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Certificamos que Angelo Antonio Liborio de Oliveira Filho apresentou o

artigo intitulado Capelania Carcerária: Uma Análise Sobre o


Acompanhamento Pastoral no Instituto Amigos de Cristo no Seminário
Temático ST2 – Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso: Apontamentos Bíblico-
Teológicos que integrou a programação do III Congresso Norte de Teologia da
Faculdade Boas Novas / II Seminário Diálogos com o Sagrado sob o tema
Diversidade Religiosa no Brasil: Identidade, Fronteiras e Desafios Para o Século
XXI. O evento ocorreu entre os dias 28 e 29 de novembro de 2018, na Faculdade
Boas Novas, Manaus - AM.
Manaus (AM), 26 de novembro de 2018.

CARTA DE ACEITE PARA APRESENTADORES DE TRABALHO

Prezado
ANGELO ANTONIO LIBORIO DE OLIVEIRA FILHO

Temos a satisfação de informar que seu trabalho intitulado “CAPELANIA CARCERÁRIA: UMA
ANÁLISE SOBRE O ACOMPANHAMENTO PASTORAL NO INSTITUTO AMIGOS DE CRISTO", foi aceito
no Simpósio Temático ST 01 – Identidade Religiosa e Práxis Educativa na Amazônia, coordenado
por Geneci Bett (Faculdade Boas Novas - Manaus-AM), Edeney Salvador (Faculdade Boas Novas -
Manaus-AM), Maria Marta Silveira (Faculdade Boas Novas - Manaus-AM), que ocorrerá no III
Congresso Norte de Teologia | II Seminário Diálogos com o Sagrado sob o tema “Diversidade
Religiosa no Brasil: Identidade, Fronteira e Desafios para o Século XXI”, a se realizar de 28 a 29 de
novembro de 2018 na Faculdade Boas Novas, em Manaus/AM.

Não se esqueça de que para obter seu certificado de apresentação e a publicação de seu texto
completo nos Anais do Evento, a organização do evento exige a participação em 75% das
atividades de seu Simpósio Temático.

A Comissão Organizadora agradece a colaboração e conta com sua presença no III Congresso
Norte de Teologia | II Seminários Diálogos.

Próximo aos dias do evento serão informados os locais de apresentação dos STs

Ma. Liliane Oliveira


Me. Miquéias Pontes
Dra. Marilina Bessa Serra Pinto
Dra. Renilda Aparecida
Coordenadores III Congresso Norte de Teologia | II Seminário Diálogos com o Sagrado

Av. Gen. Rodrigo Otávio Jordão, 1655 – Japiim – Manaus (AM)


www.eventos.fbnovas.edu.br – (92) 3237.2214 – daniel.barros@fbnovas.edu.br/coord.teologia@gmail.com
FACULDADE BOAS NOVAS DE CIÊNCIAS TEOLÓGICAS, SOCIAIS
E BIOTECNOLOGICAS – FBN
CURSO BACHAREL EM CIÊNCIAS TEOLÓGICAS

Angelo Antonio Liborio de Oliveira Filho

CAPELANIA CARCERÁRIA: UMA ANÁLISE DO


ACOMPANHAMENTO PASTORAL NO INSTITUTO AMIGOS DE
CRISTO.

MANAUS
2018
Angelo Antonio Liborio de Oliveira Filho

CAPELANIA CARCERÁRIA: UMA ANÁLISE DO


ACOMPANHAMENTO PASTORAL NO INSTITUTO AMIGOS DE
CRISTO.

Relatório de Estágio apresentado ao componente


Curricular de Estágio Supervisionado II, ministrado
pela Prof ͣ Me. Liliane C. de Oliveira na Faculdade
Boas Novas, como parte do requisito para
obtenção de nota final.

Supervisora: Prof ͣ. Mestra. Liliane Oliveira

MANAUS
2018
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1 – Fachada do Instituto Amigos de Cristo...................................................8


Imagem 2 – Banner do Instituto Amigos de Cristo.....................................................14
Imagem 3 – Banner Esportivo do Instituto Amigos de Cristo.....................................15
Imagem 4 – Gráfico de: Status Conjugais..................................................................20
Imagem 5 – Gráfico de: Nível de Escolaridade..........................................................21
Imagem 6 – Culto Residencial....................................................................................23
Imagem 7 – Atividade do Estágio: Exposição de Temas pertinentes ao estudo da
Teologia......................................................................................................................26
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................5
1. O INSTITUTO AMIGOS DE CRISTO....................................................................7
2. DESENVOLVIMENTO DO TEMA.........................................................................8
2.1 A CAPELANIA.................................................................................................8
2.2 CAPELÃO: PROBLEMATIZAÇÃO.................................................................9
2.3 RELAÇÃO ENTRE A CAPELANIA E O INFRATOR......................................11
3. VIVÊNCIA DE ESTÁGIO.......................................................................................13
3.1 DESCRIÇÃO DE PROCESSOS E COMPLICAÇÕES DO INSTITUTO
AMIGOS DE CRISTO PERTINENTES A CAPELANIA
PRESTADA................................................................................................................15
3.2 ANÁLISE ENTRE O INFRATOR E A CAPELANIA: O CONTEXTO E A
APLICAÇÃO DO ACOMPANHAMENTO/ACONSELHAMENTO...............................19
3.3 ATIVIDADE PRÁTICA.....................................................................................24
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................25
5. REFERÊNCIAS..........................................................................................................
ANEXOS....................................................................................................................
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INTRODUÇÃO

