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CAPELANIA CRISTÃ

MANUAL DE CAPELANIA CRISTÃ

HISTÓRIA DA CAPELANIA

CAPELANIA HOSPITALAR

CAPELANIA SOCIAL

CAPELANIA PRISIONAL

ÉTICA CRISTÃ

TOXICOPATOLOGIA

EVANGELISMO E MISSÕES
HISTÓRIA DA CAPELANIA

CONCEITOS HISTÓRICOS & OBJETIVOS GERAIS


A palavra capelania é derivada do latim e significa capellaus (CABO). Dentro do
contexto moderno, esse termo usualmente refere-se aos ministros religiosos que
servem nas forças armadas, visando a orientação espiritual dos homens.
Em muitos lugares ele é um oficial entre as tropas ás quais servem. É o responsável
pela vida religiosa de seus homens e também como conselheiro religioso. Parece que o
termo foi aplicado pela primeira vez ao padre que tomava conta da capa (CAPPELA), de
São Martinho de Tours. A partir dali, se desenvolvera, vários tipos de Capelães. O
ofício do capelão expandiu-se e alguns capelães passaram a exercer o poder
eclesiástico antes da era contemporânea. Esse ofício incluía homens nomeados para
servir e conduzir a nobreza de outros clérigos da hierarquia eclesiástica. Finalmente, os
capelães passaram a ser nomeados para servir em quartéis, hospitais, prisões e
instituições de educação. A capelania militar é um antigo ofício. O título de capelão
hospitalar é também antigo, e usualmente, o capelão faz parte do pessoal assalariado
do hospital. Os capelães de Instituições de ensino, usualmente, são ministros do
evangelho: Rabinos, Padres e Pastores, que tomam conta de um campus universitário
ou de uma fundação religiosa denominacional. Atualmente, na sociedade moderna,
encontramos o aparecimento dos capelães industriais. Os Sacerdotes operários da
França servem de exemplo desse conceito. Eles ministravam enquanto trabalhavam,
assegurando algumas posições de respeito na indústria.

OBJETIVO
Evangelizar com renovador ardor missionário o mundo da saúde, do social, nas
instituições, presídios, asilos. O capelão é a luz da opção preferencial pelos pobres. Na
ajuda a enfermos e desabrigados, participam ativamente da construção de uma
sociedade justa e solidária a serviço da vida pelo nome do Nosso Salvador Jesus Cristo.

CAPELANIA HOSPITALAR

I-O PAPEL DO CAPELÃO NA PASTORAL DA SAÚDE

INTRODUÇÃO
Uma das maiores necessidades do ser humano é ser compreendido. Os
representantes dos hospitais ressaltam a importante contribuição da capelania
hospitalar na cura terapêutica, como uma ação em que complementa o trabalho dos
profissionais da saúde.
Os capelães (Pastores, Missionários, Evangelistas, Padres, Teólogos), devem ter
diante dos olhos que o direito e o dever de exercer o apostolado é comum a todos os
membros do corpo de Cristo, sejam pastores ou membro e que na edificação da Igreja,
os capelães da saúde têm uma função própria. Essas funções deverão ser
desenvolvidas em união com todas as equipes eclesiástico-hospitalares. Falar de
capelania hospitalar é falar de Jesus Cristo e sua igreja, na qual Ele continua sua obra
de cura e salvação integral. Curando fisicamente o enfermo. Jesus o devolve também
á vida social, restaurando as relações com os demais e sua comunhão com Deus.
Portanto, os capelães se colocam a disposição da comunidade e são indicados pelos
seus pastores a serviço dos enfermos, quer em domicílio (saúde comunitária) quer nos
hospitais ou ainda atuando a movimentos na dimensão político-institucional.

1-QUEM É O CAPELÃO DASAÚDE


O Capelão da saúde é aquele que, a exemplo de Jesus, expressa o amor
misericordioso de Cristo, a solidariedade e a gratuidade com os mais necessitados. Com
o seu testemunho anuncia o Deus da vida e o Cristo que salva e se compromete na
construção de um mundo mais humano, solidário e fraterno.
Primeiramente é muito importante que o capelão tenha uma personalidade
madura e equilibrada, tornando-se sensível e ao mesmo tempo solidário ao problema
do outro. Um capelão bem formado usará menos “receitas prontas” e mais
compreensão, menos repetição e mais liberdade com a palavra de Deus. Suas
características são muito importantes pois sempre transparecerá para os outros a
identidade de Cristo e sempre estará aberto para a compreensão do próximo.Sua
identidade manifesta da seguinte maneira: pelo sentimento de Cristo na existência
humana, pela fé amadurecida na piedade e na experiência, encarnando o ato da visita
ao doente como ação terapêutica de saúde e salvação. Sendo testemunha dos valores
espirituais, evangelizando e confortando os enfermos, orando e pregando o Evangelho
de Cristo com eles, ajudando-os a descobrir o verdadeiro sentido da vida, sendo
disponível e paciente, sabendo escuta-los com discrição e humildade, sofrendo com os
que sofrem e alegrando-se com os que se alegram, compreendendo as reações de
quem padece, respeitando a religiosidade do enfermo sem lhe impor o próprio estilo de
fé, aceitando o ritimo do amadurecimento humano e espiritual de cada pessoa,
sabendo passar da discussão á experiência de Deus, aliviando a solidão de alguns, a
angústia de muitos e abrindo a esperança de todos, incutindo confiança em Deus e
dando paz e amor a todos sobretudo aos mais fracos. E, no amor de Cristo, ser fiel a
sua missão (visitação aos enfermos).

2-A PREPARAÇÃO DO CAPELÃO


O capelão necessita para desenvolver sua missão, de formação específica e
permanente. Formação não é o luxo que alguns podem permitir-se, é uma condição
indispensável para enfrentar hoje as situações adversas e prestar uma assistência
eficaz na direção da palavra de Cristo.
Estamos vivendo num mundo em que todos os setores da sociedade exigem pessoas
capacitadas. Desde os trabalhos profissionais mais simples até os mais complicados,
sem distinção.
No hospital, mesmo para fazer limpeza, existe técnica e preparo. Hoje, o espaço
é cada vez menor para as improvisações. Por isso, o capelão da saúde precisa estar
aberto e disposto para este ensinamento. Como não se admite alguém que queira
trabalhar como conselheiro ou médico, simplesmente por ele ser muito religioso ou ter
muita fé, não é admissível que alguém que queira ser agente de pastoral se dê ao luxo
de ser incompetente.
É necessário que a capelania da saúde seja assumida como uma ciência
acompanhando outras ciências, os novos modelos culturais, o progresso da técnica e o
abandono de velhos esquemas de interpretação mais adequados. Além de amor,
carinho e compaixão para com o doente, é preciso ter competência. É importante unir
técnicas e práticas. Como dizia Kurt Lewin: “Nada pode ser prático como uma teoria.”
A finalidade dessa formação reside na aquisição de um estilo específico de
relação e acompanhamento pastoral aos doentes, familiares e profissionais, instituindo
tanto na dimensão espiritual como nas habilidades humanas, seguindo assim a
recomendação das igrejas cristãs.

3-A MISSÃO DO VERDADEIRO CAPELÃO


Jesus confiou a sua igreja a missão de assistir e cuidar dos enfermos,
perpetuando assim a mensagem de misericórdia. Se a igreja não se ocupasse dos
enfermos, não seria a igreja de Jesus, pois faltaria uma de suas metas essenciais,
Todos os membros da igreja devem participar de sua missão, na qual cada um
realiza sua função de acordo com os dons do Espírito Santo. O capelão tem uma missão
especial e qualificada para atender ao doente. Porém, deve sempre agir com co-
responsabilidade junto a todos os demais membros, para assim transparecer o
verdadeiro sentido cristão ao enfermo em que está servindo.

Essa missão qualificada deve ser bem entendida, pois sempre que usamos a palavra
missão, surgem em nossa mente alguns conceitos:
Poder para fazer algo;
Encargo;
Obrigação;
Compromisso.
Todos esses conceitos implicam duas conotações:
Superioridade (alguém capaz, superior, preparado, escolhido)
Inferioridade (fazer somente o que lhe pedem).
No entanto, participar efetivamente de uma missão implica, além de equilíbrio, tomar
iniciativas, exercer a criatividade, agir com flexibilidade, coerência e autenticidade.
No trabalho missionário da capelania da saúde, não é anormal o capelão sentir-
se estranho, mesmo dentro da própria equipe de capelania, nas atividades pastorais da
igreja, casa e principalmente junto ao leito do doente do hospital. Num mundo em que
as maiores preocupações estão voltadas para as necessidades materiais do homem,
parece sobrar pouco ou quase nenhum espaço para a evangelização. Mas é importante
lembrar que “nem só de pão viverá o homem”. Portanto o complemento do capelão se
torna importante na assistência adequada e completa ao doente.
4-A ESPIRITUALIDADE DE CAPELÃO
Uma vez que Cristo, enviado por Deus Pai, é fonte e origem de todo o apostolado
da igreja, torna-se evidente que a fecundidade do apostolado leigo depende de uma
união vital com Cristo. “Quem permanecer em mim e Eu nele, este dá muito fruto,
porque sem mim nada podeis fazer”. JO 15.5.
Essa vida íntima com Cristo na igreja alimenta-se por meios espirituais, comuns
a todos os cristãos, principalmente na participação na igreja.”O que fizerdes por
palavras ou por ação, fazei-o sempre em nome do Senhor Jesus Cristo, dando a graças
a Deus Pai por Ele.” CL 6.17.
O capelão é chamado a aceitar e integrar suas próprias feridas, os aspectos
negativos da vida e transformá-las em fonte de saúde para os outros. Isso ajudará na
aproximação dos enfermos com um coração acolhedor, pleno de compreensão, respeito
e amor.
O serviço aos enfermos é um autêntico encontro com o amor misericordioso. Não
se pode realizar sem o sacrifício e sem renúncia, pois num mundo marcado pela
propaganda e por informações de toda espécie, percorrida por discursos e apelos
religiosos variados, dos mais contraditórios onde existem tantos mestres, o
evangelizador deve testemunhar a espiritualidade própria, seguindo os exemplos do
grande mestre Jesus Cristo.
Deve abandonar-se e entregar-se nas mãos de Deus, doando-se sem esperar
recompensas, superando as contradições, sabendo compreender todas as situações,
estando aberto e disponível a todos, sacrificando-se e sendo sensível ás necessidades
de cada um.
Os capelães da saúde expressam o amor que o Senhor tem para como os mais
necessitados. Com seu testemunho anunciam o Deus da vida e se comprometem na
construção de um mundo mais solidário.
“Estive enfermo e me visitaste” Mt 25.36. A presença de Deus junto aos
enfermos, faz de nosso serviço aos doentes um ato de culto. Isso, porque Deus não vai
perguntar a quantos cultos você foi. Não podemos ignorar a importância da
participação nas celebrações, porém que seja o resultado da manifestação de amor e
solidariedade para com o outro. Por isso, o elemento essencial de espiritualidade que
todo cristão deve assumir é a oração. Pois a oração o levará aos poucos, a ver a
realidade com um olhar contemplativo, que lhe permitirá reconhecer Deus em cada
instante e em todas as coisas; contempla-lo em cada pessoa, procurar cumprir sua
vontade nos acontecimentos. Na avaliação do trabalho, o capelão da saúde não deve
guiar-se unicamente por critérios de eficácia e de êxito. Purificará constantemente suas
motivações e, nos momentos difíceis, em que se sente desanimado e impotente,
reforçará sua confiança no Senhor, o único que pode salvar. O capelão da saúde terá
Cristo Jesus como modelo de serviço, realizando-o com disponibilidade e fidelidade.

