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Faculdade Anhanguera – Betim

Curso Enfermagem.

Ciências morfofuncionais
dos sistemas digestório,
endócrino e renal

Professora: Adriane Dozolina Teixeira


2023.1
CONHECENDO
A DISCIPLINA
• A partir de agora, começaremos os estudos sobre os sistemas
digestório, endócrino e renal aplicados ao dia a dia.
• primeira unidade, conheceremos as características anatômicas
e histológicas de todas as estruturas que fazem parte do trato
gastrointestinal,
• Segunda unidade a anatomia e fisiologia do sistema endócrino,
entendendo como funcionam os mecanismos de síntese e
liberação de hormônios, o papel do pâncreas como órgão
endócrino e a ação do eixo hipotálamo-hipófise na liberação de
hormônios,
• Terceira unidade continuaremos estudando o sistema
endócrino, conhecendo as diferentes glândulas com
atividade hormonal.
• Quarta unidade conheceremos toda a anatomia e fisiologia
do sistema urinário, como ocorre o processo de filtração,
reabsorção e secreção, as características e funções dos
néfrons, as principais doenças relacionadas ao sistema
renal/urinário e como agem os fármacos diuréticos
U1S1
• Visão geral do sistema
digestório
Sistema digestório

• Sistema digestório apresenta uma série de órgãos que


garantem que o nosso organismo consiga retirar dos
alimentos os nutrientes que precisamos para nossa

sobrevivência.
Sistema digestório apresenta órgãos especializados na quebra dos
alimentos em partículas menores e no aproveitamento dos
nutrientes neles presentes. Esse sistema é também responsável por
eliminar o material que não foi digerido.
O sistema digestório humano é formado por uma espécie
de canal alimentar, o qual se comunica com várias glândulas
acessórias que liberam dentro dele substâncias essenciais para o
processo de digestão. A seguir conheceremos mais sobre esse
importante processo.
Órgãos do sistema digestório
• O sistema digestório humano é formado pelo trato
gastrointestinal, que é composto pela boca, faringe, esôfago,
estômago, intestino delgado e intestino grosso. Associadas a
esses órgãos, temos as glândulas acessórias, também
chamadas de glândulas associadas, que são as
glândulas salivares, o fígado e o pâncreas.
• O trato gastrointestinal é formado pelo canal alimentar e pelos

órgãos digestório anexos. O canal alimentar vai desde o esôfago

até o ânus e possui um arranjo básico de quatro camadas de

tecido que compõem a parede, da interna para a externa. São

elas: a mucosa, a submucosa, a muscular e a serosa.


BOCA
• O processo de digestão inicia-se na
boca. Nessa cavidade o alimento
sofrerá a ação dos dentes, que atuam
garantindo que os alimentos sejam
cortados, triturados e amassados.
• Essa etapa da digestão é chamada
de digestão mecânica, por não
envolver substâncias químicas que
atuam no alimento. Na digestão
mecânica realizada pelos dentes, o
alimento só se tornará menor,
garantindo uma melhor ação das
enzimas e também auxiliando na
deglutição.
Limites da cavidade oral
• Na boca também atuam as glândulas
salivares, que são uma das glândulas
acessórias desse importante sistema.
Essas glândulas são responsáveis pela
secreção da saliva, a qual atua
na digestão química.
• Na saliva é encontrada a amilase salivar
ou ptialina, uma enzima que atua
quebrando carboidratos. O alimento,
triturado e misturado à saliva, forma um
aglomerado chamado bolo alimentar.
Língua
A língua também é uma estrutura
importante presente na boca, sendo
ela a responsável por ajudar o
alimento a misturar-se com a saliva e
também a mover o bolo alimentar
para o fundo da cavidade oral para
que seja deglutido. Após sair da
cavidade oral, o alimento segue para
a faringe.
Língua

