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Sistema Digestório

Professor: Filipe Saragoça


O Trato digestório e os órgãos anexos ( glândulas
salivares, fígado e pâncreas), constituem o Sistema
Digestório.

O trato digestório é um tubo oco que se estende


da cavidade bucal ao ânus, sendo também
chamado de canal alimentar ou trato
gastrointestinal.

Trato digestório:
• boca,
• faringe,
• esôfago,
• estômago,
• intestino delgado,
• intestino grosso,
• reto
• ânus.
• A transformação dos nutrientes em
produtos solúveis é realizada pelas
enzimas liberadas pelo tecido de
revestimento (células epiteliais) dos
órgãos digestores, que também
secretam muco para ajudar no
deslizamento do bolo alimentar.
Divisão do Sistema
Digestório
De acordo com as funções:

● SUPERIOR: cavidade bucal, faringe e esôfago;


● MEDIANO: estômago e intestino delgado;
● INFERIOR: intestino grosso, reto e ânus.
Cavidade Bucal
• Início do tubo digestório.
• Limites:
✔ Anterior: lábios;
✔ Posterior: faringe;
✔ lateral: bochechas;
✔ Superior: palato duro e palato mole;
✔ Inferior: assoalho da boca.
Língua:
Órgão muscular responsável por:
● Empurrar o bolo alimentar entre os dentes,
misturando a saliva (mastigação);
● Impulsionar o bolo alimentar na deglutição;
● Participar na articulação dos sons;
● Gustação;
● Defesa contra infecções (células de defesa
na superfície).
Glândulas
Salivares
Consideradas órgãos anexos do Sistema
Digestório, as glândulas salivares se dividem em:
Parótidas;
Submandibular;
Sublingual.
• São involuntárias, produzem de 1 a 1,5 litros de
saliva por dia.
• Saliva (água e enzimas – exemplo a ptialina
que atua sobre os carboidratos).
Dentes
• Estruturas rígidas e esbranquiçadas
localizadas nos alvéolos dentários da maxila e
mandíbula.
Divide-se em:
✔ Raiz (implantada no alvéolo);
✔ Coroa (parte livre);
✔ Colo (envolvido pela gengiva).
No adulto (8 incisivos, 4 caninos, 8 pré-molares e 12
molares).
Faringe
• Tubo muscular que serve para a passagem do ar e
dos alimentos, comunicando-se com a boca,
laringe e esôfago. Funções:
Deglutição (peristaltismo para impulsionar
os alimento);
Defesa (presença de grupos de células linfáticas
- amígdalas e adenoides - que defendem dos
agentes patogênicos e toxinas).
Audição (através da comunicação com a
trompa de Eustáquio – equilibrando as pressões
entre as cavidades).
Esôfago
• Tubo muscular oco que através de
movimentos peristálticos conduz o
alimento da faringe para o
estômago.

• Formado por três camadas: mucosa,


submucosa e muscular.
• Camada mucosa apresenta tecido
conjuntivo, vasos sanguíneos e glândulas
mucosas.
• Camada submucosa contém pequenas

glândulas que lançam suas secreções em


direção ao esôfago, estas secreções atuam
contra agentes infecciosos do meio externo.
• Camada muscular se divide em externa e
interna.
Estômago
• Dilatação do canal alimentar, constituído
por uma membrana mucosa que
contém milhares de glândulas gástricas
microscópicas, que secretam ácido
clorídrico, enzimas e muco, substâncias
que vão compor o que se chama de suco
gástrico.
Divisão do
estômago
Cárdia (porção inicial – comunicação com o
esôfago);
Fundo (parte superior – direção ao
diafragma);
Corpo ( maior parte);
Piloro (parte final – comunica com o
duodeno).
Composição do Suco Gástrico
❖ Água;
❖ Ácido clorídrico;
❖ Muco gástrico;
❖ Enzimas (pepsina e catepsina – proteínas,
lipase – lipídios);
❖ Fator intrínseco (facilita a absorção da
vitamina B12).
• A mucosa gástrica secreta de 1,5 a 2,5
litros de suco gástrico / dia, através de:
Estímulos (apetite, odores e visão de
alimentos);
Reflexos nervosos (estimulação das papilas
gustativas);
Formação do hormônio Gastrina – produzido
pelas glândulas pilóricas – entrada do
alimento na boca;
Digestão
• Ao cair no estômago, o bolo alimentar é
banhado pelo suco gástrico, que é um
ácido tão forte que queimaria o interior
do órgão, não fosse a camada de muco
(cerca de 2 milímetros) que o reveste.
Digestão
• A digestão das proteínas começa no
estômago (enzimas – renina, lipase e
pepsina), decomposição das grandes
moléculas em componentes mais simples,
sendo então encaminhadas para o
intestino delgado, onde sofrerão a ação de
outras enzimas (tripsina no suco
pancreático e a peptidase no suco
intestinal).
• Cerca de três contrações peristálticas
por minuto vão misturando o suco
gástrico ao bolo alimentar, até deixá-lo
cremoso como iogurte (quimo).
• Os alimentos são mantidos na
cavidade estomacal pelo músculo do
esfincter piloro (outra válvula do
aparelho digestivo), até que esta etapa
do processo digestivo termine e então
o bolo alimentar passa através do
piloro para o intestino delgado
(duodeno).
• O tempo em que o bolo alimentar permanece
no estômago varia de acordo com a sua
composição: os carboidratos (hidratos de
carbono) permanecem poucas horas, as
gorduras (lipídios), um tempo maior.
• O sistema simpático inibe a contração da
musculatura do estômago e a secreção do
suco gástrico; o parassimpático tem ação
inversa.
Intestino Delgado
• A principal parte da absorção ocorrem
no intestino delgado, que se estende
do piloro até a junção ileocólica
(ileocecal), onde se junta ao intestino
grosso.
Intestino Delgado
• Tubo muscular oco, mede cerca de 5
metros, revestido de mucosa.

