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Centro de Artes
Pelotas, 2013/2014
João Pedro Germano Pagliosa
Pelotas, 2014
JOÃO PEDRO GERMANO PAGLIOSA
BANCA EXAMINADORA:
PELOTAS
2014
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha Pâ, por todo o carinho e apoio, que foram essenciais para
me dar forças à conclusão desta pesquisa, além da “co-orientação” que me deu
durante todo o processo;
O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão da literatura a respeito dos temas
concentração e técnicas de concentração, procurando relacioná-los com a área da
música; além disso, também foi objetivo apresentar relatos de profissionais
performers a respeito de concentração em sua prática. Ao buscar informações em
diversas áreas do conhecimento tais quais psicologia, estética, música e esportes,
foram levantadas teorias explicando as formas como a concentração se manifesta
no indivíduo, além de técnicas para o desenvolvimento de uma melhor atenção. No
que diz respeito aos relatos de experiências, foi elaborada uma pergunta a ser feita
a cada profissional instrumentista participante da pesquisa, onde estes trazem a
forma como veem a atenção em suas performances, seus rituais para atingir
resultados mais satisfatórios e suas técnicas para atingir melhor foco da
concentração. Portanto, o trabalho apresenta-se dividido em quatro partes: a inicial,
na qual é feita a revisão acerca dos trabalhos consultados; a segunda, onde é feito
um aprofundamento no tema sobre os sistemas atencionais; a terceira, em que são
apresentadas técnicas levantadas no material teórico para desenvolvimento da
atenção em situações de performance; e a quarta, onde são apresentados relatos
dos profissionais acerca do tema trabalhado. Visto isso, o trabalho reforça o
pensamento de que a atenção tem grande relevância para a performance musical,
bem como tantas outras áreas de atuação do ser humano, visto que estar atento é
sinônimo de estar consciente, e finaliza com este levantamento de material de forma
reflexiva, buscando o diálogo entre pesquisador, autores e teorias.
The aim of the present study was to review the literature regarding the themes
concentration and concentration techniques and relate them to the field of music,
besides presenting reports of professional performers regarding concentration in their
practice. By scanning different areas of knowledge for information such which
psychology, aesthetics, music and sports , theories explaining the ways in which the
concentration is manifested in the individual were raised , as well as techniques for
developing better attention . With regard to reports of experiences, questions were
asked of professional musicians where they bring attention to how they see in their
performances, their rituals to achieve good results and techniques to achieve better
focus of concentration. Therefore, the work presents itself divided into four parts : the
initial , in which the review of the studies reviewed is made , the second , which is
done in a deeper theme about the attentional systems , and the third , in which
techniques are presented raised the theoretical material for development of attention
in performance situations , and the fourth , where reports of the professionals
working on the subject are presented . Seen it , the work concludes that attention has
great relevance to the musical performance , as well as many other areas of the
human being , since being aware is synonymous with being aware , and ends with
this survey form material reflexive , seeking dialogue between researchers , authors
and theories .
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
2. METODOLOGIA.................................................................................................... 10
Lucas Robatto 35
Dainer Schimidt 39
Leonardo Winter 40
Abel Pereira 44
Bridget Kibbey 48
Alexandre Eisenberg 49
Christoph Hartmann 52
8. RELATO PESSOAL...............................................................................................67
CONCLUSÃO............................................................................................................ 68
1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
• Pesquisa teórica;
• Pesquisa de campo;
• Redação.
Para que pudesse iniciar o processo de reflexão acerca dos temas, além de
manter o material organizado para posterior uso durante a pesquisa, fiz resumos de
todos os textos selecionados, no qual estes compuseram a revisão da literatura
apresentada. Com este processo de registro a respeito dos temas e trabalhos
levantados, finalizei minha parte teórica inicial da pesquisa.
Visto isso, para a pesquisa de campo foi elaborada uma pergunta a músicos
performers profissionais. Neste universo, pude selecionar alguns músicos nos quais
admiro o trabalho e também alguns músicos que participaram como convidados e
participantes do IV Festival Internacional de Música SESC de Pelotas/ 2014, nos
quais acredito ter relevância no cenário profissional da música, seja como
professores instrumentistas, músicos de orquestra, concertistas, cameristas ou
outras áreas de atuação.
Por fim, trago meu relato pessoal a respeito da experiência que esta pesquisa
me proporcionou, e o quanto ela teve valia para minha formação como músico e
indivíduo. Para este relato, apresento minha reflexão sobre os temas trabalhados e
suas relações com meu cotidiano, além de abordar formas para utilização das
técnicas levantadas em minha performance musical e estudo.