A origem da capelania carcerária está no surgimento das prisões


institucionais, os dois andaram de mãos dadas, desde o início. Os primeiros
documentos em quanto ao desenvolvimento institucional da Capelnia Carcerária,
remonta à era vitoriana (nos primórdios da Europa Moderna).
No Brasil atualmente a capelania exerce seu ofício como forma de assistência
religiosa e social, apresentando-se aos serviços civis, militares e eclesiásticos,
elucidado e resguardado pela Constituição Federal de 1988, conforme a Lei 6923
art. 5 e alínea VII. Este trabalho vem crescendo no contexto brasileiro com grande
relevância no país principalmente no séc. XXI, devido a demanda que ocorre nas
instituições hospitalares, presidiárias, universitárias e demais entidades, em busca
de pessoas que possam proporcionar qualidades no serviço, para as questões
relativas ao atendimento pessoal em relação as crises espirituais, afetivas e
emocionais.
O Instituto Amigos de Cristo localizado no Bairro da Redenção –
Manaus/Amazonas –, foi escolhido para execução do projeto de estágio, cujo o
período de atuação dos estagiários foram de, 06 de outubro de 2018 a 11 de
dezembro de 2018, no total de 8 visitas. O Instituto em seu trabalho de capelania
carcerária, obedece aos certames jurídicos, preservando a mesma essência das
capelanias prisionais iniciais, da Europa Moderna. Porém com novos desafios do
atual contexto a serem vencidos. A escolha desta instituição é atribuída em função
de analisar o problema da devida prestação de serviço da capelania diante a vida
dos infratores.
A pesquisa foi realizada mediante a observação do acompanhamento e
consolidação do Instituto Amigos de Cristo na vida dos infratores e dependentes
químicos do bairro da Redenção de Manaus e de alguns presídios do Amazonas. O
Instituto de Capelania Prisional tem atuado dentro do Estado e no bairro a 8 anos.
Diariamente, a equipe de capelania realiza o aconselhamento e acompanhamento:
antes do ingresso do infrator no Instituto, durante e depois com as visitações.
O sujeito do qual recebe o serviço na capelania prisional, é sempre o infrator
da lei. Tanto a saúde física como a psíquica deste, deve ser preservada conforme a
descrição do art. 12 da Lei de Execução Penal que prevê: “A assistência material ao
preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e
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instalações higiênicas”. Porém é sabido que na realidade esta assistência não é


cumprida pelo Estado. E para além destes, e de outros problemas como:
superlotação e violência dentro das prisões e processo de ressocialização. Tornam-
se desafios que interferem no acompanhamento do capelão. Na pesquisa, apesar de
nem todos entrevistados terem passagens por penitenciárias, todos estavam
submetidos a uma reclusão social, i.é. um confinamento dentro da casa do Instituto
Amigos de Cristo.
Ao adentrar o sistema prisional, os internos são condenados a uma vida de
preconceito. Segundo o líder da Capelania Prisional do Instituto Amigos de Cristo, “a
sociedade os enxergam apenas como um criminoso”. No cárcere, a palavra é dura.
Prega-se sobre pecado, arrependimento e juízo. Após isso, os infratores se
convertem e, portanto, necessitam de um acompanhamento diferenciado.
Acompanhamento este em que, em muitas capelanias se é desprezado.
O acompanhamento pastoral de um indivíduo iniciado na religião cristã, no
ambiente semiaberto prisional (ou seja, dentro da casa de restauração do Instituto
Amigos de Cristo), é um problema que nem todos os capelãos estão dispostos a
tentarem resolver. Um dos fundamentos teológicos para a realização da capelania
carcerária, expresso na bíblia é este: “Estive na prisão, e foste me ver” (BÍBLIA ARA,
Mateus 25:36). John Wesley diz que é preciso ir além do propriamente dito “ver”, e
que este verbo significa que os prisioneiros (ou prisioneiros devido as circunstâncias
sociais) necessitam, mais do que serem visitados, por que muitas vezes estão só e
esquecido do resto do mundo.
Os cuidados precisam ser realizados por uma equipe vocacionada a efetuar o
acompanhamento, para assim se ter um trabalho eficaz. Os métodos de aplicação
utilizados precisam ser cabíveis na vida e no contexto do infrator, para que ele
permaneça na fé cristã e se ressocialize. O trabalho trata da descrição desse
processo, apontando os efeitos positivos ou negativos quanto ao acompanhamento
pastoral exercido pela capelania do Instituto.
A linha de pesquisa é a teologia prática, que a partir da capelania exerce seus
direcionamentos. O objetivo da pesquisa é analisar de que forma o
acompanhamento como método de aplicação do capelão, auxilia no processo de
melhoramento de vida dos infratores. Pesquisou-se através de entrevistas aplicadas
à capelania e aos infratores, bem como pela observação do processo de discipulado
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pessoal através das visitações do grupo de estágio. Tendo como objetivo ainda
descrever como se aplica o processo de reinserção na sociedade.

1. O INSTITUTO AMIGOS DE CRISTO

O Instituto Amigos de Cristo é uma instituição que possui um CNPJ,


localizado na Travessa São José, N. º 20 – Redenção – 69047-163, Manaus – AM,
fundado em 02 de março de 2010. A instituição já ressocializou mais de 319
infratores, seu objetivo é possibilitar uma vida fundamentada nos valores cristãos.
Seus idealizadores são 2 Senhores, ambos capelãos.
O líder da capelania e também é o supervisor do projeto, pelo fato de ser o
líder que mais tem disponibilidade para cuidar do Instituto e dos infratores. O líder
em atividade busca receber todas as pessoas que vão ao encontro do Instituto,
como: Familiares de infratores ingressos e não ingressos: os próprios infratores;
pessoas que buscam realizar matérias jornalísticas; estudantes compromissados
com a academia; igreja e sociedade; os que buscam estagiar no ambiente do
Instituto Amigos de Cristo; e nestes últimos anos expressivamente um número de
pessoas que tentaram o suicídio.
Atualmente existem 4 líderes, que cuidam de 7 a 10 infratores, os quais
respectivamente trabalham e recebem o serviço do
acompanhamento/aconselhamento de capelania.
Ainda existem muitos candidatos ao ingresso no Instituto, e também àqueles
que já passaram pelo processo de capelania, e que hoje estão inseridos novamente
na sociedade. Estes últimos o Sr Líder, busca visita-los e saber sobre suas situações
de vida. O Projeto recebe ajuda, principalmente da Primeira Igreja Presbiteriana de
Manaus, que constantemente doa alimentos, vestuários, donativos, bem como
disponibiliza voluntariamente advogados, enfermeiros, psicólogos, entre outros...
Para auxiliar no acompanhamento/aconselhamento dos ex-infratores.
Com capacidade para 10 pessoas, o Instituto é uma casa de alvenaria, cuja
proporação é de 15 metros de comprimento por 20 de largura, com 2 quartos de
hospedagem, 1 sala de visita, 1 sala para o devocional, 1 cozinha, 1 sala de reunião,
1 área de lazer com piscina. Os planos para o futuro é aumentar para assim atender
melhor as demandas dos infratores que lá são recebidos. Esse Instituto é um dos
únicos no Estado do Amazonas a exercer um trabalho deste tipo. O Instituto Amigos
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de Cristo, ganha respeito diante da sociedade que o cerca. Inúmeros jornais já


vieram visitar e gravar matérias sobre seu ofício, bem como inúmeros
órgãos/pessoas de todo o Estado do Amazonas e alguns de outros Estados, já
conheceram o seu trabalho, chegando alguns destes, a se compaginarem em todo
tipo e forma de auxílio.
O Instituto Amigos de Cristo tem como missão transformar o ser humano para
uma sociedade melhor através do anúncio do Evangelho de Cristo. A finalidade do
Instituto é transformar a vida do infrator; que busca recuperação em todos os
âmbitos de sua vida.