Na superfície anterior da
língua, são encontradas
as papilas gustativas,
sendo elas: filiformes,
fungiformes, valadas e
foliadas, que estão
relacionadas com a
identificação dos
sabores.
Dentes
• Os dentes são estruturas
cônicas, duras, fixadas nos
alvéolos da mandíbula e
maxila que são usados na
mastigação e na
assistência à fala.
• Crianças têm 20 dentes
decíduos (primários ou de
leite).
• Adultos normalmente
possuem 32 dentes
secundários.
• Os dentes auxiliam no
rompimento físico do
alimento
Faringe
• A faringe é uma estrutura
comum entre os sistemas
digestório e respiratório,
sendo uma área de
transição. Esse órgão abre-
se na traqueia e também no
esôfago, e o alimento segue
por esse último órgão
Esôfago
O esôfago é um órgão muscular que
garante que o bolo alimentar seja
levado, por meio de contrações da
musculatura lisa, até o estômago. O
esôfago apresenta cerca de 25
centímetros de comprimento, e o bolo
alimentar leva cerca de 5 a 10
segundos para passar por todo o
órgão e chegar ao estômago.
Esôfago

Possui um esfíncter em cada


extremidade: o superior controla a
passagem dos alimentos da faringe
Localizado atrás da traqueia
para o esôfago, e o inferior evita o
refluxo do conteúdo gástrico para o
esôfago

No entanto : há secreções de muco,


que facilitam o transporte do Não há secreções digestórias nem
alimento e protegem a parede do absorção de nutrientes
esôfago
Estômago

• É um órgão que se caracteriza por ser


uma porção dilatada do trato digestivo e
está localizado inferiormente ao diagrama.
Esse órgão pode ser dividido
em: cárdia, fundo, corpo e porção pilórica.
• A cárdia está localizada na transição entre
esôfago e estômago; o fundo é a porção
superior em forma de cúpula; o corpo é a
porção central que ocupa maior parte do
estômago; e a porção pilórica é uma área
estreitada na região terminal.
Estômago:

No estômago observa-se
a liberação de uma substância
denominada suco gástrico. O suco
gástrico apresenta dois
componentes principais: o ácido
clorídrico e a pepsina. O ácido
clorídrico ajuda a desdobrar as
proteínas do alimento, facilitando
a ação das enzimas.
A pepsina, por sua vez, atua
quebrando as proteínas em
polipeptídeos menores.
Intestino delgado

• O intestino delgado é um
compartimento longo que pode
apresentar mais de seis metros de
comprimento. É nele que a maior
parte do processo de digestão
acontece.
• O intestino delgado é dividido em
três porções: duodeno, jejuno e
íleo.
O duodeno, primeira porção do intestino delgado, apresenta cerca de 25 cm e
é onde ocorre a junção do quimo às secreções provenientes do pâncreas,
fígado e do próprio intestino delgado. Essas secreções são:
• Suco pancreático: O pâncreas é uma glândula anexa e é responsável pela produção de
uma solução alcalina rica em bicarbonato e também em enzimas, tais como a tripsina
e a quimiotripsina, que atuam nas proteínas; as nucleases pancreáticas, que atuam
nos ácidos nucleicos; e a lipase pancreática, que atua nos lipídios.
• Bile: A bile é uma secreção produzida pelo fígado e, diferentemente das outras
secreções que são liberadas no sistema digestório, caracteriza-se por não apresentar
enzimas. Essa secreção apresenta sais que atuam como emulsificantes, ou seja,
funcionam como detergentes. A bile, apesar de produzida no fígado, é armazenada na
vesícula biliar.
• Suco intestinal ou entérico: O revestimento do intestino delgado também é
responsável por secretar substâncias. Dentre as enzimas encontradas no suco
intestinal ou entérico, destacam-se a maltase, que atua na maltose, a sacarase, que
atua na sacarose, e a lactase, que atua na lactose.
Intestino delgado

As vilosidades presentes no intestino garantem uma maior


absorção.
No duodeno ocorre a maior parte da digestão, estando as outras partes do

intestino delgado relacionadas, principalmente, com a absorção de nutrientes.

Após sair do duodeno, o produto do processo de digestivo segue para o jejuno, que

apresenta cerca de 2,5 metros de comprimento e segue para o íleo, que possui

cerca de 3,5 metros.

o intestino delgado apresenta também a função de absorver nutrientes.

