Você está na página 1de 48

CURSO J LIVRE

DE J TEOLOGIA

FRA
TER. RO
LAICAL S. PRÓSPE
Todos os direitos autorais e de propriedade intelectual estão reservados
ao Apostolado “Fiel Católico”, P. Jur. Luiz Henrique S. Sebastião (2135)
/ CNPJ 21.946.103/0001-19, inst. norm. RFB n. 1.470, de 30/5/2014.
Lei 9610/98 | Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 / art. 5º §§ I-XIV.
APRESENTAÇÃO AO CURSO DE TEOLOGIA
PELA FRATERNIDADE LAICAL SÃO PRÓSPERO

Edição: Henrique Sebastião


Revisão técnica: Igor Andrade
Projeto gráfico: Estúdio S. Próspero Artes Gráficas
Revisão ortográfica: Silvana Sebastião & Frat. Laical. S. Próspero

Dados de catalogação da publicação


_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Sebastião, L. Henrique S., (1967 - ...)

Apêndice introdutório ao Curso de Teologia pela Fraternidade Laical


São Próspero/Henrique Sebastião, 1ª edição.
São Bento do Sul: Ed. São Próspero, 2019

1. Cristianismo - Catolicismo - Doutrina cristã - Teologia - Catequese -


Igreja Católica - Catequese
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Índice para catálogo sistemático:
Teologia : Apologética : Doutrina

Todos os direitos reservados à


FRATERNIDADE LAICAL S. PRÓSPERO
R. Dr. Cominese, 20 – Tel.: (47) 9-9994-1835
89280-418 – São Bento do Sul - SC
www.ofielcatolico.com.br
ÍNDICE

* – Observações prévias ............................................... 9

I – Apresentação do autor ........................................... 13

II – Apresentação do conteúdo .......................................... 19

III – Objetivo deste apêndice ............................................. 23

IV – Método de estudo proposto ....................................... 25

V – Considerações gerais ................................................... 37

VI – O que é Teologia/Definição de Teologia ................... 41


OBSERVAÇÕES PRÉVIAS*

Nesta coleção de volumes que compõem o Curso Livre de


Teologia da Fraternidade Laical São Próspero, usam-se de-
terminados vocábulos de modos específicos, que caracterizam o
nosso estilo de redação, às vezes invulgar, pelo fato de lidarmos com
o que há de mais invulgar – o Santo – em nossos estudos. Assim:

• A palavra “Fé” é grafada com inicial maiúscula quando se refere


de modo absoluto ao dom divino (e virtude sobrenatural concedi-
da pela Graça) necessário para a salvação, e não genericamente a
qualquer tipo de crença ou mesmo à fé em algum elemento isolado
da Sã Doutrina.

• A palavra “Pecado” é grafada com inicial maiúscula quando se


refere ao Pecado Original, causa da queda do homem e que se
encontra na raiz de todos os pecados.

* Por se tratar de uma coleção de livros em formato digital, até a data da


conclusão do Curso ocorrerão ampliações e aperfeiçoamentos, especial-
mente no conteúdo deste e nesta seção ‘Observações prévias’.
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

• Para as referências a Deus Pai e, às vezes, à Santíssima Trindade,


adotamos o uso de algumas traduções bíblicas tradicionais, que se
valem da solução “SENHOR” nos lugares onde, no original hebraico,
aparece o sagrado Tetragrama YHWH, que representa o misterio-
so Nome de Deus revelado a Moisés na “Sarça Ardente”: “EU SOU
AQUELE QUE É” ou “EU SOU AQUELE QUE SOU”, ou “EU SOU QUEM
SOU” ou ainda “EU SOU O EU SOU”. Tal costume deriva já de São
Jerônimo, que traduziu o Tetragrama, por respeito e pela dificul-
dade/impossibilidade de decifrar o Nome Sagrado1, por Dominus
(=‘Senhor’). Ainda muito antes, por temor e respeito à santidade
inatingível de Deus, também o povo de Israel não ousava pro-
nunciar seu santo Nome. Nas leituras sagradas, o Nome revelado
a Moisés na “Sarça Ardente” era substituído pelo título “Senhor”
(‘Adonai’, em grego ‘Kyrios’).

1. O Tetragrama YHWH, encontrado muitas vezes na forma latinizada


IHVH ou JHVH, refere-se ao Nome do ‘Deus de Israel’. É formado pelas
consoantes hebraicas Y / Yod ou Yud (‫)י‬, H / Hêh ou Hêi (‫)ה‬, W / Vav (‫)ו‬
e H / Hêh/Hêi (‫)ה‬, e originariamente, em aramaico e hebraico, era escrito
e lido horizontalmente, da direita para esquerda, isto é, HWHY (‫)יהוה‬.

Mais adiante, em volume próximo, aprofundaremos o tema Nome de Deus.

– 10 –
Apêndice introdutório

Das citações

• CATECISMO. As citações do Catecismo da Igreja Católica se-


rão referidas, no corpo do texto, usando-se da sigla ‘CIC’, e se refe-
rirão de ordinário à edição vigente, a saber, o CATECISMO DA
IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas,
Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993., salvo exceções, que serão devi-
damente assinaladas no corpo do texto.

• BÍBLIA SAGRADA. A maioria das citações da Bíblia uti-


lizadas no início deste curso, salvo exceções acompanhadas de
notas explicativas, são da Bíblia de Jerusalém revista e ampliada
(École Biblique de Jérusalem/Paulus, 2002), considerada ainda pe-
la maior parte dos biblistas a melhor edição de estudos (técnicos)
das Sagradas Escrituras disponível em idioma português.

• SAGRADAS ESCRITURAS. No trato dessa disciplina, como


em todo este curso, optamos pela expressão no plural, no lugar do
uso também possível no singular (Sagrada Escritura), pelo fato de
que apenas esta opção, por si, já se torna didática. Ocorre que “Bí-
blia” é um substantivo próprio derivado do gregobiblos ou biblia
(Βίβλος – βιβλία), plural de biblion (βιβλίον) e significa “bibliote-
ca”. De fato, o livro sagrado dos cristãos não é um só livro, mas
sim um volume composto de uma coleção ou conjunto de livros.