13
3. REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo irei ilustrar, de forma sucinta, alguns trabalhos que tiveram
importância em meu processo de pesquisa. Apesar de o tema concentração ser
abordado por muitas áreas do conhecimento, tomei a decisão metodológica de
selecionar três campos para meu trabalho:
Música;
Psicologia;
Esportes;
Experiência estética.
Friso estes três trabalhos como impactantes em meu processo, que geraram
insights, e tiveram relevância para o desenvolvimento da pesquisa, onde faço forte
relação entre essa teoria e a proposta apresentada. Visto que meu trabalho lida com
alguns dos elementos requeridos para se atingir o estado de fluxo (caracteriza a
Teoria do Fluxo), e discutidos no material encontrado, farei um aprofundamento
sobre o assunto no capítulo 3. Assim, entre os elementos citados, encontram-se:
14
Atenção;
Estabelecimento de objetivos;
União ação/consciência;
Assim, para que esta prática possa ser exercida, algumas técnicas são
abordadas, conforme a correlação ilustrada pelo gráfico:
15
“(...) o esporte exige de seus atletas muita atenção, em especial pelo grande
número de variáveis simultâneas que ocorrem em seu exercício. Portanto, o
velejador deve estar atento a sua interação com velas, leme, entre outros
equipamentos e forças naturais (água e vento) (MAIA, 2008; BOJSEN-
MOLLER; BOJSEN-MOLLER, 1999).”
Acredito ser válida a descrição apresentada pela autora em seu resumo, onde
diz:
“Por esse caminho teórico lança luz sobre a potência de transformação que
a arte possui, tanto para o artista como para o percebedor. O texto
argumenta que a experiência estética tem dois lados: um em que a atenção
está voltada para o exterior, e outro em que a atenção está voltada para o
interior, numa espécie de atenção a si. A atenção possui aí uma qualidade
especial, capaz de acessar a dimensão de virtualidade tanto do mundo
quanto da subjetividade. Nesse sentido, ela possui papel de destaque na
cognição inventiva e nos processos de produção de subjetividade”.
(KASTRUP, 2012).
A autora traz relatos como o de Henri Bergson, que distingue dois tipos de
percepção, onde a primeira é voltada para interesses práticos do indivíduo e a
segunda é descrita como a percepção do artista: “Quando olham para alguma coisa,
veem-na por ela mesma, e não mais para eles; percebem por perceber – por nada,
pelo prazer” (BERGSON, 2006a, p. 158). Por esse desprendimento dos interesses
do eu, possuem “uma visão mais direta da realidade” (BERGSON, 2006a, p. 159).
Externos: meio.
Visto isso, a atenção pode ser definida conforme Brandão (2005) como:
Melodia;
Harmonia;
Divisões rítmicas;
Instrumentação.
Assim, a respeito desta hierarquia que nossa atenção elege sobre os objetos,
Gazzaniga (1998) afirma que a atenção não é feita de forma isolada, mas sim
formando relações entre as informações recebidas. Isto é notável na visão quando
destacamos uma figura com o foco e o restante é submergido ao fundo, ou seja,
uma figura precisa da outra, apesar de serem figuras diferentes (Davidoff, 1983;
Kandel, 1997).
19
Por fim, Lent (2002) menciona que podemos notar que de um modo geral a
atenção tem duas características fundamentais:
Bergson (2006a, p.160) afirma ainda que essa atenção suplementar pode ser
cultivada e educada. A educação da atenção consiste, na maior parte das vezes, em
“retirar seus antolhos, em desabituá-la do encolhimento que as exigências da vida
lhe impõem”, ou seja, pô-la em prática.
20
A autora ainda traz o teórico Sigmund Freud (1969), por quem é estabelecido o
conceito de “Atenção Flutuante”. Freud aponta que a mais importante recomendação
ao futuro analista consiste em não dirigir a atenção para algo específico, mas mantê-
la “uniformemente suspensa”.
A concentração é a capacidade
de manter o foco efetivamente
Moran 2004
na tarefa, ignorando distrações
internas ou externas.
A atenção tem caráter seletivo
e necessita deste para
William James Séc.XIX
funcionamento adequado, visto
que sua capacidade a atender
estímulos do meio é limitada.
A atenção é a capacidade de
um indivíduo responder
Brandão 2005
predominantemente os
estímulos que lhe são
significativos em detrimento de
outros.