Nesse órgão observa-se a presença de dobras chamadas de vilosidades. Nas

células das vilosidades, observa-se ainda várias dobras microscópicas, chamadas

de microvilosidades. Essas dobras garantem um aumento da superfície de contato,

proporcionando, desse modo, um aumento na taxa de absorção.


Intestino grosso

• O intestino grosso é a porção final


do sistema digestório, formado pelo
ceco, cólon ascendente, cólon
transverso, cólon descendente,
cólon sigmoide e reto.
• Esse intestino, quando comparado
ao intestino delgado, apresenta-se
muito menor possuindo apenas
cerca de 1,5 metro.
• Diferente do intestino delgado, a
camada mucosa no intestino grosso
não tem pregas (exceto no reto)
nem vilosidades, no entanto há as
criptas, que produzem muco e
absorvem água da massa fecal.
• O intestino grosso apresenta importantes funções no processo digestivo,

sendo responsável pela formação da massa fecal e reabsorção de água,

processo esse que se iniciou no intestino delgado.

• É no intestino grosso, portanto, que as fezes são formadas. O reto termina

em um estreito canal anal, que se abre no ânus. É pelo ânus que as fezes são

eliminadas para o meio externo.


Funções intestino grosso :
absorção de água

produção de
expulsão das fezes determinadas
do cor vitaminas (como do
complexo B e K),

formação da massa
fermentação
fecal

produção de muco
ÓRGÃOS ACESSÓRIOS DIGESTIVOS:

VESÍCULA
PÂNCREAS FÍGADO
BILIAR
• O pâncreas é um órgão glandular
constituído de uma cabeça, um
corpo e uma cauda, que mede,
aproximadamente, 12 a 15 cm de
comprimento, e encontra-se
posteriormente à curvatura maior
do estômago.
• O pâncreas possui funções exócrinas (secreção de suco
pancreático para o duodeno para a digestão de amido,
proteínas, triglicerídeos e ácidos nucleicos) e endócrinas
(secreção de hormônios glucagon, insulina, somatostatina e
polipeptídio pancreático para a corrente sanguínea).
• As funções exócrinas são de responsabilidade dos ácinos
(pequenos aglomerados de células epiteliais glandulares)
• A parte endócrina é realizada pelas ilhotas pancreáticas
(ilhotas de Langerhans)
• O fígado é o maior órgão interno, pesando, aproximadamente, 1,4 kg em

um adulto.

• Está localizado imediatamente abaixo do diafragma na cavidade

abdominal.

• É dividido em dois lobos principais, o lobo hepático direito grande e o lobo

hepático esquerdo menor.

• Abaixo do fígado, no lobo hepático direito, está a vesícula biliar, um órgão

no formato de uma pera, medindo de 7 a 10 cm de comprimento, sendo

dividida em fundo, corpo e colo da vesícula biliar.


• O fígado é composto pelos hepatócitos, canalículos de bile e sinusoides

hepáticos. Os hepatócitos são as principais células funcionais do órgão,

compondo, aproximadamente, 80% do seu volume, e são o local de

produção da bile (os hepatócitos secretam diariamente de 800 a 1.000 ml

de bile).

• A bile produzida pelos hepatócitos é coletada pelos canalículos de bile, os

quais, por sua vez, se rearranjam e formam o ducto colédoco, que é

responsável por liberar a bile no duodeno do intestino delgado para

participar da digestão dos nutrientes.


• Os hepatócitos liberam bile constantemente, e sua produção é aumentada

conforme a presença de nutrientes durante o processo de digestão e

absorção, no entanto, entre as refeições, a bile flui para dentro da vesícula

biliar, onde fica armazenada.

• os sinusoides hepáticos são capilares sanguíneos altamente permeáveis,

que ficam entre os enterócitos, onde recebem sangue oxigenado da artéria

hepática e sangue venoso rico em nutrientes da veia porta do fígado.