• Divide-se em:
✔ Duodeno (desembocam os ductos colédocos
e pancreático);
✔ Jejuno;
✔ Íleo.
Duodeno
• É a primeira porção do intestino delgado.
Recebe este nome por seu comprimento,
aproximadamente igual a largura de 12 dedos
(25 cm).

• Única porção fixa do intestino delgado, sem


mesentério.
Apresenta quatro partes:
Parte superior ou 1ª porção: origina-se no
piloro e estende-se até o colo da vesícula biliar;
Parte descendente ou 2ª porção: não
envolvida pelo peritônio, onde se encontram
com o ducto colédoco (vesícula biliar e fígado)
e com o ducto pancreático (pâncreas).
Parte horizontal ou 3ª porção;
Parte ascendente ou 4ª porção.
Jejuno
• Parte do intestino delgado que faz
ligação com o duodeno, recebe
este nome porque sempre que
aberto encontra-se vazio.
• Mais largo que o duodeno (cerca de
4cm), apresenta a parede mais espessa
e mais vascularizada e de cor mais
forte que o íleo.
Íleo
• Última porção do intestino delgado que
faz a continuação do jejuno. Recebe
este nome por sua relação com o osso
ilíaco.
• Mais estreito, paredes mais finas e
menos vascularizadas que o jejuno.
• Distalmente o íleo encontra-se com o
intestino grosso (óstio íleocecal).
• Juntos o jejuno e o íleo medem de 6 a 7
metros de comprimento.
• A maior parte do jejuno encontra-se no
quadrante superior esquerdo, enquanto a
maior parte do íleo situa-se no quadrante
inferior direito.
• Ao contrário do duodeno, o jejuno e o íleo são
móveis.
Digestão
• O bolo alimentar parcialmente digerido
(quimo) no estômago → intestino
delgado (quilificação e absorção de
nutrientes).
• Quilificação (completa a digestão iniciada na
quimificação através do suco entérico,
suco pancreático, bile e ação mecânica do
intestino delgado).
• Alimentos não aproveitados vão para o
intestino grosso.
Suco
Entérico
Composição:
Água;
Sais minerais;
Muco;
Enzimas (amilase – amidos; maltase, sacarase
e lactase – açúcar; lipase – gorduras;
peptidase – proteínas).
Intestino Grosso
• Pode ser comparado com uma ferradura,
aberta para baixo, mede cerca de 6,5cm de
diâmetro e 1,5 metros de comprimento.
• Estende –se do íleo ao ânus e está fixo a
parede posterior do abdome (mesecolo).
• Mais calibroso que o intestino delgado, daí o
nome. O calibre vai diminuindo a medida que
aproxima do canal anal.
• Apresenta algumas diferenças em relação ao
intestino delgado como por exemplo: o calibre, as
tênias, os haustros e os apêndices epiplóicos.
• Tênias (fitas longitudinais): três faixas de
aproximadamente 3cm de largura, que percorrem
o intestino grosso em toda sua extensão – mais
evidentes no ceco e cólon ascendente.
• Haustros (saculações): abaulamentos separados
por sulcos transversais.
• Apêndices epiplóicos: pequenos pingentes
amarelados, de tecido conjuntivo rico em gordura
– presentes principalmente no cólon sigmoide.
Dividido em quatro partes:
✔ Ceco (cecum);
✔ Cólon ascendente;
✔ Cólon transverso;
✔ Cólon descendente;
✔ Cólon sigmóide;
✔ Reto;
✔ Ânus.
Ceco
• Primeira porção do intestino grosso.
Apresenta maior calibre e se comunica com o
íleo.
• Para impedir o refluxo do material para o
intestino delgado existe a válvula íleocecal.
• No fundo do ceco encontra-se o apêndice
vermiforme.
• O cólon é o próximo segmento que se
prolonga do ceco ao ânus.
Cólon Ascendente
• Segunda parte do intestino grosso,
sobe do lado direito do abdome em
direção ao fígado, até a flexura
cólica direita (flexura hepática);
Cólon
Transverso
• Porção mais larga e mais móvel.
• Cruza o abdome a partir da flexura
cólica direita até a flexura cólica
esquerda, onde curva-se
inferiormente para tornar-se o cólon
descendente.
Cólon Descendente
• Passa atrás do peritônio (retroperitonealmente), a
partir da flexura cólica esquerda para a fossa ilíaca
esquerda, onde será continuado pelo cólon
sigmoide.