Os estímulos atendidos em
segundo plano e que não
recebem o foco da atenção tem
Treisman análise reduzida, sendo um Citado por Gazzaniga et
mecanismo utilizado para al., em 1998
diminuir a interferência que os
estímulos irrelevantes
produzem no processamento
que estamos atendendo.
A atenção baseia-se em
elementos como: percepção do
Bergson 2006
artista; atenção suplementar e
no processo denominado
conversão.
23
4. A TEORIA DO FLUXO
Equilíbrio desafio/habilidades;
União de ação/consciência;
Metas claras;
Retorno inequívoco;
Senso de controle;
25
Perda da autoconsciência;
Experiência autotélica.
Alguns dos aspectos abordados pelas autoras durante o estudo, e que são
elementos discutidos por Csiksentmihalyi (1999) como sendo relevantes para o
estado de fluxo, remetem à concentração, emoção, metas e autoestima.
Araújo e Pickler (2008) concluíram que existe clara relação entre persistência
no estudo e satisfação da experiência vivenciada. Além disso, fatores como prazer
momentâneo, vontade de superar desafios e desligamento de situações exteriores –
discutidos por Csiksentmihalyi (1999) - são elementos que indicam que a maioria
dos participantes, em maior ou menor grau, já havia experimentado, em suas
práticas musicais, o estado de fluxo.
5. TÉCNICAS DE CONCENTRAÇÃO
O atleta precisa decidir se concentrar, já que isso não acontece por acaso;
A mente do atleta estará no foco quando não houver diferença entre seu
pensamento e a atividade executada;
toda sua atenção para o que está sendo feito, independente dos momentos que já
ocorreram ou que acontecerão durante a obra.
“A esse respeito posso declarar também, por ter tido oportunidades de fazer
apresentações com Odette, que ela realmente fica recolhida e muito
concentrada. No DVD “A Vida na Flauta”, ao iniciar, ela manifesta-se
falando do ritual de recolhimento que o toureiro faz em uma Capelinha, no
escuro, antes de iniciar a tourada, estabelecendo um paralelo com as suas
atitudes antes das apresentações.” (d’AVILA, 2009, p. 82)
Para a utilização desta técnica, estas palavras devem ser ditas pelo próprio
atleta, substituindo aquelas que tradicionalmente são ditas em tom quase
imperceptível a si mesmo após erros, por outras que auxiliassem no rendimento
deste, conforme ilustrado no esquema a seguir:
29
substituir por
O que você está Presta atenção no
fazendo? seu barco.
• Limites físicos;
Estabelecimento de objetivos;
Relaxamento;
1
Lúdico vem do latim ludus, que significa: exercício, drama, teatro, circo e significa também exercício escolar
(magister ludi). Disponível em: http://educador.brasilescola.com/.
31
Além destas técnicas, os autores mencionados por Santos (2006) afirmam que
se tem utilizado com fins de relaxar o atleta, a meditação transcendental 2. Seus
resultados na performance esportiva são redução dos efeitos fisiológicos do stress e
aumento da performance atlética (COX; LIU, 1993).
Para realizar a meditação basta que a pessoa se sente duas vezes ao dia, de
15 a 20 minutos, com algum conforto, os olhos cerrados, e entoe determinados sons
que são conhecidos como mantras, os quais possuem características que ativam a
psique3.
2
Entende-se aqui meditação transcendental como técnica introspectiva proveniente da cultura
oriental.
3
Descrição conforme site: http://www.infoescola.com/saude/meditacao-transcendental/.
32
6. RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
Lucas Robatto
Segue uma boa definição de atenção, que acho bem adequada à dimensão
musical da concentração:
O intérprete deve ter a capacidade de poder ter uma percepção geral do seu
tocar, isolando o que acabou de soar, do que se quer que soe ou do que está de fato
soando no momento. E ‘dentro’ deste nível de percepção, deve poder isolar
aspectos em grande detalhe, para segui-los por mais tempo, ou alternar a atenção
entre vários aspectos.
Na prática:
Tocar tudo ligado e lento, sem ser rigoroso com o tempo (pode demorar um
tempão em uma nota, e ser rápido na outra), mas só se deve tocar a próxima nota
após saber exatamente qual ela é. Enquanto se toca o dó, deve-se saber que a
próxima é o mi, quando se toca esta, só se muda para a próxima na certeza de tocar
a nota certa.