• O músculo do esfíncter da ampola hepatopancreática é o responsável por

manter fechada a entrada para o duodeno (ducto colédoco)


• O fígado é um órgão-chave em nosso metabolismo, onde

desempenha diversas funções vitais: participa do

metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos, do

processamento (excreção) de fármacos e hormônios, da

síntese de sais biliares, do armazenamento de glicogênio,

algumas vitaminas e minerais, da síntese de ativação da

vitamina D e faz fagocitose.


CONTROLE NEURAL DA FUNÇÃO
GASTROINTESTINAL
• O trato gastrointestinal possui seu próprio
sistema nervoso, chamado de sistema
nervoso entérico (SNE), que é constituído
por neurônios (mais de 100 milhões de
neurônios) e células gliais, que são
agrupadas, formando os gânglios entéricos,
os quais se ligam através das fibras
nervosas.
• O SNE atua de forma involuntária, sendo responsável por
controlar a motilidade, as secreções gastrintestinais e o fluxo
sanguíneo local.
• Fica localizado em toda a parede do trato gastrointestinal,
iniciando no esôfago e se estendendo até o ânus, como também
está presente no pâncreas e na vesícula biliar.
O sistema nervoso entérico é organizado em dois
plexos:

plexo mioentérico plexo submucoso

O plexo mioentérico é O plexo submucoso é encontrado


localizado entre as camadas de no interior da tela submucosa da
músculo liso longitudinal e parede, principalmente, do
circular da túnica muscular,. intestino delgado e grosso,

cuja função é controlar a é responsável por controlar a secreção


motilidade (movimentos) gastrointestinal.
gastrointestinal
• Embora o SNE possa funcionar de forma independente, ele se
comunica com o sistema nervoso autônomo (SNA) através dos
nervos simpáticos (inervam igualmente do trato
gastrointestinal) e parassimpáticos (região do reto e ânus), que
fazem com que as ações possam ser intensificadas ou até
mesmo inibidas. A estimulação dos nervos simpáticos faz com
que as atividades do trato gastrointestinal sejam inibidas,
enquanto os nervos parassimpáticos estimulam (aumentam)
as atividades.
REFLITA
A Doença de Chagas é ocasionada pelo
protozoário Trypanosoma cruzi. Na fase aguda
da infecção chagásica, há um acometimento das
células musculares, dos fibroblastos e dos plexos
mioentérico e submucoso. Sabendo que esses
plexos fazem parte do sistema nervoso entérico
e que estão presentes nas camadas da parede do
trato gastrointestinal, que tipo de
comprometimento isso pode gerar ao trato
gastrointestinal do paciente chagásico?
Pesquise mais
Os microrganismos presentes na microbiota intestinal
exercem várias funções importantes em nosso
organismo, como a regulação do eixo de conexão
entre o sistema nervoso entérico e o sistema nervoso
central, denominado eixo intestino-cérebro. Para
conhecer mais sobre a relação da microbiota intestinal
com o cérebro, você pode fazer uma leitura
complementar através do artigo Repercussão da
microbiota intestinal na modulação do sistema
nervoso central e sua relação com doenças
neurológicas.

COSTA, T. P.; MEDEIROS, C. I. S. Repercussão da


microbiota intestinal na modulação do sistema
nervoso central e sua relação com doenças
neurológicas. Rev. Ciênc. Méd. Biol., Salvador, v. 19, n.
2, p. 342-346, maio/ago. 2020.
Referências
BARRET, K. E. Fisiologia Gastrintestinal. 2. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2015.

COSTA, T. P.; MEDEIROS, C. I. S. Repercussão da microbiota intestinal na


modulação do sistema nervoso central e sua relação com doenças
neurológicas. Rev. Ciênc. Méd. Biol., Salvador, v. 19, n. 2, p. 342-346,
maio/ago. 2020.

FOX, S. I. Sistema digestório. In: FOX, S. I. Fisiologia humana. 7. ed. Barueri,


SP: Manole, 2007. p. 560-599.

JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Sistema digestório. In: JUNQUEIRA, L. C.


U.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro, RJ:
Guanabara Koogan, 2018.

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