Imagem 1: Instituto Amigos de Cristo


Fonte: Pesquisa de Campo, 2018.

2. DESENVOLVIMENTO DO TEMA

2.1 A CAPELANIA

A Capelania tem como objetivo principal fornecer apoio espiritual e emocional


à aqueles que não podem comparecer aos serviços religiosos organizados, portanto,
a diferença entre o pastorado e o capelonato, seria a intensidade de atuação
enquanto ao local e suas circustâncias críticas.
Sendo assim, as áreas de atuação do trabalho do capelão, podem ser
diversas, pelas variações dos ambientes em que ele possa se encontrar: se no
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hospital; capelania hospitalar; se na escola; capelania educacional; se no exército;


capelania militar; entre outros... A área de atuação da capelania em análise, é uma
capelania antiga porém sem muitas obras literárias, assim como a Esportiva e a
Empresarial. A capelania Carcerária/Prisional tem como objetivo geral o mesmo da
capelania comum, por ser derivada dessa. Porém, a capelania carcerária inclui seus
objetivos específicos, próprio de sua área. A esse respeito, Alves declara:

Colaborar com a restauração e com a reinserção na sociedade da pessoa


que praticou delito ou infração, auxiliando-a, por meio da assistência
religiosa e espiritual, a refletir sobre seus atos, encontrar propósito em sua
vida e em seus relacionamentos, lidar com os desafios do encarceramento,
elaborar e dar signifcado ao luto, à culpa e ao isolamento bem como se
preparar para a vida pós-cárcere.” (ALVES. 2017. p.206)

A partir destes objetivos específico, percebe-se mais fortemente algumas


doutrinas teológicas em relação a outras, na relação de trabalho do capelão com o
infrator. Pois devido a situação crítica em que os deliquentes/infratores se
encontram, os temas como: A Imago Dei, Graça, Soteriologia, Santificação Cristã,
Juízo Final etc... Emergem naturalmente, mais que outros. Este acontecimento
acontece devido ao confinamento por parte do infrator e a motivação de
ressocialização por parte do capelão. Na obra entitulada, “Como anunciar o
evangelho entre os presos: teologia e prática da capelania prisional”, os autores
destacam que, essa emerção de temas é conhecido como a teologia da capelania
prisional. Não se deve perder de vista, a teologia aplicada essencial da capelania
geral ou comum. São três, os principais atributos de aplicação, da capelania,
segundo elenca Emerson Cobianch: “Deus salva, Deus cura e Deus
liberta.”(COBIANCHI, 2009, p.60)

2.2 CAPELÃO: PROBLEMATIZAÇÃO

Pela perspectiva da teoria de Durkheim, todo ofício religioso é fruto de um fato


social. Entende-se que, o indivíduo é coercitido pela religião (organização
influenciadora) a se tornar um capelão, pelo fato de a instituição religiosa crer que
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um ser sagrado, o comissionou à realizar este tipo trabalho de acordo com o


compromisso divino e social.

Maneira de agir, fixa ou não, capaz de exercer sobre o indivíduo uma


coerção exterior, ou a ainda; que é geral no conjunto de uma dada
sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente
da suas manifestações individuais. (SELL, 2001 p.31, apud DURKHEIM,
1973, p.93)

Porém no meio evangélico brasileiro e teológico doutrinal, a concepção que a


religião e o capelão tem sobre o seu ofício diante dos confinados/infratores, são as
mesmas dos pastores. Que é a de ser “vocacionado, capacitado e comissionado por
Deus.”
Surgem-se problemas, quando o capelão por pensar que é um “agente
divino”, alega não precisar de: se atualizar com literaturas e cursos pertinente a
capelania; estar envolvido com outros conhecimentos científicos; negligenciar a
ética, a moral e um padrão de comportamento que obedeça as leis vigentes de seu
Estado; não observar orientações de diretores de presídios; seus superiores e de
outros casos semelhantes; não tomar cuidado ao começar um trabalho de
tratamento e não; justificando-se de que Deus está no controle. E por estas causas
os problemas se desdobram como a inobservância de: os número de visitas
semanais; evangelização e proselitismo; dízimos e ofertas; horários; entre outros...
Desta forma, a concepção teológica fundamental cristã de que o capelão foi;
chamado por Deus para uma missão nobre e justa. Não deve descartar os princípios
gerais que envolvem a capelania como; Servir a necessidade do próximo, por amor
a Cristo e respeito as instituições/sociedade que conferem e confiam no seu
exercício de capelania; respeitando a liberdade religiosa e à iniciativa de
compromentimento cooperacional; levando em consideração os desafios de
reabilitação de cada infrato; tendo em vista seus traumas psico-fisiológicos; observar
a doutrina mas também as orientações psicológicas na aplicação de suas ações.