II-A ORGANIZAÇÃO DA CAPELANIA HOSPITALAR

1-A COORDENADORIA ADMINISTRATIVA


Os serviços da capelania hospitalares levaram a atualização de propostas à
superintendência para a criação de canais atualizados e ágeis de comunicação para
assuntos administrativos e operacionais. O hospital das clínicas, sob controle de líderes
religiosos (capelães, pastores, padres), exige entrosamento com a administração
superior da autarquia para assuntos administrativos e disciplinares, sem prejuízos de
liberdade para desenvolver atividades religiosas. Consta do artigo 632 do regulamento
desse hospital (Dec 9.720/77): “os assistentes religiosos subordinam-se diretamente
ao superintendente. Para agilizar as atividades da capelania, a superintendência criou a
Coordenadoria Administrativa da Capelania, composta por dois padres e dois pastores,.
É o serviço religioso mais antigo do hospital”.
É importante deixar claro que não deve existir nenhuma submissão por parte do
capelão titular, responsável pela coordenaria do hospital, a capelães e visitantes
religiosos. Ele é autoridade local e cabe a ele a direção e coordenação dos trabalhos de
capelania hospitalar.

2-FINALIDADES DA CAPELANIA
A capelania tem por finalidade oferecer assistência espiritual e religiosa aos
pacientes, familiares e funcionários, por meio de ações religiosas específicas. Para
atender a essa necessidade, o serviço religioso possui uma sala, e as celebrações são
realizadas num anfiteatro.

3-ATRIBUIÇÕES DA CAPELANIA
Manter presença junto aos doentes, procurando oferecer toda solidariedade, conforto
humano e espiritual, respeitando a individualidade e as convicções religiosas de cada
um;
Ajudar os pacientes para que a passagem pelo hospital sirva para uma revisão e/ou
descoberta e aprofundamento do sentido da vida;
Servir de apoio aos familiares em situações críticas de sofrimento;
Garantir a presença da religião junto aos profissionais da saúde ajudando-os a
descobrir o valor humano e espiritual do seu trabalho;
Desenvolver uma ação de ajuda espiritual, fazendo que os profissionais de saúde,
independente de seu credo religioso, reconheçam os valores espirituais dos pacientes;
Ser um agente facilitador para criar um clima de amizade, fraternidade, compreensão
e colaboração entre os profissionais dos diversos setores;
Celebrar cultos e missas junto com pacientes, familiares e profissionais da saúde;
Estar presentes nos eventos festivos e celebrativos promovidos pelo hospital.

4-O CAPELÃO NO HOSPITAL


A capelania hospitalar hoje, por ser uma exigência da igreja, tornou-se integrantes das
diversas capelanias competentes. Porém, não devemos querer transportar para o
hospital os mesmos métodos empregados em nossas igrejas. Lá, enquanto as pessoas
vão ali em busca de Deus, no hospital, elas vão buscar de saúde.
O hospital moderno é uma instituição complexa que desenvolve diversas funções:
assistência aos enfermos;
Promoção de saúde;
Prevenção das enfermidades;
Investigação de doenças
Ao mesmo tempo, se torna uma instituição comunitária, pois conta com um número
cada vez maior de profissionais assegurando um serviço permanente todos os dias do
ano, e dispõe de instalações e aparatos de tecnologia sofisticados.

Portanto, aquele que se prontifica a fazer esse trabalho, além de prestar um serviço
de caráter voluntário, que em geral começa como curiosidade, com o tempo passa a
compreender seu apostolado, dando sentido ás suas próprias vidas.

III-O HOSPITAL
È um campo todo especial de apostolado, no qual se entra em contato com os
mais diferentes tipos de pessoas em situações especiais, e onde se apresentam os
casos mais complicados e avançados de doenças que exigem intervenção e solução em
regime de urgência. Por isso, embora a capelania hospitalar esteja intimamente ligada
a capelania geral e dela dependa, no ambiente hospitalar ela deve assumir uma
autonomia própria e ter muito bom-senso.
O hospital é a instituição mais tradicional destinada ao serviço da saúde e dos
cuidados destinados ao outro. É um vivo reflexo da sociedade, de seus conflitos e
contradições. Ali se concentram os mais diferente tipos de pessoas:
Doentes
Familiares
Profissionais (médicos e enfermeiros)
É um lugar de trabalho para os sãos e de esperança e saúde para os doentes. Ali há
uma realidade em que situações conflitantes e opostas se aproximam:
vida – morte;
cuidado – descaso;
sorriso – lágrimas;
calma – tensão;
tristeza – alegria;
dor – alívio;
esperança – desespero;
culpa – perdão.
Estes opostos se tocam e por vezes, se unem perigosamente e freqüentemente.
Tudo isso faz com que o hospital, que deveria ser um local de repouso e descanso,
acabe se tornando um local onde agitações, expectativas e angústias se fazem
presentes. Daí a razão de até o número de visitantes ser limitados, mesmo por
familiares.

Assim sendo, as pessoas que trabalham como capelães hospitalares de saúde que
necessitam conhecer em profundidade o mundo hospitalar, podem encontrar alguma
dificuldade para adaptação. Nesse sentido, é importante lembrar que a primeira
finalidade do paciente no hospital não é atendimento espiritual ou de conversão e sim
de recuperação da saúde. Isso não significa que o hospital exclua quaisquer atividades
religiosas ou proíba que o doente tenha assistência religiosa. Inúmeros hospitais
reconhecem e dão importância a essa assistência, a própria Constituição Federal
Brasileira garante o direito do paciente de receber visita de seu representante religioso.
O que não garante é que o hospital deva ter um capelão interno constantemente.
É assegurado, nos termos da lei a prestação de assistência religiosa nas entidades
civis, militares e de internação coletiva”. Art. 5º p.VII.

No entanto, não fica clara a possibilidade de igrejas desenvolverem trabalhos dentro de


hospitais, mas somente atendimento a quem solicita. O Diário Oficial do Estado de São
Paulo, de 13 de Abril de 2000 reza o seguinte em seu Art.3º.
“ Cabe a cada dirigente das Unidades de Saúde de internação coletiva de natureza
autárquica e/ou privada sob sua responsabilidade, realizar o cadastramento das
denominações religiosas e o credenciamento de seus representantes (capelães), bem
como estabelecer as normas internas relativas ao acesso e permanência dos
representantes credenciados das denominações religiosas cadastradas, em consonância
com suas pessoalidades”.

Um hospital de uma congregação religiosa por exemplo, pode tranqüilamente


admitir somente o serviço religioso da sua denominação. Nesse caso, as visitas de
outras denominações religiosas, somente serão permitidas em caso de solicitação de
algum paciente, pois os hospitais em geral, não aceitam um serviço religioso que não
esteja de acordo com a realidade ou regimento interno. Não admitem os chamados
proselitismos religiosos, ou seja, tentar convencer o doente de que a única religião
certa é aquela em que eu acredito e sirvo. Não aceitam propagandas de credos e
muitas menos manifestações religiosas que perturbem a tranqüilidade do ambiente e
desrespeitem outras crenças.
Além dos aspectos referentes aos diversos credos, o capelão precisa atentar para
alguns detalhes muito comuns que interferem no trabalho juntos aos doentes, tais
como: trazer alimentos ao paciente e assentar-se na cama do doente ou outra cama
que esteja desocupada.
Esses, dentre outros procedimentos devem ser evitados. Caso você queira fazer algo
assim é bom antes entrar em contato com a equipe de enfermagem. É importante
lembrar que nós ficamos pouco tempo com o paciente, e por isso, é difícil saber sua
real situação e do que ela está precisando.

1-O CAPELÃO
Primeiramente, é importante ressaltar que a atividade de um capelão no hospital
em geral, é totalmente diferente da equipe médica. O primeiro passo é abrir espaço
para o trabalho e a inserção da equipe de saúde, pois o capelão procura cuidar dos
casos mais urgentes e atuar como um “supervisor espiritual”, e proporcionando
momentos formativos para com quem ele trabalha ou pretende trabalhar.
Deve ser presença visível nas unidades de internação e setor administrativo e ter
sempre disponibilidade para o atendimento, não só dos pacientes, mas também dos
familiares e dos profissionais.
Portanto, o capelão deve atuar como um verdadeiro facilitador, ou seja, facilitar
o relacionamento do doente com seu próprio mundo, com Deus, com seus familiares,
com os profissionais da saúde e, por fim, com sua convicção religiosa.

2-OS DIFERENTES PAPÉIS DO CAPELÃO NO HOSPITAL


Um primeiro papel representado pelo capelão é o “simbólico”, ou seja, nossa
identidade como capelão despertará nos doentes dois tipos de emoções:
positiva
negativa
Observação: Tudo isso depende das experiências do doente vividas no dia-a-dia
hospitalar.
Positiva: Caso o doente já tenha vivido experiências boas de igrejas, é lógico que
a a presença do capelão despertará nele emoções positivas, tais como:
1-Que bom que você veio;
2-Você me faz lembrar de Deus;
3-Sinto que Deus está ao meu lado;
4-Tenho muita fé, etc.
Negativa: Caso o doente seja acético, materialista adepto de seitas místicas,
mentais ou de sociedades que não tenha a bíblia, ou nenhum tipo de deus, ou ainda,
que tenha se decepcionado com alguma igreja cristã. A presença do capelão despertará
nele emoções negativas tais como:
1-Olha, se Deus existe, estou com muita raiva Dele e de igreja;
2-Acho que é melhor não perder seu tempo comigo;
3-Eu até acredito em Deus, mas não acredito nem participo de igreja;
4-Deus deve estar ocupado com o universo e se esqueceu da terra.
Conversando com a pessoa, pode-se descobrir quais são as emoções presentes
neste contexto. Caso a reação seja positiva, a tarefa do capelão será facilitada. Porém,
se as emoções forem negativas, o que deve fazer? Dizer até amanhã, virar as costas e
sair? Ignorar suas emoções ou ficar na defensiva e omisso?
Nenhuma coisa nem outra, a melhor coisa é dar ouvido as suas queixas. Só
depois tentar colocar algo novo. Por exemplo, fazendo-o entender que talvez tenha tido
uma experiência ruim, porém isso não significa que com todos sejam assim. Não é
porque alguém construiu um prédio torto, que todos os engenheiros não prestam. Não
é porque você teve uma experiência ruim de igreja no passado que todos os outros
membros são ruins. Nossa presença poderá fazer o doente mudar sua maneira de
pensar. Portanto, ao defrontar com situações semelhante, você não deve se aborrecer.
Não é você o culpado por tais relações.

