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SÃO PAULO - SP
2018
MARCOS PAIVA BRITO
BANCA EXAMINADORA
São Paulo
2018
Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação de
mestrado, por processo de fotocopiadoras ou eletrônicos.
Assinatura
Data
E-mail
SÃO PAULO - SP
2018
Á Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) pelo apoio financeiro via
bolsa de estudos ADVENIAT.
AGRADECIMENTOS
Apocalipse 4 é um texto de leitura simples em português, mas não tão simples na língua em
que foi escrito (em grego). À primeira vista, a língua portuguesa não apresenta nenhuma
diferença do trono do versículo 2 para os tronos do versículo 4. A palavra (καθήμενος) mais
próxima do termo no versículo 2 também aparece no versículo 4. No primeiro, o vidente vê
“Alguém” sentado no trono. No segundo, ele vê vinte e quatro anciãos sentados em vinte e
quatro tronos. Esses anciãos estão aparentemente sentados nestes tronos como “Aquele” que
está sentado no trono no versículo 2. No entanto, o texto grego apresentou uma variação na
análise léxica do termo nos dois versículos. O propósito deste estudo foi realizar um estudo
bíblico-teológico sobre o trono em Apocalipse 4, considerando a análise gramatical do
substantivo θρόνος e das principais palavras ligadas a ele. A partir de um estudo crítico-
textual, da tradução da perícope segmentada, e das análises morfológica e sintática sobre o
termo em Apocalipse 4, definiu-se o sentido primário do termo. Também, considerou-se o
sentido secundário dele de acordo com o caso grego em que ele é regido. Este estudo bíblico
baseia-se na Quarta Edição do Novo Testamento Grego. No estudo das variantes dos
versículos 2 e 4, propostas para análise neste trabalho, também são usados os textos gregos de
Tischendorf e a 27ª edição de Alan-Nestlè. Do texto grego da quarta edição abstrai-se o texto
de Apocalipse 4, o qual é segmentado e traduzido literalmente. Para o estudo lexical
consultou-se dicionários gregos, léxicos, concordâncias, chaves bíblicas e gramáticas gregas.
Na parte da exegese do texto, comentários de estudiosos do livro do Apocalipse foram
pesquisados. A passagem de Apocalipse 4, no que se refere ao trono de Deus e aos outros
tronos presentes no texto e no livro, é simples mas apresenta diferenças lexicalmente
consideráveis. Alguns estudiosos consideram os tronos dos vinte e quatro anciãos literalmente
menores, em comparação com o trono de Deus. Outros consideram esses tronos iguais ao
trono de Deus. No entanto, o estudo gramatical mostrou que o trono de Deus difere dos tronos
dos anciãos. E, sua presença no livro do Apocalipse traz consigo características ímpares de
Deus e de Seu trono, que outros as possuem, como um reflexo dessas características.
Apocalypse 4 is a simple reading text in portuguese, but not so simple in the language in
which it was written (Greek). At first glance, the portuguese language presents no difference
from the throne of verse 2 to the thrones of verse 4. The word (καθήμενος) closest to the term
in verse 2 also appears in verse 4. In the first, the seer sees One sitting in the throne. Ιn the
second, he sees twenty-four elders seated on twenty-four thrones. These elders are apparently
seated on these thrones as the One sitting on the throne in verse 2. However, the greek text
presented a variation in the lexical analysis of the term in the two verses. The purpose of this
study was to conduct a biblical-theological study of the throne in Revelation4, considering the
grammatical analysis of the noun θρόνος and the main words attached to it. From a critical-
textual study, from the translation of the segmented pericope, and from the morphological and
syntactic analyzes of the term in Revelation 4, the primary meaning of the term was defined.
The secondary sense of it was also considered in accordance with the Greek case in which it is
ruled. This bible study is based on the Fourth Edition of the Greek New Testament. From it is
abstracted the text of Revelation 4, which is segmented and translated literally. To analyze the
text lexically, Greek dictionaries, lexicons, concordances, biblical keys and Greek grammars
were consulted. In the exegesis part of the text, comments from scholars in the book of
Revelation were searched. The morphosyntactic analysis counted current greek grammars.
The passage from Revelation 4, concerning the throne of God and the other thrones present in
the text and in the book, is simple but presents lexically considerable differences. Some
scholars consider the thrones of the twenty-four elders lesser than the throne of God. Others
consider these thrones equal to the throne of God. However, grammatical study has shown
that God's throne differs from the thrones of the elders. And his presence in the book of
Revelation brings with it unparalleled characteristics of God and His throne, which others
possess as a reflection of these characteristics.
Dissertação
Assunto
Apocalipse 4 é um texto de leitura simples em português, mas não tão simples na
língua em que foi escrito (em grego). À primeira vista, a língua portuguesa não apresenta
nenhuma diferença do trono do versículo 2 para os tronos do versículo 4. A palavra
(καθήμενος) mais próxima do termo no versículo 2 também aparece no versículo 4. No
primeiro, o vidente vê “Alguém” sentado no trono. No segundo, ele vê vinte e quatro anciãos
sentados em vinte e quatro tronos. Esses anciãos estão aparentemente sentados nestes tronos
como “Aquele” que está sentado no trono no versículo 2. No entanto, o texto grego
apresentou uma variação na análise léxica do termo nos dois versículos.
Propósito
O propósito deste estudo foi realizar um estudo bíblico-teológico sobre o trono em
Apocalipse 4, considerando a análise gramatical do substantivo θρόνος e das principais
palavras ligadas a ele. A partir de um estudo crítico-textual, da tradução da perícope
segmentada, e das análises morfológica e sintática sobre o termo em Apocalipse 4, definiu-se
o sentido primário do termo. Também, considerou-se o sentido secundário dele de acordo com
o caso grego em que ele é regido.
Fontes
Este estudo bíblico baseia-se na Quarta Edição do Novo Testamento Grego. No
estudo das variantes dos versículos 2 e 4, propostas para análise neste trabalho, também são
usados os textos gregos de Tischendor e a 27ª edição de Alan-Nestlè. Do texto grego da
quarta edição abstrai-se o texto de Apocalipse 4, o qual é segmentado e traduzido literalmente.
Para o estudo lexical consultou-se dicionários gregos, léxicos, concordâncias, chaves bíblicas
e gramáticas gregas. Na parte da exegese do texto, comentários de estudiosos do livro do
Apocalipse foram pesquisados.
Considerações Finais
A passagem de Apocalipse 4, no que se refere ao trono de Deus e aos outros tronos
presentes no texto e no livro, é simples mas apresenta diferenças lexicalmente consideráveis.
Alguns estudiosos consideram os tronos dos vinte e quatro anciãos menores, em comparação
11
com o trono de Deus. Outros consideram esses tronos iguais ao trono de Deus. No entanto, o
estudo gramatical mostrou que o trono de Deus difere dos tronos dos anciãos. E, sua presença
no livro do Apocalipse traz consigo características ímpares de Deus e de Seu trono, que outros
as possuem, como um reflexo dessas características.
12
Dissertation
Date of defense:
The Topic
Apocalypse 4 is a simple reading text in portuguese, but not so simple in the
language in which it was written (Greek). At first glance, the portuguese language presents no
difference from the throne of verse 2 to the thrones of verse 4. The word (καθήμενος) closest
to the term in verse 2 also appears in verse 4. In the first, the seer sees One sitting in the
throne. Ιn the second, he sees twenty-four elders seated on twenty-four thrones. These elders
are apparently seated on these thrones as the One sitting on the throne in verse 2. However,
the greek text presented a variation in the lexical analysis of the term in the two verses.
The Purpose
The purpose of this study was to conduct a biblical-theological study of the throne in
Revelation4, considering the grammatical analysis of the noun θρόνος and the main words
attached to it. From a critical-textual study, from the translation of the segmented pericope,
and from the morphological and syntactic analyzes of the term in Revelation 4, the primary
meaning of the term was defined. The secondary sense of it was also considered in
accordance with the Greek case in which it is ruled.
Sources
This bible study is based on the Fourth Edition of the Greek New Testament. From it
is abstracted the text of Revelation 4, which is segmented and translated literally. To analyze
the text lexically, Greek dictionaries, lexicons, concordances, biblical keys and Greek
grammars were consulted. In the exegesis part of the text, comments from scholars in the
book of Revelation were searched. The morphosyntactic analysis counted current greek
grammars.
Final considerations
The passage from Revelation 4, concerning the throne of God and the other thrones present in
the text and in the book, is simple but presents lexically considerable differences. Some
scholars consider the thrones of the twenty-four elders lesser than the throne of God. Others
consider these thrones equal to the throne of God. However, grammatical study has shown
that God's throne differs from the thrones of the elders. And his presence in the book of
Revelation brings with it unparalleled characteristics of God and His throne, which others
possess as a reflection of these characteristics.
13
PROJETO DE PESQUISA
1. Objetivos gerais
Este projeto tratará sobre a presença do trono em Apocalípse 4, com ênfase nas
palavras θρόνος e καθήμενος. E se dará por meio de um estudo bíblico-teológico, com o fim
de realçar seu significado, no antigo testamento e no novo testamento, e sua importância para
o livro do Apocalípse.
2. Objetivos específicos
3. Justificativa
4. Hipóteses
Por ser um livro “misterioso” e cheio de símbolos (“besta com sete cabeças e dez
chifres”, Ap 13,1; 17,3, “mulher vestida do sol” [12,1], “sete trombetas” [8], “144 mil selados”
14
[7,4], “quatro criaturas viventes” [4,6]), o Apocalipse parece ser de difícil interpretação. A
interpretação varia entre literal, histórica, simbólica e narrativa. Todavia, pergunta-se: O
“trono” mencionado em Apocalipse 4, é um local, um móvel ou um imóvel? O “trono” do
vesículo 2 é igual ou diferente dos “tronos” do versículo 4, quando? Lexicalmente, os tronos
dos dois versículos (2 e 4) pertencem a uma interpretação figurada? Eles contêm elementos
históricos, ou fazem parte de uma narrativa? O que diz o texto grego?
5. Metodologia de Pesquisa
A presente pesquisa não propõe esgotar os pontos de vista sobre a visão do capítulo
em questão, mas apresentará uma investigação coerente, dentro das análises mencionadas nos
Objetivos Específicos deste projeto, em relação ao texto da perícope (Ap 4,1-11).
6. Limites da pesquisa
Este trabalho não constitui uma pesquisa conclusiva sobre o trono em Apocalipse e em
outros livros. Limita-se em estudar sobre a presença dele no versículo 2, em comparação com
os tronos do versículo 4, do capítulo 4 de Apocalipse, mapeando-o no livro e
intertextualizando-o com outros livros da Bíblia, com a finalidade de saber o seu significado,
conforme prescrito nos itens 1 e 2 deste projeto.
A perícope foi escolhida somente com os 11 versículos do capítulo 4, pois alí, a
palavra “trono” está regida nos casos nominativo, acusativo, genitivo e dativo. O autor desta
pesquisa encontra suficiente argumentação para diferenciar o trono do versículo 2, dos tronos
do versículo 4.
1. Crítica textual
2. Delimitação
3. Segmentação e tradução
4. Análise léxico-morfológica
5. Análise morfossintática
15
INTRODUÇÃO
A Bíblia parece apresentar o céu como o “trono de Deus” (Is 66,1), e também faz dele
um móvel usado por soberanos em qualquer ocasião. Como o Rei dos céus, por exemplo, o
“trono” faz menção a Cristo (Sl 110,1; 1,8 e Ap 3,21), e coloca os discípulos dEle em
participação da Sua glória real (Lc 22,30; Ap 4,4 e 5,10). A seriedade do significado do termo
parece não admitir juramentos em nome dele (Mt 5,34 e 23,22).
O conceito de “trono” na Bíblia é muito amplo, pois a origem hebraica do termo têm
sentidos literais e figurados. A palavra hebraica que traduz “trono” é כִּ סֵּ א, kisse ou kisseh que
é um substantivo masculino e origina-se de Kese, que literalmente significa “assento de
honra” ou “trono”1.
A NASB2 traduz como “cadeira”, “assento oficial”, “trono”, ou “trono dos tronos”.
Como substantivo masculino absoluto, ele aparece em Gênesis 41,40 e duas vezes em 1Reis
10,19. Em Isaías 14,9, com o sufixo, כִּ ְסאוֺ תָ ם, mikkis’owtam, geralmente significa “sede de
honra”, implicando em um local de honra.
Parece que cada texto tem um contexto particular do termo, todavia, com uma
diversidade significativa dele na Bíblia. Ao se fazer uma exposição exegética do assunto, este
trabalho procurará fazer uma intertextualidade do termo no antigo e no novo testamento,
levando em consideração o conceito que se tinha no antigo oriente médio. E será finalizado
com comentários patrísticos e com uma exposição sobre a importância do trono em
Apocalipse 4.
1
STRONG, J. Nueva Concordância Strong Exhaustiva. Concordância Exhaustiva de La Biblia. Sociedade
Bíblica do Brasil. Barueri-SP. 2002.
2
Ibid.
17
Parece que não se pode esgotar o assunto do trono na Bíblia apenas em uma
dissertação de mestrado, pois ele é extenso. Todavia, pode-se fazer um estudo biblico-
teológico sobre o assunto no texto proposto para a pesquisa (Ap 4).
Neste capitulo será feita a apresentação do texto grego, considerando a crítica textual,
seguida das delimitações textuais e das análises exegéticas dele. E será proposta uma
segmentação com uma tradução literal da perícope.