Isto é bem difícil, e exige muita concentração. É importante anotar então aonde
se errou (por exemplo, 2a nota do 1o arpejo descendente), e tentar ir cada vez mais
‘longe’. Você vai notar que aos poucos se progride, avançando cada vez mais (6
tonalidades completas sem erro!!, por exemplo), mas que chega um momento em
que o progresso regride (só 4 tonalidades, por exemplo). Isto significa que você
cansou, e que é hora de parar. Depois de descansar bastante, pode se repetir tudo,
e comparar o quão ‘longe’ você consegue ir.
Dainer Schimidt
Não se preocupar muito com o que tem ao redor e pode relaxar o máximo que
puder: relaxar o corpo, alongar na hora da performance, como se estivesse em um
momento relaxado, conversando com os amigos, mas com o foco extremamente no
som.
Quanto aos dedos, toda a parte fisiológica para tocar flauta, é primordial para a
performance. Não importa se a peça é curta ou longa, é indiferente. Utilizo escalas e
arpejos antes de tocar, mas sem exageros. Focar a energia toda para a hora da
performance.”
40
Leonardo Winter:
da profissão que é realmente ter que tocar, executar o instrumento, executar a obra
num determinado dia e num determinado local.
A preparação que é o primeiro estágio, é quando você diz: ‘bom, vou estudar’,
e reúne todas as ferramentas necessárias, a execução que é a realização disso e
depois a avaliação. Eu acho que a concentração está ligada de uma maneira geral a
todas essas fases. Claro que quando a gente se defronta com a situação da
performance mesmo, naquele momento em que tem que fazer, tem que realizar
aquilo, que o momento do estudo já passou, é muito importante a questão da
concentração.
Acho que tem várias técnicas que se pode utilizar, desde a preparação, a
memorização da música. Procurar buscar o relaxamento, a prática de exercícios
regulares é muito importante para o musico porque isso também ajuda na
concentração. Quando a gente fala em concentração, a gente não pode só pensar
nessa concentração quando se está tocando, mas também isso envolve em todas as
atividades durante o dia. Se a pessoa tende a ser dispersa, isso vai ser mais difícil
também na hora de tocar. Se a pessoa é mais focada e concentrada nas suas
atividades diárias, então acho que isso também irá se refletir no seu desempenho e
na sua concentração na performance.
importante, é a avaliação disso porque sem a avaliação você não vai saber onde
tem que trabalhar, quais os pontos que você deveria trabalhar e o que você vai fazer
no próximo dia.
Eu vejo também que concentração é uma coisa que o músico pode aprender a
melhorar as técnicas, utilizar mais recursos. Eu acho que a música não é separada
do resto das nossas atividades diárias. Somos concentrados em realizar outras
tarefas, trabalhando no computador, organizando a casa, ou arrumando o carro.
Tudo isso reflete um pouco a idiossincrasia de cada pessoa e como ela também vai
se portar.
A minha visão é mais holística da concentração, acho que a gente tem técnicas
para aprender isso diretamente na música, mas acho que isso também se reflete
muito da personalidade de cada pessoa, de como isso vai funcionar.”
44
Abel Pereira:
Por vezes, é uma coisa curiosa, quando os lábios estão bem, nós temos tanta
confiança que estamos mais desconcentrados que achamos que tudo vai ocorrer
bem. Eu comparo isso a um piloto de rally ou de Fórmula 1, que conhece muito bem
a pista e conhece muito bem o carro, que está desconcentrado, pensando em quem
está aplaudindo. Aí, comete um mínimo erro, tem um acidente e perdeu. Agora,
imagine o mesmo piloto em uma pista que não conhece, não quer saber quem está
na plateia, quer se concentrar ao máximo para tentar perceber como funciona a
pista, como funciona o carro. Tenho certeza que este piloto vai ter um resultado
melhor, porque esteve mais concentrado.
Bridget Kibbey:
Então, quando eu estou no palco, minha mente está plena e se envolve com a
música. Algo que me ajuda é quando eu estou sentada com o instrumento no palco,
e eu tenho um momento para respirar antes de tocar. Eu tento ouvir a forma como a
ressonância da harpa está se movendo na sala ao meu redor, como a ressonância
da harpa está soando no espaço, e isso me ajuda a permanecer no momento
quando eu realizo a performance e me dá melhor foco mental4.”
4
Something that I try to cultivate on my practicing is a sense of focus, which usually comes from having done
some mental preparation before perform. So, that I visualizes myself performing the piece exactly the way I like to
happen.