O segundo papel representado pelo capelão é de “confrontar”. Neste papel


três habilidades são muito importantes:
1-Habilidade de escutar:
Escutar não somente o que o doente fala, mas também o que ele não diz, com
palavras, ouvir os medos, as angústias, dores, sofrimentos, esperança,
desapontamentos e também as alegrias. Isso porque, ser ouvido por alguém é sentir-
se importante. Ninguém ouve de fato aquilo que não interessa.

2-Habilidade de tornar-se irmão do doente:


Relacionar-se com as pessoas na situação em que elas se encontram sem se preocupar
em fixar as necessidades delas. Por isso, muitas vezes não devemos fixar as
necessidades religiosas. Talvez seja oportuno partilhar primeiramente as necessidades
humanas do doente.
3-Habilidade de ser orientador espiritual:
O capelão deverá ter habilidades para perceber como a pessoa está encarando a
própria doença. Como seu modo de relacionar-se com a doença de certa maneira,
refletirá sua maneira de relacionar-se com Deus.

O terceiro papel é ser “observador”. O capelão deve observar as reações do


doente para com Deus, de acordo com a doença. A visão que ele tem de Deus poderá
ser passageira. Por isso, como orientador espiritual, o capelão não deverá se comportar
como um “advogado” de Deus e não deverá se preocupar em dar apenas soluções ou
orientações espirituais para o doente.
O quarto papel é o de facilitador. Nos dias atuais, talvez, este seja o papel
mais importante a ser desenvolvido pelo capelão. Nos hospitais encontramos pessoas
nos momentos difíceis da vida. Costuma-se dizer que no hospital temos de cuidar
exatamente aquilo que não deu certo na vida:
a-acidentes que aconteceram durante os passeios;
b-Exageros na bebida que acabaram provocando acidentes;
c-Atacado por alguém ou por algum animal;
d-Doenças que tiram as pessoas do trabalho;
e-Queda grave;
f-Machucou-se praticando esporte;
g-Tentou suicídio;
h-Acidentou-se (no trabalho, em casa, na rua, em viagem, etc.);
i-Envenenado;
j-Queimaduras.

3-NORMAS DO CAPELÃO NO HOSPITAL


Antes de entrarmos neste assunto, é bom lembrar que: o doente não está no
hospital porque quer. Por mais pessimista que se manifeste, este nutre uma esperança
de receber alta e voltar logo para casa.
Apresentamos aqui algumas possibilidades referentes aos diversos tipos de pessoas
que o capelão se deparará:
Pode ter adoecido de uma hora para a outra e é recém-chegado ali;
Está para fazer ou se recuperando de uma cirurgia;
Sob observação médica;
Estar em estado terminal ;
Desenganado pela medicina;
Ser o acompanhante de algum doente;
Com doença incurável, mas sob controle;
Momentaneamente no hospital, porque tem que fazer exames ou outros
procedimentos periodicamente.
Como afirmamos anteriormente, embora seja um trabalho voluntário, o capelão
deve possuir uma filosofia de ação. Por isso, antes de iniciar qualquer atividade
pastoral é preciso ter claros os objetivos que requer atingir. A partir desses objetivos,
elaborar normas que devem ser observadas. As normas devem ser elaboradas de
acordo com as diferentes realidades de cada hospital. Aqui apresentamos um modelo
usado no hospital das clínicas.
Ao visitar o doente:
Permaneça no apartamento, quarto ou enfermaria e não nos corredores;
Converse em voz baixa, assuntos agradáveis e de interesse do doente;
Procure não agir como visitador repórter, que só faz perguntas para matar a sua
curiosidade pessoal. Levar notícias alegres e agradáveis ao doente;
Seja um bom ouvinte, portador de vida e esperança ao doente, ouça atentamente o
que ele tem a dizer, e não fique somente falando. Aliás, fale menos e ouça mais.
Respeite o silêncio que deve haver dentro do hospital, porque o hospital e a igreja têm
muita semelhança. No hospital, Cristo se faz presente na pessoa do capelão (visitante).
Não sente na cama do doente. Utilize cadeiras ou sofás.
O fumo é causador de doenças. Não fume dentro do hospital e não leve cigarro para o
paciente.
Não leve criança para visitar doente. Preserve a saúde delas e a tranqüilidade do
enfermo.
Não sirva alimentos ao doente sem permissão da enfermagem. Para crianças da
pediatria não se deve levar guloseimas.
Respeite os profissionais que trabalham no hospital.
O visitador deve retira-se do quarto caso coincida com a visita do médico da
enfermagem.
Ao visitar o doente, não demonstre medo ou repugnância pela enfermidade.
Evite relatos de casos ou doenças semelhantes.
Saiba escutar, estender-lhe a mão e sorria para ele.
Tenha caridade em demonstrar o amor que tem por ele. Evite mentiras, diálogos sobre
e a fé e a esperança.
Tenha empatia com o doente. Coloque-se em seu lugar para entende-lo.
Guarde sigilo do que o doente lhe confiar.
Ore com ele, por ele e pela sua família.
Não interfira no tratamento indicado. Não dê qualquer medicamento ou suspenda os
receitados pelo médico.
Tenha a sensibilidade de perceber quando o doente está cansado e necessitado de
repouso.
Procure conhecer a família do doente.
Mostre que a igreja está interessada em sua saúde.
Descubra os valores do doente, seus interesses, suas aspirações.
Mostre bondade e mansidão com doentes e sua família.
Em tudo tenha discrição e bom-senso. Transmita alegria e confiança, seja breve sem
ser afobado ou apressado. Lembre-se por estar fazendo um serviço aprovado por Deus,
é sinal de que ele está no controle de tudo.
Não faça gritaria, festa ou barulho junto ao doente, mantenha um ambiente de paz,
harmonia e silêncio.
Respeite a dor do paciente e não a negue.
Evite frases como:
“ É da vontade de Deus”
“ Deus quer assim”
“ Aceite esta enfermidade”
“ Você deve é estar pagando algum pecado”.
Melhor mesmo é deixar o doente falar, pois provavelmente, ele passa a maior parte do
tempo sozinho.
Converse com o enfermo somente sobre temas agradáveis.
Não fale sobre doenças
Use um tom de voz moderado.
Abstenha-se de beijar o doente, bem como utilizar copos ou xícaras de seu uso. Você
poderá estar levando outros germes perigosos até ele.

4- O QUE NÃO DE DEVE DIZER AO DOENTE


Não fale do aspecto exterior do doente, que piorou desde a última vez ou que ele está
com aparência péssima ou de defunto. Lembre-se: o enfermo é susceptível a tudo e
comentários assim só pioram sua situação.
Não faça perguntas incômodas, principalmente sobre os sintomas da doença.
Não dê conselhos médicos nem dê uma de psicólogo. Às vezes dizer “tenha paciência”
é o mesmo que dizer “seja masoquista”
Não conte suas experiências com enfermidades.
Não leve comida ou doces para o doente. (A maioria dos hospitais indica o que se pode
levar ou deixam levar frutas).
Não diga ao enfermo que não se importa com sua ausência no trabalho ou na igreja.
Não diga ao enfermo que seu substituto da empresa é ótimo funcionário.
O capelão hospitalar seve em o nome de Cristo Jesus, o Salvador, e coloca-se á
disposição dos enfermos para conforta-los na fé e atende-los em suas necessidades
não o contrário.

IV-PSICOLOGIA DO ENFERMO

COMO O PACIENTE DEVE SE COMPORTAR DIANTE DAS SUAS DOENÇAS ?

1-O DOENTE E SUAS CRISES


Todo doente é um ser único, especial, com reações próprias, conforme sua formação
e personalidade. Ao vermos uma pessoa que sofre de um mal físico, costumamos nos
deter apenas no corpo, esquecendo-nos de que o doente deve ser visto como um todo,
no sentido psicológico e espiritual. Às vezes, o interior está mais machucado do que o
corpo.
O doente não é uma maquina a ser consertada, mas uma pessoa que foi atingida
por doença. A pesar de continuar a amar, a odiar e a pensar, não está a mesma de
sempre. O ritimo de vida é violentamente cortado e passa a ter as atenções voltadas
para si, buscando todas as formas de reequilibrar sua saúde e vida normal.
De um lado, o corpo doente, com suas fraquezas e limitações, percebe sua
fragilidade; de outro, seu espírito está com toda vitalidade, mas é incapaz de fazer algo
por si. Essas duas forças incompatíveis o atormentam, gerando crises de comunicação
consigo mesmo, com o espaço e o mundo, com a família, com os amigos e até mesmo
com Deus.

2-CRISE CONSIGO MESMO


Com saúde, a pessoa é um todo inabalável, que reage e supera obstáculos. Quando
doente, o corpo passa a ser um empecilho para se viver à vida em liberdade. O diálogo
entre o corpo e espírito se rompe e fica difícil de reatar, pois as forças opostas que
agem (espírito são / corpo doente), fazem com que o doente, muitas vezes, não
entenda a si mesmo e não saiba como reagir na doença.
Para o doente, o mundo se fecha repentinamente e ele vê sua integridade
ameaçada. Para tentar manter ou recuperar seu equilíbrio, lança mão racional ou
instintiva de mecanismos de defesa ou ajustamento. Ex: sublimação, alienação, fuga,
literaturas espirituais, etc.
No lugar de uma vida cheia de ocupações com a família, os amigos, o trabalho, sem
limites de horizontes, o doente se vê agora fechado em um quarto, sem saber por
quanto tempo e se sairá dele vivo.
Quando o doente não tem reservas espirituais ou alguém que o ajude, ou quando
seus mecanismos de autodefesa falham, dificilmente sairá sem marcas dessa crise que
poderá afeta-lo profundamente pelo resto de sua vida, de acordo com a gravidade do
tratamento.
Torna-se um mero espectador de tudo o que se desenrola e não mais ator. Não tem
condições de realizar nada sem ajuda de outros, ás vezes nem mesmo suas
necessidades íntimas. Olha tudo de longe e não tem certeza se voltará às suas
ocupações normais.