Devido os problemas existentes nos sistemas prisionais brasileiros e na


sociedade em relação as drogas, é necessário que o empenho do capelão em
ajudar os infratores em sua caminhada cristã, esteja subsidiada não somente com o
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teórico teológico, mas também com a assessoria de outros ramos científicos;


sociologia, direito, antropologia, psicologia e todos os demais saberes.
Portanto, para efeito de comparação e para uma melhor análise na relação do
capelão e o indivíduo, no que tange ao acompanhamento pastoral, os princípios da
psicologia e da psicoteologia aplicada, extraído do pensamento de Gary Collins em
Aconselhamento Cristão e do Emerson no livro, Capelania: Uma abordagem
psicoteológica. Ajuda a fundamentar eventos que são intrínsecos em tal relação,
como o aconselhamento pastoral que é a principal técnica utilizada do capelão para
um acompanhamento/aconselhamento do infrator.
A eficácia no aconselhamento pastoral, se dá também pela posição que o
capelão tem, diante de sua fé, de si, da sociedade e do infrator como:

A Personalidade, os valores, as atitudes e as crenças do Capelão Cristão


tem primazia no processo de restauração do oprimido [...] as atitudes,
motivações e desejos por parte do aconselhando [...] O relacionamento de
cooperação mútua entre Capelão Cristão e Auxiliado é indispensável para
eficácia do aconselhsamento [...] focalizar as emoções, pensamentos e
comportamento do aconselhado [...] procura estar atento, às diferenças
intrísicas e às necessidades específicas de cada personalidade [...] O
objetivo final do Capelão Cristão é ser um agente de transformação da visão
e atitudes do aconselhado, em sua totalidade. (COBIANCHI, 2009, p.138-
152)

Por conseguinte, é necessário que o capelão seja resolvido enquanto seus


valores e posições. Para não comprometer o processo de aconselhamento pastoral
perdendo sua credibilidade, na perspectiva do infrator.

2.3 RELAÇÃO ENTRE A CAPELANIA E O INFRATOR

Pode-se considerar que, o que motivou o infrator para o estado crítico


negativo de sua vida, foi o problema social. Quanto ao momento em que o infrator se
depara com o evangelho ou algum projeto religioso de restauração, pode-se atribuir,
as teorias psicológicas que envolvem a escolha de querer ser transformado, ou
acreditar fundamentado na teologia que à misericórdia de Deus o alcançou. É certo
que, mais do que fazer uma hermenêutica do que convém, é necessário dialogar
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com os ramos científicos dos quais a partir de seus cientistas, se dispõe a estudar
seriamente estes fenômenos.
Em todos os quesitos como: instalações físicas: recursos humanos;
capacidade e ocupação do estabelecimento penal. Para o Conselho Nacional do
Ministério Público, o contexto dos infratores/dependente-químicos brasileiros são
ruins. Dados e estatísticas confirmam isso. Rodrigo Janot, Presidente do Conselho
Nacional do Ministério Público aponta:

Os números estampam a necessidade de assegurar, o quanto antes, o


cumprimento de pena no país condizente com a dignidade da pessoa
humana, assegurada a integridade dos apenados e dos seus familiares, e a
possibilidade de verdadeira ressocialização. (JANOT, 2016. p.17)

Ao longo dos estudos desse conselho, percebe-se que não se é assegurado a


ressocilização dos apenados, há muito tempo. Diante desse cenário a capelania vem
atuando, para combater essa problemática.
Envolve-se ainda as complicações dos contextos: sociológico; jurídico;
familiar; educacional, entre outro... Como as complicações internas que cada
apenado acumulou no decorrer de suas vidas, como: ansiedade, solidão, depressão,
ira, culpa, criação ruim, problemas na adolescência, violência, abuso, inferioridade,
autoestima, complicações físicas, perdas, transtornos mentais, transtornos
comportamentais, alcoolismo, vício, compulsões, problemas financeiros, mal
exemplos seguidos, pressões de grupos facciosos, entre outros...
Diante de tantas objeções, entende-se que é necesserário não somente um
comprometimento do capelão mas também uma pré-disposição do infrator para
alcançar bons resultados em sua ressocialização.
No caso do estudo em questão esta soma do comprometimento do capelão e
da pré-disposição do infrator, pode se resultar em um ingresso no Instituto Amigos
de Cristo. O Instituto, é o local aonde é firmado a relação do capelão com o infrator,
i.é. local onde ocorre a assistência religiosa e espiritual. É aonde encontra-se os
desafios, as responsabilidades e onde as vitórias ou derrotas são obtidas, dia após
dia. A partir das biografias dos infratores é analisado parte da estratégia traçada da
capelania e os princípios pelo instituto observados e exercidos.
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O Capelão que representa um instituto ou uma denominação, é preciso


representar bem o seu ofício diante de Deus e dos homens. Em turbilhões de
problemáticas não é requisito obrigatório que o capelão tenha uma experiência
acadêmica nem tão pouco um curso superior. Não é requisito; mas nem sempre
somente isto é necessário. É de suma importancia que o capelão reconheça e
aplique os princípios mencionado por Gisleno Alves no seu livro Manual do Capelão:
Teoria e Prática. Como: “trabalho e persistencia, um bom mentoramento, vida de
oração, sabedoria secular/conhecimento teológico”.
O desafio da capelania no instituto é destinada a ressocializar o
infrator/dependente químico, concomitantemente incutindo-lhe e conscientizando-o
sobre a necessidade de religa-lo e fazê-lo permanecer em uma relação existencial
com Deus. Também os encorajando sempre, a terem uma esperança para a vida e
seu futuro, buscando fortalece-los psicologicamente, fisicamente e espiritualmente.
Isto pode ser prejudicado se a negligência do capelão(ã) em relação a prática de
acompanhamento pastoral ocorrer, resultando em uma má compreensão de vivência
religiosa e um caráter comportamental por parte do indivíduo defeituosa, em
comparação aquela que possivelmente saudável, deveria ser.

“É verdade que, às vezes, o aconselhamento não ajuda. Até mesmo os


conselheiros mais experientes e bem preparados, que se mantêm sempre
atualizados e aplicam técnicas mais confiáveis, verificam que os
aconselhados nem sempre fazem progressos.” (COLLINS. 2008. p.15)

O comprometimento com a execução do acompanhamento cristão em


consonância com as diretrizes consistentes do discipulado, pode resultar em; melhor
desempenho do encarcerado em suas atividades diárias; em seu convívio mútuo
com outros carcereiros; família e sociedade; bem como em uma melhor busca de
leitura através de bibliografias sobre temas benéficos, dentre outros benfazejos.