So, when I’m on in stage, my mind is full and engages with the music. Some else helps me is when I’m setting at
instrument on stage, I take a moment to breed before star play. I try to listen the how the resonance of the harp is
moving in the room around me, how the resonance of the harp is singing in the actual space, and that helps me
stay in the moment when I performing and gives me a higher mental focus. (Tradução minha).
49
Alexandre Eisenberg:
(transcrição de áudio) “Eu costumo dizer para todos os meus alunos que é o mais
importante de tudo, porque a concentração é exatamente aquilo que vai fazer
diferença na hora em que você vai tocar. Principalmente como treinamento para
tocar em público. Isso porque quando você está ensaiando ou estudando sozinho é
muito importante você se concentrar, mas você tem várias oportunidades de repetir,
porque a característica do estudo é ficar repetindo para melhorar. Então, a atenção
na concentração é menor, porque você tem a possibilidade da repetição. Quando
você está tocando um concerto, não. Nesse caso, é uma vez, e esta uma vez
precisa ser o melhor possível. Portanto, o que você precisa fazer em um estudo
onde este funcione quando você for tocar em público – ao menos para mim -, é que
eu procuro marcar, antecipadamente, tudo o que eu puder na minha partitura. Não
só respirações e articulações, mas inclusive de qual maneira que eu irei frasear cada
trecho. Isso para que eu consiga, naquele momento em que eu estou estudando,
fazer aquilo o mais concentradamente possível. Portanto, uma coisa está ligada a
outra.
O que eu irei te dizer é que eu não tenho uma técnica específica para me
concentrar, porém, ao planejar muito bem aquilo que eu preciso fazer, eu consigo
me concentrar muito melhor na hora de estudar e na hora de tocar em público.
Como eu comentei, não me ocorre alguma técnica específica, porém existem
algumas coisas que ajudam como, por exemplo, você tocar em um ambiente que
50
não tenha muito barulho (colateral), onde ninguém fique te interrompendo durante o
estudo e que você busque ao máximo não ficar pensando em outras coisas,
especialmente enquanto estiver fazendo estudos repetitivos, porque estes tem a
tendência de o pensamento voar e você acaba tocando no ‘piloto automático’,
digamos assim e, quando você nota, seu pensamento estava em outro lugar
enquanto você estava fazendo aquele exercício repetitivo ou repetindo um trecho
musical.
Então, é importante pensar, na hora em que você está estudando para impedir
que isso aconteça, mesmo que você esteja estudando escalas – que você já sabe
de cor – mesmo que você esteja fazendo um exercício diário do Taffanel, ou um
exercício de sonoridade do Moyse, não importa o que. É importante que você
consiga ficar, ‘Zen-budisticamente’, ficar absolutamente com a mente voltada para
aquilo que se está fazendo, e prestar a atenção máxima a tudo o que você está
fazendo. ‘Ah, percebi que eu não estava atento’ – então volta. Faz de novo e presta
a atenção em cada mínimo detalhe, para que isso não aconteça. Por quê? Por que,
reiterando, enquanto você está estudando, você tem a chance de voltar – ‘ah, não
me concentrei’ – eu vou voltar e vou fazer. Mas quando você está tocando em
público, ou quando você está numa situação intermediária: um ensaio de orquestra,
um ensaio em um grupo de câmara... Você não vai ficar voltando a todo o momento
por causa de uma falta de concentração tua. Então, o momento de treinar isso é
quando você está estudando sozinho. Obter o máximo de atenção naquilo,
concentrar o máximo naquilo que você está fazendo, para que não aconteçam as
‘voadas’ na hora de um ensaio, por exemplo. E muito menos na hora em que você
está tocando em público, que é o momento mais difícil da concentração, na verdade.
Isso porque quando você está tocando em público tudo conta contra você: você
tem uma situação nova, que não é aquela de um estudo cotidiano; digamos que
esteja quente, e não era assim que estava quando você estava estudando... Sempre
vai ter algum fator que irá causar algum problema na hora em que você está tocando
em público. A boca pode secar... Enfim, mil coisas podem acontecer. Então, o que
você vai fazer numa situação dessas pra que essas coisas não te impeçam de ter
um bom desempenho? Você vai treinar esse desempenho quando você estiver
estudando sozinho. Você vai se forçar, pelo menos uma vez ao dia, em algum
momento das horas diárias do teu estudo, você vai dizer: ‘agora eu vou tocar como
51
se eu estivesse tocando num concerto. Não vou parar no meio, vou pegar essa
peça, estudo ou escala que estou estudando e vou até o fim. E vou gravar, e ver
qual foi o meu resultado. E isso eu imagino que ajude. São, digamos assim,
maneiras técnicas de você não perder a concentração, ou treinar a concentração no
momento do teu estudo. Porque assim, uma técnica específica, pode ter que
existam pessoas que tenham feito isso, e desenvolvido um trabalho específico
voltado para esta questão de técnicas específicas para você se concentrar, mas eu
não tenho isso. Eu tenho essa questão que estou te dizendo, de treinar ao máximo
aquilo durante meu estudo para que, na hora em que eu for realmente ficar sob uma
situação de ensaio ou de concerto, eu não tenha problemas de concentração.
