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Noções gerais sobre o sistema

gastrointestinal, urinário e genito-reprodutor

Código IEFP: 6567

Autor(a): Ana Teixeira


ÍNDICE
DESENVOLVIMENTO...................................................................................................................................3

1. SISTEMA GASTROINTESTINAL.........................................................................................................3

1.1. A constituição do sistema gastrointestinal: boca; faringe; esófago; estômago; intestinos; glândulas
anexas 3

1.2. A fisiologia da digestão.....................................................................................................................7

1.3. Sucos digestivos e suas funções........................................................................................................7

1.4. A importância da digestão para a absorção de nutrientes e funcionamento do organismo................9

1.5. A mecânica e eliminação intestinal.................................................................................................10

1.6. Noções elementares sobre as principais alterações gastrointestinais: disfagia; vómito (risco de
aspiração); dispepsia; úlcera gástrica e duodenal; obstipação; diarreia pancreatite; hepatites; tumores do
sistema digestivo........................................................................................................................................10

2. SISTEMA URINÁRIO E GENITO-REPRODUTOR............................................................................15

2.1. A constituição do Sistema Urinário: rim; bexiga; vias urinárias.....................................................15

2.2. Sistema reprodutor feminino: genitais externos femininos; útero; trompas de falópio; ovários......17

2.3. A produção e excreção de urina – função reguladora do rim; características químicas e físicas da
urina 18

2.4. O funcionamento da bexiga............................................................................................................20

2.5. Noções elementares sobre as principais alterações do sistema urinário e sintomas associados:
Infecções urinárias; pielonefrites; litíase e cólica renal; incontinência urinária..........................................20

2.6. Fisiologia da reprodução: fecundação; nidação; fases do desenvolvimento embrionário................23

2.7. Esterilidade masculina e feminina..................................................................................................26

2.8. Impotência Sexual..........................................................................................................................28

3. TAREFAS QUE EM RELAÇÃO A ESTA TEMÁTICA SE ENCONTRAM NO ÂMBITO DE


INTERVENÇÃO DO/A TÉCNICO/A AUXILIAR DE SAÚDE...................................................................29

3.1. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua supervisão
directa 29

3.2. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar sozinho/a. . .30

BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................................................31

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DESENVOLVIMENTO

1. SISTEMA GASTROINTESTINAL
1.1. A constituição do sistema gastrointestinal: boca; faringe; esófago; estômago;
intestinos; glândulas anexas

O sistema digestivo é constituído por dois grupos de órgãos: órgãos do trato digestivo ou
gastrointestinal e órgãos digestivos acessórios.

Tubo digestivo: inicia-se na boca e termina no ânus. É constituído por estruturas e órgãos
como a boca, faringe, esófago, estômago, intestino delgado e intestino grosso.

Órgãos acessórios ou anexos: não fazem parte do tubo digestivo mas as suas funções estão
diretamente ligadas com o processo digestivo. São eles os dentes, a língua, as glândulas salivares, a
vesicula, o pâncreas e o fígado.

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Trato digestivo – boca e faringe

A boca, também referida como cavidade oral é formada pelos lábios, bochechas, palatos
duro e mole. O palato, maxilares e ossos palatinos constituem a maior parte do teto da boca
(abóbada palatina). O restante é formado pelo palato mole, muscular. Neste, na parte superior e
atrás existe uma saliência carnuda, a úvula palatina.

A boca é uma cavidade para onde é encaminhada a saliva produzida nas glândulas salivares
e que contém a língua e os dentes.

Órgão tubular musculoso que estabelece a ligação, por um lado com a boca e as fossas
nasais e, por outro lado, com a laringe e o esófago.

Trato digestivo – esófago e estômago

O esófago com cerca de 25cm de comprimento e de constituição semelhante à da faringe,


localizado posteriormente à traqueia, o esófago é o canal que estabelece a ligação da faringe com o
estômago.

O estômago é a região mais dilatada do tubo


digestivo, imediatamente abaixo do diafragma,
constituindo uma estrutura em forma de saco que, no
adulto, em média pode acumular 1,5 litros de alimentos
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e sucos digestivos, no seu ponto máximo de digestão. Este órgão de paredes musculosas é
constituído por três zonas distintas:

- fundus (parte alta)

- corpo (parte intermédia)

- antro (porção final)

A ligação entre o estômago e o esófago faz-se através de um esfíncter (músculo anular,


contráctil, que serve para abrir ou fechar orifícios naturais do corpo) o cárdia. Com o intestino
delgado a ligação estabelece-se com um outro esfíncter o piloro.