3. VIVÊNCIA DE ESTÁGIO.

Ao total foram 8 visitas em 3 meses. A primeira o grupo de estagiários coletou


informações sobre a história do Instituto Amigos de Cristo. Percebeu-se neste
14

primeiro momento a motivação do projeto através da falta de recursos. Isso não fez
com que eles paracem e ao longo do tempo as ajudas vieram.
Na segunda visita fizemos uma entrevista coletiva, tanto com o capelão e os
ex-infratores, serviu como um quebra gelo, e fomos bem recebidos. Nesta visita
descobrimos que o projeto caracteriza-se diante da necessidade em ajudar os
desassistidos. Definindo assim no bem estar de uma nova pessoa ressocializada.
Ficamos sabidos também que o funcionamento se dá totalmente de base voluntária
de alguns profissionais, sempre sobre as necessidades. Que devocionais são
realizados, tendo efeito de conscientização de erros entre os ex-infratores e os
familiares. Com dia a dia muito desafiador mas também muito gratificante.
Na terceira visita a entrevista foi especificamente com o capelão, conhecemos
mais sobre o Sr. Líder. Ele nos contou sobre o projeto de ceias e batismo, que não
realizam. Pois direcionam sempre para uma igreja parceira, que tenha seus
fundamentos bíblicos. Isso tem sido algo que eles tem tratado com muita diligencia
no projeto.
Na quarta visita fomos ao campo de futebol aonde o esporte é aplicado na
vida do ex-infrator. Esses momentos foram edificantes e alegres para aqueles que
conseguiram interagir na partidade de futebol de alguma forma.
Na quinta visita, aconteceu um culto religioso, com expressivos louvores
gospel e uma ministração bíblica. Sr. Líder, contou um pouco também dos desafios
de tentativas de suicídios que tem crescido espontaneamente na sociedade.
Na sexta visita expomos a teologia em ação, do qual foi reservado para o
tópico “Atividade Prática”.
Na penúltima visita sabemos mais sobre as dificuldades do projeto, como o
pagamento do aluguel do prédio. Porém o capelão disse que “Deus vem provendo
nossas necessidades como a do projeto”.
Soube na última visita que foram muito os números de pessoas que foram
ressocializados. Isso para eles e para os estagiários foi ótimo de grande satisfação,
e tivermos a oportunidade de acompanhar a saída de um ex-infratos que foi morar
sozinho, cursando faculdade de enfermagem. Bem como de um outro rapaz que
estava no quinto periodo de Direito, e inúmeras histórias que foram construídas
devido a aplicação de uma eficaz capelania.
15

Imagem 2 - Banner do Instituto Amigos de Cristo


Fonte: Pesquisa de Campo, 2018.

3.1 Descrição de processos e complicações do Instituto Amigos de


Cristo pertinentes a capelania prestada.

Os idealizadores do Instituto Amigos de Cristo, entendem que são homens


comissionados por Deus para ajudarem a outros homens que necessitam de
cuidado. Em outras palavras, um grupo de jardineiros que se dispõe a não regar
somente o seus próprios jardins que é o Instituto/Casa, mas jardineiros disposto a
fazerem florescer em terras secas e assombrosas, todos os tipos de flores.
Todos são empenhados a tornar uma sociedade melhor através
principalmente do ensino-igreja mas também do esporte. Esporte do qual
integralizam os ex-infratores nos eventos e campeonatos de Manaus. Fazendo
assim com que todos os ex-infratores residentes no Instituto, tenham algum tipo de
relação não somente com a igreja mas também com o esporte.
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Imagem 3: Banner Esportivo do Instituto Amigos de Cristo.


Fonte: Pesquisa de Campo, 2018.

A sociedade é como uma mata. Linda e imponente, mas diferente do jardim,


por esse esconder seus perigos em atalhos não muito favoráveis para aqueles que o
entram.
Os atalhos podem ser considerados as escolhas ruins que conduzem
pessoas a se tornarem infratores, pois estes tentaram querer sobreviver de forma
“fácil” (sem obediência as leis da floresta) ou buscaram fugir da verdadeira realidade
da vida, muitas vezes.
O Instituto Amigos de Cristo é como se fosse “um grande jardim de
restauração” de ser e de vida espiritual. Se encontra ainda dentro da mata, porém
destinado a uma pequena parte; a aqueles que, conseguem não morrer no atalho,
mas que saem machucados. De uma forma que o Estado não consegue o curar,
devido principalmente à corrupção, como no caso do Brasil e a falta de amor, como
no caso da igreja. Muitas vezes, Estado e Igreja, são os principais agentes
impulsionadores (de forma subjetiva) a propelir o delinquente a volta dos atalhos
ruins. Mas o infrator ainda tem seus 50,01% ou mais de culpa, muitas vezes.
A forma de ingresso no Instituto Amigos de Cristo pode se dar a partir; do
convite mediante a observação dos líderes quando estes estão atuando em outros
projetos prisionais dentro do cárcere; indicação de diretores prisionais; súplica de
ajuda de familiares; e também até do mesmo infrator. Muitas são as mães (famílias)
que vão em busca do projeto para tentar um ingresso de seus filhos, chegando a
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algumas oferecer dinheiro para isso (ato de impulso emocional, muitas vezes).
Porém a corrupção é uma prática que não existe dentro deste processo de
reinserção na sociedade. Soa como se fosse uma praga que tenta adentrar no
jardim, porém o sistema imunológico de valores cristãos, não permitem que esta
cause nenhum estrago no horto. Por fim, as prioridades são dadas a partir da ordem
de chegada, assim como em um hospital.
O Primeiro contato com capelão se deu em forma de uma entrevista realizada
pessoalmente. E neste momento é observado o interesse do infrator em querer ficar
ou não. Se caso for perceptível um ânimo para manter-se, então o convite é firmado
e aceito entre o Instituto e o infrator; e a partir deste momento então; (1) repassa-se
todas as regras, direitos e deveres que precisam ser observadas pelo ex-infrator, se
caso esse queira ter sua permanência no projeto; (2) o rapaz já passa a ser tratado
como ex-infrator; (3) é inserido no plano da capelania de restauração e reinserção do
ser.
Ingressado no Instituto é necessário que o ex-infrator esteja atento aos seus
direitos, regras e deveres. Os direitos são o que se pode fazer e qual o seu limite,
ex: Como quantidade semanal de visitação dos familiares. As regras são os
preceitos de disciplina que parte do instituto/capelania para com o ex-infrator como;
não poder chegar depois das 22:00 horas, se caso sair para trabalhar, estudar e
praticar esportes, entre outros... (motivos benignos, mas com equilíbrio de
frequências). Os deveres são as condutas (ações que partem do ex-infrator), que
precisam ser realizadas; como lavar a louça segundo a escala pré-determinada pelo
capelão. Estes são apenas alguns exemplos de centenas que existem e continuam
surgindo dia após dia. Ambas as 3 áreas quando não observadas causam
complicações, suscetíveis (dependendo do grau) de implicar negativamente no
processo de restauração. Porém é levado em consideração os desafios e
capacidades que cada ex-infrator possui, nunca pedindo mais do que ele pode
demandar. Sendo o bom senso e os preceitos cristãos o guia para que através da
flexibilidade na medida do possível não se chegue ao ponto de comprometer a boa
relação entre todos.
No instituto, o ex-infrator é recebido pelos outros ex-infratores (os que lá já
residem), que de antemão são orientados a recebê-lo com respeito e amor. Os
líderes do instituto dizem que é primordial o bem tratar no processo de restauração e
reinserção na sociedade, revelam que não é através do “passar a mão na cabeça”
18