Sempre lembrando que, ainda assim, a perfeição não existe. Sempre vai existir
alguma coisinha que pode, eventualmente, te tirar da situação. E aí, que coisinhas
são essas? Coisinhas assim que, por exemplo, dependendo da infraestrutura de
onde você está, elas não irão acontecer. Se você tem condição de dedicar, digamos
que de 100% da tua energia, 80% a 90% para o teu estudo, então você estará
minimizando as possibilidade de falta de concentração ao máximo. Então é também
uma questão de quantidade: quanto mais você estuda, mais você quase que
naturalmente aprende a se concentrar, e menos riscos vão existir na hora em que
você estiver tocando. ´
Christoph Hartmann:
Para mim esta é uma das coisas mais importantes e mais difíceis, se
concentrar antes ou durante o concerto. Então, você não pode ter nenhuma
influência de fora, e para criar isto você tem a concentração, e é difícil de aprender:
se concentrar apenas na peça, só na música e, por exemplo, nós tocamos aqui e
faltou luz no teatro. Então, surge uma coisa nova e isso faz com que seja ainda mais
difícil de se concentrar apenas na música.
Para mim ajuda quando tenho algum sossego antes do concerto, eu como uma
banana e eu tento ter um pouco de tempo para mim, para eu pensar sobre isso e
normalmente funciona. Estou feliz e talvez pouco sortudo que funcione assim.
Então, é uma coisa que você aprende com peças simples e depois mais
difíceis, mas no final é a sua capacidade de se concentrar em si mesmo. Outra coisa
não poderá ajudar, se você está perguntando para mim5.
5
For me this is one of the most important and difficulty things to focus before or during the concert.
So, you need no influence from outside, and to create this you have the concerted and it’s other
difficult to learn: to concentrate only on the piece, only on the music and for example, we played here
and no light on the theater. So, a new thing coming used it and its make even more difficult to
concentrate only on the music. So, for me it helps when I’ve some quiet before the concert, I eat
banana and I tried to have a little time for me alone, I think about it and normally works, and I’m happy
and perhaps little lucky that work like this.
So, it’s a thing you should learned with simple pieces and more difficult, but in the end it’s your
capacity to concentrate on yourself. Something else cannot help, if you ask me. (Tradução minha).
53
Eu vou para o palco para tocar com um propósito muito claro: estou ali para
passar alguma coisa para as pessoas, não para receber. Porque eu acho que muitas
vezes ficamos focados no que a gente vai receber das pessoas - não só os
aplausos, mas as críticas. E estamos tocando em função do que elas podem nos
passar, porém vejo o contrário: eu estou aqui, as pessoas saíram de casa para me
ver, e se elas gostaram muito bom, se elas não gostaram eu fico feliz de pelo menos
ter mexido com elas de algum modo. Então eu acho que essa é uma primeira coisa:
no momento do palco, é um momento muito mágico, e que infelizmente a gente não
treina: a gente treina as escalas, a gente treina a sonoridade, uma série de outras
coisas, mas a gente não treina esse momento da transmissão, que é muito
importante.
Então eu acho muito mágico: quando eu entro no palco, não importa se tenha
muita gente, pouca gente, se for uma sala famosa, se for um lugar menos badalado,
mas pra mim esse é um momento muito mágico, esse de a gente estar ali, fazendo
música e fazendo som para as pessoas. Então essa é uma coisa que me ajuda a
focar nesse momento, como músico, que é a minha função nesse mundo. E no
campo da música, eu acho que é muito importante ter consciência de o que a gente
quer fazer musicalmente. Não é só tocar notas: eu quero tocar uma música, e eu
quero ter consciência de que estória eu estou contando ali, não estória ligada a
alguma linguagem, mas musicalmente aquilo tem que estar claro. Então eu acho
que quando eu estou preparando uma música para tocar, eu estou ali
desenvolvendo a minha relação com ela, a minha concepção com aquilo: o que eu
penso, o que eu sinto a respeito daquela música.
ali, caso perca uma delas ficará numa frustração muito grande por não ter nada mais
para se fazer.
