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SAO BERNARDO DE CLARAVAL TRATADO DA CONSCIENCIA ou DO CONHECIMENTO DE SI MESMO A coincidéncia - diz Sao Bernardo - é a ciéncia do coragao ou o conhecimento de si mesmo. Por isso, 0 tratado Da Consciéncia deste eximio doutor da Igreja nao é outra coisa senao a arte de conhecer- -se a si mesmo, a arte mais util ¢ necessaria de todas, porque ¢ a base da perfeigdo, a escada mediante a qual a alma pode ascender até as coisas sublimes e celestes, até Deus. Tlustragao da capa: Cristo abragando Séio Bernardo , Francisco Ribalta, 1625-1627. SAO BERNARDO DE CLARAVAL TRATADO DA CONSCIENCIA ou DO CONHECIMENTO DE SI MESMO Nebli Tradugio 4 Lyege Ornellas Pires Carvalho Preféclo Revisio Leny Ornellas Pires Carvalho Capa ¢ diagramagio Herbert Carlos A consciéncia - ~ diz Sao. Bernard ciéncia do coragdo_ou_o conhecimento_de_si Pads nteractonaisdeCatalogasto na Pebicagio (CI) mesmo. Por isso, 0 tratado Da Consciéncia deste (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) abit doutor da Igreja nao é outra coisa sendo a | r-se a si mesmo, a arte mais util e Bernardo, de Claraval, Santo, 1090-115: arte de conhece: » Tratade da consci a, ou, Do conhecimento de si mesmo. Bernardo de Claraval ci necessdria de todas, porque é a base da perfeigdo, {tradugo Lyege Ornellas Pires Carvalho}. -- Itapevi, SP: Nebli, 2015, a escada mediante a qual a alma pode ascender ienca, 0 até as coisas sublimes e celestes, até Deus. nto de si mesmo, Dibliograla, ISBN 978-85-69098-02-7 ect @ si mesmo Com efeito, quem se c eno ee sente-se_humilde 2 diane de Deus_caridoso para nto de si mesmo, 1. Autoconsci 15-03333 CDD.248.4 Indices para catdlogo sistemético: pr apis ode remedié-los, 1, Conhecimento de si mesmo; Vida cri 2. ‘Tratado da consciéncia: Vida crista: Aprende a “conhecer Todos direitos desta tradug: © 2015 Nebli ~ Edigio e distribuigao de pu Rua Cesirio de Abi Tels (113 4143- reservados at Deus, porque se Todos os dtcits rzervados » POrgue Se. 456 | Bairro: Centro i CEP 064 5620 | wwwwnebliccombr | venda obras, como diz Sdo Paulo, onde_poderd manifestar-se melhor que na al por Ele é sua imagem e semelhanca? Desolados correm os homens atrés da ciéncia; muito mais sdbio é correr atrds da consciéncia, a melhor e mais excelente das ciéncias, O préprio Séo Bernardo é quem, no presente livrinho, nos vai ensinar esta ciéncia. Que grande mestre! Conosco desceré até a profundidade do coragao, esquadrinhard todos os seus cantos e recantos, nos mostrard todas as suas chagas, suas feridas, nos ensinaré a curd-las e cicatrizd-las, a restaurar e conservar pura e bela em nossa alma, a nobre imagem do Criadar. O Tratado da Consciéncia é, pois, a ciéncia mais necessdria e excelente, a ciéncia da felicidade ensinada por Sao Bernardo, E ~ estranha omissdo - este pequeno livro dureo, traduzido em quase todos os idiomas europeus, néo o foi, que saibamos, a rica lingua de Cervantes'. Néds empreendemos esta tarefa, esperancosos de que este trabalho, imperfeito enquanto nosso, hd de ser bem acolhido pelas pessoas piedosas, e ser capaz de produzir algum bem as almas, ‘[nota do tradutor: referéncia 4 edigdo castelhanal]. Nota biogrifica de Sao Bernardo Em 1090 ou nos iltimos anos do século XI, nasceu Séo Bernardo na pequena aldeia de Fontaine, em Borgonha - atual departamento da Céte d’Or, distrito de Dijon - de pais nobres e ricos, Seu pai, que desempenhava importante cargo no Estado, destinava seu filho a suceder-the em suas funcées, de longo tempo hereditdrias na familia, mas a simplicidade de gostos do jovem Bernardo, seu amor ao trabalho e a vida retirada, fizeram com que fracassassem os designios paternos. O santo fez seus primeiros estudos na escola de Chatillon-sur-Seine, entdo a mais florescente da provincia, passando depois a completd-los na Universidade de Paris. Para distrai-lo das inclinagdes ao retiro e a solidéo, que a cada dia arraigavam-se mais profundamente em seu coragdo, procurou-se despertar no joverm o gosto pela literatura profana: a leitura dos cldssicos conseguiu proporciond-lo apenas passageira distracao, néo privd-lo das profundas meditacées a que assiduamente se entregava, e menos ainda, impedi-lo de buscar solugéo a esta pergunta que dirigiva a si préprio desde que a luz da razdo fulgurou em seu entendimento: Bernardo, o que viestes fazer neste mundo? Bernardo, ad quid venisti? Apressado, guiado