1. Crítica textual
O Texto
v. 2: Εὐθέως ἐγενόμην ἐν πνεύματι καὶ ἰδοὺ θρόνος ἔκειτο ἐν τῷ οὐρανῷ καὶ ἐπὶ τὸν θρόνον καθήμενος
v. 4: Καὶ κυκλόθεν τοῦ θρόνου θρόνους εἴκοσι τέσσαρες καὶ ἐπὶ τοὺς θρόνους εἴκοσι τέσσαρας πρεσβυτέρους
καθημένους περιβεβλημένους ἐν ἱματίοις λευκοῖς καὶ ἐπὶ τὰς κεφαλὰς αὐτῶν στεφάνους χρυσοῦς
A sequência das palavras dos versículos acima é apoiada não apenas por Kurt Aland,
mas por Tischendorf4 e pela 27ª edição de Alan-Nestlé5. As variantes de ambos os versículos
são diferentes nos textos gregos mencionados. Além dos textos gregos de Kurt Aland e
Tischendorf, será usado o texto majoritário para a análise de algumas variantes do versículo 1.
3
ALAND, K; ALAND, B. O novo testamento grego. Quarta edição revisada com introdução em português e
dicionário grego – português. Sociedade Biblica do Brasil, 2008, 707.
4
TISCHENDORF, C. Novun Testamentun Graece. Volumen II. Lipsiae. Eeseci & Devrient. 1872, 928-929.
5
ALAND-NESTLE. Novum Testamentun Graece. 27ª Edição. Deutsche Bibel Gesellschaft. 2012, 640.
18
Mas como foi dito, não serão analisadas todas as variantes do capítulo, pois são muitas, e cada
texto grego traz variantes diferentes.
Antes de analisar as variantes dos versículos acima, será feita uma explicação rápida
do porquê de não se estudar todas as variantes do capítulo. Como exemplo, se fará um estudo
das variantes que aparecem nos versículos 1 e 11, nos textos da 27ª edição, no texto
majoritário e no texto grego de Tischendorf, com o objetivo de mostrar que não há
necessidade dessa análise para as outras variantes.
Variantes do versículo 1
Lição 1: εἶδον
Tischendorf traz no seu aparato crítico 9 εἶδον, que é atestado por principais
manuscritos, como o Sinaítico e o Alexandrino (χ A), entre outros (cf. Tschendorf para os
manuscritos B e 7. 14. 92). Outros manuscritos trazem ἶδον, como o manuscrito P e AL. A
lição 1, é atestada pelos principais manuscritos, sendo eles os mais antigos, e gregos.
Lição 2: ἰδοὺ
A lição 2, é atestada pelo manuscrito P e autoridade Pler, más, são mais tardios que os
da lição 1. Se for considerada a lição 2, ter-se-á aqui um imperativo como sujeito oculto (eu),
uma referência a João. A tradução literal seria “olhei”. Se for considerada a lição 1, haverá
6
Ibid. 927-928.
7
Novum Testamentun Graece. 28ª Edição. Deutsche Bibel Gesellschaft. 2012.
8
GOMES, P. S; OLIVETTI, O. O Novo Testamento Interlinear Analítico Grego – Português. Texto Majoritário
com Aparato Crítico. Grego-Português. Editora Cultura Cristã: São Paulo-SP. 2008, 916.
9
TISCHENDORF, 927-932.
19
uma semelhança com o imperativo ἰδοὺ, que também funciona como um imperativo, todavia,
para chamar a atenção10.
No entanto, a variante da lição 1 é ἶδον, um aoristo, e vem de όράω, que significa ver
ou olhar11. A evidência interna da lição 2, parece ser mais coerente com o texto, pois se o
sujeito é o próprio vidente, logo ele vê ou olha na visão. Apesar de a lição 1 ser atestada pelos
principais manuscritos, a lição dois parece dar mais sentido à frase: “Depois destas olhei”.
Também não traria nenhuma discrepância teológica se a frase fosse de acordo com a lição 1:
“Depois destas olhe!”, obrigatoriamente João teria que olhar depois da visão de Apocalípse
3,22.
Lição 1: ηνεῳγμένη
Lição 2: ανεῳγμένη
Parecer:
10
BAGSTER, S. Lexicographical IIlustration of the Meanings GREEK LEXICON. Original Cópias. 2003, 117,
199.
11
ΗΑΜΙLTON, H. R. A Greek-English Lexicon: Containing All the Words in General. New Edition. London.
Lookwood & CO. 1871, 129.
12
GOMES, P. S; OLIVETTI, Odayr O Novo Testamento Interlinear Analítico Grego – Português. 916.
13
Ibid.
14
Ibid.
15
BAGSTER, S. Lexico graphical IIlustration of the Meanings GREEK LEXICON. 187.
20
As variantes trazidas pela 27ª edição de Aland-Nestlé, ἰδοὺ, ἀνάβα e ἀ18, são atestadas
pelo manuscrito Sinaítico de forma primária, e também é incluída nos manuscritos 2344 e T.
A segunda variante é incluída no Sinaítico, no Vaticano e Códex P. Alguns omitem a palavra,
é o caso de André e ARE19. E Δ inclui αναβηθι. A última variante ἀ é substituída por οσα, no
manuscrito Alexandrino20.
16
Ibid. 29.
17
HALSETH, J. A. Bíblia Português-Grego: Almeida Recebida 1848-Modern Greek 1904. Truth BeTold
Ministry 8 de janeiro de 2017.
18
Conferir o aparato o Novum Testamentun Graece. 27ª Edição. Deutsche Bibel Gesellschaft. 2012.
19
Ibid.
20
Ibid.
21
OMANSON, R. L. Variantes textuais do Novo Testamento. Análise e Avaliação do Aparato Crítico de “O
Novo Testamento Grego”. Sociedade Bíblica do Brasil. Baruerí - São Paulo. 2010, 551-552.
22
Ibid.
23
Ibid.
21
Variante do versículo 11
24
Os seguintes manuscritos trazem a lição 1: אA 205 209 1006 1611 1841 2053 Biz itar, gig, t vg Apríngio mssseg.
Primásio
Beato.
25
Os seguintes manuscritos trazem a lição 2: P 1854 2050 2344 copsa eti André.
26
A lição 3 é adotada pelo manuscrito 2329 arm.
27
A lição 4 aparece no manuscrito 046.
28
A lição 5 aparece no manuscrito de Varimadum Fulgênci Primásio.
29
OMANSON, R. L. Variantes textuais do Novo Testamento. Análise e Avaliação do Aparato Crítico de “O
Novo Testamento Grego”. Sociedade Bíblica do Brasil. Baruerí - São Paulo. 2010, 551-552.
22
Como se percebe, João não parece afirmar que as “coisas” existiam antes mesmo de
serem criadas, mas que elas foram criadas e passaram a existir por vontade de Deus, ou Deus
quis que elas existissem e por isso, foram criadas.
A variante analisada não interfere na pré-existência do trono na visão. O trono existe e
tudo o que está ambientando o trono, está a despeito dele, pois O que está sentado no trono é
apresentado como Digno, Todo Poderoso, Santo e Criador. A seguir, serão analisadas as
variantes dos versículos 2 e 4, conforme os textos gregos mencionados na introdução deste
capítulo.
Variantes do versículo 2
Variantes do versículo 4
30
ALAND-NESTLÈ. Novum Testamentun Graece. 27ª edição. 640.
31
TISCHENDORF, C. Novun Testamentun Graece. Volumen II. Lipsiae. Eeseci & Devrient. 1872, 928.
32
ALAND-NESTLÈ. 27ª edição. 640.
33
Ibid. 928.
23
τέσσαρες. Finalmente, o termo χρυσοῦς, também tem o sigma final substituído. Esta mudança
tem o apoio do Códex Sinaíticus.
Lição 1:
Os seguintes manuscritos trazem θρόνοι εἴκοσι τέσσαρες: P 046 1006 1611 1841 1854
2050 2329 2344 2352, etc.
Lição 2:
Lição 3:
Lição 4:
Os manuscritos 046 1006 1611 1841 e 2351 acrescentam τοὺς em: θρόνους τοὺς εἴκοσι
τέσσαρες.
A diferença nas lições acima está entre a primeira que coloca θρόνοι no caso
nominativo e não no acusativo como nas demais lições: θρόνους. Porém, é bom lembrar que o
caso nominativo em grego rege em português o substantivo e o complemento predicativo 34.
Isto é, o termo no nominativo não concorda com o texto.
Outro problema está em que na lição 4, há o acréscimo do artigo τοὺς, que está
também no acusativo plural, combinando com as lições 2 e 3.
Manuscritos Antigos
34
APOLINÁRIO, P. Grego para o Curso Teológico. Quarta edição. Editora Universitária Adventista. São Paulo
– SP. 1991, 30.
35
WOIDE, C. G. Códex Alexandrinus. Novum Testamentun Grace. Londini. 1960, 475-476.
24
alterações para os casos gregos que foram mencionados neste trabalho, quando ligado ao
verbo “sentado”: 2 Immediately I was in spirit; and behold, a throne was set in heaven and upon the throne
was one sitting, 4 And round about the throne were twenty-four thrones; and upon the twenty-four thrones I saw
elders sitting, clothed in white raiment, and on their head golden crowns.
Observe-se que ambos os códexs não diferem com os textos gregos de Alan-Nestlè,
Tischendorf e de Kurt Aland. Portanto, não há nenhuma discrepância linguística de difícil
interpretação do termo que altere o sentido dele no texto.
2. Delimitação
A1 O anjo enviado para mostrar "as coisas que devem acontecer logo" (Ap 1,1)
B1 O anjo enviado para mostrar “as coisas que devem acontecer logo” (Ap 22,6)
A3 Da explicação que o prólogo faz de Apocalípse 1,2 quando diz que o livro contém
"a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo"
B3 O epílogo conclui: "Eu Jesus, enviei meu anjo para lhes dar testemunho destas
coisas nas igrejas" (Ap 22,16).
36
ANDERSON, H. T. Códex Sinaíticus. The New Testament in English Translated from the Sinaitic Manuscript
Discovered by Constantine Tischendorf at Mt. Sinai by H. T. Anderson And begun in 1861.
37
LARONDELLE, K. H. Las Profecias del Fin. Enfoque Contextual-Bíblico. Asociación Casa Editora
Sudamericana. Florida. Buenos Aires-Argentina. 1997, 97-98.
38
Ibid.
25
A4 A promessa de chegar a ser "coluna no templo de Deus" com a inscrição dos nomes de Deus e de Cristo e da
Nova Jerusalém (3,12)
Apocalípse 4 ao 6 Apocalipse 19 a 20
4,1.4.9; 5,13.14 – começam com um céu 19,1.4- também começa apresentando a
aberto, em que 24 anciãos e 4 viventes adoração destes seres (v 4)
adoram Ao que está sentado no trono
6,2 – há uma descrição de um cavaleiro 19,11 – também faz uma descrição de um
branco cavaleiro branco
No capítulo 6 é descrito o progresso no Nos capítulos 19-20 também se descreve a
tempo, falando das “almas debaixo do altar” dimensão grandiosa do tempo, por meio de
39
LARONDELLE, K. H. Las Profecias del Fin. Enfoque Contextual-Bíblico. Asociación Casa Editora
Sudamericana. Florida. Buenos Aires-Argentina. 1997, 105-106.
26
“almas mártires”
Em 6,10, se ouve o clamor: “Até quando, No capítulo 19 se escuta um canto de vitória:
Senhor, santo e verdadeiro, não julgas e “Aleluia!... porque teus juízos são verdadeiros
vingas nosso sangue...?” e justos... vingou o sangue de seus servos da
mão dela (a grande meretriz – vs 1-2)
No capítulo 6 solicíta-se a justiça Nos capítulos 19 e 20, a justiça é outorgada
Fonte: Autor, 2018.
Com esse esboço simétrico, LaRondelle faz do livro de Apocalípse duas grandes
divisões (1-14 e 15-22): a primeira seria a era histórica da igreja (Ap 1-14), e a última, a era
do juízo futuro. Com isso, ele sugere que o livro seja estudado dentro destas duas divisões40.
No entanto, esse modelo estende a visão do capítulo 4 até o capítulo 6. Nesse caso,
não seria coerente estrutuar a perícope de acordo com esse modelo, tendo em vista, também, a
clareza das “interrupções” linguísticas e das diferenças entre os personagens das perícopes
anterior e posterior à do capítulo 4 de Apocalípse.
40
Ibid. 115-117.
41
LADD, J. E. Apocalipse Introdução e Comentário. Série cultura bíblica. Sociedade Religiosa ediçao Vida
Nova e Associação Religiosa editora Mundo Cristão. 1972, 57.
42
CHAMPLIN, R. N. PH. D.. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, vol VI. Sociedade
Religiosa A VOZ BÍBLICA. Guaratinguetá-SP. 1996, 438.
43
ALLAN, D. Um estudo do Apocalipse de Jesus Cristo. Sociedade Bíblica do Brasil. São Paulo-SP. 2006, 45.
27
posteriores a ele devia ter lugar depois do que foi relatado nos capítulos anteriores 44. Apesar
de ser um artifício literário, Champlin diz que o uso de “depois destas” indica apenas o desvio
da atenção do vidente da terra para o céu45.
A partir dessa mudança na linguagem discursiva, será feita a delimitação da perícope.
Em seguida, será feito um estudo concêntrico do primeiro versículo da perícope (Ap 4,1) para
exemplificar a explicação acima. Depois, a perícope será estruturada a partir dos personagens
dos sujeitos e dos verbos, os quais são normatizados pelo termo objeto deste estudo (trono).