Por ser a Bíblia uma coleção de (73) livros reunidos em


um, é apenas mais correto dizer “Sagradas Escrituras”, usando o
plural, e manter esse hábito indiretamente já ajuda a enfraquecer
a heresia protestante do Sola Scriptura, a qual faz subentender a

– 11 –
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

ideia da Bíblia como um livro completo e fechado em si, dado por


Deus já acabado, como regra absoluta de fé e prática dos cristãos
e como a única/exclusiva solução para todas as questões teológi-
cas da humanidade em todos os tempos. Por essa mesma razão é
que os pastores e teólogos protestantes apreciam especialmente o
termo “Palavra de Deus” para se referir ao livro sagrado; algo que,
como veremos logo ao início do primeiro livro deste Curso, não
está correto em sentido absoluto.

– 12 –
APRESENTAÇÃO DO AUTOR

A todos os nossos diletos assinantes e agora alunos, se assim


os podemos chamar, tratando-se o nosso curso de um modelo de
formação à distância por meio de livros (inicialmente1) digitais,
venho me apresentar como o organizador e autor principal des-
ta série em trinta e três obras2 que compõem o Curso Livre de
Teologia da Fraternidade Laical São Próspero. Meu nome é Luiz
Henrique Silva Sebastião, tenho 52 anos de idade e tenho a gran-
de Busca por Deus como prioridade máxima de minha vida desde
que me conheço por gente, na realidade desde a minha mais tenra
infância, quando eu soube de um jeito algo traumático, por minha
mãe –, uma mulher não muito entusiasmada com os métodos pe-
dagógicos modernos –, que a minha vida neste mundo, bem como
as vidas de todas as pessoas que eu amava, era finita: ela e eu mor-
reríamos, tal e qual aquele dengoso gatinho de estimação que tanta

1. A depender da aceitação geral e procura, poderão ser lançados estes livros


em formato impresso, postos ou não para venda em livrarias.
2. Sendo 11 títulos mensais por ano, com o curso entrando em recesso no
mês de dezembro.
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

afeição me despertara, duro como um pau seco diante dos meus


olhos assustados. Esta é uma longa história. Hoje sou casado e pai
de uma menina (de trinta anos) e de três meninos muito amados
(o mais novo com três).

De 2009 a 2017, estudei Teologia e Filosofia em qua-


tro instituições diferentes: Teologia pelo Instituto Teológico São
Paulo (ISPES/ ITESP)3 e pelo Centro Universitário Claretiano,
e Filosofia pela Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação
(FAPCOM) e pelo Mosteiro de São Bento de São Paulo4, além
de ter concluído os cursos de curta duração/extensão/livres: “O De
Trinitate de Santo Agostinho” (2011), “O Protreptikos (Exortação
aos gregos) e o Stromata (Miscelânea) de Clemente de Alexandria”
(2013); “A verdadeira religião de Santo Agostinho” (2014)”; e o
“Itinerário da mente para Deus segundo S. Boaventura” (2015),
todos pelo meu querido mestre e grande incentivador, o Prof. Dr.

3. História de Israel; Epistemologia das Ciências e da Teologia; Introdução


à Teologia; Fenomenologia da Moral; Antropologia da Religião; Meto-
dologia do Trabalho Teológico; Psicologia da Religião; Educação para a
Comunicação; Introdução ao Hebraico bíblico; Sagrada Escritura, Portu-
guês. O Instituto Teológico São Paulo (ITESP) é um estabelecimento de
educação superior cujo Bacharelado é mantido pela Associação São Paulo
de Estudos Superiores e criada a partir do desdobramento das atividades
educacionais da Congregação do Santíssimo Redentor, da Pia Sociedade
de São Carlos e da Associação Propagadora Verbo Divino. O curso de
Teologia do ITESP é voltado especialmente a seminaristas, destas e de
outras congregações religiosas, e se insere em sistema de Agregação com o
Pontifício Ateneu Santo Anselmo, tendo seu título reconhecido no Siste-
ma Europeu de Educação Superior.
4. Filosofia da Educação pelo Prof. Dr. Joel Gracioso e Introdução à Filo-
sofia Moderna pelo Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva.

– 14 –
Apêndice introdutório

Joel Gracioso5. Sou pesquisador independente especializado em


Sagradas Escrituras, Teologia geral, História eclesiástica e História
das Religiões há mais de três décadas, e o fundador e atual diretor
da Fraternidade Laical São Próspero. Sou o autor do livro histórico
“São João Batista no Brás: 100 anos de evangelização no coração
de São Paulo” (2008), sob encomenda da paróquia homônima (Ar-
quidiocese de São Paulo) e de uma grande quantidade de artigos,
crônicas, ensaios e biografias para publicações e editoras diversas.

Fui catequista, conselheiro de casais e responsável pelas co-


municações e ações de evangelização (em impressos) da Paróquia
São João Batista do Brás, com o padre Marcelo Álvares Matias
Monge – hoje Cônego do Cabido Metropolitano de São Paulo6
– desde o ano 2007 até 2013; no mesmo período, prestei serviços
como redator e fui o responsável pelas criações gráficas para os
eventos da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, cujo diretor à
época era esse mesmo presbítero, e para o Centro Pastoral São
José do Belém (SP), junto aos senhores bispos Dom Pedro Luiz
Stringhini e Dom Edmar Peron, e ao cardeal arcebispo de São
Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer. Fui redator e articulista do jor-

5. Mestre e Doutor em Filosofia pela USP, membro da Soc. Bras. de Fi-


losofia Medieval e professor na Faculdade de São Bento (SP), onde é o
coordenador pedagógico do Curso de Filosofia, no Seminário Maria Mater
Ecclesiae do Brasil e no Instituto de Teologia Bento XVI, além de autor
de livros e articulista. O Prof. Dr. Joel Gracioso é consultor, orientador e
membro colaborador da Fraternidade Laical São Próspero desde 2013.
6. Cabido é o nome dado ao colégio dos clérigos cha­ma­dos cônegos, cons-
tituído princi­pal­men­te para assegurar um culto mais solene na catedral
ou em uma igreja importante. Sua ação está ligada principalmente à par­
ticipação nas ações litúrgicas mais so­lenes presididas pelo bispo.

– 15 –
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

nal católico “O Precursor”; fui o fundador e editor da revista cató-


lica “Voz da Igreja” (impressa) em suas 30 edições (publicadas de
2009 a 2013).