enquanto a compreensão dos atos infracionais que o levaram ao seu estado, porém
por intermédio do oferecimento do amor/caridade se sobressai em comparação ao
julgamento da sociedade e dos que o cercam sobre seu estado de vida.
Quando são tratados de uma forma que muitas vezes nunca foram, pelos
familiares/sociedade/presídios, eles estranham. Pois quem não estranharia uma flor
nascida em um jardim pessoal da qual nunca cresceu? E nem se quer que a própria
pessoa precisa-se a plantar? Uma “flor” em meio ao terreno (coração) devastado
(em trevas). Eles estranham é fato, mas na maioria das vezes não à arrancam, por
saberem que aquela flor lhe traz benefícios para o seu jardim ou para sua vida. A
cada dia a capelania planta uma flor, num terreno tão difícil; como a flor do amor,
paz, confiança, humildade, alegria, etc... E quando eles menos esperam. Bum!
Floresceu um lindo jardim, do qual eles nunca imaginavam ser possível ter nascido
quanto mais crescido.
Nesta etapa inicial se é concedido um voto de confiança não sob pressão ou
ameaça, mas sim ante o sentimento de esperança de que uma vida pode ser
transformada através do amor de Cristo e das devidas orientações e oportunidades
concedidas para que o ex-infrator seja transformado para melhor. Na maioria dos
casos, quando, o ex-infrator aceita e recebe desse cuidado, ele acaba percebendo
que também é a imagem e semelhança de Deus, pois se sente importante para
Deus e para o mundo à sua volta.
Com a ajuda de acolhimento (aqui o termo vai além de abrigar o ex-infrator na
casa), aconselhamento e oração da capelania, já na primeira semana, na maioria
dos casos se é perceptível por parte do ex-infrator a graça (como favor imerecido)
sobre a sua vida. Estes e outros temas são mais emergentes que outros
naturalmente, devido ao ambiente e a situação dos ex-infratores, sendo isso uma
abertura para começar a se tratar não somente do preso enquanto o seu estado
físico-psicológico, mas a partir das doutrinas teológicas (também) o seu espiritual.
Vale lembrar que ao longo do tratamento não é imposto nenhuma religião ou
credo, nem mesmo exigido o convertimento ao cristianismo. E se caso ao longo do
processo de tratamento os ex-infratores quiserem aceitar a Cristo, se batizarem,
etc... são orientados pela capelania a escolherem aonde querem congregar. Apesar
de a maioria migrar para Primeira Igreja Presbiteriana de Manaus. Igreja esta que
auxilia grandemente o Instituto Amigos de Cristo.
19

Num segundo momento eles procuram saber quem foi quem plantou essas
flores, e então eles perguntam aos que estão ao seu redor, a capelania. E a
capelania sem falhar atribuem todo esse fenômeno de cuidado, a Deus, e enfatizam
que são apenas jardineiros operadores, ferramentas na mão de Deus.
Aí então muita das vezes começa o processo de conversão, o capelão diz
que a maioria se convertem ainda no primeiro mês de tratamento (tendo o rito de
inicialização i.é. o batismo, realizado apenas meses depois). Tendo em vista que o
processo de tratamento, demora em média 1 ano e meio.
Quando conversos, percebem que o jardim esta grande demais para darem
conta de regá-lo sem orientações, então eles procuram ajuda religiosa, através da
capelania e igreja, para que esta lhes de o apoio agora não somente físico (quando
ingressam) e psíquico, mas espiritual. Que é denominado como discipulado, e
consolidação.
Neste momento o ex-infrator se é ensinado a como regar as plantas com os
devidos instrumentos bem como quando à poda-las. Os familiares ou pessoas
próximas, quando o vem visitar no Instituto, tomam um susto, maior que aquele
quando o ex-infrator tomou quando sentiu a flor do amor plantada em seu coração.
As pessoas tomam um susto pois se deparam de frente com um Jardim, meio sem
jeito e um tanto confuso, mas perfumado e regado pelo próprio ex-infrator, com
ajuda da capelania.
As dificuldades surgem no cotidiano, muitos pensam em desistir do
tratamento por pensar que está perdendo muito tempo dentro do Instituto, tempos
este que poderia ser investido em renda por exemplo. Outros pensam em voltar para
suas famílias. Mas se é orientado, que para uma árvore ser plantada na mata é
necessário que ela esteja com raízes profundas. Assim como que para um ex-
infrator se deparar com a sociedade e todos os desafios que o fez cair, novamente, é
necessário que estejam consolidados e restaurados, só assim então a reinserção na
sociedade/família/trabalho se torna boa e saudável, na sua eficácia.
Pós