❖ Flexura Hepática: entre o cólon ascendente e


o cólon transverso;
❖ Flexura Esplênica: entre o cólon transverso e o cólon
descendente.
Cólon Sigmoide
• Caracterizado pela alça em forma de
“S”. Apresenta comprimento variável.

• Une o cólon descendente ao reto.


Reto e ânus
• Recebe este nome por ser quase retilíneo.
• Este segmento do intestino grosso termina ao
penetrar a musculatura da pelve (músculo
levantadores do ânus), quando passa a se
chamar de canal anal.
• Apesar de curto (3 cm de comprimento) é
importante para o funcionamento intestinal
(esfíncteres anais interno – involuntário e o
externo - voluntário).
Funções do intestino grosso
• Não ocorre digestão (recebe restos
alimentares não digeridos e não absorvidos
pelo intestino delgado);
• Absorção de água e eletrólitos;
• Produção de vitaminas pelas bactérias
intestinais;
• Armazenagem de fezes;
• Eliminação de resíduos (defecação).
O conteúdo fecal é amassado, misturado com
muco intestinal e conduzido ao reto através de
movimentos peristálticos.
O reto é envolvido por uma musculatura,
esfíncter anal interno (involuntário) e este é
envolvido pelo esfíncter anal externo
(voluntário), que permanece contraído,
relaxando-se somente no momento da
evacuação para permitir a abertura do orifício
anal para saída das fezes.
Peristaltismo
• Ondas peristálticas intermitentes e espaçadas
movem o material fecal do ceco para o
interior do cólon ascendente, transverso e
descendente. À medida que se move através
do colo, a água vai sendo absorvida das fezes,
pelas paredes do intestino, para o interior dos
capilares.
Absorção
intestinal
• O intestino grosso não produz hormônios,
nem enzimas digestivas, mas continua o
processo de absorção dos nutrientes, graças
aos vasos sanguineos e linfáticos presentes
em seu interior.
• O intestino grosso tem a capacidade de
absorver quase tudo, somente deixando
pequena quantidade de água (100ml) no bolo
fecal para ajudar na expulsão.
Ação bacteriana intestinal
• O intestino grosso abriga bactérias (Escherichia
coli, Enterobacter aerogenes, Clostridium
perfringens e Lactobacillus bifidus) – ajudam na
síntese de vitamina K e celulose em carboidrato
utilizável.
• A reação bacteriana produz flato que ajuda a
empurrar o bolo fecal em direção ao reto.
• O muco alcalino produzido pela mucosa
intestinal lubrifica as paredes intestinais à medida
que o bolo fecal o percorre, protegendo a
mucosa contra a ação bacteriana.
Peritônio
• É a mais extensa membrana do corpo.
Divide-se:

❖ Peritônio parietal (reveste a parede abdominal);


❖ Peritônio visceral (reveste algumas
vísceras abdominais).