Trato digestivo – intestino delgado

É um tubo longo, dobrado sobre si mesmo, com um diâmetro de 2 a 3 cm e cerca de 3m de


comprimento num indivíduo vivo e 6,5m num cadáver. Sob o ponto de vista anatómico, apresenta-
se diferenciado em três regiões/segmentos principais:

 Duodeno – parte mais pequena, com cerca de 25 centímetros. Tem início no piloro e termina
no jejuno.

 Jejuno – é a zona média e que precede o íleo. Mede


cerca de um metro.

 Íleo – segmento terminal do intestino delgado com


cerca de dois metros e que conecta com o intestino
grosso através da válvula íleo-cecal.

Este órgão permite uma grande absorção de nutrientes


graças ao grande número de vilosidades e pregas intestinais e ao seu comprimento.

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Trato digestivo – intestino grosso

Tem cerca de 1,5m de comprimento e 6,5cm de


diâmetro, estende-se do íleo até ao ânus. Compreende 4
partes principais: o ceco/cego, ao qual está ligado o
apêndice; o cólon, o recto e o canal anal.

O Cólon é dividido em porções:

 Segmento ascendente à direita do


abdómen, o cólon ascendente;

 Segmento transversal, o cólon transverso;

 Segmento à esquerda, o cólon descendente;

 Cólon sigmóide - que é continuado pelo recto.

A parte terminal do recto (os últimos 2 a 3cm) corresponde ao canal anal que se abre para o
exterior pelo ânus.

1.2. A fisiologia da digestão

A digestão é um conjunto de transformações químicas e físicas que tem como função


transformar os alimentos em moléculas que possam ser utilizadas pelo nosso organismo.

As etapas da digestão são:

 Ingestão de alimentos

• Digestão: Degradação de grandes biomoléculas em componentes mais simples

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• Absorção: Deslocação de substâncias do trato digestivo para a circulação sanguínea
ou para o sistema linfático

• Defecação: Eliminação de substâncias não ingeridas e produtos tóxicos para o


organismo

1.3. Sucos digestivos e suas funções

Os sucos digestivos são substâncias segregadas por glândulas de vários órgãos do sistema
digestivo que permitem a transformação das complexas moléculas alimentares em moléculas mais
simples.

Os sucos digestivos são elaborados pelas glândulas digestivas, como as glândulas salivares,
que produzem saliva, as glândulas estomacais, que produzem suco gástrico, o pâncreas, que produz
suco pancreático, as glândulas intestinais, que produzem o suco intestinal ou entérico, e o fígado,
que produz a bílis.

Todos os sucos digestivos, com excepção da bílis, são ricos em água e contêm um ou vários
tipos de enzimas necessárias à digestão dos alimentos.

 Saliva: A saliva é rica num enzina, a amílase salivar que actua provocando a
hidrólise do amido, um polissacarídeo muito abundante na alimentação, estando
presente, sobretudo, em alimentos de origem vegetal, nos quais constitui a principal
substância de armazenamento. Em termos funcionais, esta enzima é uma glicosidase,
provocando a quebra da molécula de amido em dissacarídeos, nomeadamente,
maltose, a qual, posteriormente, será simplificada a unidades de glicose, um
monossacarídeo, por enzimas específicas no duodeno.

 Suco gástrico: rico em em ácido clorídrico e em enzimas (pepsina e renina). A


pepsina decompõe as proteínas em peptídeos pequenos. A renina, produzida em
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grande quantidade no estômago de recém-nascidos, separa o leite em fracções
líquidas e sólidas. Apesar de estarem protegidas por uma densa camada de muco, as
células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco
gástrico. Por isso, a mucosa está sempre sendo regenerada. Estima-se que nossa
superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias. O estômago
produz cerca de três litros de suco gástrico por dia. O alimento pode permanecer no
estômago por até quatro horas ou mais e se mistura ao suco gástrico auxiliado pelas
contracções da musculatura estomacal. O bolo alimentar transforma-se em uma
massa acidificada e semilíquida, o quimo.

 Suco pancreático: O pâncreas secreta o suco pancreático, uma solução alcalina


formada por sais (dentre eles o bicarbonato de sódio), água e diversas enzimas, cujas
principais são:

o tripsina e quimiotripsina, duas protéases que desdobrem as proteínas em


peptídeos. Essas enzimas são liberadas pelo pâncreas na forma inactiva de
tripsinogénio e quimotripsinogénio, respectivamente;

o lipase pancreática, que atua na digestão de lipídios (triglicerídeos);

o amilase pancreática (ou amilopsina) que atua sobre o amido, transformando-o


em maltose;

o diversas peptidases, que rompem ligações peptídicas existentes nos peptídeos


formados na digestão de proteínas, levando à liberação de aminoacidos;

o nucleases, que digerem ácidos nucleicos.