3.2 Análise entre o infrator e a capelania: O contexto e a aplicação do


acompanhamento/aconselhamento.
20

O contexto do infrator/dependente químico brasileiro é grandemente


dificultoso se comparar com a de infratores/dependentes de países mais
desenvolvidos. Portanto, chegar aos objetivos de uma capelania efetiva, se torna
ainda mais difícil, devido as particularidades desafiadoras que impõe o cenário
sociológico, jurídico, familiar, educacional e prisional brasileiro sobre o infrator. Não
somente estes, mas também outros temas cercam este cenário, como; vício
compulsivo, desobediência a lei, mal exemplos seguidos, pressões de grupos e
outras influências sociais, baixa autoestima, depressão, parâmetros
infraconstitucionais; temas positivados por tribunais relativo a relação do capelão e o
infrator.
Diante a experiência e vivência de estágio, bem como as entrevistas
aplicadas, foram colhidas as informações necessárias para se obter a devida análise
da eficácia ou não pelo serviço prestado de acompanhamento/aconselhamento da
capelania.
Três foram os números de entrevistados já ingressos no Instituto para a
realização desta pesquisa. O primeiro entrevistado tem 28 anos; o segundo de 34
anos e o terceiro de 46 anos. Os perfis destes infratores são de homens que se
encontram em: o primeiro ex-infrator da comunidade do bairro da Redenção e
adjacências; o segundo ex-dependente químico e o terceiro se encontra no regime
de prisão semiaberto. Todos aceitaram (não impostos) a se submeter ao
tratamento/acompanhamento do Instituto. Para ingresso no Instituto os 2 primeiros
foram indicados através de familiares e terceiros, e o terceiro através de diretor de
presídio, apenas indicados e não forçados, pois as decisões partiram deles mesmos,
sendo necessário serem submetidos a umas entrevistas. Enquanto a este ponto,
Silva pelo pensamento de Buta e Neto aponta:

“[...] ressocializar não pode ser um ato de imposição, é ato de vontade, a lei
pode apenas motivar, não obrigar.
[...] segundo ensina ANABELLA RODRIGUES, “reconhece-se, assim ao
recluso uma posição de sujeito da execução enquanto participante ativo e
personalidade responsável no processo de (res) socialização, afastando
uma visão das coisas que o tornava um mero destinatário passivo de
normas, colocando-a na posição de objeto das preocupações de uma
execução orientada por qualquer finalidade que ela fosse”. [...]. É o
pressuposto de um verdadeiro tratamento, sendo mesmo indispensável, já
que não existe ressocialização sem ou contra a vontade do mesmo.” (apud,
SILVA, 2015, p. 211)
21

Não somente este como o de respeito a liberdade religiosa foram observados


e analisados. Cumpridos pela capelania e não sendo quebrado desdo momento em
que o ex-infrator adentra no Instituto Amigos de Cristo.
O segundo ponto é que; os dois primeiros entrevistados são solteiros e o
terceiro divorciado. O primeiro e o terceiro sem o ensino médio, porém o primeiro
visando realiza-lo e o segundo cursando enfermagem. O status de solteiro e
escolaridade baixa dos ex-infratores é uma marca latente em suas vidas. Conforme
aponta o gráfico do Departamento Penitenciário Nacional:

Imagem 4 – Gráfico de: Status Conjugal.


Fonte: http://emporiododireito.com.br/leitura/o-perfil-do-preso-conforme-dados-do-infopen-2014

Imagem 5 – Gráfico de: Nível de Escolaridade.


Fonte: http://emporiododireito.com.br/leitura/o-perfil-do-preso-conforme-dados-do-infopen-2014

Porém o Instituto incentiva-os a estudarem, quando se tem confiança no ex-


infrator de que honrará o compromisso de ir para fora da casa, não se corromper e
voltar em segurança ao Instituto. Mas quando não se tem confiança no ex-infrator,
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por geralmente ainda se estar no início do processo de consolidação. Orienta-se que


é melhor estudar dentro da casa ainda, visando sempre o processo de restauração
do ser. Enquanto aos que se encontram no semiaberto, é necessário um diálogo
com o presídio (do qual estão sob a tutela do preso) e o Estado, para se chegar a
uma posição/consenso, enquanto à frequência em uma escola/faculdade externa.
Em suma é de extrema importância impulsionar o ex-infrator a estudar, porém
quando se põem na balança o seu bem-estar e a reclusão necessária para não
cometer infrações devido a suas fragilidades não curadas, leva-se em consideração
a segunda opção.
Ambos os 3 acreditam em Deus, antes mesmo de entrarem no projeto. Talvez
devido também à grande influência Cristã no Brasil. Sendo os 2 primeiros
entrevistados já batizados antes de ingressarem no Instituto. Porém se não
acreditassem a capelania trata-os com cordialidade e respeitabilidade. Sobre este
tema, Gisleno Alves, aponta:

A Constituição Federal, no artigo 5º, VI, rege que “é inviolável a liberdade de


consciência e de crença, [...] Isso se estende também a liberdade de crer e
de não crer. É um princípio que se aplica a todas áreas da capelania, tanto
em ambientes públicos quanto em privados. (Alves, 2007, p.201)

Ocorre que é perceptível que apesar de as conversões acontecerem outrora


na vida dos ex-infratores, não se teve uma consolidação educacional quanto mais
espiritual. Este fenômeno se dá pelo desleixo da Igreja em relação a vida (corpo,
alma e espírito) do ser humano. Acontece-se os ritos de iniciação no caso do
cristianismo o batismo, porém não se tem acompanhamento/aconselhamento.
No Instituto, observa-se que não é imposto com que eles sejam novamente
batizados ou tenha que confessar a Jesus publicamente. Porém mais que isso, é
aplicado um tratamento, fazendo com que eles entendam que a verdadeira religião
vai além de apropriamento religioso ou exercícios ritualísticos, mas sim de uma vida
contemplativa diante de Deus.

Os relatórios enviados pelas igrejas locais informa m uma quantidade de


pessoas que se decidiram por Cristo, entretanto uma quantidade igual e as
vezes maior que saíram da igreja. Precisamos fechar a porta dos fundos em
nossas igrejas e acreditamos que o discipulado cumprirá esse objetivo
ensinando, ajudando e acompanhando as pessoas. (...) O discipulado é
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baseado num processo de crescimento pessoal. Não se desenvolvem


discípulos apenas em cursos ou jornadas, mas através da vida. Jesus não
deu apenas cursos de treinamento para os discípulos, mas investiu na vida
deles por cerca de três anos, para que eles entendessem os valores do
Reino e a forma de viver esses valores para causar impacto na sociedade e
na vida de outras pessoas. (QUEIROZ, 2014, p.5)