por tao sauddvel pensamento, 0 jovem escolar dava por assunto de suas habituais meditagdes 0 mistério da vida, o objeto da existéncia humana, os destinos prometidos 4 alma, a missdo da criatura racional na terra. Absorto em tais reflexées, sua vida deslizava-se tranquila, isolada: praticava jd, em meio a agitacéo e ao burburinho dos costumes escolares, todas as privagées e a castidade do claustro. O seguinte fato, contado por Guilherme de Saint-Thierry, demonstra com quanto vigor e fortaleza sabia domar suas paix6es: certo dia encontrou no passeio uma jovem, o olhar da qual, ao cruzar-se com o seu, produziu em seu coracdo insélito e forte efeito; em vao procurou, por meio do estudo e da meditagao, afastar do pensamento e da meméria a lembranga daquela mulher cuja imagem, sempre presente em sua imaginacdo, o distraia do trabalho, turbava seu repouso e aparecia-lhe durante o sono. Depois de muitos dias de pesada luta incessante, Bernardo tomou uma resolucdo extrema: jogou-se, no rigor do inverno, num tanque gelado, de onde foi retirado meio morto. Deste modo, aquele coragdo juvenil jé comegava, com a mortificagdo e a castidade, a vida do claustro que fervorosamente aspirava. Ainda muito jovem Bernardo perdeu sua made, nobre e virtuosa dama, descendente da antiga familia dos condes de Montbard. A dor que essa perda lhe produziu o determinou a ingressar na abadia de Citeaux, fundada por Séo Roberto e regida entéo por Estevao. Téo poderoso foi o exemplo dado por Bernardo a seus companheiros de sala que, pouco tempo depois do ingresso deste a vida monacal, a abadia tornava-se insuficiente para alojar os numerosos postulantes que, a sua imitagdo, desejavam separar-se das sedugées do mundo. E era tal o poder e tanta a eloquéncia do novo monge, que seu proprio pai e sua irmé, antes empenhados em separd-lo de todos os modos imagindveis, da vida monacal, acabaram eles mesmos - arrastados pelo exemplo e discursos de 10 seu filho e irméo - por consagrar-se também ao claustro, A entrada de Sdo Bernardo na abadia de Citeaux marca o inicio da gloriosa e brilhante carreira de nosso santo. Por ser aquele mosteiro insuficiente, como foi dito, para albergar numerosos novicos que diariamente solicitavam ser nele admitidos, Estevéo teve que enviar ao redor do cendbio, e até longe dele, colénias de monges que criaram miltiplas sucursais da abadia-mie e se estenderam pela Itdlia e Portugal. Cumpridos os dois anos de noviciado, e pronunciados seus votos em Citeaux, Bernardo foi promovido a dignidade abacial e enviado, com doze de seus discipulos, para fundar um novo convento em um lugar muita deserto e acidentado, chamado Vallée d’Abisnthe e 4 qual a nova comunidade denominou Claraval, sendo esta a origem de tao famosa abadia. Depois de ndo poucas tribulagées, sofrimentos e provas, entre elas a da fome, 0 novo mosteiro entrou em vias de prosperidade e cresceu incessantemente. Pouco tempo depois de estabelecido em Claraval, Sado Bernardo foi enviado ao capitulo geral da ordem de Cister, para trabalhar ativamente em suas constituicées. Retornado a seu mosteiro, escreveu ndo pouco niimero de obras, entre elas seu tratado Dos doze graus da humildade, as Homilias acerca do mistério da Encarnagio e seu admirdvel Panegirico da Santissima Virgem. Quando prosperidade, pode seguir sem os cuidados de seu Claraval, jad em plena V1 12 fundador, Sdo Bernardo marcha para Reims a fim de reconciliar o prelado desta arquidiocese com seus diocesanos e empreender a reforma da conduta de alguns bispos. Por entdo escreveu sua obra sobre os deveres episcopais, De officio episcopi, e converteu Suger, abade de Sado Dionisio, que vivia com excessivo luxo. Ocupado nessas tarefas evangélicas, foi chamado ao Concilio de Troyes, de onde resolveu os assuntos de varios prelados e redigiu uma nova regra para a ordem dos Templarios, Exhortatio ad milites Tempili. De volta a Claraval, compés seu famoso tratado Da Graga e do Livre Arbitrio, no qual magistralmente expde de que forma atuam a graga santificante e a liberdade humana na obra da salvacéo, Em 1130, foi nomeado por Luis, o gordo, rei da Franca, como drbitro para decidir qual dos dois papas, Inocéncio II ou Pedro de Lion (o antipapa Anacleto), era o sucessor legitimo de Sao Pedro; Sdéo Bernardo decidiu-se a favor de Inocéncio IL, e seu juizo foi confirmado com o voto undnime da Igreja. Desde entao, nosso santo