3–CRISE COM OS AMIGOS


O relacionamento com os amigos sofre uma quebra, pois poucos são os que
continuam juntos na hora da doença. Mesmo assim, aqueles com quem costumava
conversar de forma alegre e descontraída, mudam para uma fala pausada, medida,
tensa e preocupada. Isso às vezes, pode deixar o doente ainda mais triste e
desanimado.
Muitas vezes não conseguimos passar ao doente o otimismo que pretendemos, não
conseguimos fazer com que ele se sinta o mesmo de antes. Em casos de internamento,
podem surgir novas amizades, mas estas nem sempre satisfazem. Pois são marcadas
pelo sofrimento.

4–CRISE COM A FAMÍLIA


Não são poucas as vezes em que ocorrem problemas de ordem familiar quando há uma
pessoa adoentada. Se for jovem ou adolescente, geralmente “senhor” de si mesmo, vai
sentir-se mal, recebendo tantas atenções. Sente-se como que fosse um peso.
Sendo adulto, chefe de família, rompe-se a normalidade do lar. Não há quem
mande, quem pague as contas, acerte compromissos assumido ou faça as outras coisas
que deveriam ser feitas por adultos e estão paradas.
Sente-se humilhado, pois precisa receber cuidados de pessoas que estão deixando
seus afazeres para atende-lo.

5-CRISE COM DEUS


É fácil crermos em Deus quando gozamos de boa saúde; difícil é mostrar fé quando
estamos doentes. Nos momentos de provação o doente se pergunta o porquê daquilo
acontecer com ele. Acha que Deus o abandonou e que não está presente. Não
consegue ver que Deus está, de certa forma, em todas os que cuidam dele e que vivem
o seu sofrimento. Na Bíblia, a história do patriarca Jó reflete bem essa situação. Ele se
entristece, é acusado por amigos, perde todas as suas posses e 10 filhos, se
questiona, mas não abre a boca contra Deus. A crise com Deus costuma ser a reação
inicial de todos os doentes. Até que consigam voltar ao equilíbrio, esta crise será tanto
mais grave, quanto mais grave for a doença e, portanto, podendo acarretar maior
afastamento de Deus.

6–PACIENTES EM FASE FINAL DE VIDA


Como você reagiria se um medico chegasse para você e lhe disse-se:
Aquelas dores que você está sentindo de uns tempos para cá, infelizmente são graves.
Nós vamos fazer exames, tentar todos os tipos de tratamento, mas nada posso
garantir.
Você levaria um choque, com certeza, principalmente sendo jovem, uma jovem mãe
de família, uma homem no auge de sua vida e de sua carreira profissional, um jovem
que aspira um diploma de curso superior e está prestes a consegui-lo.
Vejamos as fases pelas quais passa um doente, desde que sabe que tem um mal
incurável até o desligamento final que precede à morte. Estas fases podem seguir está
ordem ou não. Não há regras.
As fases que o doente, em fase final de vida atravessa, são mais ou menos estas:
a) Repulsa – Negação :
É uma autodefesa instintiva da pessoa repelir e negar a doença. Com isso suspende-se
o impacto brutal e a pessoa vai se adaptando, se conformando ao fato tão cruel.
Devagar, também, o doente vai conseguir a coragem, a força, e o ânimo que precisa
para aceitar a realidade.
b) Cólera
O aborrecimento e a raiva explodem às vezes com blasfêmias, que devem ser vistas
mais como perturbação interior do que real revolta contra Deus. É comum a
reclamação: Porque eu, que tenho família para cuidar, filhos para criar e não aquele
velhinho que está doente a tanto tempo? Se a doença é mortal e altamente infecciosa,
dizem:. Vou levar muitos comigo também!
c) Depressão
Quando a cólera e a repulsa se esgotam, vem a depressão. A pessoa toma consciência
mesmo da doença e vê que não há como manter à morte a distância.
Quando o paciente enfrenta sérios problemas pessoais e com a família, fala
compulsivamente e com preocupação. Se, no entanto, sente sua personalidade se
desmoronando, fecha-se em si mesmo em longos períodos de silêncio, mergulhando
em pensamentos tenebrosos e tristeza profunda. Dizer-lhe que não fique triste é
prejudicial, pois todos ficamos tristes quando perdemos um amigo. Imaginem, então,
um doente que está prestes a perder todas as coisas e as pessoas que ama. Se ele
expressa sua dor, fica mais fácil aceitar a situação. Devemos manifestar solidariedade
de diversas formas como carinho, atenção, compreensão ou simplesmente silêncio.

7-O CAPELÃO E O PACIENTE TERMINAL


Um dos problemas mais comuns encontrados na prestação de ajuda a quem está
perto da morte é que parentes e amigos não sabem por onde começar. Dificuldades
semelhantes encontra também o capelão hospitalar, pois a assistência aos moribundos
é uma arte que se aprende mediante uma longa preparação que visa tanto um modo
de ser quanto à aquisição de capacidades bem determinadas.
O capelão procurará, portanto, criar um clima de confiança por meio de contatos
contínuos com os doentes, sobretudo num ambiente não muito religioso. Franzoni
afirma que: “O caminho proposto no acompanhamento do moribundo pode se
resumidamente descrever da seguinte maneira:
O sofrimento sem amor é desespero, mas se estiver unido a uma experiência de
amor, adquire em si mesmo e ajuda a abrir-se aos outros e, portanto, ao outro Cristo-
Amor de oblação, em que se deve fundamentar a própria esperança autêntica.
Dentro dessa perspectiva, a condição preliminar para ajudar o paciente é a
compreensão de seu mundo e o testemunho do capelão, a escura atenta da canção
doce e tristes que ele entoa. Essa escuta não se limita à compreensão de suas
palavras. Os gestos exprimem de modo mais profundo.”
É fundamental também que o capelão entenda sua condição de mortal. Ninguém
pode pretender ser um verdadeiro mensageiro de valores de vida, um verdadeiro
companheiro de um moribundo, se não é capaz de enfrentar sua própria condição de
mortal, tendo em si, a verdadeira palavra de Cristo para transmitir e confortar o
paciente.

8-COMO AJUDAR UM PACIENTE EM FASE TERMINAL


O primeiro ponto a ser destacado no acompanhamento ao paciente terminal é,
sem dúvida a solidariedade da presença, pois aquele que está para morrer sente a
necessidade da proximidade tranqüilizante de alguém. O que mais importa na
assistência ao moribundo é provavelmente uma presença percebida como amiga,
fraterna e compreensível, de apoio e disponibilidade, acompanhada pela aptidão de
ouvir, atender, interpretar corretamente o que o doente pode eventualmente desejar
exprimir, direta ou simbolicamente. É importante saber se o paciente quer ou não ser
ajudado. Saber também se não existem outras pessoas que estejam ajudando ou
propensas a ajudar. Talvez o doente, por uma questão de empatia ou simpatia, tenha
mais afinidade com determinadas pessoas.
O capelão deverá obter algumas informações sobre o doente e sua situação
clínica, não para trata-lo de maneira diferente e sim para trata-lo com maior
naturalidade e sem excesso de compaixão. Por meio de diálogo com a família do
doente deve se procurar saber o que ele gostaria de fazer. Escutar é sempre
importante. Esse é um presente valioso nessas horas e que sempre se pode oferecer,
porém, saiba que é importante dosar o tempo de escuta. Não é oportuno visitar um dia
e depois passar muito tempo ou mesmo não retornar mais. Talvez seja oportuno fazer
visitas mais curtas e mais freqüentes. O bom-senso e o grau de amizade com o
enfermo marcarão os tipos de conversa e o tempo adequado para cada uma.

9-TERMOS TÉCNICOS
Moribundo ou paciente terminal deve ser entendido como a expressão anglo-
saxônica “terminal” que indica uma situação de morte não tão próxima quanto o
vocabulário português dá a entender. Na realidade, o paciente terminal deve seR
entendido como enfermo acometido de uma doença crônica, cujo prognóstico é ruim
com lento declínio progressivo das funções fisiológicas normais. Mas as estatísticas
confirmam que certa porcentagem de doentes considerados terminais ou
desenganados pelos médicos conseguem se recuperar totalmente e retornar ás suas
atividades normais e nunca mais têm seqüelas e morre muitos anos depois por outro
motivo qualquer.

V- A MORTE E O MORRER
Nenhum subterfúgio pode evitar a dureza de um caso sério e a morte é um caso
sério. Apesar disso, os vivos registram radical aspiração para viver e radical aversão á
morte. Há uma música que traduz isso corretamente: “Ninguém quer a morte, só
saúde e sorte”.
A ciência, que procura a todo custo prolongar a vida, muitas vezes prolonga é o
processo do morrer, ou seja, prolonga o sofrimento da pessoa. Acrescenta-se a isso
que a vida, muitas vezes, agride a própria vida para sobreviver. Sem contar as
aplicações de remédios e produtos químicos. Enquanto houver esperança...
No mundo moderno são acentuados os valores do êxito, da produtividade e da
vida. Isso faz que esqueçamos quase completamente de pensar na morte e naquele
que está morrendo. Parece que a morte é colocada fora da vida social. Semelhante ao
que acontecia em relação ao sexo, que era considerado tabu antes de Freud , acontece
com a morte nos dias atuais. Apesar de a idéia da morte estar presente em todos, ela é
assunto proibido em quase todos os ambientes .
Um dos motivos do afastamento da morte é, sem dúvida, a mudança do local
em que ela se dá, hoje 70% das pessoas morrem nos hospitais. Isso fez que ela não
fosse mais um evento da existência familiar e cotidiana, relegando-a para ambientes
externos nos quais se cuida da saúde. Para a medicina a morte é considerada como
uma falência das terapias usadas e um resultado completamente negativo. A exclusão
da família, dos amigos, e com freqüência do sacerdote (pastor, padre ou capelão)
acentua a solidão.
Por isso, tanto para o cristão, como para o judeu ou ateu, testemunha de Jeová,
espírita, seguidor de candomblé, ou mesmo para aqueles que têm outras filosofias de
vida, a morte é sempre difícil. Seria um equívoco afirmar que o cristão encara a morte
tranqüilamente. Ela é uma realidade, e nós temos dificuldades para lidar com o
desconhecido.
A morte é o mais terrível caminho de separação. É um perder os próprios objetos
de amor e romper as ligações afetivas mais importantes. Os apegos aos objetos de
amor sobre os quais se apóia a própria identidade são:
a-A família;
b-O trabalho;
c-A relações afetivas;
d-Os projetos;
e-A casa;
f-Os hábitos;
g-Os pontos de referências;
h-O próprio corpo;
i-A imagem de si;
j-Autonomia;
l-As raízes;
m-Os estudos;
n-Dinheiros a receber;
o-O passado;
p-A vida.