Atuei como redator e assumi os projetos gráficos da Paró-


quia Nossa Senhora do Brasil (de 2013 a 2015), Sou o fundador,
editor-chefe e principal articulista regular da revista “O Fiel Cató-
lico”, em suas versões impressa (13 edições bimestrais, publicadas
de 2013 a 2015) e digital (de 2016 até agosto do ano 2019 (edições
14 a 42).

Durante o ano 2015 atuei como articulista, assumindo tam-


bém as funções de jornalista, repórter de campo e revisor no jornal
“O São Paulo”, o órgão oficial de comunicação da Arquidiocese de
São Paulo7.

Fui o redator de comunicação do Oratório de São Filipe


Neri de São Paulo, e, juntamente com o revmo. Pe. Fabiano Mi-
cali, fui o criador e editor da revista “A Voz do Oratório”, em suas
12 edições, prestando serviços de redação e criação também para a
Associação do Oratório Secular de São Filipe Neri de São Paulo.

De 2015 a 2018 fui o editor-chefe da editora Molokai (São


Paulo), substituindo o Prof. Henrique Elfes, um dos fundadores

7. Meu estudo histórico ‘O Santo Sudário: mortalha de Cristo?’ foi capa e


artigo central da edição 3053/2015, com a entrevista que me concedeu o
Revmo. Pe. Alessandro de Bourbon Savoia Aosta, descendente direto da
nobre família Savoia, que por séculos foi a proprietária do Santo Sudário
(até 1983, quando a relíquia foi doada ao Vaticano por desejo de Umberto
II, após a sua morte).

– 16 –
Apêndice introdutório

da editora Quadrante; aí, além das funções de editor, fui autor de


biografias de Santos e de grandes pensadores católicos, e produzi
artigos complementares para obras clássicas. Fui ainda o chefe de
criação dessa mesma editora. Nessa oportunidade, ao final do ano
2017, tive o meu trabalho com a elaboração do Homiliário com-
pleto de Bento XVI em quatro grandes tomos (intitulado ‘Um Ca-
minho De Fé Antigo E Sempre Novo, Antologia completa de ho-
milias, discursos, catequeses e mensagens para o Ano Litúrgico’),
organizado pelo Prof. Dr. Rudy Albino de Assunção (colaborador
da Fraternidade Laical São Próspero) pessoalmente elogiado pelo
Papa Emérito, diretamente do Vaticano, por mensagem do Mons.
Antonio Catelan, secretário da Sociedade Ratzinger do Brasil8.

Desde 2018 até o presente momento, sou o responsável


pelos projetos gráficos da editora católica Caritatem, do Rio de
Janeiro, para a qual também presto serviços como autor e editor,
além de atuar como redator e criador de projetos gráficos para a
editora Castela, de São Paulo.

Tenho como colaboradores e consultores no projeto deste


Curso de Teologia aqueles mesmos irmãos em Cristo que me au-
xiliaram e auxiliam na produção do nosso trabalho na internet e da
nossa revista até aqui, especialmente o prof. Igor Andrade, revisor
técnico deste Curso. Mais informações no endereço abaixo:
www.ofielcatolico.com.br/p/fiel-catolico-e-um-apostolado-da-igreja.html

8. Episódio que registrei em nota, em:


www.ofielcatolico.com.br/2017/12/perdoem-me-os-leitores-por-este-momento.html

– 17 –
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

* * *

Peço de todos o perdão por essa tediosa apresentação. Por


mais inúteis que sejam em nossos dias as universidades que ado-
tam, praticamente todas elas (honrosas e raras exceções), o malfa-
dado sistema “pagou-passou”, e que só podem nos conceder “ca-
nudos” imprestáveis para os conteúdos que nos interessam neste
curso, ainda é necessário dizer quem está dizendo o quê. Todavia,
prezado aluno, muitíssimo mais importante do que aquele que diz
(ou escreve), é o seu trabalho e empenho em pesquisar e confir-
mar cada dado e cada informação aqui apresentada. Mais além,
importam mais o trabalho e o empenho em aprofundar o que aqui
será dito. É assim que se forma para a vida, da maneira que vale a
pena. É assim que se formam cristãos bem preparados na ciência
sagrada da Teologia.

Deus vos ilumine e guarde para que superem este pobre


mestre! Porque, se assim não suceder, de duas uma: ou o mestre
não se qualifica ou o aprendiz é preguiçoso.

– 18 –
APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO

Se esta é a sua primeira incursão ao estudo da Teologia, saiba


que este ponto será um marco em sua vida. Deste momento em
diante, sua vida nunca mais voltará a ser o que era. A Fé é um dom
sobrenatural de Deus que transforma, em maior ou menor grau, a
vida daquele que crê, mas aquele que procura compreender a sua
fé através da luz da razão – também esta um presente de Deus a
cada um de nós – vai sofrer de modo especial uma transformação
interna radical e definitiva, que modelará tudo aquilo que será é e
fará a partir de então.

Pois então, bem-vindo a este ponto-chave da sua vida, o es-


tudo da Teologia, e por óbvio, antes de entrar nele, faz-se necessá-
ria uma apresentação. Todo o nosso curso, por completo, pode ser
resumido como uma grande jornada introdutória à Teologia (não
há como ser diferente e o mesmo se dá com relação a todo curso
de Teologia possível, pois estamos diante de um tipo de estudo – o
estudo do Sagrado – que por sua própria natureza não se limita e
nem terá fim neste mundo), portanto não teremos a disciplina for-
malmente denominada “Introdução à Teologia”, que muitas vezes
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

compõe a grade de disciplinas de graduação das instituições for-


mais. A partir daqui, tenha certeza, com grande satisfação estare-
mos estudando juntos, pois não há professor que não aprenda com
seus alunos. Este apêndice introdutório ao Curso propriamente
dito – que começa pela disciplina Iniciação às Sagradas Escritu-
ras – pretende apresentar um panorama epistemológico da ciência
teológica, suas regras, seu objeto e ainda a sua relação com outros
ramos da ciências.

Por meio de uma breve apresentação histórica, veremos:

1) Como surgiu e de que modos se foi construindo a Teo-


logia, essa ciência incomparável e tão incomum;

2) Como se “faz Teologia”, utilizando-se de quais instru-


mentais e mediações;

3) Qual é (e qual deve ser) a relação da Teologia com a rea-


lidade social e eclesial;

4) Como se distinguir as diversas teologias nascidas e pro-


duzidas como frutos dos diversos contextos eclesiais.