foi o conselheiro de maior influéncia no dnimo do pontifice, que recorria a ele onde fosse necessdrio refutar um erro, promover uma reconciliagéo. Regressando da Itélia, Sao Bernardo foi descansar em seu retiro de Claraval e ali escreveu sua obra Sobre os Canticos, uma série de sermbes que, no mais das vezes, pregou-os de improviso. Néo foi longo seu descanso: as heresias de Abelardo e de Arnaldo De Brescia chamaram-the ao palco da discussdo com estes precursores do Protestantismo que proclamavam o livre exame 13 14 das Escrituras, a soberania da razio humana e ensinavam inumerdveis erros sobre os mistérios, especialmente os mistérios da Trindade e da graga. Séo Bernardo os acossou com todo o poder de sua veemente eloguéncia « com a légica irrefutdvel de sua argumentagéo, Abelardo, condenado primeiro pelo Concilio de Soissons, apelou ao de Sens, que ia ser convocado. Ja neste, e néo encontrando palavras com que defender-se da poderosa dialética de Sdo Bernardo, o herege apenas balbuciou sua apelagéo diante da Santa Sé. Mas o Papa condenou solenemente os erros de Abelardo, e em seus rescritos aos arcebispos de Sens e de Reims ordenou que Abelardoe Arnaldo da Brescia, fossem encarcerados, separadamente, em mosteiros e que os livros do primeiro sobre a Trindade fossem queimados. Em cumprimento deste mandato, Abelardo ingressou no mosteiro de Cluny, cujo abade, Pedro, o venerdvel, tomou para si sua reconciliagéo com Sao Bernardo e com Roma. Conduziu-o a Claraval e ali ambos adversdrios se abracaram. Prometendo Abelardo renunciar publicamente ao ensino de suas doutrinas e 0 santo, que apenas a estas detestava, consagrou-lhe uma amizade que durou até a morte. Falecido Inocéncio II algum tempo depois destes ocorridos, Séo Bernardo exercerd decisiva influéncia na promogao de Eugénio III ao sélio pontificio, seu antigo discipulo e simples religioso de Claraval. Um ultimo feito notdvel de nosso santo foi a pregacdo da segunda Cruzada, que com grande éxito realizou na Franca e na Alemanha, podendo fer como certo que foi ele, quase que exclusivamente, o responsdvel por este grandioso acontecimento. 15 16 Sao Bernardo faleceu em 20 de agosto de 1153, deixando em Claraval mais de setecentos religiosos e tendo fundado cento e sessenta casas de sua ordem. Grande santo, que operou numerosos milagres, conselheiro do Papa, drbitro de monarcas, reformador do clero, exterminador de todas as heresias de seu tempo, com justica mereceu por nimero e magnitude de seus trabalhos o titulo de tiltimo Padre da Igreja. Manuel Cambén y Fraga Buenos Aires, 1940 1. Como, por meio das boas obras, deve-se manter a consciéncia limpa e pura Esta casa corporal em que habitamos kien Som s; e como ha de cair_e “até roe se_ dentro de pouco tempo, construir outra. Volvamos, “pois, a a_ndés_mesmos, sacudamos_ e sondemos _ cuidadosamente _nossa_consciénci disse Salomao — para que possas depois | edificar V7: tua casa”, Este campo _é nosso corpo, cujos rimeiro, e solidamente edificada depois, Quem = biti a I Saeed a eae sentidos ——_ submetendo-os ao dominio da alma, d nelinagées, se bem. _O$_empregamos, em sua 1 | misericérdia ¢ e€ por su sua a graca. » Bensametitn e OSs pensamentos ] para a investigagao da. ‘verd de, os afetos ee a pratica da virtude. icérdia_divina apaga o faltas cometidas ¢ € 8 para ‘evita OS. males presents pesado € nos dé fo ‘orca para resisti-lo; em outras, —— deixa certa nosso so fleseja] inclinado ao _pecado e deithiade pelo. prazer, por causa do deleite que usufruiu nao tem iy pois b is bem, a ala que éi 20 se sempre . _Tnisericc rdia para _ com quem onfessa, Na confissdo esta toda de perdio; ninguém pode _ ser quando se acusa a si mesmo. Ditosa a consciéncia ea Sa paz! A ‘verdade | por orate 2 dig penirenne & ea misericérdia de Deus ter-se-4o encontrado nessa consciéncia, porque é indefectivel esta misericordia em quem realmente se conhece a si mesmo. O désculo da justic inimigos; em abandonar a familia e bens, tudo iste em amar os guanto se possua, por a pacientemente. as injusticas; em 1 fugir e em tudo ¢, ae por tudo da falsa gloria pessoal. O beijo da paz consiste em convidar desun idos, em proprios inimigos; em instrui ignorantes; em consolar com dogura os aflitos; na Suportar pa ficamente os bondade os tebulasto, aos que choram e, por ultimo, em. suas delicias; 21 22 homenagem, c como ) templo de Deus e morada do Espirito