1-COMO ENCARAR O LUTO


É importante lembrar que o deslocamento do lugar da morte (da casa, do
hospital) provocou um distanciamento da morte, sem contar que a tecnologia moderna
nos dá “esperança” de livrar-nos de morrer. Esquecemos que, biologicamente, se por
um lado a morte destrói a vida, por outro a favorece. Se ela não existisse, teríamos de
estancar os nascimentos, e o gosto pelo viver acabaria trazendo um desgosto por não
poder morrer.
A morte é também geradora de vida eterna para os que acreditam numa vida do além.
Alguns a chamam de “passagem” outros dizem “ir dessa para melhor”, outros dizem
que “foi uma pessoa boa e que vai reencarnar numa vida melhor” e há quem acredita
até que vai para outro planeta. A cura que a tecnologia tem prometido é limitada no
tempo, apenas paliativa e age na tentativa apenas de adiar a morte. De qualquer
forma, a curiosidade será plenamente satisfeita e cremos que, quando morrermos
começará a vida prometida por Cristo, que é eterna: “Esta é a vontade do meu pai que
todo homem que nEle acredita tenha vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”.
JO 6.40.

2-O QUE DIZER E FAZER NO VELÓRIO


Um dos primeiros passos é enfrentar o choque que a morte provoca. Por mais
que os familiares esperem, a morte acaba sempre trazendo um choque violento.
Portanto respeite reações sentimentais tais como:
a-Choro;
b-Grito;
c-Angústia;
d-Revolta.
Essas reações são dirigidas aos profissionais, instituição e até mesmo contra Deus.
Nesse momento, antes de qualquer julgamento, o mais importante é ser presença
acolhedora. Não diga nada, só ouça.
O segundo passo é reconhecer que não conseguiremos, num primeiro momento,
preencher o vazio que provoca a perda. O que podemos fazer é colocar-se á disposição
das pessoas e tentar visualizar quais são as necessidades mais urgentes do momento.
Quando a situação estiver aparentemente sob controle, o capelão poderá deixa-los
sozinhos, pois é muito importante estar no velório ou mesmo fazer uma visita, assim
que puder. Porém, tenha certeza de que o mais importante você já fez, que é levar a
palavra de Deus para confortar os familiares.

Estava nu, e me vestiste; estive enfermo, e me visitaste; preso e


fostes ver-me” MT 25.36.

CAPELANIA SOCIAL
INTRODUÇÃO
A capelania social, no singular, é a solicitude de toda a igreja para com as
questões sociais. Trata-se de uma sensibilidade que deve estar presente em cada igreja
e em cada dimensão. Setor e pastoral, enfim, devem estar presentes nas comunidades
eclesiais de base e nos movimentos. Em outras palavras, deve ser preocupação
inerente a toda ação evangelizadora. Pastorais sociais, no plural, são serviços
específicos, a categoria de pessoas e/ou situações também específicas da realidade
social. Constituem ações voltadas concretamente para os diferentes grupos ou
diferentes facetas da exclusão social, como, por exemplo, a realidade do campo, da
rua, do mundo, do trabalho, da mobilidade humana e assim por diante. O setor
capelania social por sua vez, integrado na dimensão sócio transformadora, tem duplo
caráter:

a-Representa uma referência para toda a ação social da igreja em termos de


assessoria, elaboração de subsídios e reflexão teórica.

b-É um espaço de articulação das capelanias sociais e organismos que desenvolvem


ações específicas no campo sócio político.

Dentro da dimensão sócio-transformadora, é função da capelania social procurar


respostas para esse tipo de situação. Isto significa que as respostas não estão prontas,
não há receitas acabadas. Em cada momento e em cada local, é preciso iniciar um
processo em que o maior número de pessoas se envolvam na busca de soluções
concretas. A partir da conscientização da organização e da mobilização, abrem-se
caminhos alternativos. O importante é chamar a atenção da igreja e da sociedade para
esse quadro de injustiça cada vez mais grave. O importante também, como veremos
adiante é envolver o maior número de atores sociais e de parceiros na luta pela
transformação social.
A capelania social tem como finalidade concretizar, em ações sociais e
específicas, a solicitude da igreja diante de situações reais de marginalização. Mais
adiante apresentaremos algumas indicações práticas de como organizar a ação social
na igreja. No momento, queremos alertar para a tarefa de identificar, entre os filhos e
filhas de Deus, os rostos mais sofridos, com vistas a dedicar-lhes uma solicitude
pastoral e específica.
Os textos bíblicos destacam em usas páginas alguns rostos que têm a predileção
do amor de Deus. No antigo testamento sobressaem “o órfão, a viúva e o estrangeiro”.
No livro de êxodo, Deus “vê, ouve e sente” o clamor dos oprimidos, escravizados no
Egito (EX 3.7-10). Os profetas não se cansam de chamar a atenção sobre o direito e a
justiça para com os pobres. Nos evangelhos, novos rostos desfilam diante de nós.
Freqüentes vezes Jesus enumerou listas em que descreve aqueles que se
encontram mais pertos do carinho do Pai. Ex.: o texto do juízo final em MT 25.31, as
bem-aventuranças em MT 5.1-12, o programa de Jesus, em LC 4.16-20, e o episódio
do bom samaritano em LC 10.25-35. Também vemos que, os doentes, as mulheres
marginalizadas, os pequeninos e fracos, as crianças, uma multidão de gente ferida
disputa espaço aos pés do Mestre.
Os atos dos apóstolos, as cartas de Paulo e o apocalipse, revelam igualmente a
atenção das primeiras comunidades para com os pobres. Desde cedo, os cristãos se
organizam para suprir as necessidades básicas de seus irmãos. A capelania social é
voltada para a condição sócio-econômica da população. Hoje, como ontem, ela se
preocupa com as questões relacionadas á saúde, á habilitação, ao trabalho, á
educação, enfim, ás condições reais da existência e da qualidade de vida. “Eu vim para
que todos tenham vida e a tenham em abundância”.JO 8.10. Retomando os exemplos
acima, ela expressa a compaixão de Jesus e o amor da mãe, traduzindo-os numa ação
social de promoção humana junto aos setores mais pobres da sociedade.
A sensibilidade se traduz num coração aberto e a todo tipo de sofrimento, seja a
cruz individual de cada pessoa humana, seja a cruz coletiva de grupos, setores e
categorias inteiras condenadas á exclusão social. Um coração que se contrai e se
distende diante de alegrias e tristezas que o circundam, o toque amigo, uma palavra,
uma visita e até um olhar representam os frutos da sensibilidade.
A solidariedade concretiza-se na mão estendida ás situações de emergência, de
carência de extrema pobreza, de fome. Não basta ser sensível, é preciso descruzar os
braços, arregaçar as mangas e passar á ação. Um gesto, um mutirão, uma campanha
constituem expressões vivas de solidariedade. A solidariedade se expressa, também,
no apoio ás lutas e movimentos sociais por melhores condições de vida e trabalho.

1-QUAL O OBJETIVO GERAL DA CAPELANIA SOCIAL?


A capelania social integra, junto com outros setores a dimensão sócio-
transformadora da ação evangelizadora da igreja no Brasil. A partir da expressão
acima, entende-se que o objetivo geral dessa dimensão seja contribuir, á luz da
palavra de Deus e das diretrizes gerais sociais, para a transformação dos corações e
das estruturas da sociedade em que vivemos, em vista da construção de uma nova
sociedade mais digna. A pastoral social de cada igreja, por sua vez, tem como objetivo
desenvolver atividades concretas que viabilizem essa transformação em situações
específicas, tais como o mundo do trabalho, a realidade das ruas, o campo da
mobilidade humana, os presídios, as situações de marginalização da mulher, dos
trabalhadores rurais, dos pescadores e assim por diante. Nesse sentido, a capelania
social procura integrar em suas atividades a fé e o compromisso social, a oração e a
ação, a religião e a prática do dia-a-dia, a ética e a política.
Aqui é preciso superar as dicotomias entre os que só oram e os que só lutam, os
que louvam e celebram e os que fazem política. Na verdade, a verdadeira fé desdobra-
se naturalmente em compromisso diante dos pobres. A ação social é condição
indispensável da vivência cristã. O compromisso sócio-político não é um apêndice da fé.
Ao contrário, faz parte inerente de suas exigências. A fé cristã tem necessariamente
uma dimensão social. Não é isso o que nos ensina o episódio do bom samaritano? Ou
seja, entrar ou não entrar na vida eterna é uma alternativa que está condicionada á
atitude frente ao irmão caído e ferido na beira da estrada. Tal condição se torna ainda
mais clara no texto do juízo final (AP 20).

Em correspondência com as quatro exigências evangélicas da ação da igreja no


Brasil quatro palavras chaves poderiam resumir o objetivo da capelania social. Trata-se
de proclamar a boa nova do evangelho entre os mais pobres, através de uma presença
de um alerta, de uma ação social e de uma articulação-parceria.
1-Uma presença (testemunho) junto aos setores mais marginalizados da população,
aos porões da sociedade, aos “enfermos” do sofrimento humano;
2-Um alerta (denúncia e anúncio) á igreja e á sociedade civil sobre a existência desses
submundos, alerta que é uma espécie de antena permanentemente sintonizada com o
clamor dos oprimidos;
3-Uma ação social (serviço) que multiplica atividades de conscientização, organização e
transformação, as quais levam á conversão pessoal, por um lado, e mudanças
concretas de ordem social, econômica e política, por outro;
4-Uma articulação parceria (diálogo) com as demais igrejas cristãs e não cristãs, e com
as forças vivas que contribuem para transformar a sociedade em que vivemos.

II- COMO SE ESTRUTURA A CAPELANIA SOCIAL ?


Esta pergunta nos leva á estrutura de toda a ação evangelizadora da igreja no Brasil.
Segundo o organograma as dimensões são divididas em três:
-Primeira dimensão: comunitária e participativa;
-Segunda dimensão: missionária;
-Terceira dimensão: Bíblico-evangelizadora.
As exigências relacionadas a capelania social são as seguintes:
1-Anúncios;
2-Testemunho;
3-Diálogo;
4-Serviço.

Evidente que toda evangelização deve ser perpassada por todas as dimensões e
exigências. A dimensão ou exigência representa a porta de entrada para os setores
específicos, o enfoque a partir do qual desenvolve sua ação concreta. Mas tanto as
dimensões como a exigência se interpenetram completamente e se enriquece
reciprocamente.
O setor capelania social integra a dimensão sócio-transformadora, a chamada
linha seis, e tem no serviço, sua exigência predominante. Claro que esta dimensão e
exigência se interligam entre si, ao mesmo tempo em que se complementam com as
demais dimensões e exigências. A palavra dimensão, pelo seu dinamismo, dá conta
dessa complementaridade. Quanto ás exigências, os quatros se interpenetram e se
misturam na ação evangelizadora, sendo difícil individualiza-las.
A dimensão sócio transformadora, por sua vez, é formada pelos seguintes setores:
1-Capelania social;
2-Educação
3-Comunicação social
4-Ensino religioso
5-Pastoral universitária da cultura
6-Pastoral afro-brasileira;
O setor da capelania social reúne, sob sua articulação, onze pastorais e três
organismos.