 Bílis: A bílis é um líquido esverdeado produzido no fígado. Não contém enzimas


digestivas. É rica em água e sais minerais de natureza alcalina. É armazenada na
vesícula biliar, onde é concentrada para posterior libertação no intestino delgado.A
acção da bílis no processo digestivo é física. Age como um detergente e provoca a
emulsificação das gorduras ao reduzir a tensão superficial existente entre as

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moléculas lipídicas. Isso promove a formação de gotículas, o que aumenta a
superfície total de exposição dos lipídios, favorecendo, assim, a ação das lípases.

1.4. A importância da digestão para a absorção de nutrientes e funcionamento do


organismo

O organismo humano retira dos alimentos os nutrientes que necessita para o metabolismo
celular.

Antes de poderem ser utilizados pelo organismo, as moléculas complexas presentes nos
alimentos são divididas em moléculas menores e mais simples, tarefa desempenhada pelo sistema
digestivo.

O sistema digestivo tem a função de realizar a digestão, ou seja, de fraccionar os alimentos e


desdobrar as moléculas de grandes dimensões (macromoléculas) existentes nos alimentos em
moléculas simples e de pequeno tamanho. Esta ocorre através de transformações químicas e físicas.

Ao conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que mantêm vivos os organismos.


São processos construtivos de síntese pelos quais são transformadas as substâncias denominam-se
de anabolismo e os processos de degradação e destruição com produção de energia, para utilização
orgânica, denominam-se de catabolismo chama-se de Metabolismo.

1.5. A mecânica e eliminação intestinal

Para manter um funcionamento efectivo, o organismo humano deve livrar-se de substâncias


indesejáveis (dejectos); O organismo dispõe de quatro mecanismos de eliminação dos produtos
residuais trato urinário (urina), trato gastrointestinal (fezes), através da pele, e através do trato
respiratório (ar expirado)

A maioria dos resíduos nitrogenados, do metabolismo celular é excretada na urina.

A eliminação intestinal tem como função o movimento e evacuação de fezes pela defecação.
Pode ser influenciada por fatores físicos e/ou psicológicos.
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Através de movimento peristálticos e da absorção de água ao longo do intestino, as fezes,
inicialmente liquidas, tornam-se moldadas, sendo que chegando à ampola rectal exercem um
estímulo que permite a eliminação das mesmas para o exterior.

1.6. Noções elementares sobre as principais alterações gastrointestinais: disfagia; vómito


(risco de aspiração); dispepsia; úlcera gástrica e duodenal; obstipação; diarreia
pancreatite; hepatites; tumores do sistema digestivo

 Disfagia

O termo disfagia pode se referir tanto à dificuldade de iniciar a deglutição


(geralmente denominada disfagia orofaríngea) quanto à sensação de que alimentos sólidos
e/ou líquidos estão retidos de algum modo na sua passagem da boca para o estômago
(geralmente denominada disfagia esofágica).

Disfagia, portanto, é a percepção de que há um impedimento à passagem do material


deglutido.

Deglutição Comprometida
Causas Principais riscos Intervenções

▪ Alterações neuromusculares (Parkinson, AVC, lesões -Risco de - Vigiar o reflexo de deglutição


dos pares cranianos) aspiração/asfixia
- Planear o regime dietético
▪ Alterações da consciência -Ingestão nutricional
diminuída - Ponderar o uso de espessante
▪ Cirurgia da cabeça e do pescoço alimentar

▪ Patologia da traqueia e esofágica (tumores) - Alimentar o idoso

▪ Alterações da mucosa oral - Alimentar o idoso por sonda


nasogástrica
▪ Problemas respiratórios / Dispneia
- Ensinar e treinar técnica de
deglutição

 Vómito (rico de aspiração e pneumonia de aspiração)


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O vómito corresponde à violenta expulsão pela boca da matéria presente no estômago,
geralmente precedido ou acompanhado por náuseas, mal-estar geral, sensação de debilidade, palidez
e suores. Trata-se de um reflexo desencadeado por uma activação do centro do vómito (uma zona
específica do sistema nervoso situada no tronco encefálico) perante diversos estímulos químicos,
físicos e até psicológicos.

Quando partículas minúsculas provenientes da boca migram frequentemente para as vias


aéreas, mas, de um modo geral, são eliminadas pelos mecanismos normais de defesa antes que
possam chegar aos pulmões ou causar inflamação ou infecções.