Santo. pelo ouvido, vista, _ pelos demais_ corporais, se deleitara nas _coisas_mundanas, quando encontre todas as portas dos sentidos do corpo fechadas? Entao, se internado novamente em si mesma, encontrar-se-A desnuda, desolada; encher-se-4 de confusao e de horror. Por ter-se deleitado nos consolos do mundo, nao encontrara a consolagao interior, que somente Deus da: Deus nao se dignara visita-la, e a alma ees Na0 ge Clanata Visita-'a, a ~ sentidos angustiada pelo peso de sua propria consciéncia. _suportar-se_a_si_mesma. Nao encontraré 0 desejado_repouso _ porque abandonou Aquele quem unicamente deveria repousar e habitar. Encontrai-vos hoje na companhia e sociedade dos homens: pensai que nao sempre havereis de estar com eles e, enquanto vi buscai_ ae companheiro o unico que_ do, m mas que _permanece ¢ eternamenté: soa a Ele deveis b buscar. ee pois, todas as distracdes do coragao, todas as flutuagdes de vosso espirito; assentai apenas em Deus vossos firmes desejos e aspiragdes; que vosso coracdo se encontre constantemente ali onde esta vosso mais apetecivel e desejado tesouro. 23 24 dos coracées, nas ¢ alas ssecsaarties Ele mesmo € a paz © na paz tem sua_ atari Fazei-vos, pois, ‘tais, wes Deus esteja_sempre_ convosco, ,.que jamais vos os. vejais soqparatins st PEle. Nao vos abandonard, se vés mesmos nado o abandoneis; onde quer que vds vades niéio vos encontreis a sés se Deus esté convosco. Purificai_ yossa consciéncia, a fim de que Deus se digne habitar ¢ em vés, “encontre sua morada limpa e¢ convenientemente | dis isposta; entre vés”, | Esforcemo-nos, pois, em construir em nds mesmos o templo de Deus, para que Deus habite primeiro em cada um de nés, depois em nés todos, Necessita, para isso, que cada qual nao esteja em desacordo consigo mesmo; porque todo reino intestinamente dividido sera desolado € suas casas cairéo umas sobre as outras: Jesus Cristo nao entrara na casa cujos muros estejam caidos ou ameacem ruina. A alma deve possuir a casa de seu corpo, completa, intacta, e sairé indefectivelmente dela se os membros do corpo encontrem nio estiverem integros ou se desunidos. Cuide, portanto, com grande zelo, a alma desejosa de que Jesus Cristo nela habite, que seus membros nao estejam discor dantes entre si, ea memoria; porque, para, spreparar'e scene interior uma nn digna de a —n§o_.se__encontre indisp D vel eathandlinments reto, “_possuir ronta, meméria limpa_e p vontade boa V'eliz a alma _que se aplique a purificar de toda 25 26 mancha de pecado a casa de seu coracio_e a enché-la de obras santas justas! Porque ja nao apenas os dos anjos se deleitard em nela vir, e habitd-la. E nao basta apenas purificar essa casa interior do que tenha de mal: é necessario enché-la de coisas boas, para que nao seja preciso nada buscar fora dela, uma vez abandonadas todas as coisas exteriores. 2. Das sete colunas necessarias no edificio espiritual Acabamos de ver que a verdadeira sabedoria deve por si mesma edificar sua propria casa; acrescentamos agora que esta casa deve assentar- e_sete colunas, nas quais havera de apoiar-se_e_sustentar-se_todo_o_edificio espiritual, Quedifleto ow casei’. Ronsciencias a8: sete colunas so; a_boa yontade, a meméria, a ROMAN AS 880), A. ontage, _a_memoria, a. lembranga constante dos beneficios de Deus: 0 embreénga Constante, COs Denenc1os oe ete: 2 coracdo puro; o entendimento livre (livre de tado preconceito); 0 espirito reto; a_alma_devota; a rasiio iluminada (iuminada do lta}. A boa vontade é a primeira coluna_qu haveremos de levantar; porque de todos os dons le Di rem_para a santificagao do homem, o primeiro_e principal bem é a_boa vontade, em _virtude da qual a imagem ou semelhanca com Deus é restaurada, B 0 primeiro bem, porque pela bondade da vontade comega todo bem, ¢ 0 principal bem, porque nada melhor hem mais util foi dado ao homem que a boa vontade; faca o homem o que fizer, nenhuma agéo humang sera "boa ‘se_ nao ‘procede. da. bos vontade. Sem esta, ninguém ode salvar-se; com a boa_vontade ninguém pode perecer. A boa ule VOR LACS DIS UeH BOOS etcc es 28 vontade nao pode ser dada a quem n4o a queira, nem recusada, tirada de quem a deseje. A boa vontade pertence ao homem; 0 poder, a Deus. A vontade é do homem porque o querer é inerente a sua natureza e seu mérito todo esté em sua vontade. Quanto mais queirais, tanto mais merecereis, isto ¢, quanto_maior seja_vossa boa vontade, tanto maior sera vosso mérito, Fazei, pois, que seja gran yontade, se quereis contrair grande mérito. Admiremos a Be es misericérdia de Deus que colocou_ nossa redengdo em coisa da qual ninguém pode carecer, nem dela ser pobre, a menos que quei sé-lo; antes, todos podem na mesma medida dispor de riqueza, todos, ricos e pobres, podem com idéntica intensidade, querer, da mesma maneira, amar. Mas nao esquecamos que a vontade ¢ boa, enquanto opera o que pode operar. 