III-CAPELANIA OPERÁRIA
As mudanças no mundo atual atingem dramaticamente aos trabalhadores, cada
vez mais excluídos do mundo do trabalho e dos bens socialmente produzidos.
A capelania operária participa e contribui neste campo a partir da exigência de sua fé
cristã. É esta fé que irá influir na sua forma de abordagem na sua postura e na sua
metodologia dentro do mundo do trabalho, no qual se situa sua identidade e sua
mistura. É uma pastoral com o olhar e um agir que contribui para a construção de um
projeto alternativo de sociedade, o qual será obra das trabalhadoras e trabalhadores,
onde ela cumpre a missão evangélica de ser sal e fermento. Para isto a capelania
operária estimula os trabalhadores e trabalhadoras, dentro e fora da igreja, a
participarem no movimento social e nas variadas e legítimas formas de organização.
Neste momento, seu compromisso impõe a necessidade de contribuir para a
existência de um amplo movimento dos trabalhadores e trabalhadoras do conjunto da
sociedade frente ás mudanças no mundo do trabalho, contra o desemprego e pelo
emprego como política social chamando a responsabilidade os setores empresariais e
governamentais. Este é o eixo em torno do qual devem girar os programas, projetos e
atividades das equipes e instâncias da capelania operária em todo o Brasil, delimitando
setores específicos a serem trabalhados de acordo com a religião, a qualificação dos e
das militantes e os recursos disponíveis.

IV-CAPELANIA DOS POVOS DE RUA


A capelania de rua desenvolve sua missão sendo presença junto á população de
rua, reconhecendo sua dignidade e descobrindo os sinais de Deus presentes em sua
história.
O cenário encontrado nas ruas das cidades permite encontrar um povo que
luta e resiste para sobreviver. Recolhidos ora em marquises e viadutos, ora em casas e
prédio desocupados, os moradores de rua, sofrem o estigma da exclusão social. Igual
sorte cabe aos catadores de papel, que puxando pesados carrinhos, andam nas ruas e
lixões das cidades coletando materiais recicláveis para revender no mercado. Sem
reconhecimento oficial, estes homens e mulheres são contabilizados no censo do IBGE.
Via de regra, os pobres públicos optam pela reedição de medidas excludentes. Nas ruas
sofrem as conseqüências das operações-limpeza planejadas nos municípios. Nos lixões
trabalham sem as mínimas condições de higiene e salubridade. Para todos, é comum o
preconceito social que estigmatizam suas vidas.
O compromisso solidário tecido nessa nova relação criada desenvolve ações que
se pautam no reconhecimento dos direitos da população e na defesa da vida.
Os agentes atuam animando e fortalecendo o processo organizativo, resgatando a
beleza da vida, denunciando toda a ação de exclusão e violência e criando com os
mesmos, alternativas de produção de bens e cidadania.

V-CAPELANIA DA MULHER MARGINALIZADA


A capelania da mulher marginalizada tem a missão profética e evangélica de
contribuir e abrir espaço para que a mulher prostituída possa ser agente da sua
libertação e possa articular-se com outros grupos de oprimidos e outras pastorais.
A capelania da mulher marginalizada busca despertar nas suas equipes em todo
o país, o desejo de trabalhar com mulheres prostitutas no sentido delas serem mais um
segmento da sociedade em busca de transformação nas questões políticas, econômicas
e nas relações entre homens e mulheres. Gastar tempo e energia com a formação
dos(as) agentes, através de aprofundamento da mística, cursos, oficinas, preparação
de material formativo e informativo, buscando alianças, participando de eventos
promovendo encontros de agentes e de mulheres prostituídas, contribuíndo na
implantação e implementação de políticas públicas, denunciando a violência que sofrem
essas mulheres, colaborando na inserção delas nos movimentos populares e sociais.
Também acreditamos na presença gratuita solidária. Estar lá para confortá-las, abraça-
las, e ouvi-las é muito importante, pois se trata de uma população especial, que via de
regra, nunca é confortada, abraçada e escutada.
Os membros da capelania da mulher marginalizada na sua prática se deparam com
uma população totalmente desinformada a respeito dos seus direitos sociais. Por isso,
se faz necessário que os agentes da capelania da mulher marginalizada tenham
também a socialização da informação como uma das condições de uma prática que
contribui na construção de uma sociedade democrática, tendo como base a igualdade
econômica, política e social.

VI-CAPELANIA DA CRIANÇA
Em setembro de 1983, a capelania da criança iniciava suas atividades no
município de Florianópolis/PR, desenvolvendo uma metodologia própria que une a fé e
a vida, tendo como centro a criança em seu contexto familiar e comunitário.
A missão da capelania social da criança é a própria missão de Jesus, que é
também missão da igreja e de todos os cristãos: evangelizar. A capelania da criança é
ecumênica e não faz nenhum tipo de discriminação de cor, raça, credo religioso, ou
opção política. A todos leva o lema do Bom Pastor. A capelania da criança usa uma
metodologia que conta com três grandes momentos de intercâmbio de informações que
ajudam no fortalecimento da solidariedade.
1-Visitas domiciliares mensais – realizadas pelos líderes a cada família acompanhada;
2-Dia do peso – cada comunidade se reúne para pesar as suas crianças. Esse dia se
transforma num momento de celebração da vida;
3-Reuniões com todos os líderes de uma comunidade – para refletir e avaliar o trabalho
realizado no mês anterior.
A prática da capelania da criança parte da idéia de que a solução dos problemas
sociais necessita da solidariedade humana, organizada e animada em rede, com
objetivos definidos, e que o principal agente de transformação são as lideranças das
comunidades, envolvendo-as no protagonismo de sua própria transformação.
Fazendo a união, a fé e o compromisso social,a capelania da criança organiza as
comunidades em torno de um trabalho de promoção humana no combate á mortalidade
infantil, á destruição e á marginalidade social. A capelania da criança atua eficazmente
na educação para uma cultura de paz e na melhoria da qualidade de vida de mais de
um milhão de famílias acompanhadas. O trabalho essencial é a organização da
comunidade e a capacitação dos líderes voluntários que ali vivem e assumem a tarefa
de orientar e acompanhar as famílias vizinhas, para que elas se tornem sujeitas de sua
própria transformação pessoal e social.

VII-CAPELANIA DO MENOR
A pastoral do menor tem seu início no ano de 1977. Ela surge num quadro de
intuições proféticas que se apresentavam como respostas da igreja aos desafios das
crianças e adolescentes empobrecidos e em situação de risco. A capelania do menor
aparece também como busca de organização dessas ações, em 1987.
A capelania do menor é um serviço da igreja com mística e identidade próprias
que, á luz do evangelho, se propõe a estimular um processo que visa a sensibilização,
consciência crítica, a organização e a mobilização da sociedade como um todo na busca
de uma resposta transformadora, global, unitária e integrada á situação da criança e do
adolescente. Tem como objetivo, em seus programas de atendimento, promover a
participação dos pequenos como protagonistas do processo de promoção da cidadania,

VIII-COMO ORGANIZAR UMA CAPELANIA SOCIAL?


As capelanias sociais, surgem em geral, como um serviço de articulação nacional
a uma série de atividades que se desenvolvem em determinadas áreas específicas.
Normalmente estão relacionadas a um rosto bem definido, umas certas categorias
entre os pobres ou a um determinado quadro de abandono. Assim, como vimos a
capelania da mulher marginalizada, procurar acompanhar situações concretas que
dizem respeito a situação da mulher.
A capelania social organiza-se em todos os níveis eclesiais: nacional e regional. A
organização passa por alguns passos metodológicos, cuja seqüência não é rígida nem
obrigatória. Mais importante que a regra é, sem dúvida a criatividade e a
espontaneidade locais.
O primeiro passo é identificar quais os rostos – categorias marginalizadas e/ou
situações sociais de extrema carência – mais pobres e excluídos em todos os níveis.
Para cada face da exclusão, como vimos, existe uma pastoral social específica, e se não
existe é interessante criar um serviço de presença evangélica e de atuação pastoral, o
qual, com o tempo, pode vir a se tornar uma nova pastoral social. O ponto de partida
de qualquer ação é uma tomada de consciência da realidade local, com atenção
especial para os grupos que sofrem o peso da exclusão. Esta conscientização da
realidade pode ser feita através de visitas pastorais, de pesquisas e levantamentos ou
de um trabalho científico.
A partir dessa presença e acompanhamento, o terceiro passo é desenvolver atividades
de apoio e solidariedade aos movimentos sociais e a luta por melhores condições de
vida e trabalho, o que significa uma ação lenta e persistente de conscientização,
organização e mobilização. Trata-se de um processo longo que exige dedicação
permanente. Neste sentido, é importante disponibilizar recursos humanos e financeiros
e espaços físicos, bem como emprestar a palavra aos pobres. Num quarto passo, as
diversas equipes de base das capelanias sociais específicas devem promover encontros
conjuntos com a capelania social, reunindo-se com certa freqüência, seja em nível
comunitário ou congregacional ou regional ou diocesano. Tais encontros servem para
trocar experiências, traçar metas comuns e planejar atividades gerais. Nessa
perspectiva, é imperativo que cada capelania específica esteja atenta ao calendário de
eventos das demais pastorais, tais como:
-O dia do trabalhador (1º de maio);
-O dia da luta da mulher (8 de março);
- O dia de trabalhador rural (25 de julho);
-Outros.

IX-QUAIS OS FUNDAMENTOS E FONTES DE ESPIRITUALIDADE DA CAPELANIA SOCIAL?


A capelania social é uma árvore que mergulha na terra suas raízes profundas.
Delas vêm a seiva que alimenta sua espiritualidade. Ao longo do caminho, a ação social
abre poços onde encontra a água viva que sustenta sua caminhada. As capelanias
específicas que formam os ramos dessa árvore, nutrem-se do alimento que vem do
chão, que sobe pelo tronco, transfigura-se ao contato com a luz solar e reforça-lhe a
mística libertadora. A dimensão imprescindível, do testemunho cristão:
Há que rejeitar a tentação de uma espiritualidade intimista e individualista, que
dificilmente se coaduna com as exigências da caridade, com a lógica da encarnação e
em última análise, com a própria tensão escatológica do cristianismo. Essa tensão nos
leva a construir o mundo, e a atender o bem dos nossos semelhantes, mas antes, nos
obriga ainda mais a realizar essas atividades.