Já o exortamos e continuaremos insistentemente a incitá-


-lo, leitor e aluno, que não limite seus estudos ao conteúdo deste
trabalho, mas que o tenha como um referencial a partir do qual
poderá expandir seus horizontes de conhecimentos em busca da
sabedoria, e que, observada a santa obediência a tudo quanto des-
de sempre prescreveu a santa mãe Igreja, permita-se formar a sua
própria opinião sobre os temas que o aguardam.

– 20 –
Apêndice introdutório

Desejamos, com grande esperança em Nosso Senhor, os


melhores êxitos na realização dos seus estudos, bem como das suas
pesquisas e atividades!

– 21 –
OBJETIVO DESTE APÊNDICE

Os estudantes do Curso Livre de Teologia da Fraternidade


Laical São Próspero (doravante denominado FLSP), ao final deste
módulo introdutório deverão ser capazes de reconhecer e analisar
um panorama epistemológico da ciência teológica, suas regras, seu
objeto e sua relação com outros ramos da ciência e interpretar, por
meio da apresentação histórica, a construção desta ciência, como
se faz Teologia, quais os seus instrumentais e mediações, sua re-
lação com as outras ciências e com a realidade social e eclesial.
Poderão, ainda, distinguir as teologias produzidas nos diversos
contextos eclesiais.

Ao final destes estudos, os estudantes deverão ter adqui-


rido uma sólida base teórica para fundamentar criticamente suas
convicções de fé. Além disso, adquirirão habilidades necessárias
ou muito importantes para cumprir o seu papel enquanto cristãos
críticos e bem formados em sua áreas de atuação social, a saber: o
ambiente familiar, o paroquial, o de trabalho, etc. Deverão saber,
ainda, como proceder com ética e responsabilidade social peran-
te as situações que se apresentam no dia a dia, dando o exemplo
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

que se espera e que se exige de um membro do Corpo Místico de


Cristo. Já os não cristãos deverão ter adquirido, ao menos, o co-
nhecimento mínimo necessário com relação às mesmas questões,
enquanto arcabouço para a melhor compreensão de um mundo
e de uma sociedade radicalmente influenciados pela cultura dita
“judaico-cristã”1.

1. Como disse o historiador argentino Rúben Calderón Bouchet (1918-


2012), “a aproximação destes dois termos –, judaico e Cristão –, aplicado
às verdades reveladas por Deus, traz consequências lamentáveis porque re-
lativiza o conteúdo religioso, fazendo-o depender da civilização hebreia, e
isso não é católico, embora venha com a pretensão de ser muito protestante
e moderno. Tampouco é aceitável se o aplicamos à nossa civilização, que é,
essencialmente, greco-latina” (Revista Gladius, nº 1/1984). De fato, toda
doutrina judaica pré-cristã só tem sentido na medida em que se abre à Re-
velação do Cristo; enquanto se fecha em si mesma, torna-se incompatível
com o cristianismo. Ainda assim, esta grave ressalva se faz neste sentido es-
trito, a saber: quando usada em referência à Revelação. Em sentido amplo,
a expressão pode ser honestamente utilizada, e também é um fato inegável
que Deus mesmo quis que o cristianismo tivesse origem no judaismo, e
assim atestou Nosso Senhor: “A salvação vem dos judeus” ( Jo 4,22) [reco-
mendamos a leitura do trecho bíblico completo (vs. 21 a 24) para dirimir
possíveis dúvidas]. (N. do R.)

– 24 –
MÉTODO DE ESTUDO PROPOSTO

Apresentamos nesta seção a sugestão de um método ou pro-


cesso ordenado que preparamos visando auxiliar o estudante a or-
ganizar-se e não desanimar, mas prosseguir e evoluir cada vez mais
frutuosamente neste curso. A organização, persistência e atenção
de cada aluno são as ferramentas-chave que o levarão a concluir
os seus estudos de modo que realmente valha a pena. Lembre-
-se: mais importante do que os talentos naturais, é a determinação
aliada à persistência; mais do que ser um verdadeiro “gênio”, é ne-
cessário trabalho duro e contínuo. E, ainda antes de tudo isto, que
o estudante seja humilde e reze antes de começar cada sessão de
estudos. A humildade é o primeiro pré-requisito da sabedoria, pois
àquele que acha que já sabe, nada se pode ensinar.

1. Por quanto tempo estudar?

A carga horária estipulada para a conclusão deste apêndice intro-


dutório é (geralmente) de 15 horas, malgrado não seja possível
estimar com precisão o tempo de estudo que cada estudante em
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

particular precisará dedicar a cada volume desta coleção para que o


compreenda e domine bem. Há o leitor voraz, que lê tudo rapida-
mente e com impaciência, sem poder se conter na ânsia em saber
o que vem a seguir, e há o leitor mais calmo, que com serenidade
procura degustar cada palavra e retoma várias vezes aqueles pontos
que à primeira análise lhe pareceram obscuros.

Todavia, como veremos a seguir, a carga que atribuímos à


este primeiro estudo introdutório foi pensada para os que segui-
rem o método que aconselhamos, com o fichamento da obra e a
anotação sistemática do conteúdo, além da conclusão das respostas
às perguntas contidas no questionário ao final e à conclusão das
atividades propostas.

Com relação aos horários e a duração dos seus estudos,


pouco podemos sugerir, mas apenas oferecer alguns auxílios, os
quais listamos a seguir:

a) O cérebro humano, após um determinado período de


tempo, perde a capacidade de se concentrar, especialmente na leitu-
ra. Certas fontes atestam que a atenção se esvai depois de 50 ou 60
minutos de concentração1. Este é um dos motivos pelos quais faze-
mos acompanhar cada livro de uma audioaula: ouvir uma voz que
nos orienta pode ajudar a manter a concentração por mais tempo.

1. Profª Carla Tieppo, professora adjunta da Faculdade de Ciências Mé-


dicas da Santa Casa de São Paulo [artigo ‘4 dicas da neurociência para
melhorar a sua concentração’/Exame online, por Por Claudia Gasparini.
(31/março/2015)].

– 26 –
Apêndice introdutório

Além disso, é consenso entre cientistas que após a verda-


deira dominação dos poderosos smartphones, que radical e impie-
dosamente submeteram as mentes comuns contemporâneas, a
capacidade de concentração nos estudos, bem como no trabalho,
diminuiu sensivelmente.