3. Como, para inflamar-nos no amor de Deus, devemos ter sempre presente sua misericérdia Lembremo-nos das misericérdias de Deus, para inflamar-nos em seu amor. Tragamos a memoria todos os beneficios de que nos cumulou; os perigos de que sua benfeitora mao nos livrou. Apesar_da_multidio_e magnitude de nossos_pecados, stia_misericdrdia jamais se cansoy; quando o esquecemos, Ele mesmo_nos advertiu; quando nos _separamos_d'Ele,_Ele mesmo nos chamou; voltamos_a Ele e nos —$—$$—$$——— —— aan acolheu com bondade arrependemos, nos perdoou_sem_demora, se perseveramos, foi porque Ele mesmo nos guardou; se permanecemos firmes, foi Ele quem Ee suma; se nds nos nos_sustentou; caidos, Ele nos levantou; Ele 30 deleites transformou em amargura nossos culpaveis, e quando sinceramente nés nos celestes arrependemos nos largueou suas consolagées. Por ultimo, quando fomos purificados pela tribulagéo, nos devolveu a paz perfeita, doce repouso. Jamais foi negligente em advertir, em corrigir os pecadores; jamais negligenciou recompensar os justos. Recordemos tantos beneficios que nos fez, sem que nds 0 pedissemos, sem que os desejassemos, muitas vezes contra nossa propria vontade; a multidaéo de pecados que nos perdoou; os grandes perigos de que nos salvou. Foi sua graga que nos preservou do abismo onde tantos cairam! Se, pois, nao ha em nossa vida momento algum em que deixemos de experimentar a nosso Deus bondade, a misericérdia de libertador, que n&o exista tampouco instante em que nado pensemos Nele, para dar-lhe gracas, amé-lo e servi-lo. 4, Devemos amar a Deus com todas as poténcias de nossa alma, pelos grandes beneficios que nos cumulou Muito justo é que, de todo coragéo, amem Aquele de quem tantos e tao grandes beneficios recebemos, beneficios que sé _minimamente conhecemos, porque a maior parte deles nos sio eo desconhecidos; isto é, devemos consagrar-lhe ESCONMECICOS am gr toda nossa afeicao e todos nossos pensamentos. Que nosso coragio seja reto, isto é, que busque, sobretudo, as_ coisas de Deus, para agradar apenas a Ele; que seja reto pela retidao de sua intengao, pelo afastamento dos pensamentos 31 maus, pelo habito da contemplacio. Que esteja pronto para cumprir a vontade de Deus, onde quer que esta vontade se manifeste e seja qual for o_lado para onde se incline. Que se eleve a contemplagéo tinica, ao desejo exclusivo das coisas divinas e celestes. Que seja puro, e nao consinta nada estranho dentro de si mesmo; que nao abrigue na_consciéncia ofensa alguma a Deus, por mais leve que lhe parega; que seja obediente e sem réplica, bondoso nas reprovacdes, moderado na correcéo, suave na adverténcia. Que seja puro, nao apenas em evitar toda mancha, mas, além disso, em chorar os pecados do passado, cometidos pelo pensamento, pela _acéo_ou omissao. Que esteja cheio de contric¢ao pelo mal que fez e pelo bem que, devendo fazé-lo, deixou de praticar. gee pe ee 5. Como devemos manter nosso coragio limpo de maus pensamentos Procuremos que nossa alma viva livre das solicitudes do mundo, dos maus desejos, dos maus pensamentos e dos deleites da carne, para que possa ser util a si mesma e 4s suas irmas, repousar na contemplacao das coisas celestes. Que seja bastante firme para que nao Ihe comova nenhuma perturbacio stbita; que nao se deixe arrastar aos prazeres ilicitos, nem se corromper e abater-se por nenhum mal, por contrariedade alguma, Que jamais a célera nem a impaciéncia consigam turbar a paz e a tranquilidade de nossa alma; porque Jesus Cristo, que € a paz, nao pode repousar sendéo na paz, nem habitar_em_um coragdo perturbado. Que seja nossa alma perfeita no amor de Deus, perfeigao que consiste em 33; 34 conceber grande e absorvente desejo de sua visio inefavel, em professar 6dio profundo ao pecado, em desprezar o mundo e em amar ao proximo como a_nds mesmos por amor a Deus e porque Deus assim nos ordena. 