Se essas partículas não forem eliminadas, podem causar pneumonia. Correm maior risco de
contrair este tipo de pneumonia as pessoas debilitadas, as que se intoxicaram com álcool ou
fármacos e as que estão inconscientes devido à anestesia ou a alguma doença. Mesmo uma pessoa
saudável que aspirar uma grande quantidade de substância, como poderá acontecer durante o
vómito, pode contrair pneumonia.

 Dispepsia

A dispepsia é uma dor ou um mal-estar na parte alta do abdómen ou no peito que muitas
vezes é descrita como ter gases, sensação de estar cheio ou como uma dor corrosiva ou urgente
(ardor).

A dispepsia tem muitas causas. Algumas são perturbações importantes, como úlceras do
estômago, úlceras duodenais, inflamação do estômago (gastrite) e cancro gástrico. A ansiedade
pode provocar dispepsia (possivelmente porque uma pessoa ansiosa tende a suspirar ou a inspirar e
engolir ar, o que pode provocar distensão gástrica ou intestinal, bem como flatulência e
meteorismo). A ansiedade também pode aumentar a percepção de sensações desagradáveis por
parte da pessoa, ao ponto de o mais pequeno incómodo se tornar muito stressante.

A bactéria Helicobacter pylori pode provocar inflamação e úlceras do estômago e do


duodeno, mas não é seguro se pode provocar dispepsia moderada nas pessoas que não tenham
úlceras.

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 Obstipação e Diarreia

A prisão de ventre, ou obstipação, é uma perturbação em que a pessoa tem evacuações


incómodas ou pouco frequentes. Uma pessoa com prisão de ventre produz fezes duras que
podem ser difíceis de expulsar. Também pode ter a sensação de que o recto não fica totalmente
vazio. A prisão de ventre aguda começa de forma repentina e a pessoa dá-se claramente conta disso.
A crónica, por outro lado, pode começar de forma subtil e persistir durante meses ou anos.

Muitas vezes a causa da prisão de ventre aguda não é mais do que uma alteração recente na
dieta ou uma redução na actividade física (por exemplo, quando uma pessoa fica acamada durante 1
ou 2 dias por estar doente).

Por vezes, a prisão de ventre aguda pode ser causada por problemas graves, como uma
obstrução do intestino grosso, um fornecimento deficiente de sangue ao mesmo e uma lesão nervosa
ou da espinal medula.

São causas frequentes da prisão de ventre crónica uma escassa actividade física e uma dieta
pobre em fibra e ainda os factores psicológicos são causas habituais de prisão de ventre aguda e
crónica.

A diarreia é definida por um aumento na frequência das dejecções ou diminuição da


consistência das fezes e por uma massa fecal>200g/dia.

Pode ser classificada como aguda (duração inferior a duas semanas) ou crónica (duração
superior a 4 semanas). A maioria dos episódios de diarreia aguda é devida a infecções
gastrointestinais, geralmente auto-limitadas e facilmente tratadas. Na diarreia crónica, o diagnóstico
diferencial é bastante mais vasto, sendo mais frequentes nos países desenvolvidos, as causas não
infecciosas, como a síndrome do intestino irritável (SII), a doença inflamatória intestinal (DII) e as
síndromes de má absorção.

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 Pancreatite

A pancreatite consiste numa doença inflamatória aguda ou crónica que pode levar à
destruição progressiva do pâncreas, um pequeno órgão fundamental nos processos digestivos.

Esta inflamação súbita do pâncreas causada pela activação anómala das enzimas
pancreáticas. A forma crónica resulta de um processo evolutivo de destruição do tecido pancreático
que leva a uma deficiência crónica na função pancreática e a consequentes distúrbios pancreáticos.

 Hepatites

A hepatite é uma infecção no fígado. Existem vários tipos de hepatites e a gravidade da


doença é variável em função disso e também dos danos já causados ao fígado quando a
descobrimos.

Dependendo do seu tipo a hepatite pode ser curada de forma simples, apenas com repouso,
ou pode exigir um tratamento mais prolongado e algumas vezes complicado e que nem sempre leva
à cura completa, muito embora consiga-se em muitos dos casos controlar e estagnar a evolução da
doença.

As hepatites podem ser provocadas por bactérias, por vírus, entre os quais estão os seis tipos
diferentes de vírus da hepatite (A, B, C, D, E e G ) e também pelo consumo de produtos tóxicos
como o álcool, medicamentos e algumas plantas. Uma hepatite pode tornar-se crónica e pode
evoluir para uma lesão mais grave no fígado (cirrose) ou para o carcinoma hepático (cancro do
fígado) e em função disso provocar a morte. Mas, desde que detectadas, as hepatites crónicas
podem ser acompanhadas, controladas e mesmo curadas.