Um estudo publicado em abril de 2017 por pesquisadores


da Universidade de Chicago, liderados pelo Dr. Adrian F. Ward,
com testes cognitivos simples em cerca de 800 voluntários, de-
monstraram que “a mera presença de um smartphone afeta a capa-
cidade cognitiva humana”, mesmo que nem se toque nele2(!).

Dadas essas informações, seguem aqui duas indicações que


lhe poderão ser extremamente proveitosas. 1) Se decidir estudar
por um longo período, intercale cada bloco de 50 ou 60 minutos
com pequenas pausas de 10 minutos; 2) durante o tempo que de-
dicar aos seus estudos, se possível, mantenha afastado o seu smart-
phone, ou então ative a configuração “não perturbe” do seu aparelho
(nesse caso ele continuará recebendo notificações, porém elas não
farão barulho nem aparecerão na tela, isto é, não sequestrarão o seu
foco durante os sagrados momentos de estudo), se for estudar ao
computador ou notebook, ou se optar por imprimir este material.
E se for estudar usando o próprio smartphone, então ative o “modo
avião”. Lembre-se que a humanidade, até há poucos anos, sobre-
viveu muito bem sem essa maravilha da tecnologia. Passar alguns

2. Por Rodrigo Ghedin para a Gazeta do Povo, em:


gazetadopovo.com.br/economia/nova-economia/a-mera-presenca-do-smartpho-
ne-afeta-a-nossa-capacidade-cognitiva-17ux0qokdxqi239q4lcyptu3z
Acesso 17/9/2019.

– 27 –
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

momentos ou horas longe desconectado dele não vai lhe fazer mal
algum, bem pelo contrário: será uma experiência recompensadora.

b) Recomendamos vivamente que adquira um caderno e


reserve-o exclusivamente para os seus estudos neste curso. O uso
do caderno pode parecer antiquado, mas há diversas pesquisas
científicas que apontam que escrever à mão estimula a inteligência,
e que fazer anotações e elaborar resumos manuscritos fazem fixar
melhor os conteúdos estudados3.

2. Como devo estudar

Discriminamos abaixo, passo a passo, o plano de ensino que


sugerimos para um melhor aprendizado:

a) Ao receber o seu livro do mês, leia-o primeiro breve-


mente, mas sem pressa e sem pressão, saboreando-o despreten-

3. Estudo conduzido pelas Universidades de Princeton e da Califórnia ana-


lisaram grupos de estudantes que durante determinadas aulas presenciais
faziam anotações por computador, notebook ou smartphone, em comparação
a outros grupos com membros de iguais capacidades intelectuais que, sub-
metidos às mesmas aulas, faziam anotações em papel (cadernos ou livros).
Em conclusão, o grupo que usava papel saiu-se significativamente melhor
em provas, o que levou à seguinte conclusão: apesar de os estudantes que
anotam digitalmente conseguirem registrar maior quantidade de informa-
ções, os que anotam no papel compreendem e fixam melhor as palavras do
professor. Não surpreende; tudo que dá mais trabalho exige maior concen-
tração, logo, será depois mais facilmente acessado pela memória. [Pam A.
Mueller e Daniel M. Oppenheimer para a revista Psychological Science:
‘The Pen Is Mightier Than the Keyboard: Advantages of Longhand Over Laptop
Note Taking’. Acesso em 17/9/2019).

– 28 –
Apêndice introdutório

siosamente, sem metas ou expectativas. Apenas aprecie-o. Este


primeiro passo será, na realidade, também o primeiro passo do fi-
chamento de nossas obras, método que aconselhamos fortemente
a todos os nossos estudantes, como veremos a seguir.

b) Ouça a audioaula do mês, também sem pressa, tranqui-


lamente. Seria bom ter o livro aberto, à disposição para consulta,
enquanto ouve, pois os assuntos são os mesmos e você poderá am-
pliar a sua compreensão dos temas apresentados. Este é o segundo
passo. As audioaulas permanecerão disponíveis enquanto durar o
curso e poderão ser ouvidas antes e/ou depois das leituras.

c) Aos que desejam um aprendizado realmente aprofun-


dado, é muito importante que façam o fichamento de cada livro.
Para este fim, vale a indicação anterior, de que se providencie um
caderno. Evidentemente, os que preferirem fazer as suas anotações
e resumos utilizando-se de programas digitais de edição de texto
(Microsoft Word ou outro similar) poderão fazê-lo sem problemas.

A seguir, disponibilizamos um guia detalhado que irá auxi-


liá-lo a fazer um bom fichamento. Este é o terceiro e mais impor-
tante passo.

3. Fichamento: o que é e como fazer

O que é – O fichamento é, literalmente, um registro feito em fi-


chas – que não precisa necessariamente utilizar-se de fichas, mas
pode ser feito em seções de um caderno, blocos de anotações, fi-

– 29 –
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

chários, etc, ou em conjuntos de arquivos de texto em pastas orga-


nizadas no seu computador.

Nessas fichas o u s eções a notam-se, r esumidamente, a s


ideias principais de um texto, aquelas que norteiam e dão senti-
do à obra, a cada um dos capítulos ou partes que o compõem, de
modo ordenado. Pode-se fichar um livro ou parte de um livro, ou
um artigo científico, uma reportagem jornalística ou outro tipo de
escrito qualquer. Gostaríamos mesmo que iniciasse fichando ete
apêndice introdutório.

Utilizado como técnica de estudo pessoal, o fichamento


é utilíssimo como metodologia de pesquisa para elaboração de
TCCs, e serve também para organizar apresentações. Sua maior
utilidade, entretanto, está em dois pontos: a organização lógica da
sua biblioteca, que vai facilitar as futuras consultas, e a memoriza-
ção dos conteúdos estudados.

Como Fazer – Para fazer um fichamento, você deve ter o primei-


ro contato com o texto através de uma leitura breve e leve; aquela
que sugerimos fazer logo de início. Essa leitura dinâmica servirá
para você se situar e saber de que se trata o conteúdo do texto que
pretende fichar.