Observe-se conforme o modelo abaixo que o verbo εἶδον [A], descreve o profeta
olhando na visão. A expressão δείξω σοι [A1], aponta para o chamamento do profeta para ver.
A expressão ἐν τῷ οὐρανῷ [B] é o lugar aonde o vidente é chamado a subir [C]. O mesmo não
acontece na perícope anterior (Ap 2,1-3,22).
Desse modo, o versículo 1, que é a primeira seção desta estrutura, é dividido assim:
A Μετὰ ταῦτα εἶδον,
B καὶ ἰδοὺ θύρα ἠνεῳγμένη ἐν τῷ οὐρανῷ,
C καὶ ἡ φωνὴ ἡ πρώτη ἣν ἤκουσα ὡς σάλπιγγος λαλούσης μετ’ ἐμοῦ λέγων
B1 ἀνάβα ὧδε,
A1 καὶ δείξω σοι ἃ δεῖ γενέσθαι μετὰ ταῦτα
Na primeira parte da estrutura (A), o verbo εἶδον (olhei) pode ser ligado com a frase
“...e te mostrarei” (καὶ δείξω σοι - A1). A letra B aponta para o lugar onde o profeta é
chamado a ir: “no Céu” (ἐν τῷ οὐρανῷ), e o chamamento ocorre em B1: “suba aqui” (ἀνάβα
ὧδε). A voz ouvida pelo profeta é apontada pela letra C: “e a voz a primeira que ouvi falando
comigo...” (καὶ ἡ φωνὴ ἡ πρώτη ἣν ἤκουσα ὡς σάλπιγγος λαλούσης μετ’ ἐμοῦ...).
A segunda seção não apresenta uma estrutura concêntrica como o versículo 1, e é
organizada a partir dos sujeitos e do termo normativo da perícope: “o Trono”. O trono
envolve todas as coisas ao seu redor de maneira orgânica, fazendo com que a estrutura da
perícope seja coesiva46.
Nesta seção, são identificados alguns sujeitos. Depois de εὐθέως (imediatamente), é
descrito o primeiro sujeito, sendo ele oculto: ἐγενόμην (Eu estava). O escritor do livro do
Apocalípse sugere que seu estado na visão era “em espírito”. Na sequência, aparece o
segundo sujeito, oculto: ἰδοὺ (Eis), o qual obriga o agente da passiva θρόνος (trono) a ligar-se
ao verbo ἔκειτο (posto), e este, ao que está “sentado” (καθήμενος).
A Εὐθέως ἐγενόμην ἐν πνεύματι - João entra em visão e seu estado é “em espírito”
B καὶ ἰδοὺ θρόνος ἔκειτο ἐν τῷ οὐρανῷ,– ele vê um trono posto no céu
44
SMITH, U. Considerações sobre Daniel e Apocalipse. Centro White Press. Segunda edição. Engenheiro
Coelho-SP. 2014, 257.
45
CHAMPLIN, 438.
46
WEGNER, U. Exegese do Novo Testamento. Manual de Metodologia. 5ª edição. Editora Sinagogal: Paulus.
1998, 85.
28
C καὶ ἐπὶ τὸν θρόνον καθήμενος – foi visto por João alguém sentado sobre o trono
B1 καὶ ὁ καθήμενος ὅμοιος ὁράσει λίθῳ ἰάσπιδι καὶ σαρδίῳ
Comparação
B2 καὶ ἶρις κυκλόθεν τοῦ θρόνου ὅμοιος ὁράσει σμαραγδίνῳ.
Como se pode perceber, a segunda parte da estrutura da quarta seção (C) deveria estar
destacada pela letra A. No entanto, por ser a palavra normativa da perícope, ela pode ser
encaixada com a letra C, como uma palavra coesiva para esta estrutura.
A quinta seção dá início à descrição do quarto personagem, falando de sua aparência e
de suas ações de louvor. Ela é organizada a partir da palavra θρόνου (trono), que serve como
norma para os comparativos de “mar de vidro” e dos “quatro viventes” representados pela
letra C.
A καὶ ἐνώπιον τοῦ θρόνου ὡς θάλασσα ὑαλίνη ὁμοία κρυστάλλῳ.
B Καὶ ἐν μέσῳ τοῦ θρόνου
C καὶ κύκλῳ τοῦ θρόνου τέσσαρα ζῷα ὀφθαλμῶν μπροσθεν καὶ ὄπισθεν
C1 τέσσαρα ζῷα γέμοντα ὀφθαλμῶν μπροσθεν καὶ ὄπισθεν.
C1.1 καὶ τὸ ζῷον τὸ πρῶτον ὅμοιον λέοντι
C1.2 καὶ τὸ δεύτερον ζῷον ὅμοιον μόσχῳ
C1.3 καὶ τὸ τρίτον ζῷον ἔχων τὸ πρόσωπον ὡς ἀνθρώπου
C1.4 καὶ τὸ τέταρτον ζῷον ὅμοιον ἀετῷ πετομένῳ
29
Esta seção (6ª), é uma sequência da quinta, visto tratar do cântico do personagem dela,
τέσσαρα ζῷα (os quatro viventes).
A λέγοντες· - os viventes dizem:
B ἅγιος ἅγιος ἅγιος – santo santo santo
C κύριος ὁ θεὸς ὁ παντοκράτωρ – o senhor o Deus o TodoPoderoso
D ὁ ἦν, καὶ ὁ ὢν καὶ ὁ ἐρχόμενος – o que era, e É, e virá.
Como se pode observar, na primeira parte (A) afirma-se que os viventes “dizem”. Na
segunda parte da estrutura (B) encontram-se os dizeres deles: santo, santo, santo. Na terceira
parte (C), o vocativo anuncia Aquele a quem pertecem os dizeres, finalizando com uma
evocação à existência passada e presente dEste (o que é chamado de Santo, o Deus, o Senhor
e o TodoPoderoso). No entanto, apesar de ὁ θεὸς (o Deus) ser ὁ παντοκράτωρ (Todo
Poderoso), tanto um quanto o outro são um vocativo.
Por fim, a última seção conclui a cena do capítulo 4 do livro do Apocalipse, a qual
intrinsecamente trata dos personagens das seções 3 e 5, os quais são ligados pelas ações de
louvor. As palavras em negrito serão explicadas após a análise da estrutura abaixo.
3. Segmentação e tradução
47
CLARKE, A, L. D., F. S. A. The New Testamento of our Lord and Saviour Jesus Christ. The Text. Vol. II.
Romans to the Revelation. Abngdon, Cokesbury Press: New York-Nastiville. 1832, 986.
48
LADD. Apocalipse Introdução e Comentário. Série cultura bíblica. Sociedade Religiosa ediçao Vida Nova e
Associação Religiosa editora Mundo Cristão.1972, 54.
49
Ibid., 61.
32
καὶ διὰ τὸ θέλημά σου ἦσαν καὶ ἐκτίσθησαν 11c E para a vontade sua existiram e foram criadas
Fonte: autor, 2018.
4. Análise literário-estilística
De acordo com a tabela acima, são apresentados os seguintes sujeitos: João, uma porta
aberta, um trono, alguém sentado no trono, um arco-íris, vinte e quatro tronos, relâmpagos,
vozes e trovões, um mar de vidro e quatro viventes. Na margem direita da tabela são descritos
as ações destes sujeitos.
Todavia, o termo normativo da perícope (trono) torna o capítulo 4 de Apocalipse
independente dos capítulos anteriores e posteriores. As expressões ligadas ao termo (“sobre o”,
“em torno do”, “diante do”, “do”, “no meio e em torno do”) complementam a clareza da
coesão na perícope. Esta explicação pode ser percebida no quadro abaixo.
Apocalipse 4,1-11
1 a Μετὰ ταῦτα εἶδον
Depois destas olhei
b καὶ ἰδοὺ θύρα ἠνεῳγμένη ἐν τῷ οὐρανῷ
E eis uma porta estava aberta no céu
c καὶ ἡ φωνὴ ἡ πρώτη ἣν ἤκουσα ὡς σάλπιγγος λαλούσης μετ’ ἐμοῦ λέγων
João vê uma porta aberta, ouve uma
E a voz a primeria que ouvi como de trombeta falando comigo dizendo
d ἀνάβα ὧδε
Suba aqui voz que lhe pede para subir. Logo se
e καὶ δείξω σοι ἃ δεῖ γενέσθαι μετὰ ταῦτα
E lhe mostrarei o que deve acontecer depois destas acha em espírito e vê um trono e
2 a Εὐθέως ἐγενόμην ἐν πνεύματι Alguém sentado
Imediatamente eu estava em espírito
b καὶ ἰδοὺ θρόνος ἔκειτο ἐν τῷ οὐρανῷ
E eis trono posto no céu
c καὶ ἐπὶ τὸν θρόνον καθήμενος
E sobre o trono sentado
A palavra trono liga todos os
3 a καὶ ὁ καθήμενος ὅμοιος ὁράσει λίθῳ ἰάσπιδι καὶ σαρδίῳ
E o sentado semelhante em aparência de pedra de jaspe e sárdio
elementos do texto em quase todos
b καὶ ἶρις κυκλόθεν τοῦ θρόνου ὅμοιος ὁράσει σμαραγδίνῳ os versículos. Tudo está “em torno”,
E arco-íris em torno do trono semelhante em aparência de esmeralda
“sobre”, “diante”, “do” e no meio”,
4 a Καὶ κυκλόθεν τοῦ θρόνου θρόνους εἴκοσι τέσσαρες etc.
E em torno do trono vinte e quatro tronos
b καὶ ἐπὶ τοὺς θρόνους εἴκοσι τέσσαρας πρεσβυτέρους καθημένους
περιβεβλημένους ἐν ἱματίοις λευκοῖς καὶ ἐπὶ τὰς κεφαλὰς αὐτῶν στεφάνους χρυσοῦς
E sobre os tronos vinte e quatro anciãos sentados
vestidos em vestimentas brancas e sobre as cabeças deles coroas de ouro
5 a Καὶ ἐκ τοῦ θρόνου ἐκπορεύονται ἀστραπαὶ καὶ φωναὶ καὶ βρονταί
E do trono saem relâmpagos e vozes e trovões Há um forte indicativo de que a
b καὶ ἑπτὰ λαμπάδες πυρὸς ἐνώπιον τοῦ θρόνου ἅ εἰσιν τὰ ἑπτὰ πνεύματα
τοῦ θεοῦ palavra “Trono”, é a palavra central
E sete lâmpadas de fogo queimam diante do trono que são os sete es- do capíulo
píritos de Deus
6 a καὶ ἐνώπιον τοῦ θρόνου ὡς θάλασσα ὑαλίνη ὁμοία κρυστάλλῳ
E diante do trono como mar de vidro semelhante cristal
b Καὶ ἐν μέσῳ τοῦ θρόνου καὶ κύκλῳ τοῦ θρόνου τέσσαρα ζῷα
ὀφθαλμῶν γέμοντα ἔμπροσθεν καὶ ὄπισθεν
E em meio do trono e em torno do trono quatro viventes
cheios de olhos em frente e atrás
7 a καὶ τὸ ζῷον τὸ πρῶτον ὅμοιον λέοντι
E o primeiro vivente semelhante leão
b καὶ τὸ δεύτερον ζῷον ὅμοιον μόσχῳ
E o segundo vivente semelhante bezerro
c καὶ τὸ τρίτον ζῷον ἔχων τὸ πρόσωπον ὡς ἀνθρώπου
E terceiro vivente tendo rosto como homem
d καὶ τὸ τέταρτον ζῷον ὅμοιον ἀετῷ πετομένῳ
E o quarto vivente semelhante águia a voar
36
É interessante notar que das ocorrências em que o termo se encontra, duas estão no
caso acusativo, e são plurais (cf. v. 4). O mesmo acontece no versículo 2, no acusativo, no
singular, más a segunda vez está no nominativo. Nos versículos 5, 6 e 10 o termo está no
singular, más no caso genitivo. Já no versículo 9, o caso é o dativo.
Todavia, ἐνώπιον τοῦ (diante do) aparece uma vez ligada a “Ao que está sentado sobre
o trono”, com a expressão ἐνώπιον τοῦ καθημένου ἐπὶ τοῦ θρόνου (diante do que está sentado
sobre o trono, v. 10), em vez de ἐνώπιον τοῦ θρόνου (diante do trono) conforme os versículos
5 e 6. No versículo 6, o substantivo θρόνος é acompanhado de duas expressões: ἐν μέσῳ τοῦ
37
(em meio do), porém, acompanhado de κύκλῳ τοῦ (em torno), o mesmo complemento
advervial de lugar “em meio do trono”, o que faz com que se torne singular na perícope.
5. Análise léxico-morfológica
Dos verbos
Outras palavras
50
MURACHCO, H. Língua Grega: Visão semântica, lógica, orgânica e funcional. Vol 1. Teoria. 2ª edição.
Editora Vozes. Petrópolis-São Paulo. 2003, 244-251.
38
acusativo, 1 no dativo e os outros (5) no genitivo. Dos 49 artigos, 17 estão regidos pelo caso
nominativo, 5 pelo dativo, 13 pelo genitivo, 12 pelo acusativo e dois são vocativos.
Uma nota importante sobre os casos em grego tem haver com o status deles ao
regerem um verbo ou um substantivo51. O acusativo, por exemplo, dá a idéia de movimento,
procura ou intenção. O dativo é subentendido como algo estático ou de atribuição. O genitivo,
por sua vez, é o caso que dá idéia de origem, de ponto de partida ou de referência. Já o
nominativo, indica título, identidade ou qualificação52.