Existem ainda as hepatites auto-imunes que são no fundo uma espécie de uma perturbação
do sistema imunitário, que sem que se saiba ainda porquê, desenvolve Auto anticorpos que atacam
as células do fígado, em vez de as protegerem. Os sintomas são pouco específicos, semelhantes aos
de uma hepatite aguda, podendo, nas mulheres, causar alterações no ciclo menstrual. Esta hepatite,
ao contrário da hepatite virica, atinge sobretudo as mulheres, entre os 20 e os 30 anos e entre os 40 e
os 60, pode transformar-se numa doença crónica.

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2. SISTEMA URINÁRIO E GENITO-REPRODUTOR

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2.1. A constituição do Sistema Urinário: rim; bexiga; vias urinárias

O sistema excretor ou urinário, para além de eliminar resíduos do metabolismo, é ainda


fundamental na manutenção da quantidade de água existente no meio interno e da concentração de
substâncias, como os sais minerais.

Estas substâncias são expulsas do organismo através da urina.

O sistema excretor localiza-se na


cavidade abdominal e é constituído
pelos rins e pelas vias urinárias:

• Ureteres

• Bexiga

• Uretra

 Rins

São um par de órgãos, localizados na parte posterior do abdómen, um de cada lado da coluna
vertebral.

Esta localização permite a sua proteção pelas últimas costelas.

Num rim podem observar-se três regiões:

• A zona cortical ou córtex – camada mais externa, de


aspeto granuloso

• A zona modular ou medula – camada intermédia, de


aspeto estriado. Nesta zona distinguem-se as pirâmides
de Malpighi
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• O bacinete – zona central que recolhe a urina e envia para o ureter.

 Vias urinárias

São estruturas que têm a função de conduzir a urina até ao exterior do organismo.

As vias urinárias são:

o Os ureteres – canais que transportam a urina dos rins até à bexiga

o A bexiga – órgão de parede elástica onde é armazenada temporariamente a urina


proveniente dos rins

o A uretra – canal que conduz a urina da bexiga até ao exterior do organismo. Nos
homens, a maior parte da uretra é comum ao sistema reprodutor.

2.2. Sistema reprodutor feminino: genitais externos femininos; útero; trompas de falópio;
ovários.
Sistema reprodutor masculino: genitais externos masculinos; testículos, próstata e vias
genitais.

Os sistemas reprodutores, masculino e feminino, têm como função a produção de gâmetas


(ou células reprodutoras) e a criação de condições para que estes se encontrem e possam originar
um novo ser.

Os órgãos que constituem os sistemas reprodutores podem ser divididos em quatro grupos

 Gónadas ou glândulas sexuais, responsáveis pela produção de gâmetas

 Vias genitais, responsáveis pelo transporte dos gâmetas

 Órgãos genitais externos

 Glândulas anexas ao sistema reprodutor

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i. Sistema Reprodutor Masculino

 Testículos

 Epidídimos

 Canais deferentes

 Vesículas
seminais

 Glândulas de
Cowper

 Próstata

 Pénis

 Uretra

ii. Sistema Reprodutor feminino

 Ovários

 Trompas de Falópio

 Útero

 Vagina

 Vulva

Grandes lábios

Pequenos lábios

Clitóris

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2.3. A produção e excreção de urina – função reguladora do rim; características químicas
e físicas da urina

A urina forma-se ao longo do tubo urinífero, através de três processos:

 Filtração glomerular

 Reabsorção

 Secreção

i. Filtração glomerular

A filtração ocorre ao nível da Cápsula de Bowman, pois a curta distância entre os rins e a
aorta e a diferença de diâmetro das arteríolas aferente e eferente elevam a pressão do sangue no
glomérulo de Malpighi.

O plasma, sob elevada pressão, atravessa a parede dos capilares e da cápsula da Bowman,
entrando no tubo urinífero.

Como resultado, forma-se o filtrado glomerular, constituído por água e substâncias como
sais minerais, glicose, aminoácidos, vitaminas e hormonas.

ii. Reabsorção

A reabsorção ocorre, sobretudo, ao nível da ansa de Henle e dos tubos contornados proximal
e distal. A água e substâncias importantes para o metabolismo, como a glicose, aminoácidos e
vitaminas, atravessam a parede do tubo urinífero e dos capilares e voltam novamente para o sangue.

iii. Secreção

A secreção ocorre ao nível do tubo contornado distal e tubo colector.

As células destas regiões do tubo urinífero segregam algumas substâncias existentes no


sangue dos capilares que rodeiam o tubo urinífero para o seu interior.
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O produto final resultante da filtração, reabsorção e secreção que ocorre no nefrónio é a
urina que é, assim, constituída principalmente por água, sais minerais e compostos azotados (ureia,
ácido úrico e amónia).