Então eu acho que, basicamente, essas duas coisas são o que eu penso em
termos de concentração. Querendo expandir um pouquinho o que eu falei primeiro,
eu acho que a gente tem que, sempre, pensar na hora da performance em estar
dando alguma coisa. E, nesse sentido, o que eu acho que atrapalha muito é esse
nervosismo, o medo de errar, porque nós estamos focados não no que nós estamos
passando, dando para as pessoas que estão ali, mas o que a gente espera delas. E,
na realidade, isso é impossível você controlar: a resposta das pessoas. Pode ter
esse músico mais maravilhoso do mundo, aí alguém chega lá e diz: “nossa, mas que
gravata feia que esse cara tá usando”. Não tem nada a ver com o que ele fez. E a
segunda se trata de realmente viver aquele momento de forma muito consciente.”
56
Lucas Robatto traz, durante seu relato, duas técnicas que fazem parte de sua
prática, e com as quais busca aumento da concentração durante o fazer musical,
sendo estas:
Tocar tudo ligado e lento, sem ser rigoroso com o tempo (pode demorar um
tempão em uma nota, e ser rápido na outra), mas só se deve tocar a próxima nota
após saber exatamente qual ela é. Enquanto se toca o dó, deve-se saber que a
próxima é o mi, quando se toca esta, só se muda para a próxima na certeza de tocar
a nota certa”.
Outra relação que faço com o material levantado durante a pesquisa trata-se
do relaxamento, técnica de concentração apontada no relato: “relaxar o máximo que
puder: relaxar o corpo, alongar na hora da performance, como se estivesse em um
momento relaxado, conversando com os amigos, mas com o foco extremamente no
som”.
Além destes fatores, acredito que Dainer Schimidt faz uso da técnica proposta
por Brandt (2012) de estabelecimento de rotina, em suas atividades como performer,
visto que frisa possibilidades para antes do momento de apresentação, entre os
trechos: “Utilizo escalas e arpejos antes de tocar, mas sem exageros”.
Noto ainda, no relato acima, que Leonard Winter parece se preocupar com o
que está passando através de sua performance, elemento que comentarei de forma
mais aprofundada quando forem feitos comentários a respeito do relato de Maurício
Freire.
60
Leonardo Winter ainda traz, como proposta para se manter uma melhor
concentração, a prática de atividade física regular, onde propõe: “(...) a prática de
exercícios regulares é muito importante para o musico porque isso também ajuda na
concentração. Quando a gente fala em concentração, a gente não pode só pensar
nessa concentração quando se está tocando, mas também isso envolve em todas as
atividades durante o dia”.
De forma geral, o que noto no relato de Leonardo Winter é – como este mesmo
menciona -, a concentração como característica holística do dia-a-dia do intérprete,
e onde este deve buscar possibilidade tanto musicais quanto fora do contexto de
estudo para melhores possibilidades de foco durante a performance.
Fazendo uma reflexão sobre o relato de Abel Pereira, chamo a atenção aqui à
possibilidade de se focar em partes consideradas fáceis de uma peça, com intuito de
possibilitar que nestas não se esteja concentrado e o resultado possa ser o
satisfatório. Desta forma se estaria, inclusive, utilizando a técnica proposta por
Leonardo Winter, de apoiar-se sobre pontos estratégicos da peça para o caso de
lapsos da concentração durante a performance.
Além disso, André Sinico fala sobre o uso de monólogo interno, onde faço
relação com as palavras-gatilho propostas como técnica para concentração na
performance: “Principalmente no momento que se está tocando é a questão do
pensar positivamente, que é o chamado ‘self talking (...)”.
visão periférica para obtenção de melhor foco sobre a ação: “(...) se focar em algum
ponto, usar menos a visão periférica. Acho que a utilização da visão periférica na
hora em que se está tocando, prejudica muito, então se procura focar mais.”
Outro ponto que acho importante salientar é a forma como Bridget Kibbey se
utiliza da atenção sobre algum ponto externo, possibilidade trazida por Moran (2004)
em suas considerações sobre a concentração na performance atlética, onde esta diz
se focar tanto na respiração quanto no som de sua harpa antes dos concertos: “Algo
que me ajuda é quando eu estou sentada com o instrumento no palco, e eu tenho
um momento para respirar antes de tocar. Eu tento ouvir a forma como a
ressonância da harpa está se movendo na sala ao meu redor, como a ressonância
da harpa está soando no espaço, e isso me ajuda a permanecer no momento
quando eu realizo a performance e me dá melhor foco mental”.
trecho. Isso para que eu consiga, naquele momento em que eu estou estudando,
fazer aquilo o mais concentradamente possível”.
está fazendo, para que não aconteçam as ‘voadas’ na hora de um ensaio, por
exemplo. E muito menos na hora em que você está tocando em público, que é o
momento mais difícil da concentração, na verdade”.