6. Análise morfossintática
A análise a seguir, não será feita de todas as palavras da perícope, mas das mais
importantes em sentido de relevância para o termo em questão. A análise morfossintática
pode ser consultada em gramáticas gregas e léxicos53.
51
STELIO, L. R. Noções do Grego Bíblico. 4ª edição. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova – São Paulo – SP.
1999, 31-41; 197-204.
52
MURACHO, 83-113.
53
Conferir TUGGY, A. E. Léxico Griego-Español Del Nuevo Testamento. Editorial Mundo Hispano. El Paso,
TX. EE. UU. de A. 1996.;
WALLACE, D. B. Gramática Grega. Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento. Editora Batista Regular do
Brasil. 2009;
STRONG, J. Nueva Concordância Strong Exhaustiva. Concordância Exhaustiva de La Biblia. Sociedade Bíblica
do Brasil. Barueri-SP. 2002.
39
Καὶ aparece 39 vezes na perícope, é um típico polissíndeto nos textos gregos. É uma
conjunção aditiva, e liga εἶδον a ἰδοὺ, verbo no imperativo, aoristo, que se encontra na voz
ativa (cf. p. 33), regendo a segunda pessoa do singular, portanto, um sujeito oculto – tu. Vale
lembrar, que a oração “depois destas, olhei”, possui uma figura de sintaxe chamada hipérbato,
que identifica a ordem da estrutura da oração como invertida. Ou seja, “depois destas, olhei”,
pode ser lido “olhei, depois destas”.
Ιδοὺ, apesar de ser um verbo na segunda pessoa do singular (tu), não caracteriza
semanticamente a sua regência nesta frase, pois funciona como uma particula introdutória à
visão do profeta, a qual pode ter o significado de “eis”, que seria uma forma de apresentação
do conteúdo da visão. É uma amostra formal do que está sendo visto. “Prestem atenção”,
“escutem”, “vejam só”, são expressões que traduzem ἰδοὺ (Mc 4,3; Lc 13,16; Mt 12,10)54.
Φωνὴ ἡ πρώτη ἣν ἤκουσα ὡς σάλπιγγος (v.1): a imagem parece aglutinar duas figuras,
uma metáfora que serve à alegoria judaica da “trombeta” como instrumento de anúncio, e uma
prosopopéia, já que é usado o substantivo “voz” para referir-se ao som emitido pela trombeta.
54
Conferir O Novo Testamento Grego, 4ª edição. Barueri – SP. 2008, 860.
40
O sujeito oculto δείξω (eu- lhe), indica que será mostrado a João o conteúdo da visão.
Σοι (mostrarei) é um pronome neutro singular no caso dativo, e funciona como objeto indireto
seguido do objeto direto ἃ (o) e da locução verbal δεῖ γενέσθαι (deve acontecer).
Nota do v. 1:
“Depois destas olhei, e eis porta aberta no céu, e a primeira voz que ouvi como de
trombeta falando comigo, dizendo: Suba aqui, e lhe mostrarei o que cabe a ser após estas”:
“Depois destas” – advérbio com contração pronominal para enfatizar o fato. “Vi/Eu” –
pronome pessoal (sujeito oculto) do caso reto – 1ª pessoa do discurso – referência a João;
“Como de trombeta” – comparação com trombeta para mostrar que é forte e potente –
substantivo simples; “A” - pronome pessoal do caso reto feminino – referência à voz. “Suba
aqui e lhe mostrarei” (...) referência à voz de Deus (somente Ele pode mostrar).
55
OSBORNE, G. R. Comentário Exegético Apocalípse. Sociedade Religiosa Vida Nova São Paulo-SP. 2014,
249.
41
Nota do v. 2:
Kαὶ ὁ καθήμενος ὅμοιος ὁράσει λίθῳ ἰάσπιδι καὶ σαρδίῳ, καὶ ἶρις κυκλόθεν τοῦ θρόνου
ὅμοιος ὁράσει σμαραγδίνῳ (e o sentado semelhante em aparência de pedra de jaspe e sárdio -
v. 3): A frase mostra algo hiperbólico, construída com os elementos metafóricos, que servem
ao autor como instrumento descritivo de quem está assentado no trono e do que está ao seu
redor. Λίθῳ ἰάσπιδι καὶ σαρδίῳ (pedra jaspe e sárdio), é uma metáfora e personificação –
atribuição de características humanas a seres inanimados como pedras de jaspe e de sárdio.
Isso demonstra não só riqueza e poder como também embeleza, com o intuito de envolver o
leitor, e convencê-lo da onipresença divina.
A expressão καὶ ἶρις κυκλόθεν τοῦ θρόνου ὅμοιος ὁράσει σμαραγδίνῳ (e arco-íris em
torno do trono semelhante em aparência esmeralda) é uma comparação simples ligada à
beleza, que possivelmente, se atribui à esmeralda ou por ser verde ou por de alguma forma ter
um significado historico implicito. A expressão ὅμοιος ὁράσει λίθῳ ἰάσπιδι καὶ σαρδίῳ
funciona como um complemento adverbial adjetivando toda a frase. O predicativo do sujeito
καὶ ἶρις é completado pelo complemento nominal de lugar κυκλόθεν τοῦ θρόνου.
Nota do v. 3:
“E o sentado semelhante em aparência de pedra de jaspe e sárdio, [metáfora e
personificação] e arco-íris em torno do trono semelhante em aparência esmeralda”
(comparação simples, possivelmente contendo um significado historico implíscito).
Kαὶ ἐπὶ τοὺς θρόνους (e sobre os tronos) é uma expressão que funciona no texto como
um complemento nominal de lugar, enquanto que εἴκοσι τέσσαρας πρεσβυτέρους (vinte e
quatro anciãos) como o sujeito, e καθημένους (sentados) como adjunto adnominal, que sería a
forma nominal do verbo. Καὶ κυκλόθεν τοῦ θρόνου θρόνους (e em torno do trono tronos - v. 4)
é uma paronomásia, é a concatenação de duas palavras sequenciais, em formas ligeiramente
diferentes (no caso, pela flexão nominal), atende ao interesse estilístico do autor quanto à
fluidez na leitura. Há presença aqui é de um poliptoto, tendo em vista a repetição da mesma
palavra enfatizada pela flexão distinta (um genitivo e um acusativo).
O termo περιβεβλημένους (vestidos), que é um adjunto adnominal traduzido como
“vestidos”, é um participio perfeito, presente, que pode ser regido pela voz média ou passiva.
Kαὶ ἐπὶ τὰς κεφαλὰς (e sobre as cabeças), por sua vez, é um complemento nominal de lugar,
seguido do pronome αὐτῶν (deles). O termo κεφαλὰς (cabeças), é um substantivo feminino
plurar, e está no caso acusativo. Ele aparece na perícope uma única vez, acompanhada de
mais dois substantivos adjetivados: στεφάνους + χρυσοῦς (coroas + ouro), que funcionam na
frase como predicativo do sujeito, ambos também no acusativo.
Nota do v. 4:
56
OSBORNE, G. R. Comentário Exegético Apocalípse. P. 254.
44
E “em torno do trono vinte e quatro tronos” (uma forma eufemistica), “e sobre os
tronos vinte e quatro anciãos sentados vestidos com vestimentas brancas e sobre as cabeças
deles coroas de ouro”.
“Sobre os tronos” – através do pronome sobre (em + esses = preposição mais pronome
demonstrativo para a 2ª pessoa do discurso) vemos uma referência aos tronos, possivelmente
menores. “vestidos com vestimentas brancas” - (o uso do adjetivo branco pode significar
pureza ou vestes de realeza) e nas cabeças deles coroa de ouro (o uso do substantivo coroas
pode significar auréola angelical ou realeza funcional ou riqueza, remetendo novamente à
pureza e dignidade, ao usar a locução adjetiva - de ouro).
Na frase ἐκ τοῦ θρόνου ἐκπορεύονται ἀστραπαὶ καὶ φωναὶ καὶ βρονταί (do trono saem
relâmpagos e vozes e trovões), constáta-se uma predominância de figura de pensamento (que
seria de personificação, uma vez que relâmpagos e trovões não possuem vida própria). No
versículo 5 há uma metáfora concernente ao trono, com elementos também hiberbólicos,
enfatizando a grandeza desse centro narrativo do autor: o trono.
A frase ἑπτὰ λαμπάδες πυρὸς καιόμεναι (sete lâmpadas de fogo queimam) é o sujeito
de καὶ ἐνώπιον τοῦ θρόνου (e diante do trono), que por sua vez, é um complemento adverbial
de lugar. É uma expressão que, além de uma redundância a que chamamos de pleonasmo,
existe a presença da palavra ἑπτὰ (sete), que designa em várias linguas um número cabalistico,
completo, perfeito. As sete lâmpadas são [εἰσιν] os sete espíritos de Deus (τὰ ἑπτὰ πνεύματα
45
τοῦ θεοῦ). É bom lembrar que τὰ ἑπτὰ πνεύματα τοῦ θεοῦ é o sujeito de εἰσιν. Ou seja, “Os sete
espíritos de Deus”, τὰ ἑπτὰ πνεύματα τοῦ θεοῦ, são as sete lâmpadas de fogo, o que
possivelmente, reforça a idéia da plenitude do Espírito divino.
Nota do v. 5:
Ao se usar a sequência de substantivos (relâmpagos, vozes e trovões) vê-se que os
mesmos são concretos e reforçam a ideia de força, para estabelecer, possivelmente, medo e
submissão. “Lâmpadas de fogo” – ao usar o substantivo “lâmpadas” pode-se deduzir uma
ligação à ideia de luz, que é reforçada pela locução adjetiva – “de fogo”. “Queimam diante
do trono” – vê-se aí um reforço para a locução adjetiva anterior (“de fogo”) através da
presença do adjetivo “queimam”. A seguir, a locução adverbial “diante do trono” enfatiza
um local especifico onde as “lâmpadas” estão queimando. “Elas” – uma referência à palavra
“lâmpadas” (subst. concreto) que se torna abstrato ao serem definidas como espírito.
Nota do v. 6:
“E diante do trono como mar de vidro semelhante a cristal [trata-se simplesmente de
uma comparação]. E no meio do trono e em torno do trono [novamente ocorre o pleonasmo,
pela repetição constante da palavra trono]”.
46
Os termos ζῷα, ζῶντι, ζῷον (viventes, vivente) aparecem na perícope por 9 vezes, e
em várias formas. A ideia de “vida” parece perpassar todo o texto como um eixo a ser
destacado pelo autor. Há também aqui um polissíndeto e um poliptoto, pela variação das
flexões. Os termos ὁμοία, ὅμοιον, ὅμοιος, são ocorrências desse adjetivo flexionado. A idéia
de semelhança é instrumento que serve como fundamento na construção das alegorias à que
se prestam as imagens usadas pelo autor. Nesse caso, estes termos flexionados constituem-se
polissíndeto e poliptoto.
Nos versículos 7 e 8, têm-se καὶ τὸ ζῷον τὸ πρῶτον ὅμοιον λέοντι καὶ τὸ δεύτερον
ζῷον ὅμοιον μόσχῳ καὶ τὸ τρίτον ζῷον ἔχων τὸ πρόσωπον ὡς ἀνθρώπου καὶ τὸ τέταρτον ζῷον
ὅμοιον ἀετῷ πετομένῳ. καὶ τὰ τέσσαρα ζῷα, ἓν καθ’ ἓν αὐτῶν ἔχων ἀνὰ πτέρυγας ἕξ, κυκλόθεν
καὶ ἔσωθενa γέμουσιν ὀφθαλμῶν, καὶ ἀνάπαυσιν οὐκ ἔχουσιν ἡμέρας καὶ νυκτὸς λέγοντες (e o
vivente primeiro semelhante leão e o segundo vivente semelhante bezerro, e o terceiro vivente
tendo o rosto de homem e o quarto vivente semelhante águia a voar, e os viventes cada um
tendo respectivamente seis asas, em torno e dentro cheios de olhos, e descanso não têm dia e
noite dizendo:), refere-se a um detalhamento das aparências dos “quatro viventes”. O
47
conjunto descritivo nos dois versículos promove uma grande hipérbole. O autor quer
descrever com ênfase e exagero os ζῷα (viventes).
Por duas vezes o autor usa αἰῶνας τῶν αἰώνων (pelos séculos dos séculos). Trata-se
de uma paronomásia. Esta figura se dá quando duas palavras se repetem para construir uma
idéia única dentro de um mesmo sintagma nomimal. São dois plurais, lançando tanto o
acusativo quanto o genitivo para seus campos mais concretos: o movimento e o ponto de
partida, respectivamente. A ocorrência de quatro vezes num texto tão breve desse termo é
relevante para assinalar o aspecto que o próprio lexema traz: “pelas eras, pelos séculos, pelos
tempos, para sempre”. Nesse caso, o autor parece ter a intenção de lançar o texto para um
paradigma atemporal.
Nota do v. 7:
Percebe-se que há uma descrição dos “quatro viventes” como sendo não humanas (?).
Parece que os substantivos simples e concretos usados através do estabelecimento de animais:
leão, novilho, águia, querem enfatizar a não humanidade deles. No entanto, um deles “tem o
rosto como de homem” - o que quer dizer que o uso do adjetivo “como” também não
estabelece igualdade com a raça humana (?).