A cavidade entre eles se chama cavidade


peritonial
Órgãos
anexos
• O aparelho digestório é considerado como um
tubo que recebe líquido secretado por diversas
glândulas, a maioria localizadas na boca,
esôfago, estômago e intestinos.
• Algumas glândulas estão localizadas próximas a
este tubo e se comunicam através de ductos,
que servem para escoar a secreção que
produzem. Por exemplo, as glândulas salivares, o
pâncreas, o fígado e a vesícula biliar.
Pâncreas
• O pâncreas é considerada uma glândula
mista, localizada posteriormente ao
estômago, que produz uma secreção
exócrina
- suco pancreático (liberado no duodeno
através do ducto pancreático)e secreção
endócrina - glucagon e insulina (liberados na
corrente sanguínea).
• O pâncreas produz diariamente 1200 –
1500ml de suco pancreático.
• O pâncreas divide-se em:
Cabeça (aloja-se na curva do duodeno);
Colo;
Corpo (divide-se em anterior, posterior e
inferior);
Cauda (situa-se contra o baço).
• Ducto pancreático: se une ao ducto colédoco
(fígado e vesícula biliar) e entra no duodeno
como um ducto comum chamado ampola
hepatopancreática.
• Após a chegada do bolo alimentar no
duodeno, as células entéricas enviam para o
sangue os hormônios secretina e
pancreozina, que irão estimular a secreção do
suco pancreático.
Funções do pâncreas
✔ Dissolver carboidrato (amilase pancreática);
✔ Dissolver proteínas (tripsina, quimiotripsina,
carboxipeptidase e elastáse);
✔ Dissolver triglicerídeos nos adultos (lipase
pancreática);
✔ Dissolver ácidos nucléicos (ribonuclease e
desoxirribonuclease).
Fígado
• Maior glândula do organismo e também a
mais volumosa víscera abdominal.
• Localiza-se na região superior do abdômen,
logo abaixo do diafragma, à direita, isto é,
normalmente 2/3 de seu volume estão a
direita da linha mediana e 1/3 à esquerda.
• Pesa cerca de 1,4kg em um indivíduo adulto.
• O fígado é dividido em lobos:
✔ Lobo direito;
✔ Lobo esquerdo;
✔ Lobo caudado (atrás do lobo direito);
✔ Lobo quadrado (atrás do lobo esquerdo).

❖ Entre o lobo direito e o quadrado encontra-se a


vesícula biliar.
❖ Entre os lobos caudado e quadrado, há o hilo hepático, por
onde passam a artéria hepática, a veia porta, o ducto
hepático comum, ducto cístico, nervos e vasos linfáticos.
Aparelho excretor do fígado:
• Formado pelo ducto hepático, vesícula
biliar, ducto cístico e ducto colédoco.

❖ Além da bile que é indispensável na digestão


das gorduras, o fígado armazena glicose e em
menor escala, ferro, cobre e vitaminas, sendo
um órgão vital para o organismo.
Bile
• A função digestiva do fígado é produzir a bile,
que é uma secreção verde amarelada, enviada
ao duodeno.
• Armazenada na vesícula biliar, é liberada
quando entram gorduras no duodeno. A bile
emulsiona a gordura e a direciona para a
parte distal do intestino para a digestão e
absorção.
Outras funções do fígado:
• Metabolismo de vitaminas, sais minerais e carboidratos, lipídios e
proteínas;
• Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais,
transformando sua hemoglobina em tecido hepático.
• Produção de heparina e protrombina (coagulação);
• Processamento de fármacos e hormônios;
• As células hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias nutritivas
e a excretar os materiais residuais e as toxinas, bem como esteróides,
estrógenos e outros hormônios.
• Remover moléculas de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente para
formar glicogénio, que é armazenado. Quando necessário, o glicogênio é
reconvertido em moléculas de glicose, que são relançadas na circulação
• Excreção de bilirrubina e sais biliares;
• Ativação da vitamina D.
• Desintoxicação, através da neutralização de substâncias tóxica (bebidas
alcoólicas, café, sedativos, calmantes, fármacos, gorduras entre outros).
Vesícula Biliar
• Apresenta formato de pera, com
aproximadamente 7-10cm de
comprimento, situada na junção do lobo
direito e do lobo quadrado do fígado.
• Capacidade de armazenamento: até 50ml de
bile.
• Órgão coberto pelo peritônio visceral;
• Unida à superfície do fígado através de ducto
cístico;
Ducto cístico
• Apresenta aproximadamente 4cm de comprimento.

• Liga a vesícula biliar ao ducto hepático comum (união do


ducto hepático direito e esquerdo), formando o ducto
colédoco (5 – 15cm de comprimento).

• O ducto colédoco desce posteriormente a parte superior do


duodeno até a parte posterior da cabeça do pâncreas.

• No lado esquerdo da parte inferior do duodeno, o


ducto colédoco encontra-se com o ducto pancreático.
Liberação da bile
• A bile é produzida no fígado e armazenada na
vesícula biliar através do ducto cístico.
• Quando os alimentos parcialmente digeridos
(partículas de gorduras)chegam ao duodeno,
as células intestinais lançam na circulação
sanguínea o hormônio colecistoquinina que
faz a vesícula se contrair e expulsar a bile
armazenada no seu interior para o duodeno
através do ducto colédoco.

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