6. Por meio de ferventes desejos deve a alma elevar-se 4 mansio celeste, nela repousar e encomendar-se aos que a habitam E necessério que a alma seja reta, isto é, que se desprenda de todas as coisas terrenas e Presentes para unir-se inseparavelmente a Deus e elevar-se, mediante piedosa devogéo, ao céu, visitando ali as numerosas moradas que existem na casa de Deus Pai e prostrando-se humildemente ante o trono do Cordeiro, Que percorra as pracas da Sido Celestial. Escute os canticos e¢ melodias dos anjos, Que dirija humildes e respeitosas preces a todas as ordens de espiritos bem-aventurados, recomendando-se acada um em particular ¢ a todos em geral. Mas ndo merecera graga tio grande a alma que nao tenha se exercitado durante muito tempo no desejo de obté-la, que néo tenha aprendido a conhecer-se perfeitamente a si mesma; sim: em vao se elevar com 0 coragado as alturas o olho que previamente nao tenha acertado ver-se a si mesmo tal como é. Com pease efeito: € preciso que vejamos antes as coisas invisiveis de nossa alma, para estar a disposicao de conhecer as coisas invisiveis de Deus, e se nao pudemos conhecer-nos_a_ndés_mesmos, nao pugemos: _comecer DOs 2 08 _ mesnises a0 abriguemos a presuncio de penetrar coisas que estio bem acima de nds. O_verdadeiro, o 0 26 ee eee ee indispensavel cristal para poder ver a Deus 6 um espirito reto, razodvel, observador_profundo e perfeito conhecedor de si mesmo. Porque se as 35 36 coisas invisiveis de Deus sio compreendidas, sa vistas por suas obras, aonde encontrar mais limpa, mais claramente impressa, a_marca_do conhecimento de Deus do que em sua imagem, isto é, na alma feita por Ele a sua semelhanca? Cuide, pois, de conservar limpo seu cristal, de purificar sua alma, quem sinta sede de ver a seu Deus. “Bem-aventurados os limpos de coracao, porque verao a Deus”. O verdadeiro penitente deve cuidar deste cristal_sem_cessar, limpd-lo, sustentd-lo bem e guarda-lo, Deve olhd-lo incessantemente, para que nada deslize no que possa desagradar a Deus; Himpa-lo, para_que nao tenha nele mancha alguma, de pensamento ou de acdo, que _possa ofender a Deus; sustentd-lo forte, para que nag caia, para _que ndo_desca ao amor das coisas terrenas, nem se turve ou manche com o pd e 0 lodo de pensamentos vaos; bem guardd-lo, por ultimo, para que Deus, que se deleita em habitar com os filhos dos homens e se mantém e bate continuamente 4 porta do coracgao humano, encontre neste, sempre que nele queira entrar, taberndculo puro. Nosso Deus ¢ a propria pureza: nio pode habitar em um_ coracao manchado. patie Mas quando, durante muito tempo, ee guardou-se_cuidadosa: e_conservou-se_o cristal bem limpo, comega ent&o a nele brilhar, e a refletir sobre ele, certa claridade da luz divina, e um clarao de insdlito resplendor fere os olhos do coragio, A_alma, inflamada pela visio desta luz, comega a ver com olhar puro, as coisas do alto aquelas que estéo dentro de si_mesma, e acaba por amar a Deus e Dele se aproximar; considera as_coisas_presentes como se nao_existissem. Renuncia a todas as suas afeigdes, a todos seus desejos, para consagrar-se sendo ao amor de 37 38 Deus, sabendo que apenas ¢ realmente feliz aquele que ama a Deus. Na verdade, a alma humana nao pode elevar-se por si mesma, por sua propria virtude a téo grande graca; esta é dom de Deus, nado merecimento do homem, Mas pode estar certo de receber esta graga quem renunciar a todo pensamento do mundo, para nao cuidar senao de sua alma; quem se esforca em se estudar e conhecer-se a si mesmo tal como é, Adentrai, pois, vosso coragéo percorrei-o, sacudi-o, esquadrinhai-o com toda diligéncia para bem vos conhecer. Refleti de onde vindes e aonde ireis; como viveis. O que fazeis e o que deverieis fazer, se cada dia acusa em vés melhora e progresso; quais sao vossas omissées; quais os pensamentos que habitualmente vos assaltam; os afetos e desejos que mais frequentemente vos solicitam; as tentacgées do espirito maligno que mais rudemente vos combatem. E quando tenhais_—_considerado plenamente tudo isto, quando conhegais, o quanto é possivel, o estado e o habito de vossa pessoa no interior de si mesma e no exterior, e nao apenas 0 que sois, mas também o que deveis ser, podereis, entéo - por esse conhecimento de vés mesmos - elevar-vos e ascender a contemplacao de Deus; porque os progressos que tenhais logrado no conhecimento proprio e em vossos cotidianos —aperfeigoamentos —_-vos empurrarao para as coisas do alto. Porque vos tenhais elevado