Depois dessa primeira impressão, faça uma nova leitura,


mais atenta. Pode ser logo em seguida, ou depois, ou em outro dia.
Desta segunda vez, vá destacando trechos e fazendo anotações em
seu caderno ou documento de texto das informações que conside-
rar as principais, de forma organizada. Escolha e copie as citações

– 30 –
Apêndice introdutório

que mais lhe chamarem a atenção, com as devidas indicações de


onde podem ser encontradas no livro (página).

As ideias e os pontos que você considerar principais podem


não ser as mesmas para outras pessoas; assim, ao terminar o ficha-
mento, você notará que o resultado é um trabalho particular e que
reflete traços de sua personalidade, demonstrando o que você está
buscando no estudo daquela obra, o que valoriza mais, o que fez
mais sentido para você e tem relação com o seu histórico de vida,
etc. O fichamento reflete os aspectos valorizados por cada pessoa.

Em seus fichamentos, adote a metodologia que considerar


mais prática. Mantenha o que funciona, descarte o que atrasa e
não apresenta bom rendimento. Alguns estudantes contentam-se
com mais duas leituras do livro a que se refere o fichamento, após
aquela primeira leitura breve, outros precisam de três ou mais para
finalizar o trabalho. Não há certo e errado aqui. Mas, quanto à for-
matação, lembre-se de que seria bastante válido seguir as normas
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Isso forma
no aluno o salutar hábito de produzir e organizar seus escritos e
estudos de modo padronizado, respeitado e bem aceito nos am-
bientes acadêmicos.

Há uma quantidade de versões de manuais explicativos das


normas ABNT de estilo e formatação para trabalhos acadêmi-
cos oferecidas gratuitamente na internet. Disponibilizamos em
nossa plataforma de aulas a versão da Fundação Álvares Pentea-
do (FECAP) e a da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). Neles, você poderá tirar as principais dúvidas. Acesse:
https://tinyurl.com/ycknb3rc – https://tinyurl.com/2p9dnjja

– 31 –
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

Variações – Há diversos tipos distintos de fichamento, mas po-


demos classificá-los em dois principais. Nosso estudante poderá
optar por um ou por outro, conforme considerar mais conveniente.
Claro, poderá também optar em mudar de um para outro no de-
correr dos seus estudos. São os seguintes:

• Fichamento de citação: neste tipo são reunidas apenas as citações


de conteúdo da obra em questão. Consiste na reunião das senten-
ças mais importantes citadas em um texto, aquelas que compõem,
por assim dizer, a “coluna dorsal” de cada trecho e que conferem
sentido ao que está sendo dito. São aquelas frases que, se fossem
subtraídas, descaracterizariam por completo a leitura, tornando-a
incompreensível ou tirando-lhe o nexo.

Por se tratar de um conjunto de citações, essas sentenças


devem ser transcritas sempre entre aspas. É preciso ter especial
atenção para que todas as citações façam sentido por si, especial-
mente quando partes das frases forem omitidas. Nesse caso, deve-
-se utilizar reticências entre colchetes [...] ou parênteses (...).

Como já dito, esse tipo de fichamento é utilíssimo para a


organização de uma obra e especialmente para posteriores consul-
tas, sempre que se quiser, além de facilitar sobremaneira a com-
preensão e fixação na memória de tudo quanto foi lido.

• Fichamento textual ou de resumo (ou ainda de leitura/de con-


teúdo): neste tipo, o estudante inclui, além dos elementos básicos
vistos no item anterior, uma análise crítica, na qual expressa suas
opiniões pessoais sobre o tema. Aqui são igualmente inseridas as

– 32 –
Apêndice introdutório

ideias principais, mas usando-se das suas próprias palavras, em-


bora também se possa (e seja desejável) acrescentar as citações li-
terais. Todas as ideias devem estar organizadas de acordo com a
ordem em que aparecem no texto.

Este tipo de fichamento torna-se especialmente interessan-


te na medida em que for consultado outras vezes, por exemplo
após a conclusão do próprio curso, porque evidencia o progresso
feito, com a evolução do pensamento do estudante.

• Fichamento bibliográfico: este é um subtipo do fichamento tex-


tual ou de resumo, que inclui o parecer pessoal do estudante, mas
com uma característica particular: neste, separaram-se as ideias se-
lecionadas, que são inseridas classificadas por tema, junto ou não
com as citações literais, e com a devida indicação da sua localiza-
ção no texto.

Estrutura: todos os fichamentos devem conter os seguintes ele-


mentos: cabeçalho (título), referência bibliográfica (dados da obra
fichada) e textos escolhidos da obra a que se refere (conteúdo prin-
cipal) propriamente ditos.

4. Fichamento resumido: um passo a passo

a) Leia o livro de modo breve e relaxadamente;

b) Leia uma segunda vez, grifando as partes que considerar


mais importantes (trechos-chave) do texto;

– 33 –
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

c) Em uma terceira leitura, reveja o que destacou e trans-


creva esses trechos (excertos) em um caderno ou documento/ar-
quivo à parte. A esses trechos você poderá acrescentar notas com
as suas impressões pessoais (fichamento textual ou de resumo) ou
não (fichamento de citação).

d) Obs.: é comum que, à primeira vista, todo o conteúdo de


um livro a ser fichado pareça importante. Perceba que, ao revisi-
tar a mesma fonte (releitura), aparecerá uma noção mais clara do
que é informação essencial, isto é, daquilo que é a base do texto e
daquilo que, mesmo importante, pode ser dispensado num brevís-
simo resumo.

e) A organização dos excertos nas fichas devem seguir a


mesma ordem em que aparecem no texto original.

f ) Quando estiver lidando com publicações que contém ca-


pítulos (como será o caso aqui), o ideal é reservar uma ficha (seção
ou documento específico) para cada um. Comece com os dados
de identificação, de preferência, seguindo as normas de referências
bibliográficas ABNT. Depois, copie as citações diretas, indicando,
entre parênteses, os números das páginas. Assim, se quiser citar
depois estes livros em algum trabalho posterior, a menção ficará
mais fácil.

g) Se optar em acrescentar notas e comentários pessoais,


saiba que não se pode intervir na fala do autor, no sentido de mu-
dá-la ou desvirtuar o seu sentido. É fundamental que toda inter-
polação sua fique clara. Seus comentários pessoais podem aparecer

– 34 –
Apêndice introdutório

entre colchetes, no meio do texto, ou logo abaixo do parágrafo,


após uma linha pulada. Outro recurso gráfico possível é diferenciar
a formatação da citação literal e a das impressões do estudante,
usando negrito ou itálico.