X-CAPELANIA SOCIAL NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO

1-ANTIGO TESTAMENTO
Podemos partir da libertação do Egito – experiência fundamental do povo de
Deus, o êxodo da escravidão para a terra prometida constitui um paradigma para a
capelania social. Deus não quer escravidão e intervém na história para conduzir o povo
a uma nova vida. O chamado do povo de Israel á ação de Deus na história (EX 3.7-10;
DT 26.4-10). Deus se sensibiliza com o clamor dos escravos do Egito, e, a partir daí,
desencadeia uma ação libertadora, em que Moisés será protagonista junto com seu
povo.
Também nos livros chamados históricos, transparece a predileção de Deus
pelos pequenos e frágeis, simbolizados na trilogia (órfão, viúva e estrangeiro). Aqueles
que a sociedade discriminam e marginalizam têm prioridade no amor infinito do Pai.
Como irá mostrar mais tarde a prática de Jesus.
Desde o livro de gênesis, quando utiliza o símbolo do arco-íris para celebrar um
pacto com seu povo. Diz literalmente o texto: “Eis o sinal da aliança que instituo entre
mim e vós e todos os seres vivos que estão convosco, para todas as gerações futuras”.
(GN 9.12-13) O respeito á ´biodiversidade e á natureza, bem como o cuidado com as
gerações que estão por vir é condição para garantir a vida do homem e da mulher.
Além disso, tanto nos livros proféticos quanto nos salmos e na literatura
sapiencial, são recorrentes palavras como o direito e a justiça, em que não é difícil
interpretar a importância do valor fundamental que tem a dignidade humana para os
filhos e filhas de Deus.

2-NOVO TESTAMENTO
Nas palavras e na prática de Jesus transparece a dimensão social de sua ação.
Retomando o que vimos acima, textos como juízo final, as bem-aventuranças, o bom
samaritano, entre outros, sublinham claramente que a salvação está subordinada ao
compromisso com os pobres. O episódio dos discípulos de Emaús (LC 24.13-35),
entretanto, apresenta uma certa metodologia da atuação de Jesus. A partir dele, não
seria difícil desenvolver uma espécie de pedagogia da capelania social. Vejamos os
passos dessa pedagogia:

A- O CAMINHO
O ponto de partida é a estrada. Os discípulos estão a caminho, vão tristes,
abatidos, desanimados. A experiência com o Galileu terminou na cruz e eles ficaram
com medo e fugiram. Se mataram o chefe, o que não estará reservado para nós?
Trilharam o caminho da fuga, do fracasso, da impotência.
Isso nos leva a perguntar pelas estradas: Onde caminha hoje o povo? A falta de
terra, o desemprego, a luta pela saúde, pela moradia, pela sobrevivência obriga-os a
um vaivém sem fim. E quando não têm condições de partir, amargam situações de
extrema pobreza.
Jesus caminha com os dois, procura conhecer a expressão de seus rostos, o tom
de suas palavras, as dificuldades de seus passos. Não os espera no templo ou na
sinagoga, mas corre ao seu encalço. Acompanha-os em seu penoso caminho.
Atenção para a delicadeza do Mestre: faz-se forasteiro para poder conversar de igual
para igual.

B-O CONVITE
Jesus faz que vai adiante. Os discípulos o convidam para entrar. Constata-se
novamente a delicadeza encoberta: no fundo, o convite parte do Mestre. Ele é que
toma a iniciativa. Tem o tempo livre, seu tempo é do Pai, e se é do Pai, é dos pobres.
Coloca-se á disposição como a dizer: Se me convidarem eu fico.
“Eis que estou á porta e bato. Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”. Diz outra passagem bíblica (AP
3.20).

Hoje as igrejas estão de portas escancaradas, mas onde estão os pobres, os


mais excluídos? Porque não se aproximam e entram? O que os impede de chegar mais
perto? Quando as portas abertas da igreja não são mais um convite para o pobre
entrar, então temos que nos tornar convites vivos aonde quer que estejamos: ruas,
becos, calçadas; praças, campos, favelas, lixões, cortiços, enfim, por onde ele vive ou
se esconde. As capelanias sociais têm de criar pés. Se o povo não vem a igreja tem de
ir até ele. Só assim podemos romper nossos círculos fechados e alargar o raio de nossa
atuação. Precisamos marcar presença nos lugares mais distantes e insólitos, mais frios
e sórdidos. Além disso, abrir espaço nas dependências da igreja para reuniões
encontros, assembléias de categorias que lutam por seus direitos básicos: ceder
espaços, tempo e apoio e favorecer suas organizações e movimentos, de forma a
sentirem que Deus os criou para uma vida digna e humana. Ceder também espaços
para jornais, boletins e em todos os veículos de comunicação eclesiais. Tornar-se voz
dos que não têm voz, para que possam enfrentar aqueles que os oprimem. Ajuda-los a
conquistar também seu espaço físico, eclesial e político.

XI-CONCLUSÃO - A MISSÃO DO CAPELÃO SOCIAL


Os discípulos refazem o caminho de volta a Jerusalém, entretanto, não é mais o
medo e a frustração que os movem. Um novo ardor como que põem asas em seus pés.
“ Não ardia nosso coração, enquanto Ele nos falava?” Correm para testemunhar o que
viram, suprem as dificuldade do início. O encontro com o ressuscitado renovou-lhes o
vigor. Nada mais os deterá na missão, nem o martírio.
A luta das capelanias sociais é árdua. Muitas vezes o preço é a perseguição e a
morte. Incompreensões e rejeições fazem parte do dia-a-dia, isto, sem falar do sistema
de morte. Outras vezes, é o cansaço e o desânimo que nos abate, devido, sobretudo, á
sobrecarga de atividades. Na verdade, são poucos os que se aventuram por esse
caminho, embora o trabalho seja imenso.

B- COMO VENCER OS OBSTÁCULOS?


Se não formos capazes de um verdadeiro companheirismo entre nós, como
vimos acima, e de encontros freqüentes com o Ressuscitado, será difícil renovar as
forças. Como regressaremos á Jerusalém de hoje, aos presídios, ás ruas, aos campos,
aos prostíbulos, ás portas de fábricas, aos caminhos onde esta o povo? Como
voltaremos a anunciar a boa nova aos pobres?
A oração e a fé são fontes de água viva que nos nutrem para um renovado ardor
missionário.

CAPELANIA PRISIONAL

A IMPORTÂNCIA DE DEUS E DO EVAGELHO DE CRISTO NOS PRESÍDIOS E


PENITENCIÁRIAS

“ESTIVE PRESO, E FOSTES VER-ME”. MT 25.36

INTRODUÇÃO
É importante que o homem conheça o evangelho de Deus e ame, para sentir a
alegria de ser amado. O evangelho estimula a prática do conhecimento, do estudo da
virtude e nos faz caminhar por uma estrada estreita, disciplinada, difícil, porque exigem
combate ao nosso egoísmo, desamor, orgulho e ambição, aspiração imoderada e
cobiça. De todos os valores sociais catalogados pela civilização é o evangelho de
Cristo, um dos mais necessários ao homem, como pessoa, e a grupos de homens,
como coletividade. É o primeiro breque dos instintos que afloram dos impulsos
individuais, como é o primeiro freio dos frenesis coletivos.
A pessoa sem Cristo se embrutece e se animaliza. Na recuperação do homem na
prisão, não se pode dispensar o evangelho, porque, caso contrário, a reeducação fica
incompleta ou deixa de existir. É muito difícil confiar em alguém que não crê em Deus,
porque se torna auto-suficiente, perigosamente orgulhoso, e a matéria passa a ser a
coisa mais importante de sua existência. Torna-se uma pessoa que pensa e age
isoladamente, que não tem amigos. É cercado de hipócritas e interesseiros, acabando
por naufragar ao se defrontar com o primeiro obstáculo que exija a reflexão e amparo
espiritual. No fundo, é um infeliz e, se persistir em permanecer assim, acabará seus
dias abraçado á infelicidade, com pouca gente á sua volta.
Por que o mundo vai mal? Por falta de humanidade, diálogo, compreensão,
renúncias, sinceridade, acima de tudo amor. Aqueles que se queixam dos males que
assolam o mundo precisam, sem demora, proclamar o que fazem para acabar com a
violência, as injustiças, a fome, a covardia, as guerras, etc. Ou será que cada um
assume o seu papel, em vez de ficar procurando defeitos nos outros? Einstein
proclamou: A ciência sem religião é cega e a religião sem ciência é paralítica. A
descrença assumiu um papel preponderante no atual momento histórico, exatamente
porque, a cada dia, a falta de dignidade de cumprimento do dever e a desonestidade
são mais valorizadas no mercado da corrupção e da violência.

1-O QUE ACONTECE SEM O EVANGELHO DE CRISTO


No processo de recuperação, é indispensável exaltar os valores inerentes ao ser
humano, para facilitar a estruturação da personalidade do condenado e ajuda-lo a
refletir permanentemente sobre a beleza da vida quando orientado ao bem,
permitindo-lhe descobrir o seu próprio potencial, e, por fim, faze-lo questionar-se acera
da finalidade para qual Deus o criou.
Copia-se um sistema prisional desvirtuado, em geral, baseado em sistemas
falidos de outras nações, esquecendo as peculariedades do nosso povo. Limita-se á
análise puramente material e jurídica dos sistema, onde são colocadas as grandes
barreiras á reinserção dos presos na sociedade e esquece-se o principal, que é o lado
espiritual deles.
O grande problema penitenciário é o problema de tratamento dos condenados.
Amontoa-los nos presídios e abandona-los á própria sorte, é a mesma coisa que
receitar uma violência ainda maior contra a sociedade, pois ao final da pena imposta,
inevitavelmente, por força da lei, o condenado voltará do convívio social. Já se
recomendava o ensino da educação moral e religiosa aos presos. E Jeremias, por sua
vez, além de julgar indispensável a educação moral e religiosa, apregoava como
necessária a existência de patronatos para ajudar o regresso e se reiterar.
É preciso incentivar o núcleo espiritual e cultural da humanidade, para se evitar a
atual onda crescente de criminalidade. A Constituição Brasileira não adota a pena de
morte e a prisão perpétua exatamente por existir a crença na recuperação do
condenado. É preciso acabar cm o comodismo e o descaso, encarar o problema de
frente, com determinação, sem proselitismo e os resultados positivos surgirão.
A persistência na crença da recuperação do condenado é fator essencial para o
sucesso do trabalho. O voluntário precisa estar consciente da sua difícil missão. O
homem nasceu para ser feliz e a circunstância que o levou a delinqüir não extingue
esse anseio natural do ser humano.