ja a essas alturas e regressado dali a vossos coragdes: nao creiais que isto basta. E necessdrio que aprendais a habitar ali, que tenhais vossa morada no alto; e se alguma divagagio de vossa alma dela vos 39 40 aparta, apresseis em voltar a entrar. Com o tempo, este hdbito vos sera facil, constituird vossas delicias, nao podereis viver em outro lugar. Se, pois, sentis que o desejo arrasta vossa alma ao amor e ao deleite das coisas externas e carnais, reprimi tal desejo imediatamente, fechai- lhe a porta de vosso coracao; fazei mais: fechai- vos vos mesmos neste coragiio, ocupai-o por completo, aprendei a habitd-lo e a jamais dele sair. 7. Deve a alma recolher-se em si mesma e desejar apenas os bens interiores ou espirituais A alma que consente em ser agitada, ee — distraida por diversos desejos, por pensamentos multiplos e que corre de um lado para outro esta Sie ee cape oe ee muito distante de sua cura e da satide; nado ee z aprendeu a entrar em si mesma, a recolher-se; nem podera elevar-se 4 contemplacao propria, ou elevar-se, nas asas da reflexdo, as coisas que estéo sobre ela, Que a alma contenha, pois, as proprias divagacées, suas difusdes fora de si mesma, e que esqueca todas as coisas externas para recolher-se completamente e habitar em seu interior. Quem deseja chegar ao conhecimento das coisas celestes e divinas deve aprender a nao amar outros bens que nao os interiores e quando se tenha estudado cuidadosamente e conhecido o que é em si, a revelacao divina lhe dar4 a conhecer o que deve ser; o edificio que deve preparar para Deus no interior de si mesmo, e a maneira que devera se conduzir para aplacar a Deus e reconciliar-se com Ele. Aquele que reprima desta maneira as divagacées de sua alma, fixe e concentre todos os impulsos de seu coragéo no desejo tinico da eternidade; este regressou e voltou a entrar em si mesmo, vivera contente em seu coragdo e nele 41 encontraré suas delfcias. E pela alegria que dentro de si nao podera conter, se elevara sobre si mesmo até as coisas celestes, isto ¢, do conhecimento préprio ao conhecimento de Deus, para aprender a amar apenas a Deus, a néo pensar senéo Nele, e Nele colocar seu almejado repouso. (Quando o amor a Jesus Cristo tenha absorvido todo afeto do homem, de sorte que este, esquecendo-se de si mesmo, sinta apenas a Jesus Cristo e as coisas que saéo de Jesus Cristo, entéo poder-se-a dizer que a caridade & perfeita nesse homem] Para quem de tal maneira esteja abrasado no amor divino, j4 nio haverd_nada oprébrio, nem_as perdas: tudo desprezara. Considerara a morte como um beneficio; para ele nao existira o problema de além-morte: sabe que passaré da morte para a vida. O homem a quem o rt amor de Deus ligou interiormente dessa forma, nao pode sair de si mesmo nem um sé momento, abrasa-se em desejos de Deus, desejos que crescem 4 medida que com eles se familiariza. Quem desta sorte se compraz no amor divino é amitide sublimado sobre todas as coisas terrenas e presentes, e transportado diante de Deus; e quando pode considerar a beleza de Deus e sua grandeza, fica como suspenso, como absorto em sua admiracio. (pm seus deliciosos éxtases admira a gléria do Rei, a magnificéncia de seu reino, a nobreza da cidade celeste e a felicidade dos que nela moram; contempla a bondade de Deus, a formosura de sua gléria, a tranquilidade e 0 doce bem estar do eterno repouso. Medita acerca do poder do Pai, da sabedoria do Filho, da bondade do Espirito Santo e da felicidade dos anjos/ Embriaga-se de Deus quando em Deus admira a 43 44 caridade divina e contempla sua imponderdvel beleza. Oh, que inefavel gozo, se tho curto nao fosse! Porque esta contemplagio das coisas celestes logo lhe é privada, e se acaso se esforga em manter-se em tais alturas, em seguida caird; volta, pois, a si mesmo e nado pode coniunicar, mostrar a pessoa alguma o que viu acima de si; mas, atraido pela dogura interior que acaba de gozar, extasia-se na suavidade que a infuséo celeste do gozo espiritual em seu ser importou; pensa tacitamente dentro de seu coragio na claridade daquela luz incorpdrea e na dogura secreta do repouso interior ¢ daquela suprema tranquilidade. Na contemplacao de todas estas coisas e na placidez da contemplag’o mesma, 0 coragéo mniy_.0 coragag sente-se docemente atraido pelo amor divino ¢ nele encontra suas delicias, Eleve-se, pois, a alma ee een al crista em asas de contemplagio, e nao