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2.4. O funcionamento da bexiga

A capacidade de armazenar e eliminar a urina exige um sistema autónomo que envolve o


cérebro, a bexiga, a uretra e os músculos do pavimento pélvico.

Os rins vão produzindo urina e esta vai-se acumulando na bexiga. A bexiga vai enchendo
(complecência) e esta urina é suportada pelo esfíncter da uretra (como se fosse uma válvula) e
também pelos músculos do pavimento pélvico.

Quando a bexiga atinge determinado enchimento, sentimos vontade de urinar, dirigimo-nos


ao wc e, quando estamos em condições para urinar o cérebro envia mensagem à bexiga que se pode
contrair e o esfíncter uretral relaxar. Quando esvaziada a bexiga relaxa-se e o esfíncter fecha-se
automaticamente. Normalmente urina-se 4 a 8 vezes ao dia, dependendo da ingestão de líquidos, 0
ou 1 vez por noite.

2.5. Noções elementares sobre as principais alterações do sistema urinário e sintomas


associados: Infecções urinárias; pielonefrites; litíase e cólica renal; incontinência
urinária

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 Infeções urinárias

o Pielonefrites

A pielonefrite é uma infecção bacteriana de um ou de ambos os rins. A Escherichia coli,


uma bactéria que normalmente se encontra no intestino grosso, provoca aproximadamente 90 % das
infecções do rim entre as pessoas que vivem em comunidade, mas só é responsável de
aproximadamente 50 % das infecções renais dos doentes internados num hospital.

As infecções geralmente ascendem da zona genital para a bexiga. Se as vias urinárias


funcionam normalmente, a infecção não se pode deslocar para os rins desde os ureteres, visto que o
fluxo de urina arrasta os microrganismos e o fecho dos ureteres no seu ponto de entrada na bexiga
também o impede. Contudo, qualquer obstrução física ao fluxo da urina, como um cálculo renal ou
uma dilatação da próstata, ou o refluxo da urina desde a bexiga para o interior dos ureteres, aumenta
a probabilidade de uma infecção do rim.

As infecções também podem ser transportadas para os rins desde outro local do corpo
através da circulação sanguínea. Por exemplo, uma infecção na pele por estafilococo pode estender-
se aos rins através da circulação sanguínea.

Outras situações que aumentam o risco de uma infecção do rim são a gravidez, a diabetes e
os processos que diminuem a capacidade do organismo para combater a infecção.

 Cólica renal

A cólica renal é uma dor aguda, intensa, oscilante (vai e vem) proveniente do aparelho
urinário superior (rim), sendo uma das dores mais atrozes da medicina e geralmente causada por
pedras (cálculos) no rim ou no ureter.

A pedra causa obstrução da urina que vem do rim, dilatando-o. Essa dilatação renal é a fonte
da dor.

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Considera-se a cólica renal uma das urgências urológicas mais frequentes, atingindo homens
e mulheres na proporção três para um respectivamente.

Os sinais e sintomas mais conhecidos são:

• Dor lombar é o sintoma principal, forte, em cólica com irradiação anterior para o
abdómen e para baixo em direção ao testículo no homem ou para os grandes lábios
na mulher.

• Se a obstrução for mais baixa em direção à bexiga pode haver dor abdominal e
sintomas urinários (micções frequentes, ardência para urinar).

• Não há posição do corpo relacionada com a dor nem posição que a alivie.

• Geralmente o paciente está agitado. Náuseas e vómitos frequentemente


acompanham o quadro

O diagnóstico é realizado através de um exame físico completo e é necessário a fim de se


descartar outras patologias. O exame qualitativo de urina (comum de urina) geralmente apresenta
sangramento microscópico (hematúria microscópica), principalmente se houver pedra. Pode ainda
ser realizada radiografia, ecografia e TAC.

O tratamento da dor que a cólica renal provoca deve ser tratado com analgésicos,
antiespasmódicos e anti-inflamatórios dados por via oral, intramuscular ou endovenosa conforme a
gravidade do caso. Pode ainda ser necessário internamento hospitalar e cirurgia para remoção de
cálculos.

 Incontinência urinária

A incontinência urinária pode ocorrer e ocorre em qualquer idade, mas as suas causas
tendem a ser diferentes entre as faixas etárias. A incidência global da incontinência urinária
aumenta progressivamente com a idade.

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Aproximadamente um em cada três indivíduos idosos apresenta algum problema com o
controle da bexiga. As mulheres apresentam o dobro de probabilidade que os homens de serem
afetadas.