* * *

Dileto estudante, esperamos que neste apêndice você tenha


encontrado informações práticas e orientações úteis para a sua tra-
jetória em nosso Curso Livre de Teologia da Fraternidade Laical
São Próspero. Para obter mais informações sobre a metodologia de
ensino e sobre o método de avaliação, você poderá nos consultar
através do e-mail:

teoflsp@gmail.com

O Bom Deus o ilumine, para que belos frutos lhe venham


como resultado dos seus esforços!

– 35 –
CONSIDERAÇÕES GERAIS

Ainda antes de iniciar o estudo principal desta unidade, é im-


portante que o estudante observe as indicações a seguir:

• Organize-se para ler os livros da bibliografia indicada; a


leitura diversificada é uma tarefa essencial na ampliação e no apro-
fundamento das capacidades teóricas do estudante de Teologia.
Discuta este livro e os outros que puder ler durante a duração dos
seus estudos conosco, com os seus colegas e com o autor do curso.

• Não pule algum trecho que porventura não tenha com-


preendido bem na primeira leitura. Se algum vocábulo escapar da
sua compreensão naquele momento, consulte o nosso glossário, e
tente também memorizar esse novo aprendizado de forma defini-
tiva; lembre-se: memória e inteligência são interdependentes. De
nada adianta estudar muito sem fixar as informações adquiridas.
Se considerar necessário, tenha sempre ao alcance das mãos tam-
bém um bom dicionário, mas saiba desde já que diversos termos
utilizados em Teologia e Filosofia têm significados próprios e di-
ferentes dos que se lhes atribui o uso comum. Será interessante e
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

bastante produtivo para o seu aprendizado confrontar esses signi-


ficados e pesquisar a etimologia dessas palavras.

Entre as opções de dicionários gratuitos online, recomen-


damos a versão do Caldas-Aulete digital, disponível em:

http://aulete.com.br

• Procure memorizar, especialmente, aqueles conceitos-


-chave que surgirão em praticamente todas as lições deste curso.
Isso poderá facilitar a sua aprendizagem e o seu desempenho.

• Para o início dos nossos estudos sobre Teologia, antes


mesmo de começar a analisar a primeira disciplina, você está desa-
fiado a questionar-se e a responder, de si para si mesmo, às seguin-
tes questões:

a) Qual a importância de se estudar a Teologia – em nossos


dias?

b) Qual o pressuposto básico para estudar Teologia?

c) O que o levou a interessar-se pelo estudo da Teologia?

d) Como você definiria, neste ponto, antes de iniciar os


seus estudos, a ciência da Teologia?

e) Você já estudou Teologia em alguma instituição formal,


ou participou de algum curso livre paroquial, ou promovido por

– 38 –
Apêndice introdutório

algum grupo ligado à Igreja? O que você aprendeu nesse curso


satisfez a sua ânsia por conhecimento teológico? Por quê?

f ) O que você espera aprender com o nosso Curso? Que metas


pretende atingir com o nosso curso?

g) Você conhece o conceito de método para os estudo acadêmicos?


Como o método se relaciona e contribui com a produção de co-
nhecimento em Teologia?

Em nosso parecer, há muitas opções de cursos para se es-


tudar Teologia que já partem de um ponto que não é o ponto de
partida. Em outras palavras, esses cursos não começam do começo,
mas pulam etapas fundamentais, deixando lacunas que farão muita
falta no decorrer dos estudos. De nossa parte, procuramos realizar
o contrário: começar a partir do começo, da base, e galgar etapas
sucessivas que vão se interligando, e aumentando progressivamen-
te as capacidades do estudante.

A partir deste ponto, iniciamos o aprofundamento dos nos-


sos conhecimentos na busca da compreensão e na construção de
conhecimentos sólidos a respeito do que denominamos Teologia.
Que o divino Espírito Santo ilumine a nossa razão para apreen-
dermos e compreendermos sempre mais e melhor sobre as coisas
santas que ao Pai Celeste aprouve nos dar a conhecer. Amém!

– 39 –
O QUE É TEOLOGIA
DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA

Começando pelo começo

E
m que consiste, propriamente falando, a Teologia, se-
gundo a Tradição da Igreja de Cristo, conforme ela
desde sempre a entendeu, ensinou e proclamou? Antes
de contemplar a correta definição, partiremos do mais
óbvio, isto é, buscar a compreensão do significado etimológico na
construção da própria palavra.

A palavra teologia tem origem na junção do elemento Theos


(do grego θεός), que significa “Deus”, mais o sufixo Logia [λογια,
que deriva do grego legein (λέγειν)], que se traduz literalmente por
“falar sobre” e significa o estudo de determinada matéria. Saber
isto é o básico do mais básico; mas, sendo assim, então podemos
dizer que “Teologia é o estudo sobre Deus”?

Sim e não; de imediato se vê que a definição da palavra


de fato nada explica, e nem poderia se aplicar assim, de modo
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

simplório, ao que nos interessa. Pois como é que poderia o finito


estudar/conhecer o Infinito, o limitado estudar/conhecer o que é
ilimitado? E como se poderia estudar aquilo que não se pode ver,
nem tocar, nem se pode experimentar por meio de nenhum dos
sentidos físicos? Como analisar aquilo que não se pode testar por
meio dos métodos empíricos, que exigem testes de repetição e de-
pendem da experiência sensorial?

Chegamos assim, forçosamente, a uma conclusão primor-


dial: tudo o que autenticamente se pode aferir da Teologia depende
da Fé. Sem a Fé, resta apenas a modalidade surgida recentemente e
denominada nas faculdades como “ciências das religião”. Sabendo
e compreendendo bem esse ponto de partida fundamental, então,
podemos avançar para a definição cristã e católica de Teologia.