ἓν καθ’ ἓν αὐτῶν ἔχων ἀνὰ πτέρυγας ἕξ, Tendo cada um deles seis asas
A expressão ἅγιος ἅγιος ἅγιος (santo, santo, santo - v. 8), parece um polissíndeto,
apesar de localizados os termos em sequência. A forma tríplice, possivelmente tem origem
48
Nota do v. 8:
É possível que a descrição da sequência de numerais cardinais (4,6) no texto, esteja
ligada a alguma referência bíblica (?). A repetição de “Santo, Santo, Santo” – parece referir-se
ao Pai (?)/filho/Espirito santo (?) ou trindade divina (?), e pode indicar uma forma de respeito.
“Senhor/Deus” é um substantivo próprio e composto, ao referir-se à superioridade divina.
“E os quatro viventes cada um deles tendo respectivamente seis asas em torno e dentro
cheios de olhos” (presença do pleonasmo), constando de um exagero de caracteristicas:
“Asas” (voar mais rápido talvez) e “olhos” (para tudo ver), reforçando assim a ideia de
observação.
“E descanso não têm dia e noite dizendo: Santo, santo, santo o Senhor o Deus o Todo-
Poderoso, que era e que é e que virá.” (aqui temos a ocorrencia do polissindeto – repetição da
conjunção “que”, reforçando o antes, o agora e o que virá).
δώσουσιν τὰ ζῷα δόξαν καὶ τιμὴν καὶ Derem glória e honra e ações de graças
εὐχαριστίαν
que não parece ser próprio destes viventes (ζῷα), ao menos na acepção em que são descritos
no texto, pois trata-se de uma prosopopéia.
Nota do v. 9:
Nota do v. 10:
semântica com Aquele/Daquele = Deus (?). “Dizendo” – há aqui o uso do gerúndio para
demonstrar ação continua do que será dito – louvor a Deus.
“Irão prostrar-se os vinte e quatro anciãos diante do que está sentado sobre o trono, e
irão adorar ao que vive pelos séculos dos séculos e lançarão as coroas deles diante do trono,
dizendo [o uso de letras maiúsculas e termos referenciais subjacentes levam o leitor a
entender em todo momento que estamos falando de Deus. Por esta razão, pássa-se a tratá-lo
como um substantivo próprio, não só por se tratar de uma designiação específica para alguém,
más por considerá-lo concreto por ter existência própria – referência dêitica].
Nota do v. 11:
57
HAUBECK, W.; SIEBENTHAL, H. V. Nova Chave Lingüística do Novo Testamento Grego. Mateus-
Apocalípse. Editora Hagnos. São Paulo. 2009, 1329-1331.
51
58
Ibid.
59
Ibid.
52
quatro viventes cada um neles tendo respectivamente seis asas. Em torno e dentro
cheio de olhos, e não têm descanso dia e noite dizendo: santo santo santo é o Senhor ,
o Deus, o Todo Poderoso. O que era, e que É, e o que virá. E quando derem os
viventes glória e honra e ações de graças ao que está sentado sobre o trono, ao que
vive pelos éculos dos séculos, irão cair os vinte e quatro anciãos dinte do que está
sentado sobre o trono. E irão adorar ao que vive pelos séculos dos séculos, e lançarão
as coroas deles diante do trono dizendo: digno és ó Senhor e ó Deus nosso, de receber
a glória, a honra e o poder. Porque tu criaste todas as coisas, e para a sua vontade
existiram e foram criadas”.
Após uma análise dos sujeitos que aparecem no texto e das ações deles, o texto
foi organizado de maneira funcional, seguido de uma organização morfológica e
sintática. Logo, foram verificadas as variantes textuais da perícope, e descobriu-se que
a Quarta edição do Novo Testamento Grego traz apenas uma única variante, que se
encontra no versículo 11. As demais que este capítulo mostrou, são trazidas por
Tischendorg e a 27ª edição, todavia, sem implicações para a interpretação do texto.
Finalmente, concluiu-se este capítulo com a análise morfossintática. No próximo
capítulo, será feita a exegese do texto da perícope.
53
Neste capítulo será feito um estudo sobre o conceito de “trono”, com base em
dicionários e léxicos do novo e do antigo testamento. Será abordado o conceito de trono no
antigo oriente médio, em evangelhos apócrifos e na patrística. Finalmente, será feita uma
exposição sobre a importância do “trono” no livro do Apocalipse, considerando a análise
lexical das palavras θρόνος e καθήμενος no novo testamento e no próprio livro.
1. O Conceito de trono
A raiz ks', de onde vem o termo “trono”, é amplamente atestada em quase todas as
línguas semíticas, e é emprestada dos sumérios. Com o sentido de trono, a raiz de kisse' (ks’)
remonta ao velho acadiano kussu (kussiu), que significa "cadeira, trono" e "sela” 60 . Pode
derivar da raiz ksi, com o significado de "unir” (palhetas). Em ugarítico a raiz aparece com o
significado de "trono”, “assento” e “sela”. São antigas as ocorrências fenícias de ks' nas
inscrições do sarcófago de Ahiram de Byblos 61 . No conceito semítico, o termo, portanto,
refere-se ou a um trono, ou a uma cadeira, ou a um assento, ou a uma sela.
60
BOTTERWECK, G. J.; RINGGREN, H.; JOSEPH F. H. Theological dictionary of the old testament – Vol VII.
Grand Rapids, Michigan. 1995, 232.
61
Ibid.
54
Literal
Manser aplica o termo ao trono de Israel (1Rs 1,46; 2,19; 7,7; 22,10, etc.), ao trono de
reis de nações (Ex 11,5; 12,29, etc.), ao real poder de um rei (1Rs 1,13), ao exercício desse
poder real (Dt 17,18), à entronização específica do rei Salomão no trono de seu pai (1Rs 1,17-
35; 2,4.12.24; 3,6; 5,5; 8,20; 2Cr 6,10; 1Rs 8,25, etc) e do rei Jeú no trono de Israel (2Rs
10,30; 15,12, etc.) e ao estabelecimento desse trono como um cumprimento em Jesus Cristo
(Lc 1,32)70.
Portanto, para Bromiley o termo também traz um conceito semítico, podendo referir-
62
KIRST, N.; KILPP, N.; SCHWANTES, M.; RAYMANN, A.; ZIMMER, R. Dicionário Hebraico-Português e
Aramaico-Português. 30ª edição. Editora vozes. 2015, 289.
63
ROBINSON, E. Léxico Grego do Novo Testamento. Casa Publicadora das Assembléias de Deus. Rio de
Janeiro-RJ. 2012, 424.
64
Trono in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora.
2003-2018. [consult. 2018-01-10 13:27:07]. Disponível na internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-
portuguesa/trono
65
https://dicionariodoaurelio.com/trono.
66
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico – Grego. Sociedade Bíblica do Brasil. 2002, 2235.
67
BAGSTER, S. The Analitical Greek Léxicon. Editora Samuel Bagster & Sons. 1977, 196.
68
BROMILEY, W. G. The International Standard Bible Encyclopedia. Wm. B. Eerdmans. 2002, 844.
69
SWANSON, J. Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains: Hebrew (Old Testament). DBKH
4058, #5. Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc.
70
MANSER, H. M. Dictionary of Biblie Themes: The Accessible and Comprehensive Tool for Topical Studies.
London: Martin Manser. 199 (Ref. 1090, 1130, 2312, 2375, 5216, 5366, 9230).
55
se a um móvel, ou ao espaço usado por um orador, como um lugar de honra. Para Swanson,
refere-se a móvel mobiliado, d’onde um rei fazia uso de sua função. Robinson considerou o
trono um móvel (assento com elevação). E o Strong, a Biblia de Estudos Palavras Chaves,
Bagster e Manser também consideraram o trono um móvel, todavia, representando poder e
domínio. A Wikipédia e o Dicionário Aurélio apresentam o mesmo conceito. Todavia, o
Aurélio atribui o seu uso em cerimônias dos monarcas e do papa.
Figurado
Por outro lado, deve-se entender que uma grande parte das passagens usa a palavra
trono de maneira figurada. Em Gênesis 41,10, Êxodo 11,5 e em outros textos, por exemplo, a
palavra ֺ כ ' מַ לְ כּותוliteralmente refere-se ao “trono” de um rei, ou de uma rainha, como em Ester
5,1, que faz referência a um trono real. Quando se lê Isaías 6,1; 66,1 e Ezequiel 1,26 entende-
se que o céu é o trono de Deus (em hebraico )אלהים, assim como Jerusalém é chamada de
“trono do Senhor” (Jr 3,17) e o santuário também (Jr 17,12) 71. O termo também pode ter um
sentido especial e particular quando se trata de um contexto de realeza, pois é ligado à palavra
“reino”, o qual se supõe que em um reino há um contexto de realeza, como no caso de
Deuteronômio 17,18, 1Reis 1,46 e 2 Crônicas 7,1872.
Além de ser símbolo de autoridade, domínio e poder, o trono também pode indicar
comando73. Robson considerava que o trono era símbolo de poder sumpremo e domínio (Lc
1,32), como se vê em Hebreus 1,8, και δωσει αυτω τον θρονον Δαβιδ, que é uma citação
veterotestamentária (Sl 45,7), e que a LXX traduz de ( כסאcomo em 2Sm 3,10; 7,13.16)74.
Ao citar Colossenses 1,16, ειτε θρονοι κτλ, Robinson atribui o sentido de trono a
potestade ou a um poder superior, generalizando potentados terrenos ou celestiais, fazendo
referência a arcanjos, citado por ele da Patrística (Test.XII, p. 548), onde “...os sete céus e
classes de anjos são descritos, e no sétimo céu se diz haver θρονοι, εξουσιαι, εν τω (ουρανω)
αει υμνοι τωθεω προσφερονται”75.
Bagster também atribui o trono a poder e domínio, e cita Hebreus 1,8 e Colossenses
71
Ibid.
72
http://biblia.com.br/dicionario-biblico/
73
https://www.sinonimos.com.br/trono/
74
ROBINSON, E. Léxico Grego do Novo Testamento. Casa Publicadora das Assembléias de Deus. Rio de
Janeiro-RJ. 2012, 424.
75
Ibid.
56
1,16 para apoiar o seu argumento 76 . Manser acrescenta ao termo sentidos de dignidade e
honra, ambas as qualidades pertencendo ao próprio Deus 77 . Parece que a maioria dos
estudiosos concorda que o trono traz consigo essas qualidades soberanas.
O formato do trono
76
BAGSTER, S. The Analitical Greek Léxicon. Editora Samuel Bagster & Sons. 1977, 196.
77
MANSER, H. M. Dictionary of Biblie Themes: The Accessible and Comprehensive Tool for Topical Studies.
London: Martin Manser. 1999 (Ref. 1090, 1130, 2312, 2375, 5216, 5366, 9230).
78
LURKER, M. Dicionário de figuras e símbolos bíblicos. Editora Paulus. 1993, 247.
79
HEINZ, G. M. Dicionário dos símbolos, imagens e sinais da arte cristã. Editora Paulus. 1994, 372.
80
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trono.
81
CHEVALIER, J.; GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos. Mitos, sonhos, costumes, gestos, formas,
figuras, cores, números. 15ª edição. José Olympio editora. 1988, 910.
82
BOTTERWECK, G. Johannes. Theological Dictionary of the Old Testament. P. 233.
57
O uso da expressão ( הַ מֶּ לְֶּךֺוְ כִ ְסאוֺנָקִֺיo rei e seu trono fique inculpável) em 2 Samuel 14,9,
e da expressão עֹולָם ָׁלֹום יִ ְהיֶּה ּולְ כִ ְסאֹו- מֵ עִ ם עַ ד:( יְ הוָהe ao seu trono dará o Senhor paz para todo
Senhor) em 1 Reis 2,33, figuram o trono como “dignidade real”, “autoridade” e “poder”. É
uma referência a qualquer assento ocupado por alguém em assunto de autoridade: um sumo
sacerdote (1 Sm 1,9), um juiz (Sl 122,5), um chefe militar (Jr 1,16), etc. Quando se trata do
83
BOTTERWECK, G. Johannes. Theological Dictionary of the Old Testament. P. 233.
84
Ibid, 234.
85
Ibid, 235.
86
Ibid.
58
trono como uma cadeira, o uso do termo implica em que seu uso seja feito por posturas usuais
em cócoras de maneira digna (2Rs 4,10)87.
O trono de Salomão
O sábio Salomão teve o seu trono abordado em seis passos 88 , conforme rezam os
textos de 1Reis 10,19 e 2Crõnicas 9,18, o qual era guardado por um leão de ouro (1Rs 10,18-
20). Como outros reis orientais, ele fez um grande trono de marfim e revestiu-o de ouro puro.
Sobre o trono dele, representativamente era o próprio Deus que governava sobre Israel, além
de prefigurar a cátedra do juiz messiânico (Is 16,5) 89.
87
BROMILEY, W. G. The International Standard Bible Encyclopedia. Wm. B. Eerdmans. 2002, p. 845.
88
Ibid. p. 845.
89
LURKER, M. Dicionário de figuras e símbolos bíblicos. Editora Paulus. 1993, 248.
90
Ibid. 248-249.