Os rins produzem urina constantemente, a qual flui através de dois longos tubos (os ureteres)
até a bexiga, onde ela é armazenada. A parte mais baixa da bexiga (o colo) está circundada por um
músculo (o esfíncter urinário) que permanece contraído para manter fechado o canal que leva a
urina para fora do corpo (a uretra), de modo que a urina fica retida no interior da bexiga até que ela
encha. Quando a bexiga enche, estímulos são transmitidos ao longo de certos nervos que ligam a
bexiga à medula espinhal e, em seguida, são enviados ao cérebro e o indivíduo toma consciência da
necessidade de urinar.

Ele pode então, de modo consciente e voluntário, decidir se irá urinar ou não. Quando a
decisão tomada é a de urinar, o músculo do esfíncter relaxa, permitindo que a urina flua através da
uretra ao mesmo tempo que os músculos da bexiga contraem para empurrar a urina para fora. Esta
força de expulsão pode ser aumentada com a contração dos músculos da parede abdominal e do
assoalho pélvico para aumentar a pressão sobre a bexiga.

O processo completo de retenção e liberação da urina (micção) é complexo e a capacidade


de controlar a micção pode ser comprometida em diferentes etapas do processo devido a várias
anormalidades. O resultado dessas anormalidades é a incontinência urinária (perda de controle).

Os tipos de incontinência urinária são classificados de acordo com o modo e o momento do


início da incontinência: incontinência recente e repentina e incontinência de início gradual e
persistente. A incontinência urinária de início súbito frequentemente indica um problema de bexiga.
A cistite (infecção da bexiga) é a causa mais comum. Outras causas incluem os efeitos colaterais de
medicamentos, os distúrbios que afetam a mobilidade ou causam confusão mental, o consumo
excessivo de bebidas que contêm cafeína ou de álcool e as condições que irritam a bexiga ou a
uretra (p.ex., vaginite atrófica, obstipação grave). A incontinência urinária persistente (crónica)
pode ser decorrente de alterações cerebrais, alterações vesicais ou uretrais ou problemas dos nervos
que inervam a bexiga. Essas alterações são particularmente comuns em idosos e mulheres na pós-
menopausa.

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2.6. Fisiologia da reprodução: fecundação; nidação; fases do desenvolvimento
embrionário

Para que um novo ser se forme é necessário que ocorra fecundação, ou seja, que um
espermatozóide se funda com um ovócito formando uma nova célula – o ovo ou zigoto.

A fecundação ocorre nas trompas de Falópio.

Cerca de 18 a 39 horas após a fecundação, o ovo divide-se para formar duas células.

Estas dividem-se para formar quatro células, que se dividem, por sua vez, para formar oito
células, e assim sucessivamente.

Ao 4º dia, o embrião é uma massa compacta de 16 ou mais células a que se dá o nome de


mórula.

A mórula desloca-se pela trompa de Falópio e chega ao útero 4 a 5 dias após a fecundação.
Cerca de 7 dias após a fecundação, o embrião fixa-se no endométrio.

Esta implantação chama-se nidação e está completa entre o 10º e o 12º dias.

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Após a nidação, prolongamentos da camada externa do embrião estendem-se para o
endométrio e, conjuntamente com este, vão dar origem a um órgão essencial para a gestação – a
placenta.

Esta constitui a estrutura de intercâmbio entre o organismo da mãe e o novo ser, que está
ligado à placenta pelo cordão umbilical.

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i. Placenta

É através da placenta que o oxigénio, os nutrientes e os anticorpos (proteínas que combatem


as infeções) passam do corpo da mãe para o bebé, e que os produtos de excreção deste são
expelidos para o sangue da mãe.

A placenta pode ainda ser atravessada por agentes nocivos que podem afectar o bebé, como
vírus, fármacos ou álcool e outras drogas.

A placenta pode ainda ser atravessada por agentes nocivos que podem afectar o bebé, como
vírus, fármacos ou álcool e outras drogas.

b) Períodos Gestacionais

i. Período embrionário: até cerca de 8


semanas de gravidez.

ii. Período fetal: desde as 8 semanas de


gestação até ao nascimento.

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2.7. Esterilidade masculina e feminina

A infertilidade masculina pode ser ocasionada por meio de uma doença única, porém é
muito comum encontramos diferentes factores que, quando associados, levam a uma importante
redução do potencial fértil. O exame físico da bolsa testicular e o espermograma são essenciais para
que o Médico Especialista em Reprodução Humana possa avaliar corretamente o potencial
reprodutivo masculino.

A varicocele, doença que acomete os vasos testiculares e, diagnosticada por meio do exame
físico, é a principal causa de redução do potencial fértil dos homens, responsável por até 40% dos
casos de infertilidade masculina primária.

