E-Fólio A de Metodologia das ciências Sociais - Métodos Qualitativos
A violência doméstica é o tema que escolhi para pesquisa no meu projecto de investigação social, neste caso particular optei pela violência por parte dos homens sobre a respectiva parceira, é um fenómeno em crescimento no nosso país, e vai desde a violência verbal, psicológica, sexual e violência física que muitas vezes acaba de forma trágica com a morte do agredido e eventualmente do agressor. Perante estes factos acho importante um estudo social sobre o tema visto a sua gravidade.
A metodologia escolhida, para o estudo deste tema, é o método qualitativo, em virtude
desta metodologia escolher métodos e teorias adequados à questão, a aceitação e análise de diferentes perspectivas, como adiante destacarei, aceitar a opinião e o pensamento do cientista e investigador sobre o estudo e como parte integrante da produção do saber, e as diferentes perspectivas e métodos aceites no processo que são sempre uma mais-valia na procura de respostas. A investigação é ainda indutiva, holística e descritiva procurando desenvolver ideias e conceitos, comprovar teorias e verificar hipóteses, é intensiva estudando e analisando as poucas informações que dispõe mas de forma complexa e pormenorizada.
Como objectivo, e base de início do projecto, coloquei a questão de partida: “A
violência doméstica em Portugal está a aumentar e a tomar proporções cada vez mais graves?” Esta pergunta está inserida na fase de ruptura, a fase inicial de qualquer estudo científico, e vai ser a partir daqui que se faz o modo de abordagem a adoptar para o projecto. Para tal o cientista deve por de parte as suas ideias pré-concebidas, o senso comum que tenha sobre o assunto, salientando o que diz o manual de investigação em ciências sociais:” Dai a importância da ruptura, que consiste precisamente em romper com os preconceitos e falsas evidências, que somente nos dão a ilusão de compreendermos as coisas. A ruptura é portanto o primeiro acto constitutivo do procedimento científico.” (Quivy, R.; Van Campenhoudt, L. 2008). De seguida entramos na fase da exploração, recolhendo informação através da pesquisa e análise documental, entrevista em profundidade e observação participante, fazendo leituras e entrevistas explanatórias sobre o tema que sejam mais pertinentes, orientando o processo de investigação e evitando o nevoeiro informacional em que o excesso de informação pode dispersar a atenção do investigador. A gestão do tempo é um factor muito importante para o programa da pesquisa e deve ser racional, bem planeado e seguido à risca de forma a cumprir prazos e organizar tarefas por objectivos. Dentro da fase da ruptura, e após a exploração, entramos na planificação e formulação da problemática que vamos analisar. No caso da violência doméstica, dada a complexidade e riqueza do tema é necessário e preferível delimitar com precisão o objecto de estudo e a forma como vai ser feito, ou seja, a problematização será a definição das linhas condutoras, da reflexão pessoal do cientista sobre o tema, delimitando com exactidão o objecto de estudo e a forma como será feito, no caso optei por me focalizar e estudar a violência dos homens sobre as mulheres. Na fase de construção, que inclui a problemática, temos a construção do modelo de analise do conteúdo, no caso em apreço optei por não me limitar a apenas uma linha teórica, passando pela etnometodologia onde a realidade social é construída analisando as actividades do dia-a-dia, questionando o modo como as pessoas produzem essa realidade social nos seus processos de interacção, ou seja analisando os métodos que são usados por elas ao criar a realidade quotidiana, no caso analisando como se comportam os “actores” da violência doméstica. O modelo estruturalista pode igualmente ser aqui aplicado uma vez que analisa experiências e actividades de superfície em todos participamos, e as estruturas de profundidade que estão na origem das de superfície e que não são facilmente entendidas no quotidiano. São estruturas do subconsciente e estão enraizadas nos modelos culturais, em minha opinião vai de encontro às respostas do tema, o que leva à violência? Será uma questão cultural do domínio do homem sobre a mulher? Será uma questão inconsciente de cada um que por vezes acaba em violência sem sentido? O próprio contexto socioeconómico leva a tal? Estas e muitas outras questões podem ser respondidas por esta linha teórica, sendo que a triangulação das perspectivas é perfeitamente aplicável, visto cada uma delas estudar parte do fenómeno, ou seja podem interagir e complementar se, alargando assim a visão sobre o problema. Na fase da verificação temos a observação participante em que o investigador tenta juntar se ao contexto em análise, passando depois à análise de todos os dados recolhidos para finalmente chegarmos a conclusões. Neste estudo, após algumas leituras explanatórias e pesquisas conclui que a violência doméstica em Portugal está a aumentar e alastrar-se, com consequências cada vez mais gravosas, resultando muitas vezes em homicídios e suicídio do agressor, duas mulheres morrem por semana em Portugal vítimas de violência doméstica, mas por outro lado cada vez mais há pessoas presas e condenadas por este crime nas cadeias portuguesas, denotando uma viragem de mentalidade e atitude das autoridades em Portugal.
BIBLIOGRAFIA:
-Carmo, Hermano; Ferreira, Manuela Malheiro; Metodologia da investigação. Guia de
auto aprendizagem. 2º Edição, 2008.
-Flick, U; Métodos qualitativos na investigação científica, Lisboa, Monitor, 2005.
-Quivy,Raymond; Van Campenhoudt, Luc; Manual de investigação em Ciências