A Teologia, segundo a definição católica tradicional – e as


definições tradicionais costumam ser as mais claras, excelentes e
insofismáveis de que dispomos – é a Fé em busca de entendimen-
to, ou, mais além, a Fé procurando a compreensão de si mesma,
(do latim ‘Fides quaerens intellectum’), uma verdadeira iluminação
com a qual nos brindou o gigante Santo Anselmo1. Esta definição

1. Santo Anselmo de Cantuária (Aosta, 1033/1034 - Cantuária, 21 de abril


de 1109), foi um dos mais influentes teólogos e filósofos do período dito
medieval e de toda a História. Foi Arcebispo de Cantuária entre 1093 e
1109, por nomeação de Henrique I de Inglaterra, de quem foi amigo e
confessor. É considerado o Pai da Escolástica/fundador do escolasticismo;
é o célebre criador do argumento ontológico a favor da existência de Deus
(que será abordado neste curso). É um dos mais importantes Doutores da
Igreja, título que lhe foi dado no ano 1720 pelo Papa Clemente XI, e um
dos maiores influenciadores do pensamento teológico em todos os tempos.

– 42 –
Apêndice introdutório

consta em uma grande quantidade de documentos da Igreja, por


sua excelência e completude.

Mais que isso, todo aspirante a teólogo(a) precisa com-


preender bem e profundamente aquilo que o Catecismo da Igreja
Católica já resumiu de modo preciso e claríssimo:

1. A Fé é necessária.

E necessário, para obter a salvação, crer em Jesus Cristo e na-


qu’Ele que o enviou para a nossa salvação. Como, porém, ‘sem
fé é impossível agradar a Deus’ (Hb 11,6) e chegar ao consórcio
dos seus filhos, ninguém jamais pode ser justificado sem ela,
nem conseguir a vida eterna, se nela não permanecer até o fim
(Mt 10,22; 24,13).
(CIC, n. 161)

2. Antes disso, a Fé é um dom gratuito concedido por Deus à


humanidade decaída, pela Graça:

Quando São Pedro confessa que Jesus é o Cristo, Filho do


Deus vivo, Jesus lhe declara que esta revelação não lhe veio ‘da
carne e do sangue’, mas de seu ‘Pai que está nos Céus’. A Fé é
um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele.
‘Para que se preste esta fé, exigem-se a Graça prévia e adjuvan-
te de Deus e os auxílios internos do Espírito Santo, que move
o coração e o converte a Deus, abre os olhos da mente e dá a
todos suavidade no consentir e crer na verdade.
(CIC n. 153)

– 43 –
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

3. Aqui chegamos à realidade que toca diretamente à Teologia,


pois a Fé é também um ato humano, que se relaciona com a in-
teligência humana:

Crer só é possível pela Graça e pelos auxílios interiores do Es-


pírito Santo. Mas não é menos verdade que crer é um ato au-
tenticamente humano. Não contraria nem a liberdade nem a
inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades
por Ele reveladas. Já no campo das relações humanas, não é
contrário à nossa própria dignidade crer no que outras pessoas
nos dizem sobre si mesmas e sobre suas intenções e confiar nas
suas promessas (como, por exemplo, quando um homem e uma
mulher se casam), para entrar assim em comunhão recíproca.
Por isso, é ainda menos contrário à nossa dignidade “prestar,
pela fé, à Revelação de Deus plena adesão do intelecto e da
vontade” e entrar, assim, em comunhão íntima com Ele.
Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a
Graça divina: ‘Credere est actus intellectus assentientis veritati di-
vinae ex imperio voluntatis a Deo motae per gratiam - Crer é um
ato da inteligência que assente à verdade divina a mando da
vontade movida por Deus através da Graça”.
A FÉ E A INTELIGÊNCIA
O motivo de crer não é o fato de as verdades reveladas aparece-
rem como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão natural.
Cremos ‘por causa da Autoridade de Deus que revela, e que não
pode nem enganar-se nem enganar-nos’. ‘Todavia, para que o
obséquio de nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis que
os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados
de provas exteriores de sua Revelação. Por isso, os milagres de
Cristo e dos santos, as profecias, a propagação e a santidade da
Igreja, sua fecundidade e estabilidade ‘constituem sinais certís-

– 44 –
Apêndice introdutório

simos da Revelação, adaptados à inteligência de todos’, ‘motivos


de credibilidade’ que mostram que o assentimento da fé não é
‘de modo algum um movimento cego do espírito’.
A fé é certa, mais certa que qualquer conhecimento humano,
porque se funda na própria Palavra de Deus, que não pode
mentir. Sem dúvida, as verdades reveladas podem parecer obs-
curas à razão e à experiência humanas, mas ‘a certeza dada pela
Luz divina é maior do que a que é dada pela luz da razão natu-
ral. ‘Dez mil dificuldades não fazem uma única dúvida.
‘A fé procura compreender’: é característico da fé o crente
desejar conhecer melhor aqu’Ele em quem pôs sua fé e com-
preender melhor o que Ele revelou; um conhecimento mais
penetrante despertará por sua vez uma fé maior, cada vez mais
ardente de amor. A Graça da Fé abre ‘os olhos do coração’ (Ef.
1,18) para uma compreensão viva dos conteúdos da Revelação,
isto é, do conjunto do projeto de Deus e dos mistérios da fé, do
nexo deles entre si e com Cristo, centro do Mistério revelado.
Ora, para ‘tomar cada vez mais profunda a compreensão da
Revelação, o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa continuamente
a fé por meio de seus dons. Assim, segundo o adágio de San-
to Agostinho, ‘eu creio para compreender, e compreendo para
melhor crer’.
Fé e ciência. ‘Porém, ainda que a fé esteja acima da razão, não
poderá jamais haver verdadeira desarmonia entre uma e outra,
porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a
Fé dotou o espírito humano da luz da razão; e Deus não po-
deria negar-se a si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a
verdade. Portanto, se a pesquisa metódica, em todas as ciências,
proceder de maneira verdadeiramente científica, segundo as leis
morais, na realidade nunca será oposta à fé: tanto as realidades
profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais

– 45 –
Apresentação ao Curso de Teologia FLSP

ainda: quem tenta perscrutar com humildade e perseverança


os segredos das coisas, ainda que disso não tome consciência, é
como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as
coisas, fazendo com que elas sejam o que são.
(CIC n.154-159)

*
* *
Dada esta brevíssima introdução, que de fato pertence à
disciplina Teologia sistemática, à qual retornaremos com profun-
didade no momento oportuno, e tendo como premissa que a Teo-
logia é assim interdependente da Fé, estamos aptos a partir para
o estudo da disciplina Sagradas Escrituras, a primeira deste curso,
iniciando pela pré-história de Israel e a formação do povo bíblico.

– 46 –

Você também pode gostar