59
O trono de Elohim
O trono de Elohim, por exemplo, é descrito como “alto e elevado” ou “alto e sublime”
(Is 6,1), e como sendo eterno e construído sobre justiça e equidade (Sl 45,6; 97,2). O livro de
Samuel diz que Deus se manifestava ao profeta por cima da Arca (1Sm 4,4; Sl 80,1; 99,1; Ez
1,4.28; Dn 7,9-10). Ezequiel o descreve como tendo aparência de Safira (Ez 1,26; 10,1/Ex
24,10). O salmista, de maneira poética, fala dele como sendo um móvel, parecendo uma
carruagem com movimento próprio (Sl 68,4; 104,3-4; Is 66,13). Apesar de ser uma linguagem
poética, em Isaías os querubins são reais e participam do movimento divino em torno do trono
(Is 6,1-6, o mesmo acontece em Ap 4,8). No Templo de Salomão, o propiciatório era com
rodas, parecendo uma carruagem (Ex 25,17-22 e ICr 28,18). Em Habacuque Deus é visto
movimentando-se em seu trono como se fosse uma carruagem de batalha ou guerra (Hab 3,3-
15). O salmista Davi e o profeta Habacuque, afirmam que esse trono está acima dos céus (Sl
104,1-4; Hab 3,3-15), ainda que ele se manifeste na terra (Sl 18), cuja aparição é espantosa e
esplendorosa (Ex 24,10; Ez 1,22-28; 10,1), e sugerem a presença do próprio Deus com o ser
Para Bromiley91, no antigo testamento o termo designa tronos divinos (1Rs 22,19; Sl
11,4) ou tronos reais (do Egito, por exemplo, Gn 41,40; de Israel, 1Rs 1,46; de Babilônia, Jr
43,10; da Assíria, Jn 3,6; e da Pérsia, Et 1,2), e transmite a idéia de realeza, domínio e
autoridade (2Sm 3,10; 7,13; 2Rs 11,19; Jr 49,38 e Zc 6,13), fazendo estrita ligação entre um
rei e o seu trono (2Sm 14,9), trazendo a conotação de uma “dinastia dominante” que está em
ascensão (1Rs 16,11).
No entanto, como foi dito, a raiz ks' é amplamente atestada em quase todas as línguas
semíticas, sendo emprestada dos sumérios com o significado de “trono” 92 . Theyers
91
BROMILEY, p. 846.
92
BOTTERWECK, G. J; RINGGREN, H.; JOSEPH FABRY, H. Theological dictionary of the old testament –
Vol VII. Grand Rapids, Michigan. 1995, 232.
60
argumenta93 que, geralmente no mundo antigo, o acesso ao trono real era acompanhado por
um festival ou ritual de entronização, cujos componentes básicos do ritual israelita eram
constituídos a partir das representações das entronizações de Salomão e Joás, que incluíam a
unção do rei, o sopro de trombetas, sacrifícios e banquetes, um juramento de lealdade pela
população em geral e uma procissão de um lugar santo ao trono (1Rs 1,32-40; 2Rs 11,4-20; 1
Rs 1,5-10. 41-53).
De acordo com Bromiley, o trono era o privilégio de um rei, e era usado em conjunto
com a sede da rainha-mãe (1Rs 2,19) e em posições menores de autoridade, como em
tribunais tribais (Jz 3,20), na jurisdição de Neemias como governador (Ne 3,7) e, talvez, fosse
considerado apenas como um prestígio (cf. 1Sm 1,9; 4,13.18 e Zc 6,13).
O trono no antigo oriente médio está presente desde muito tempo (antes de 1000
a.c.)94, em esculturas, vasos e moedas, conforme a figura abaixo95.
93
THEYER’S, H. Greek-English Lexicon of the New Testament., 292.
94
BOTTERWECK, G. J. Theological Dictionary of the Old Testament. Grand Rapids, Michigan: William B.
Eerdmans Publishing Co. 1995, 257-258.
95
SILVA, R. P. Comentário Sobre o Apocalipse. Anotações de sala de aula.
96
PARISINOU, E. The Light of the Gods, the role of Light in Archaic and Classical Greek Culture. Londres,
Gerald Duckworth & Company, Ltd., 2000, lâmina 31.
61
do século 8 a.C., de dois servos neo-assírios carregando o que parece ser um trono em forma
de carruagem97.
Em figuras dos selos da mesopotâmia antiga, os deuses são apresentados em tronos, e
assim aparece Shamash, deus do sol, na estela das leis de Hamurábi 98 . Em sua figura
antropomórfica, Isis, no Egito, era o poder personificado no trono, um sinal vocabular na
cabeça. Entre os hititas, o trono personificado era tido como divino 99. Um trono era colocado
para o deus Dionísio invisível como um participante do palco grego. Entre os romanos, honras
divinas eram atribuídas ao trono, o qual era enfeitado com coroa e cetro100.
O trono também possuía conotação de cultos como ponte entre o plano terreno e
entidades celestiais, ou como fonte de poder 101. Também eram usadas diversas metáforas em
inúmeros textos do oriente médio antigo com o sentido de “sentar ao trono” (tomar posse,
tornar-se o rei), ou de “ser derrubado do trono” (ser deposto), ter seu trono “levantado” ou
“abaixado” (simbolizando conquistas ou perdas), alusões ao tamanho do trono (uma
metonímia para a extensão do seu domínio ou para a sua duração, “que seu trono seja maior
que o dos seus antecessores”), “descer do trono” (como um símbolo de luto ou
autopenitencia)102.
Na mesopotâmia, cadeiras e tronos eram atestados pictoricamente sob a influência
paralela do Egito no período Amama, quando se torna altamente provável que os artefatos
mesopotâmicos se assemelhassem aos seus equivalentes egípcios, como quando se encontra
durgaru, como representando uma "cadeira de estado" (de um rei ou deidade), gisgallu e
musabu, como um assento ou um trono, kibsu, como um banquinho, littu e matqanu, como
um "escabelo" e dakkannu, como um "banco"103.
De acordo com Weidner104, o trono do rei ou o trono da realeza, junto com a tiara e o
cetro, constituía a regalia real. No Egito, na China e em outros lugares orientais, o trono tinha
97
MATTHIAE, P.. La storia dell’arte, Oriente antico i grande imperi. Milão, Elemont Editori Associati, 1996,
66.
98
LURKER, M. Dicionário de figuras e símbolos bíblicos. 247.
99
Ibid.
100
Ibid.
101
Ibid, 235.
102
Ibid, 234.
103
HARRIS, R. Women in the Anciente Near East. “The Case of Three Babylonian Marriage Contracts”. JNES
33. Editora De Gruyter. 1974, 365.
104
WEIDNER, E. Die Inschriften Tukulti-Ninurtas I. und seiner Nachfolger. Graz Im Selbstverlage des
Herausgebers. 1959, 26.
62
uma imagem do poder real em exercício. Alguns estudiosos acreditam “...em um domínio
eterno dos desuses pagãos em seus tronos. Mesmo depois da morte, alguns deuses, e reis que
governaram quando ainda estavam vivos, permanecem reinando mesmo com o trono vazio.
Saggs acreditava que em muitas fórmulas de bênção Neo-assírica e neo-babilônica os deuses
eram convidados a conceder o domínio eterno ao rei”105. Para Lange e Hirmer106, o trono era
adornado com a fachada de um palácio, e simbolizava a unidade política, a dependência do
reino do governante, a divindade do faraó e seu reinado bem-sucedido.
No Livro Judaico dos Porquês,107se fala de uma “cadeira” que era usada de maneira
vaga, más com a crença de que ela era ocupada pelo profeta Elias durante a cerimônia da
circuncisão de uma criança, para fins de proteção a ela.
Alguns apocalipses judaicos falam da sala do trono de Deus (I Enoque 14,8; 16,4;
39,1; 40,10. Testamento de Levi 5,1), conforme se verá a seguir.
No capítulo XLIV do referido livro acima, é relatado sobre o Anciãos de Dias, e, sobre
alguém semelhante ao Filho do Homem, como em Daniel 7. Diferente do livro de Daniel,
nesse livro apócrifo o Filho do Homem expulsaria os reis de seus tronos e de seus reinos, por
causa de suas resistências em oferecer honras a Ele. O capítulo XLV e os versículos 1 a 3,
explicam que as preces dos santos da terra chegavam ao trono do Senhor dos espíritos de
maneira incessante, e que os santos celestiais sempre louvam e exaltam ao Ancião de Dias
que se senta no trono. No versículo 4 afirma-se que a prece dos santos era apreciada pelo
Senhor dos espíritos109.
Essa menção ao trono, parece apresentar o Senhor dos espíritos como sendo o Ancião
de Dias de Daniel 7, e que seria o mesmo que se senta no trono descrito.
105
SAGGS, H. W. F. Historical texts and Fragments of Sargon II of Assyria. Vol. 37. Spring. British Institute
for the Study of Iraq Stable. 1975, 14.35.
106
LANGE, K.; HIRMER, M. Egypt: Architecture, Sculpture and Painting in Three Thousand Years. London.
HathiTrust Digital Library, 2010. 6.
107
KOLATECH, A. J. Livro Judaico Dos Porquês. Editora e Livraria a Sefer. Quinta edição. 22-23.
108
http://portugues.free-ebooks.net/
109
Ibid.
63
a. Fala-se do triagio grego (santo, santo, santo); o mesmo triagio é citado por Clemente
Romano111.
b. É citada uma voz semelhante ao rugido do mar (em Ap 4 fala-se de um mar de vidro);
c. Descreve-se abundância de fogo em meio dAquele que estava sobre fortaleza [seria o
trono?] (Ap 4 fala de sete lâmpadas que queimam diante do trono/representam os sete
espíritos de Deus;
d. Fala de um trono “ígneo” (Ap 4 fala de um trono colocado no céu);
e. Diz-se que em volta do trono há seres de muitos olhos, cada um com seis asas, e
tinham aparências diferentes (leão, homem, louro e águia) e com seis asas cada um,
em Apocalipse é descrito quatro viventes, cheios de olhos com aparências diferentes
uns dos outros (leão, homem, bezerro e águia), e cada um deles também tinham seis
asas;
f. Descrevem-se algumas diferenças: neste livro apócrifo, os seres têm sobre seus corpos
quatro cabeças, as quatro criaturas (conforme fala o livro) tinham dezesseis cabeças.
As asas delas localizavam-se duas nos ombros para cobrir o rosto, duas nos flancos
para voar, e para cobrir os pés as duas nas coxas. O verso 7 diz que havia um trono
sobre as rodas de um carro que estava atrás dos seres vivos, o qual era coberto de fogo,
e fogo saía dele.
110
Ibid.
111
ROMANO, C. Patrística. Servir como os anjos. Padres Apóstolicos. 2ª edição. Editora Paulus. s/d. 34:5.
64
Em Mateus 23,22, tanto o substantivo “trono” quanto o verbo “sentado” estão no caso
dativo, dando a idéia de atribuição Àquele que está sentado, e de estaticidade ao “trono”,
como um lugar que pertence Àquele que está sentado. Em Lucas 1,32, o termo está no
acusativo, dando a idéia de movimentação também, isto é, a imagem é de Davi desocupando
um trono real que pertence a Jesus. No versículo 52, a figura do trono sobressai o reinado
humano, pois a indicação é que o trono é de Jesus, por isso, ele está no caso genitivo. Nos
demais textos das tabelas abaixo, a explicação flui de acordo com os casos em que aparecem
conforme os exemplos já explicados acima.
θρόνος θρόνους
112
MURACHO, 83-113.
113
Ibid.
65
Mt 4,16; Lc 22,69; Jo 9,8; 12,15; At 3,10; 8,28; Cl 3,1; Ap 4,2.3; 6,2.5.8; 7,15; 14,16;
19,11; 21,5.
Fonte: Autor, 2018.
Robinson acredita que no novo testamento, Jesus Cristo ocupa o trono por direito (Ap
5), conforme acontecia no antigo testamento: as carruagens de guerra tinham dois
combatentes (IRs 22,34), e, em Apocalípse, Jesus compartilha o trono com o Pai (Ap 3,21; Sl
110,1; Rm 8,34; Ef 1,20-22; Fl 2,9; Hb 1,3; 12,2 e 1Pe 3,22)117. Santo Agostinho afirma que
com propriedade, que “o Senhor da glória foi crucificado, não no poder da divindade, mas na
fraqueza da carne (2Cor 13,4). Assim, ...na natureza de Deus ele julga — ou seja, pelo poder
divino e não pelo poder humano —, como homem também há de julgar, assim como foi
crucificado o Senhor da glória. Assim o diz claramente: Quando o Filho do homem vier em
sua glória e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. E serão reunidas
em sua presença todas as nações (Mt 25,31.32)”118. Comentando sobre a visão que Daniel
teve sobre o Ancião de Dias que se senta sobre o trono, Agostinho afirma que o Ancião de
Dias é o Pai, e que Este entrega o poder, a honra e o reino ao Filho 119.
114
ROBINSON, E. Léxico Grego do Novo Testamento. p. 98.
115
RAHLFS, A. The Septuagint (LXX). (With Morphological Data). New corrected text, notes and typesetting.
2002–2005. 886, 2269, 1971, 2041.
116
ROBINSON, E. Léxico Grego do Novo Testamento. p. 88.
117
THEYER’S, H. Greek-English Lexicon of the New Testament. Grand Rapids – Michigan. 291.
118
AGOSTINHO, S. Patrística. A Trindade. 2ª edição. Vol. 7. Editora Paulus. Livro 1. Cap. 13:28.
119
Ibid. Livro 2. Cap. 18:33.
66
Os pais da igreja também falam sobre o trono de Deus. Hilário de Poitiers, ao citar
Isaías 40,12 “O céu é o meu trono...”, diz que o Céu é o trono de Deus, e que o mesmo está
nas palmas de Suas mãos125.
120
Ibid, 292.