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Uma pequena parcela dos homens inférteis, ao fazer o exame de espermograma, depara-se
com a ausência de espermatozóides no esperma ejaculado. Nesses casos, devem-se avaliar tanto as
doenças que impedem a saída de espermatozóides (fibrose quistica, por exemplo).

Além da presença de doenças especificamente relacionadas à fertilidade, é importante


ressaltar que os hábitos de vida, pouco saudáveis, também afetam negativamente a produção de
espermatozóides, tais como: tabagismo, o uso de drogas recreativas e o uso de anabolizantes.

A infertilidade feminina ou esterilidade ocorrem quando uma mulher é incapaz de


engravidar depois de tentar, sem sucesso, pelo menos, um ano.

Este é um problema comum que afecta um grande número de casais que desejam ter um
filho. A infertilidade também é passível de ser diagnosticada quando uma mulher experimenta
abortos repetidos. A causa da infertilidade pode ser atribuída a vários fatores, como idade,
condições médicas subjacentes, dieta e estilo de vida. Em alguns casos, a causa nunca é encontrado
enquanto em outros, diversas causas podem ser detectados.

Algumas das causas mais comuns incluem:

o Má qualidade dos óvulos

o Problemas nos folículos que impedem a ruptura e a liberação dos ovos

o Bloqueios nas trompas de Falópio, devido a infecção, doença, gravidez ectópica


ou irregularidades congénitas

o Endometriose, uma condição na qual as células que revestem o útero começa a


crescer fora do útero.

o Incapacidade de produzir óvulos maduros

o Anormalidades no útero que tornam difícil para o óvulo fertilizado de implantar-


se no revestimento do útero.

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o Problemas de funcionamento do hipotálamo ou glândula pituitária que resultam
em desequilíbrios hormonais.

2.8. Impotência Sexual

A disfunção eréctil, vulgarmente conhecida por impotência sexual, é definida como a


incapacidade para obter ou manter uma erecção suficiente de modo a permitir uma actividade
sexual satisfatória.

As perturbações da erecção podem ocorrer durante um certo período de tempo, devido por
exemplo, a uma preocupação ou a excesso de trabalho. Resolvem-se, normalmente, com um bom
descanso ou com a solução do problema, seja familiar ou profissional.

Outras vezes, a diminuição da potência vai-se tornando mais frequente e persistente,


dificultando as relações sexuais satisfatórias. Frequentemente a disfunção eréctil ocorre associada a
outras formas de disfunção sexual incluindo distúrbios a nível do desejo sexual (líbido), da
ejaculação precoce ou retardada, e do orgasmo, os quais são muitas vezes confundidos e
erroneamente diagnosticados como falha eréctil.

A disfunção eréctil é frequentemente classificada em:

 Orgânica, divida a lesões ou alterações vasculares, neurológicas, hormonais ou dos


corpos cavernosos;

 Psicogénica, devida a uma inibição central do mecanismo da erecção, na ausência de


qualquer alteração física;

 Mista orgânica/psicogénica.

A disfunção eréctil (DE) pode atingir 10% dos homens. Calcula-se que em Portugal, cerca
de 500.000 indivíduos possam sofrer de problemas de erecção.

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A erecção é uma função marcante para todos os homens e a sua perda abala física,
emocional e socialmente a sua auto-estima, tornando-o cada vez mais inseguro, não só na cama
como também fora dela, perturbando as suas relações com a família, com os amigos e no emprego.

3. TAREFAS QUE EM RELAÇÃO A ESTA TEMÁTICA SE ENCONTRAM NO


ÂMBITO DE INTERVENÇÃO DO/A TÉCNICO/A AUXILIAR DE SAÚDE

3.1. Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua
supervisão directa
Relativamente às tarefas que o Técnico Auxiliar de Saúde deve executar sob supervisão
directa visam essencialmente a prestação de cuidados em situações que os utentes possuem
patologias, como as referidas neste manual, como banho, alimentação e transferências e transporte.

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3.2. Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar
sozinho/a
O Técnico Auxiliar de Saúde pode, em situações específicas abordadas neste manual,
realizar observação e vigilância de sinais que possam acusar alterações no estado do doente.
Posteriormente deve passar a informação ao enfermeiro para que este valide e diagnostique a
situação.

BIBLIOGRAFIA

 MARIANI NETO, Corintio ; TADINI, Valdir, co-aut - Obstetrícia & ginecologia : manual
para o residente. São Paulo

 DANI, Renato - Gastroenterologia Essencial. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1998

 Urologia geral de Smith. 16ª ed. São Paulo : Manole, 2007

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