se canse de subir, mas voe até chegar diante do Rei da gloria; uma vez ali, chore e suspire, rogando a Deus que a perdoe e lhe conceda sua graga; nao se ausente, nem desga sem estar moralmente segura de que Deus aplacou-se e reconciliou-se com ela, 8. Inflamada a alma nas doguras divinas, arranca de si todo mau pensamento A razio que se elevou até a contemplagio a Tacag ue 5f BEV OU be a roe das coisas sublimes, celestes, que _se extasiou na presenca divi onde foi inundada de luz verdadeira e inflamada na divina bondade, essa razao reprime, domina, senhoreia razao_sreprime, __—sdomina, _semhoreia necessariamente todas as_ mas inclinagdes_da vontade, todos os pensamentos_errantes da ~ memoria, todas as difusdes do corag4o, todas as distrag6es e flutuacées tempestuosas do espirito, 45 46 fixa e concentra todos seus desejos na fonte Gnica de felicidade e bem aventuranga. A razao, assim ilustrada pela sabedoria divina, deve ser rainha, soberana: nenhum impulso deve rebelar-se contra ela, antes, precisa Impulso deve rebelar-se contra ela, antes, precisa, que todas as faculdades a obedecam, como ela mesma obedece a Deus. E se sente algum eee ee reece Se Co eee movimento desordenado, longe de _nele SO VEE NENG, ot LESOLC EN ACO OB ~ Co soled consentir, deve resisti-lo e rechagd-lo de eSB aN © cas ntimento nos imediato; porque o simples conse torna_culpaveis e pecadores, ainda que néo se tenha traduzido em ato algum., Quando a razdo se inclina ao pecado pelo consentimento, diz-se escrito “A alma que peca, morrerd”. Que resista, 2S Ee Eee pois, para que néo morra; que combata, para que seja coroada. Esta batalha é dura, mas frutuosa; depois da fadiga vird a recompensa. Os sentidos nao prejudicam quando nao se consentiu com eles; é 0 trabalho da resisténcia que daa coroa ao vencedor. Eis af como verdadeiramente se edifica es a boa consciéncia. eS ae E boa consciéncia aquela que corrige, que castiga os pecados passados_e se guarda_de incorrer no que mereca castigo; sentira o pecado, ago es baer ee eae mas mas nao consentira nele, e se o pensamento a mancha, a razao a lavard e a purificard. Consciéncia reta é aquela que tem amargo desgosto por seus prdéprios pecados e nao consente nos alheios, nao deixa tranquilo_o pecador, dissimulando-lhe os pecados, como se a a nao os visse; ao contrario: corrige-lhe, ainda que RAO. OS VSS; 20 Con Oe sem ataca-lo jamais de maneira furiosa ou brutal. sem at todos, | graciosa com o amigo, paciente com o inimigo; a ninguém se faz odiosa, antes, € benévola com seus semelhantes, lhes € prodiga o quanto pode. 47 48 Tais séo as virtudes com as quais se edifica a casa da alma. O inimigo, segundo seu costume, apresentar-se-4 na casa para roubd-la, destruir e matar; se este inimigo vem - ¢ que nao é outro senao o orgulho do coragio, 0 apetite do louvor humano ou qualquer outro desejo desordenado - é necessdrio que a santa célera, como um cio que guarda um lesouro, se desperte, ladre, Ihe morda, 0 mate; que se atire sobre os ladrdes sem comiseragao, que nio deixe entrar ninguém; mas que grite e grite com forga, a fim de que todos os habitantes que dentro estejam tomem as armas e¢ se prestem a rechaga- los, Qualquer que seja a forma em que o vicio tente prejudicar, secreta ou abertamente, que a santa célera o rechace, o afaste, para que a consciéncia esteja em seguranga. Ha consciéncia estard segura e tranquila quando nao possa ser acusada, nem de negligéncia para o bem, nem de presuncao para o mal. A consciéncia pura e boa é a que nao pode acusar-se justamente do pecado passado, e que nado se deleita injustamente no pecado presente. Consciéncia pura é aquela_a ONSCIS UC bers See qual Deus néo imputa, nem seus pecados, porque nao os cometeu, nem os alheios, porque nado os ti _--— aprovou; a que nao ¢ repreensivel, nem de a0. (6 Teprcpsives enh orgulho, | porque se manteve sempre humilde, cnr nem de n negligéncia, porque em nada prejudicou a verdade del Deus, nem a salvagio do proximo. 9, Nada ha de mais sensato nem mais sdbio que © pensar e estudar na consciéncia Muito__se_busca__a__ciéncia, pouco_a consciéncia. Se a consciéncia fosse estudada com Conscience. se a consciencia losse estadada or o mesmo zelo com que se busca a va ciéncia do mundo, aquele estudo seria bastante mais facil que o desta, e também mais proveitoso. Pensar BL Diets. Pious 49

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