121
Ibid, 291.
122
SCHOLZ, V. Dicionário Grego do Novo Testamento. Quarta edição. Sociedade Bíblica do Brasil. 2008, 858.
123
HICKIE, W. J. Greek-English Lexicon to The New Testament. New York MA The Macmilian Company.
1957, 88.
124
THEYER’S, H. Greek-English Lexicon of the New Testament. p. 292.
125
HILÁRIO, S. de P. Patrística. Tratado sobre a Santíssima Trindade. Paulus.
67
Crisóstomo diz que do trono irradia brilho e o fulgor de uma luz insuportável, e que
ainda exprime igualdade de glória entre o Pai e o Filho, estando este último à destra do Pai 126.
Para Santo Agostinho127, o trono de Deus é uma indicação dEle habitando nos santos, pela
presença do Espírito Santo. Para ele, os querubins são o trono da glória de Deus, e eles
mesmos são o trono, e, ainda sugere que o homem justo pode ser o trono de Deus (Sb 7).
“Os tronos são o nome dado aos anjos da primeira hierarquia por Dionísio o
Areopagita. ...os nomes atribuídos às inteligências elestes significam suas respectivas aptidões
de conceber a forma divina... Quanto ao nome de Tronos muito sublimes e muito luminosos,
este indica a ausência total neles de qualquer concessão aos bens inferiores, essa tendência
contiua em direção às alturas que indica claramente que eles não são daqui de baixo...”128.
Falando sobre a estrutura da Igreja, Orígenes apresenta os bispos, presbíteros e
diáconos desenvolvendo um papel de orientação, o qual tem a “presidência” (προεδρια) na
Igreja, com “o trono episcopal ou a honra (τιμη) presbiteral ou o ministro (διακονια) para o
povo de Deus” (Comm. Mt. 15, 26; cf. Hom. Ier.14, 16)129.
De acordo com o site aleteia.org, o trono papal é chamado de “Cadeira Gestatória ou
Sédia Gestatória: trono papal portátil, carregado por doze homens chamados sediários ou
palafreneiros, vestidos de vermelho com ornamentos dourados, e acompanhada por dois
assistentes que levavam os flabelos, grandes leques de pena de avestruz que remontam ao
século IV. Os flabelos eram usados pelos reis da antiguidade para afastar os insetos e
passaram a representar a sua autoridade. A referência mais antiga à Sédia Gestatória é do ano
521, e foi abolida pelo papa São João XXIII.”130
126
CRISÓSTOMO, S. J. Patrística. Da Incompreensibilidade Deus. Da Providência de Deus. Carta à Olímpia.
Paulus. Quarta Homilia. 43.
127
AGOSTINHO, S. Patrística. Comentários aos Salmos (Enarrationes in Psalmos). Salmos 51-100. Vol. 9/2.
Paulus. Sl 92.
128
CHEVALIER, J.; GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos. Mitos, sonhos, costumes, gestos, formas,
figuras, cores, números. 15ª edição. José Olympio editora. 1988, 912.
129
http://apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/982-eclesiologia-patristica-parte-
ii. Desde: 15/12/2015.
130
https://pt.aleteia.org/2015/07/01/conheca-alguns-dos-simbolos-historicos-do-papado/
68
131
CESARÉIA, E. História Eclesiástica (Patrística). Vol. 15. Editora Paulus. Livro Séitmo. Cap. 19.
69
Descobriu-se também, que no antigo oriente médio o trono como símbolo de realeza e
poder teve algumas fases. No período pré-histórico era no chão ou em esteira que as pessoas
se sentavam, e não havia distinção de status social. Mais tarde, com a introdução dos tronos
passou-se a conceder status social mais elevado a certas pessoas em exercício do poder. O
trono passou a ter encosto para os pés e para os braços com adição de uma base, o que levou
às primeiras poltronas.
Mostrou-se também o formato de certos tronos, alguns com rodas e outros em forma
de carruagem. Outros tronos tinham as pernas representadas por patas de animais. Todavia,
tanto as cadeiras quanto os tronos identificavam o social na comunidade do rei, de juizes, de
armeiros e marinheiros. O assentar-se nele poderia ser concedido (para pessoas específicas do
alto escalão e/ou militares) e retirado da pessoa.
Verificou-se também que o trono tinha conotação de cultos como ponte entre o terreno
e o divino. Metaforicamente, tinha o sentido de posse, de conquista ou derrota, neste último,
havia a descenção do trono. No Egito, representando cada entidade, o trono podia indicar uma
"cadeira de estado", um assento ou um trono, um banquinho, um "escabelo" e um banco.
Finalmente, na Neo-assírica e na Neo-babilônica acreditava-se que os deuses concediam o
domínio eterno ao rei no seu trono, e que o mesmo simbolizava unidade política e
dependência governamental.
132
WIKENHAUSER, A. El Apocalipse de San Juan. Tradução: Florencio Galindo. Barcelona, Editorial Herder.
1969, 86-91.
70
Na visão do capítulo quatro do livro, o trono é a figura central133. Aquele que está
sentado nele possui status de soberania. O cenário da visão parece aludir midrasticamente ao
povo de Deus à espera do reino. Seria como pensar que a disposição do trono de Deus no
meio dos quatro viventes lembrasse a disposição israelita quando peregrinava pelo deserto.
Pois o santuário móvel que eles possuíam com o seu átrio, era símbolo da presença de Deus
entre eles134.
Ginzberg decifra o povo de Deus em Apocalipse 4 de tal maneira, que apresenta os
viventes da visão como uma representação das tribos do povo de Israel: Manassés ao Norte,
Benjamin ao Sul e Efraim ao Centro, estas seriam representações do Novilho, a aparência do
segundo vivente; Issacar, Zebulón e Judá seriam representações do Leão; Aser, Naftali e Dã,
seriam da águia a voar, e; Simeão e Rúbem seriam uma representação da aparência do
homem135. No entanto, não é o objetivo deste estudo dizer quem são os viventes da visão.
É importante lembrar que a cena da visão acontece no céu. O vidente está na terra. Ele
vê uma porta aberta, ele não vê uma porta se abrindo136. Na visão do trono, o vidente não
consegue ver nenhuma forma nAquele que está sentado nele, pois fica detido pela luz das
cores na visão137. Wikenhauser também acredita que não se dá nome nem se descreve a figura
daquele que está sentado no trono138.
Smith argumenta que o capitulo 4 do Apocalipse leva o leitor a uma atmosfera de
segurança e paz apenas, pois no lugar em que a visão acontece prevalece harmonia, justiça e
poder139. Para ele, o capitulo 4 apresenta a Deus como Criador, e o capítulo 5 apresenta a
Cristo como Redentor140.
Sem dúvida, o conceito no antigo testamento de trono, como uma expressão simbólica
da soberana majestade e autoridade governantal de Deus, teve lugar nos tempos antigos,
representados por tronos terrestres. Quando um governante tomava seu assento no trono, ele
tinha poder real. Deus é freqüentemente descrito como sentado no trono no céu (1 Rs 22,19;
Sl 47,8; Is 6,1; Ez 1,26; Dn 7,9), reinando em esmagadora majestade e glória ( Sl 93,1-2;
97,1-9; 99,1-5) e cercado pelas hostes dos seres celestiais (1 Rs 22,19; Is 6,1-3; Ez 1,4-24 ;
Dn 7,9-10).
133
Ibid. p. 87.
134
ANDERSON, B. W. Understanding the Old Testament. New Jersey. Prentice Hall Inc. 1966, 71.
135
SCHLTZ, S. J., A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo. Ed. Vida Nova. 1990, 74.
136
SIMCOX, W. H. The Revelation. “Cambridge Greek Testament”. Cambridge: University Press, 1893, 437.
137
SWETE. Henry B. The Apocalypse of St. John. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1951, 437.
138
WIKENHAUSER, A. El Apocalipse de San Juan. Tradução. P. 87.
139
SMITH, Abbott. G. A Manual Greek Lexicon of the New Testament. 2a edição. Edimburgo: T. & T. Clark,
1923, 436.
140
Ibid. p. 436.
71
Como se observou neste capítulo, a Arca da Aliança foi considerada também o trono
de Deus, invisivelmente presente na terra (cf. 1Sm 4,4). O trono de Deus é um dos itens no
céu, que freqüentemente aparece no livro do Apocalipse. É mencionado em 16 dos seus 22
capítulos. Encontra-se no começo do livro (Ap 1,4) e no final dele (Ap 22,3).
Às vezes é usado para Deus ("diante do trono", poderia significar "diante de Deus", Ap
7,9; 14,3), às vezes era simbolo da Sua voz (“uma voz do trono", poderia significar "Deus está
dizendo", cf. Ap 16,17; 19,5). A expressão "o trono de Deus e do Cordeiro" (Ap 22,3; 22,1)
parece indicar a submissão final dos poderes de Satanás e a presença permanente de Deus
entre o seu povo salvo ( Ap 21,3; cf. Ez 43,7), na nova Jerusalém.
Na visão do trono celestial (Ap 4,1-11), parece que a porta através da qual João
observa o interior da sala celestial, seja a porta de um templo. Perceba-se que ele ouve a
mesma voz como de uma trombeta do Cristo glorificado que ele ouviu anteriormente (Ap
1,10). Essa voz agora o chama: “...suba aqui e lhe mostrarei as coisas que devem acontecer
depois destas” (4,1).
A frase "depois destas", parece referir-se às sete igrejas descritas nos capítulos 2 e 3.
Pode-se entender que o escritor parece querer mostrar o que acontecerá no futuro a partir de
uma perspectiva em relação à igreja e ao mundo.
Outro detalhe importante está no fato do uso da expressão “em espírito”, pois,
também é a mesma expressão usada anteriormente em sua introdução à visão do Cristo
glorificado (Ap 1,10). Com isso, ele deixa claro que o que ele vê e ouve não é "feito por um
ato da vontade humana" (2Pe 1,21), mas resulta da obra do Espírito Santo .
Nota-se também, que após João ser levado em visão para a sala do trono, a primeira
coisa que chama a atenção dele é o trono. Como foi dito no primeiro capítulo, "trono" é a
palavra chave de Apocalipse 4. Ocorre quatorze vezes no capítulo e é central para tudo o que
acontece em torno dele.
Todas as coisas e atividades que ocorrem no capítulo 4 são orientadas para o trono
de Deus. Isso é sugerido pelas expressões "no trono" (Ap 4,2), "ao redor do trono" (Ap 4,3. 4.
6; cf. 5,11), "do trono" (Ap 4,5), "diante do trono" (Ap 4,5-6.10), e "no meio do trono" (Ap
4,6; 5,6). Essa centralidade do trono no capítulo 4 faz com que se nomeie o local da cena
descrita nos capítulos 4 a 5 como "a sala celestial do trono".
Como se pode obsevar, não é sobre detalhes do próprio trono que se faz descrições,
mas sobre seu ambiente majestoso, como em Isaías (6,1-3) e Ezequiel (1,4-28). As expressões
“Em torno do trono” descreve um arco-íris (Ap 4,3); “diante do trono”, descreve sete
72
lâmpadas (Ap 4,5); “no meio do trono e em torno do trono”, descreve o mar de vidro (Ap
4,6), e; “do trono” usa-se para dizer que dele “...saem relâmpagos, vozes e trovões (Ap 4,5)”.
No início deste capítulo, verificou-se que o trono simboliza o direito de governar. A
pessoa sentada no trono tem o poder real e autoridade para governar. No entanto, no
Apocalipse João não se faz nenhuma tentativa de descrever a Deus em qualquer forma
humana. Pois Deus tem qualificações e titularidade para governar, o governo é seu
eternamente. Isto é, Ele não passou a ter o direito de sentar-se no trono, Ele não ascendeu nele
para reinar. Ele reina desde a eternidade.
Em outra parte da visão João se refere a Deus como "Aquele que está sentado no
trono" (Ap 4,3.9.10; 5,1.7.13), e o identifica duas vezes no capítulo quatro como "Senhor
Deus, o Todo-Poderoso" (Ap 4,8) e "nosso Senhor e Deus”.
A descrição do trono e daquele que está sentado nele, são superficiais nos detalhes.
São apresentados apenas como esplendorosos, e o próprio Deus é apresentado como
Majestoso em termos do brilho de jaspe, sárdio e esmeralda, que são típicos de pedras
preciosas. Essa descrição pode fazer referência à visão de Ezequiel (1,26-28). O salmista
descreve a Deus como aquele que se cobre "com a luz como com um manto" (Sl 104,2), e
Paulo diz que Deus "habita em luz inacessível" (1 Tm 6,16).
Como sinal da aliança de Deus, é descrito um arco-íris ao redor do trono (cf. Ez 1,28),
o qual fornece uma garantia firme da promessa da aliança de Deus de estar com seu povo e de
Sua fidelidade a essa promessa (Gn 9,12-17).
A descrição da sala do trono em Apocalipse 4, pode ser intertextualizada com
algumas visões do trono no antigo testamento. Um exemplo disso, é a visão do profeta
Micaías, que afirmou que viu "o Senhor sentado em seu trono, e todo o exército celestial em
pé junto a ele, à sua direita e à sua esquerda" (1 Rs 22,19). Isaías também viu "o Senhor
sentado num trono, sublime e exaltado" em majestade e glória (Is 6,1-3). O profeta Daniel
também viu Deus sentado no trono que estava "em chamas de fogo, e suas rodas eram um
fogo ardente. Um rio de fogo estava fluindo e saindo de diante dele; milhares e milhares
estavam atendendo a Ele, e miríades em miríades estavam diante dele" (Dn 7,9-10).