A conversão na vida de todos os 3 entrevistados (1 iniciado no projeto com 2


semana, outros 3 meses e o terceiro 6 meses) aconteceu ainda antes do projeto, 2
batizados em águas, porém sem uma permanência e uma consolidação espiritual e
teológica séria.
Nas entrevistas realizadas os principais motivos alegados pelos ex-infratores
que o fizeram tornarem infratores são; (1) vontade própria e (2) influência do meio. É
necessário entender que a vontade própria também é conduzida por parte através
do meio social em que se vive e das oportunidades dais quais são oferecidas,
principalmente pelo Estado. Porém os motivos que expõe os psicólogos são
principalmente: A desestrutura familiar como sendo uma das causas para o
cometimento de delitos. (SILVA. 2015, p.193). Quando se sabe o cerne dos
problemas pelas capelanias, se converge em grande melhora para o processo.
Foi perceptível que os entrevistados têm uma boa harmonia na casa e isto é
relevante para uma capelania eficaz. E também nas entrevistas é claramente
observado que todos são gratos ao o que o projeto tem feito na vida de cada um,
bem como os cultos semanais que são realizados dentro e fora da casa. Um
entrevistado chega a relatar “que aprendeu coisas que nunca esperavam aprender”
através da capelania.
Outro ponto importante é a ajuda religiosa que a capelania oferece através de
eventos como cultos. Estes são realizados todas as segunda-feira,quinta-feira e no
domingo é disponibilizado a oportunidade de eles estarem cultuando na Primeira
Igreja Presbiteriana de Manaus.
24

Imagem 6 - Culto Residencial.


Fonte: Pesquisa de Campo, 2018.

Além destes, é prestado diariamente, oração, ensino da palavra, entoamento


de louvor com violão e principalmente a atividade coletiva que o projeto tem com
relação ao futebol.
O Capelão em análise é Rogério Evangelista Barbosa, de 45 anos, com 20
anos de capelania, com experiência em: Capelania hospitalar, espotiva, etc e hoje
está na escolar e prisional. A convite de um amigo, desde 2010 Rogério atua no
Instituto Amigos de Cristo, com intuito de ajudar ex-ifrantores/dependentes químicos
a superarem diversos problemas sempre levando em consideração a Cristo na sua
vida. As situações que Rogério enfrenta são as mais complexas possíveis, porém as
satisfações que vive quando se depara com um ex-infrator, converso de suas más
atitudes, são as maiores possíveis. Unanimemente todos os 3 entrevistados deram
um bom parecer de Rogério como capelão principal do projeto.
Apesar de demonstrarem não saber coisa alguma sobre juízo final e questões
escatológicas e apocalípticas, todos em suas entrevistas demonstraram, acreditar:
Vir de Deus (Imago Dei), acreditar em salvação, acreditar que há esperança pro pior
indivíduo. E receberem devidamente a atenção que precisam para um processo de
restauração.
25

Todos também reconhecem que antes do ingresso no Instituto eram piores


pessoas/cidadãos, agora no instituto estão melhorando, mais que precisam melhorar
ainda mais em todos os quisitos da vida.
Nesta parte final é analisado a melhoria de vida em questão dos quisítos:
(1)Espiritualidade, (2)relação familiar, (3)relação com a sociedade, (4)saúde física,
(5)saúde mental, (6)estudo, (7)trabalho e (8) qualidade de vida geral.
Todos os requisitos respondidos pelos própios ex-infratores (a quem a
capelania é prestada), disseram que são ótimos, com excessão da oportunidade de
trabalho cedida pelo Instituto Amigos de Cristo. Porém o próprio Instituto alegou que:

“devido a fragilidade do ex-infrator se é necessário que o emprego seja uma


das últimas coisas a serem concedidas (principalmente no período de saída)
no processo de reinserção na sociedade, pelo fato de muitos, não saberem
lidar com o dinheiro, horário de volta e outras questões que infligem em
suas fragilidades.” (Capelão Sr. Líder)

Em momentos conversa com o Capelão Sr. Líder, extraiu-se a compreensão


que a reclusão é necessário, e o renunciar de contatos externos deve ser de forma
gradativa, para não comprometer o processo de ressocialização.

3.4 Atividade Prática.

A atividade prática teve como objetivo; levar à conhecer o saber teológico


obtido no curso de graduação superior. Através de 4 exemplares de folders, o
material distribuido decorria de assuntos como; A doutrina do pecado, o que é
ciência teológica? e o estudo sobre o Espírito Santo (pneumatologia).
A aplicação se deu na forma de palestra, 3 foram os estudantes que
dissertaram sobre os temas, com direito a perguntas e respostas, os ex-infratores
receberam de forma agradável as apresentações.
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Imagem 7 - Atividade do Estágio: Exposição de Temas Pertinentes ao Estudo da Teologia.


Fonte: Pesquisa de Campo, 2018.

Considerações Finais

Ao longo do estágio, se percebeu devido a análise com parâmetros


bibliográficos que: A capelania prestada com inúmeros desafios como o de renda
monetária, não se rendeu a corruptibilidade, relaxamento, indiferença, entre
inúmeros outros sentimetos/ações ruins que muitas vezes frustam projetos de
capelanias. Ao contrário foi exercido com seriedade, salutariedade e
responsabilidade, com parâmetros cristãos-bíblicos; desta forma a capelania nesse
espaço de tempo se doou, honrando o compromisso descrito em estive na prisão, e
foste me ver. (Mateus 25:36. Bíblia Almeida Corrigida e Fiel)
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Referências Bibliográficas.

GISLENO, Alves. Manual do Capelão: Teoria e Prática. São Paulo: Hagnos. 2017.
SILVA Junior, Antonio Carlos da Rosa. Deus na Prisão – Uma Análise Jurídica,
Sociologia E Teológica Da Capelania Prisional. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Betel.
2015.
COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão: edição século 21. São Paulo: Vida
Nova. 2008.
COBIANCHI, Emerson Luis. Capelania: Uma Abordagem Psicoteológica. São Paulo:
Editora Memorial. 2009.
SILVA Junior, A. C. R., FRANCO, C. R., CÉSAR, E. M. L. Como Anunciar o
Evangelho entre os Presos: Teologia e Prática da Capelania Prisional. Minas Gerais:
Ultimato. 2016.
CLINIBEL, H. J. Aconselhamento Pastoral: Modelo centrado em libertação e
crescimento. 4.ed. Rio Grande do Sul: Editora Sinodal, 2007.
Conselho Nacional do Ministério Público. A visão do Ministério Público sobre o
sistema prisional brasileiro. CNMP: Brasília, 2016.
Queiroz, Ronildo. Discipulado que transforma. São Paulo: Envisionar 2014.
Bíblia. Edição Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original. São Paulo: Sociedade
Bíblica Trinitariana do Brasil. 2015.

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