figura 6.

Figura 6 – Fígado

Créditos: Veronika Zakharova/Shutterstock.

O pâncreas possui duas funções: exócrina e endócrina. Para o sistema


gastrintestinal, a mais importante é a funções exócrina, pois está relacionada à
produção das enzimas digestivas, vertidas no duodeno, que finalizam o processo
digestivo. Anatomicamente, o pâncreas está localizado posteriormente ao
estômago, e é divido em cabeça, corpo e cauda. Possui um ducto pancreático
que percorre toda sua estrutura, por onde as secreções exócrinas são carreadas
até a ampola hepatopancreática, no nível do duodeno, conforme Figura 7.

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Figura 7 – Pâncreas

Créditos: No Pain No Gain/Shutterstock.

NA PRÁTICA

Uma senhora saudável de 63 anos de idade fez uma refeição ingerindo


grande quantidade de comida e, em seguida, fez uma viagem de 4 horas em um
trem sem banheiro. Aproximadamente 1 hora após a refeição, ela sente vontade
de defecar, contudo ela consegue se controlar até um momento oportuno. Com
base no abordado ao longo da aula, como essa senhora conseguiu realizar o
controle da vontade de defecar?

GABARITO

O sistema gastrintestinal é um sistema aberto, com aporte de entrada e


aporte de saída. À medida que o alimento é acomodado no estômago logo após
a refeição, estímulos hormonais acionam movimentos peristálticos que
direcionam o material não digerido do intestino delgado, especificamente do ílio
para a ceco, primeira porção do intestino grosso. Na sequência, as fezes já
formadas armazenadas na parte distal do intestino grosso irão acionar o
mecanismo da defecação, contudo o esfíncter externo do canal anal é voluntário,
tornado assim possível o controle da defecação até um momento oportuno.

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FINALIZANDO

Nesta aula foram abordadas as principais estruturas anatômicas e


funções básicas de cada órgão que compõem o sistema gastrintestinal. Esse
sistema é dividido em 6 câmaras em série, cada uma com uma função na
modificação do conteúdo digestório. O mecanismo da digestão começa pela
boca, na formação do bolo alimentar por meio da mastigação e produção de
saliva. O esôfago realiza o transporte do bolo alimentar até o estômago, onde
ocorre a formação do quimo, pela ação do ácido clorídrico. No intestino delgado
ocorre o final da digestão pela ação da secreção biliar e secreção pancreática e
dá início à absorção dos nutrientes. No intestino grosso proximal, ocorre a
absorção de água e eletrólitos e formação das fezes; já no intestino grosso distal
ocorre o armazenamento das fezes para sua eliminação por meio da defecação.
O fígado está presente como o principal órgão que irá metabolizar todos os
nutrientes, e na formação da bile e seu armazenamento na vesícula biliar e o
pâncreas exócrino pela produção das enzimas pancreáticas fundamentais para
a digestão no duodeno.

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REFERÊNCIAS

DUGANI, S. et al. Anatomia clínica integrada com exame físico e técnicas


de imagem. Revisão técnica de Marco Aurélio R. Fonseca Passos. Tradução de
Maria de Fatima Azevedo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

LAROSA, P. R. R. Anatomia humana: texto e atlas. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2018.

MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a


clínica. Tradução de Cláudia Lúcia Caetano de Araújo. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018.

PEZZI, L. A. P. et al. Anatomia clínica baseada em problemas. 2. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

TORTORA, G. J.; NIELSEN, M. T. Princípios de anatomia humana. Revisão


técnica de Marco Aurélio Rodrigues da Fonseca Passos. Tradução de Alexandre
Werneck e Cláudia Lúcia Caetano de Araújo. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

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