Parece que o pano de fundo crucial para a cena de Apocalipse 4 é a visão do trono
de Ezquiel 1 (cf. vs. 4-10.13-14.18.26-28) e dos textos mencionados acima. Todavia, a
descrição da cena do trono em Apocalipse 4 incorpora as características de todas essas
grandes visões do trono, do antigo testamento.
Quem é o que está sentado no trono? Por quatro vezes João declara ser Deus (Ap
4,8.11; 5,9-10). Uma cláusula quase idêntica aparece em Apocalipse 20,11, onde o trono é o
73
lugar do julgamento final. Observe-se no texto, que o fenômeno descrito é explicado por ele
com relutância em mencionar o nome divino. Talvez uma das razões seja a da impossibilidade
de expressar a grandiosidade de Deus ou de evitar os detalhes antropomórficos da aparência
dEle. Mas esse argumento é enfraquecido pelo fato de João usar linguagem antropomórfica
com referência a Deus.
Por exemplo, o rolo selado é visto "à direita do que está assentado no trono" (Ap 5,1);
os pecadores não podem ficar diante do rosto "daquele que está sentado no trono" (Ap 6,16;
20,11). Além disso, João ocasionalmente se refere a "Deus sentado no trono" (Ap 19,4; 7,10;
12,5). No entanto, não se pode esquecer que O que está sentado no trono é descrito por uma
sequência de substantivo e locuções adjetivas: pedra de jaspe /de sárdio. Isso parece dar a
impressão de riqueza e onipotência, pois a imagem é construída com elementos metafóricos.
Esses exemplos parecem indicar que João não estava relutante em usar linguagem
antropomórfica ao se referir a Deus sentado no trono. Aparentemente, o estilo lingüístico aqui
se concentra no trono porque é divino, ao invés de em Deus como um ser, que é central para a
cena. Essa visão se encaixa no contexto da visão em que o trono é claramente o objeto central
de Apocalipse 4. O substantivo repete-se frequentemente no texto, reforçando a idéia de poder
e de rei de forma indireta. Além disso, parece que a cena de Apocalipse 4 se baseia na
declaração final de Apocalipse 3:21, em que Cristo promete ao vencedor uma parte em seu
trono, assim como ele mesmo superou e se juntou ao Pai no Seu trono.
A cena do capítulo 4, na qual o trono divino é central, é o prelúdio de Cristo ao
alcançar o trono do Pai no capítulo 5. O significado adicional do foco no trono de Deus no
capítulo 4 encontra a luz no fato de que João escreveu aos cristãos sofrendo sob a perseguição
iniciada pelo trono imperial. Em tempos de julgamentos iminentes, os profetas se referiam ao
trono de Deus como o fundamento de seu apêlo a Deus e como a perspectiva de esperança
futura de restauração.
Parece que não há dúvidas de que o substantivo trono perpassa a perícope escolhida
neste trabalho, como o tema normativo dela. Pois ele prepara o cenário para a cena descrita no
capítulo 5 também. João é visto observando o esplendor majestoso da sala celestial do trono.
Toda a atenção repentinamente se concentra no trono glorioso cercado pelos quatro viventes.
74
A estabilidade e estaticidade do trono e daquele que está sentado nele, é reforçada pela
análise gramatical da palavra καθήμενος (sentado). O termo é um nominativo, e está
relacionado 5 vezes Àquele que se senta nele. Com essa idéia central, o autor enfatiza o termo
como um polissíndeto. A análise permite dizer que o que está sentado não está se sentando,
más está sentado. É um particípio. O caso indica qualificação e titularidade para estar sentado
no trono. Diferente do termo no acusativo, que dá a idéia de movimento, de procura, de
alguém se sentando, como é o caso dos vinte e quatro anciãos. Veja-se o detalhamento no
quadro abaixo.
Os θρόνους dos vinte e quatro anciãos indicam que está havendo uma dinâmica em
torno do trono e em direção a ele. Por isso, o vidente faz uso das expressões ἐνώπιον (diante -
v. 4), κυκλόθεν/κύκλῳ ((em torno - 4) e ἐπὶ (sobre – v. 5), ἐκ τοῦ (do – v. 5) e ἐν μέσῳ τοῦ/
κύκλῳ τοῦ (em meio e em torno – v. 6), que representam formas adverbiais e preposicionais, e
que dão a ideía de movimento e vivacidade à descrição da imagem. Como disse Osborne: “O
quadro é de círculos concêntricos... ao redor do trono... os quatro viventes, os vinte e quatro
75
anciãos, as sete lâmpadas e o mar de vidro... esta imagem parece indicar uma ordem
hierárquica nesses círculos...”141.
É impostante frisar que os que estão se sentando não sentam nesses tronos por
qualificação ou titularidade. É como se tivessem sido convocados. Esta idéia é apoiada por ser
uma paronomásia, por ser a concatenação de duas palavras sequenciais, (em torno do trono
tronos).
Além do mais, o termo περιβεβλημένους (vestidos) pode ser regido pela voz média ou
passiva. Se o termo for regido pela voz média, os anciãos estão sendo vestidos. Se pela voz
passiva, eles foram vestidos. Se eles foram vestidos, foram vestidos para quê? Seria um
ambiente de reunião a imagem do trono? Não é o objetivo deste trabalho, analisar as
vestimentas dos anciãos e suas coroas, mas relacionar os tronos deles com o trono de Deus.
Quando o termo está no caso acusativo (cf. quadro acima), mesmo no singular, refere-
se a um local ou um móvel outorgado a seres, possivelmente, ocasionalmente. Pois, tratando-
se do trono da besta (Ap 16,10), o mesmo é atingido pela quinta praga relatada pelo vidente
João. Isto é, não é um trono estável para sempre, assim como os tronos dos anciãos não são
estáveis como se fossem moradas deles, conforme é o trono de Deus, mesmo que de maneira
figurada.
141
OSBORNE, G. R. Comentário Exegético Apocalípse. Sociedade Religiosa Vida Nova são Paulo-SP. 2014,
254.
76
8. Considerações finais
No texto grego (Ap 4,1-11) apresentado no primeiro capítulo deste trabalho foi
verificado que não havia necessidade de se fazer um estudo completo das variantes textuais de
toda a perícope. Pois com a transcrição dos dois versículos (Ap 4,2.4) sugeridos para essa
finalidade percebeu-se a diferença no sentido do termo θρόνος quando é para Deus e quando é
para os anciãos, tendo em vista que o verbo (καθήμενος) que o acompanha, também é regido
na mesma flexão que ele.
No estudo das variantes do versículo um, optou-se pelo uso dos termos εἶδον e
Ηνεῳγμένη. No estudo da variante do versículo onze, optou-se pela ordem da frase “passaram
a existir por vontade de Deus, e por isso foram criadas”, ou “Deus quis que elas existissem, e
por isso, foram criadas”. O estudo realizado nos dois versículos não trouxe implicâncias de
ordem contraditória ao texto da perícope.
No estudo das variantes dos versículos 2 e 4, os principais textos gregos apresentados
concordaram com as mesmas variantes textuais. Ambos descreveram, basicamente, a omissão
ou a inclusão de uma ou outra variante analizada em manuscritos antigos e gregos. Ao serem
analizados os mss citados no estudo das variantes, levou-se a cabo como uso de regra para
reconstrução de um texto, especialmente as evidências internas e externas.
Ainda no estudo das variantes dos versículos 2 e 4, este trabalho atestou a inclusão no
versículo 2 da preposição καὶ, do termo Εὐθέως e da frase καὶ ἐπὶ τὸν θρόνον. Também
concordou com a inclusão dos termos θρόνους, πρεσβυτέρους, καθημένους, περιβεβλημένους e
χρυσοῦς no versículo 4. Para tal, considerou os códexs Sínaíticus e Alexandrinus.
Após a delimitação textual, a qual resultou de uma simetria feita com os 11 versículos
do capítulo 4 de Apocalipse, tendo como base o termo “trono” e a verificação do conteúdo da
perícope, dos personagens, do título de capítulos anteriores e posteriores à perícope, das
interrupções linguísticas, como a mudança discursiva e a quebra na cronologia discursiva na
temática da visão, o texto foi segmentado e traduzido. Após a tradução segmentada, foram
feitas as análises morfossintática e linguística do termo “trono”, e das principais palavras
ligadas a ele, especialmente o verbo καθήμενος.
Descobriu-se que “trono” aparece 14 vezes na perícope. No versículo 2, o termo está
no acusativo e também no nominativo. Nos versículos 5, 6 e 10 está no genitivo. No versículo
9 no dativo. No entanto, no versículo 4, está no acusativo por duas vezes. Além disso,
observou-se que a maioria dos substantivos da perícope está no caso nomitativo, e, todos eles
referem-se Àquele que está sentado no trono, quando se fala do trono. O mesmo acontece com
77
os que estão no caso genitivo e dativo. Curiosamente, quando ligado aos tronos dos anciãos,
cujo termo está no acusativo, outros termos que estão no acusativo, também fazem referência
a eles.
A análise morfossintática realizada neste trabalho trouxe elementos que completaram a
descrição do trono feita nos versículos 2 e 4. Ela mostrou que a flexão do termo nos casos em
que é regido, diferiu no uso do termo quando foi usado para Deus, de quando foi usado para
os anciãos. O uso de léxicos e dicionários bíblicos acrescentou o conceito de literalidade ao
trono, e considerou-o um móvel (cadeira, trono, etc) usado por um rei, por um soberano, por
um juiz, por um governante, por uma pessoa com status social mais elevado na sociedade, e
em ocasiões solenes, como em cerimônias de monarcas e de papas.
E de maneira figurada, os estudiosos adicionaram elementos simbólicos ao trono de
autoridade, domínio, poder, comando, potentados terrenos ou celestiais, e apontaram estas
qualidades como pertencendo a Deus. Também compararam o trono ao céu e à Jerusalém.
Mencionaram que Jesus se senta no Seu trono no Seu Reino messiânico e vindouro, e que
Seus discípulos, ao participarem do Reino dEle, também se sentam em tronos, os quais lhes
são dados, isto é, não lhe pertencem, eles os recebem como cumprimento de Sua promessa.
A pergunta: os tronos do versículo 4 são diferentes do trono do versículo 2? Do ponto
de vista lexical, a flexão do objeto “trono” e do verbo “sentado” concluiu que sim. Primeiro,
da frase θρόνος ἔκειτο ἐν τῷ οὐρανῷ, o substantivo οὐρανῷ está flexionado no caso genitivo.
A flexão indicou que o “Céu” é o ponto de partida de onde tudo acontece. O termo θρόνος na
perícope está flexionado em 4 casos: nominativo, genitivo, dativo e acusativo. A ocorrência
indicou um políptoto. E o fato do termo estar no acusativo (4x) na perícope, apontou para um
interesse das ações dos seres da visão rumo ao trono, pois este é estático e estável, por estar
também no caso dativo. O verbo καθήμενος, o qual ocorre 5 vezes na perícope, configurou
centralidade na cena da visão. Nesse caso, a flexão do verbo no nominativo resultou em
alguém sentado e não em alguém se sentando, diferente do caso (acusativo) em que o termo
está flexionado para os anciãos, dando a idéia de que eles estão se sentando. Ou seja, a ênfase
está na importância dos anciãos sentados em tronos em torno do trono de Deus, e não na
função deles como diferindo da função de Deus.
O estudo também concluiu que as formas adverbiais e preposicionais (“sobre o”, “em
torno do”, “diante do”, “no meio do”, “do”) registraram as posições dos seres descritos na
visão, e idealizaram a formação de círculos concêntricos em torno do trono, configurando
uma “ordem hierárquica”, nestes círculos. O fato de o trono ser ocupado por Aquele que é
denominado por João de Senhor, Deus e Todo Poderoso, o qual possui características de
78
Criador no texto da perícope, e de Governante em outros textos, e que também está sentado
no trono por qualificação e título, não isenta os anciãos de terem recebido funções de domínio
e poder semelhantes às de Deus. No entanto, Deus é Todo Poderoso e é Digno de ter essas
funções de poder e domínio. Os anciãos não são como Deus, todavia se lhes confere essas
funções, pois na análise lexical demosntrou-se a importância deles em torno do trono. Os
tronos deles apresentaram uma dinâmica em direção ao trono de Deus.
A questão da análise lexical do trono de Deus, não está no verbo/adjetivo “sentado”,
mas na flexão do objeto “trono”. Se o trono está no caso acusativo, então há uma relação
dinâmica com o trono quando este está no genitivo ou no nominativo. Ou seja, há sempre um
movimento e certa instabilidade nos tronos dos anciãos. Se o trono está no caso genitivo, é
porque é o ponto de partida, ele é a referência da relação com quem está sentado. Se o trono
está no caso dativo pode ser duas coisas, ou é uma relação de lugar onde se senta (locativo) ou
o sentido é abstrato de algo que foi atribuído àquele que está sentado. Em ambos os casos é
algo estático, definitivo, fixo.
Portanto, o trono em que Deus está sentado é de honra, de domínio, de poder, de
reinado, de justiça, de equidade, de graça, e é sublime. Os tronos em que os anciãos estão se
sentando são tronos que refletem funções do trono de Deus, assim como os tronos terrestres,
no entanto, são tronos instáveis, não são descritos como sublimes no texto, mas apresentam
um dinamismo dessas funções em direção ao trono de Deus. Isto é, têm importâncias
funcionais semelhantes às de Deus.
79
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