Ainda sobre o trecho acima citado, reitero a auto avaliação como ferramenta
aliada para o bom desempenho da performance, onde esta poderá vir a
complementar o estabelecimento de metas e objetivos e é notória, também no relato
de Alexandre Eisenberg, a presença desta ferramenta.
Como proposta para sanar este problema, Maurício Freire Garcia traz uma
técnica de respiração buscando estabilizar o performer antes dos momentos de
apresentações públicas: “Então eu entendo que de exercício, o que eu faço quando
estou desconcentrado ou disperso, trata-se de um exercício de respiração muito
simples: inspiro, contando por exemplo até três por uma narina, e solto contando
seis pela outra, e vou invertendo. Isso, de certo modo, equilibra a química do
sangue, porque a tendência que a gente tem quando está nervoso é respirar muito
rápido, e isto faz o sangue ficar com um excesso de oxigênio”.
Além disso, Maurício Freire Garcia fala sobre estar presente no momento, onde
faço relação com as observações de Moran (2004), nas quais este propõe buscar
focos de atenção externos. Sobre isto, Maurício Freire Garcia diz: “E no mais, eu
acho que, na hora de tocar, para mim é muito importante a gente estar muito
consciente do momento que a gente está vivendo ali”.
alguma coisa para as pessoas, não para receber. Porque eu acho que muitas vezes
ficamos focados no que a gente vai receber das pessoas - não só os aplausos, mas
as críticas. E estamos tocando em função do que elas podem nos passar (...)”.
Acredito ser muito relevante este trecho, onde existe a possibilidade de se alinhar
com esta proposta e, a partir dela, ter menos descuidos no que diz respeito à perda
de foco, especialmente se tratando do motivo nervosismo.
Acredito que esta postura em relação à música que se toca seja realmente
muito interessante pois proporciona, além de algum ponto pilar para onde o músico
possa se apoiar durante a apresentação, a segurança proveniente de saber o que se
quer dizer com o discurso, onde Maurício Freire Garcia comenta: “(...) para mim, eu
acho sempre importante me perguntar: o que é que essa música que estou tocando
quer dizer para mim? Ou o que é que eu quero dizer com ela? Porque é aquela
coisa: se eu errar uma nota, alguma coisa, o que é supernormal, tudo bem. Só não
erra quem não toca. Tudo não está perdido. Se a sua concentração, se o seu
sucesso está naquelas notinhas ali, caso perca uma delas ficará numa frustração
muito grande por não ter nada mais para se fazer”.
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7. RELATO PESSOAL
Acredito que ainda muito do conteúdo aqui apresentado possa ser posto em
prática em minhas vivências e estudos - e realmente não sei se algum dia isso terá
um fim. De qualquer forma, fico feliz pela possibilidade de fazer uma pesquisa sobre
um assunto que realmente me encanta e sobre o qual eu sou apaixonado, onde
posso trabalhar com subjetividade e música. Fico satisfeito também pelo aspecto
prático da pesquisa, em que tenho possibilidade de entender de forma mais
aprofundada a maneira como a atenção se manifesta em mim, além de aprender
formas de aprimorar esta capacidade tão necessária para qualquer atividade.
CONCLUSÃO
Outra questão que trago diz respeito à possibilidade do intérprete repensar sua
rotina de estudos e atitudes durante a performance no que diz respeito à
concentração, pois já muitos estudos, mesmo que fora do contexto musical, foram
feitos sobre o tema. E, certamente, as teorias e técnicas poderão ser benéficas para
o entendimento e manutenção da performance do músico.
No que diz respeito à minha prática e dúvidas quando iniciei esta pesquisa,
lembro das palavras de meu professor Raul quando dizia “João, menos é mais.” Isso
tem se tornado uma realidade em mais uma faceta, pois com pouco tempo de
estudo focado tenho obtido melhores resultados, especialmente na rotina corrida
que o fim do curso e esta monografia me impuseram.
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Row. 1990. In: SILVA, Abel Raimundo. Oficinas de performance musical: Uma
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