II-A MINISTRAÇÃO DO EVANGELHO DE CRISTO DENTRO DE UM PRESÍDIO COMO


FATOR DECISIVO NA RECUPERAÇÃO DE PRESOS
É muito difícil confiar em alguém que não confia em Deus. O evangelho de Cristo
estimula a prática do conhecimento, do estudo, da virtude, e faz caminhar por uma
estrada estreita, disciplinada e difícil, porque exige o combate ao próprio egoísmo, ao
desamor, á aspiração imoderada e á cobiça. Carnelucci, um importante jurista italiano,
afirmou que a solução para o preso não está nos livros de ciência, mais sim no livro de
Deus (bíblia). E Nélson Hungria afirma com grande convicção:
“Uma das causas primordiais, senão a causa única do declínio da cultura, é a sua
crescente incapacidade religiosa. Um mundo social sem o evangelho de Cristo, como o
atual, é um mundo de incertezas, destituído de entusiasmo, reduzido ao nível morto
das convivências individuais, impregnado de insuportável tristeza. Precisamos fazer
novamente a experiência de Deus. Não basta que dentro das colunas partidas da
inoperante civilização atual sejam os gênios a nos conduzir”.
III-O TRABALHO DA CAPELANIA PRISIONAL NO RECUPERANDO
Depois de criterioso estudo, ao longo de anos e anos de existência, chegamos á
conclusão de que o recuperando é a designação correta que se deve dar ao condenado
que cumpre penas nos três regimes recomendados pela legislação vigente. É aí que
está o grande papel do capelão prisional.: visitar os presos pelo menos uma vez por
semana, fazendo com que ele tenha a paciência de cumprir a pena, levando sempre
uma palavra de Deus ao seu coração, para que possa suportar o seu regime fechado.
Em latim, recuperativo é o fato de recuperar, recuperação, restituição e
recuperatus, por sua vez, é recuperando, recobrado. Por outro lado, nossa literatura,
jurídica, cristã, médica, psicológica, jornalística, entre outras é rica em afirmações que
confirmam, de modo inquestionável, ser correto o uso do termo recuperando (aquele
que está em processo de recuperação) para denominar o preso, evitando a humilhação
de designações impróprias.
Numa proposta de valorização humana, é admissível o eufemismo “recuperando”
para evitar o uso dos termos: preso, interno, condenado ou sentenciado, os quais,
embora verdadeiros, não deixam de chocar e depreciar o ser humano.

O capelão prisional deve se preocupar com:


1-A saúde do preso, pois o condenado é, na maioria das vezes, um doente;
2-A educação religiosa do preso para o convívio social, incluindo civilidade, bons
costumes e o encaminhamento a Jesus, á profissionalização e á instrução, por serem
requisitos intrínsecos;
3-A instrução reduz o índice de porcentagem de analfabetos e semi-analfabetos que
povoam os nossos presídios, se possível deve-se incluir o curso de evangelização para
aprimorar a cultura do condenado;
4-Se não temos em nossa constituição a prisão perpétua e a pena de morte, o preso
será reintegrado á sociedade. Então, precisamos recuperar o preso. Ele irá cumprir a
pena pelo crime que cometeu, e através da pena e pela evangelização no presídio, será
recuperado e ingressado na sociedade sem sentimento de culpa, pois o mesmo passou
por uma série de reciclagem de evangelização e se encontra apto para a nossa
sociedade
5-O Evangelho de Cristo ao condenado e sua importância na vida do ser humano É
preciso fazer a experiência com Deus e aprender a amar e ser amado. Não existem
métodos de recuperação eficientes sem que se cuide dessas metas indispensáveis em
qualquer trabalho evangelístico dentro de uma penitenciária que vise preparar o
condenado para o regresso ao convívio da sociedade.

IV-CAPELANIA CARCERÁRIA
Cárcere vem do latim e significa prisão subterrânea, lugar úmido, sombrio, onde os
presos ficavam com os pés atados á corrente. Carceragem é o local destinado á
administração do cárcere, e do evitar fugas. Além de ser responsável pela ordem e
disciplina do estabelecimento carcerário, diz respeito aquele que está recolhido ao
cárcere.
Os apóstolos Paulo e Pedro estiverem várias vezes em cárceres,
estabelecimentos próprios da época. Paulo escreveu muitas das suas notáveis cartas
quando estava encarcerado, inclusive em companhia de Silas. Nos atos dos apóstolos
(AT 16.23,24,26) encontramos:
“Depois de lhes terem feito muitas chagas, meteram-nos no cárcere, mandando
ao cárcere que os guardasse em segurança. Recebendo tal ordem, ele os meteu nos
porões do cárcere e lhes prendeu aos pés ao cepo. Imediatamente se abriram todas as
portas e se soltaram os grilhões de todos”.
É chegada a hora de tomarmos consciência de que temos o dever e a obrigação
de usar a expressão adequada, padronizando as diversas terminologias e em atenção
ao que a própria igreja recomenda. O nome correto é pastoral penitenciária ou
capelania prisional. Porque está em perfeita sintonia com a sua proposta e com a
história.
A capelania carcerária é a presença de Cristo e de sua igreja no mundo dos
cárceres e desenvolve todos os trabalhos que essa presença venha a exigir.
A capelania prisional mantém contatos e relações de trabalho e parceria com
organismos do poder executivo e do poder legislativo com ONG´S, locais nacionais e
internacionais com o MNEH (movimento nacional dos estados americanos), com a
anistia internacional, com o MNDH (movimento nacional dos direitos humanos), como
CDH da ONU(comissão dos direitos humanos das nações unidas), com ICCPC (pastoral
carcerária internacional) e outras entidades afins.

V-OBJETIVOS GERAIS
a-Acompanhar os presos em todas as circunstâncias e atender suas necessidades
espirituais, dando assistência espiritual também a seus familiares;
b-Verificar as condições de vida e sobrevivência dos presos;
c-Priorizar a defesa intransigente da vida, bem como a integridade física e moral dos
presos;
d-Intermediar relações entre presos e familiares;
e-Educar os presos no evangelho de Jesus Cristo, levando a salvação até eles;
f-Acompanhar seu processo de discipulado dentro de evangelho de Cristo.

VI-ATIVIDADES PERMANENTES
a-Visitas aos presos, especialmente quando doentes, nas enfermarias ou nas celas de
castigo ou de “seguro”;
b-Celebrações e encontros de reflexões (círculos bíblicos, orações);
c-Atenção especial ás áreas de extrema violência nas prisões;
d-Sensibilizar as comunidades sobre o problemas dos presos e mostrar o valor da
pastoral carcerária;
e-Fazer parcerias e relacionamentos de trabalho com os poderes públicos e com o
ministério público.

VII-A DUPLA FINALIDADE ÉTICA DA PENA


A função da pena é dupla: punitiva e recuperativa.
O delinqüente é condenado e preso por imposição da sociedade, ao passo que
recupera-lo é um imperativo de ordem moral, do qual ninguém deve se escusar. A
sociedade somente se sentirá protegida quando preso for recuperado. “A prisão existe
para castigo e não se pode parar de castigar”. Essa é a afirmação corrente cujo
conteúdo não se pode perder de vista e deve sr repensado.
O estado, enquanto persistir em ignorar que é indispensável cumprir a sua
obrigação no que diz respeito á recuperação do condenado, deixará a sociedade
desprotegida. Como é sabido, nossas prisões são verdadeiras escolas de violência e de
criminalidade.

VIII-PESQUISAS ESTATÍSTICAS
Descobrimos então que, ás vezes existem equívocos quanto à família
formalmente constituída. Dados colhidos sobre o sistema prisional brasileiro através de
pesquisas feitas em nível nacional por nós, revelam o seguinte:
1º- 86% de reincidências;
2º-65% dos crimes são praticados sob efeito de drogas
3º-80% dos detentos utilizam algum tipo de droga
4º-60% da população carcerária tem entre 18 e 28 anos de idade;
5º-20% completaram 28 anos de idade cumprindo pena;
6º-81% da população das prisões são de origem cristã;
7º-97% apontam como causa da criminalidade, a família desestruturada;
8º-75% dos condenados são analfabetos ou semi-analfabetos;
9º-87% não têm profissão definida;
10º-18% são casados;
11º- 38% são amasiados;
12º- 44% são solteiros.

IX-PROMISCUIDADE EM VÁRIOS NÍVEIS


1-Ociosidade;
2- Violência;
3- Falta de confiança generalizada;
4-Supressão da verdade;
5-Ausência da família (perda gradativa dos laços afetivos);
6-Sentimentos de autopunição e de culpa;
7-Perda da auto-estima;
8-Sentimento de inferioridade, que se transforma em agressividade;
9-Personalidade condicionada pelos estímulos que recebe dentro de presídio;
10-Perda gradativa da condição normal de convivência social;
11-Ausência de esperança;
12-Falta de fé e ausência de Deus em sua vida.

X-O PODER DA ORAÇÃO NA VISITA DO CAPELÃO AO PRESÍDIO


O Capelão é um agente de Deus, portanto, ele deverá manter-se sempre em
oração, pois dentro de um presídio encontram-se vários demônios juntos aos presos.
Pois cada indivíduo que se encontra dentro do presídio contém um demônio diferente:
da mentira, da prostituição, de homicídio, de roubo, de estupro, das brigas, da morte,
etc. Portanto, o capelão deverá manter-se em oração e consagração total. O poder da
oração é muito grande e importante para a evangelização. É através da oração que os
demônios são expulsos e os presos são libertos. É neste momento que começa a atuar
o Espírito Santo nos corações dos presos, fazendo com que se arrependam e aceitam a
Cristo Jesus como seu único e suficiente salvador.
XI-RELACIONAMENTO DO CAPELÃO COM PRESOS E FUNCIONÁRIOS
O capelão prisional sempre deve manter sua ética e postura cristã com presos e
funcionários do presídio. O capelão não deve ter exageros, nem normas e rotinas com
os presos, mas sim, submeter-se ás normas do presídio e, principalmente, ter
flexibilidade quando for ministrar culto aos detentos. Ter sempre em mente a
“sabedoria” RM 12,1 (portanto, rogo-vos irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o
vosso culto racional.). O capelão deve estar sempre em harmonia com agentes
penitenciários, detetives e delegados, para que seu trabalho seja eficiente. Para tanto,
ele deve manter sua educação e comportamentos exemplares, saber ouvir e falar na
hora certa, pois uma das maiores bases para manter esses relacionamentos sólidos,
freqüentes, é agir com moderação e caráter formado.
O capelão deverá policiar-se quando começar a fazer qualquer tipo de trabalho dentro
de uma penitenciária. Ele deverá se organizar para as sua atividades, pois um presídio
é um verdadeiro campo de missões e, com certeza, ele faz parte da seara de Cristo
Jesus. Portanto, o capelão prisional é um ganhador de alma para Cristo. É ele quem
proclama o evangelho aos presos. O capelão deverá conter em seu caráter quatro
qualidades fundamentais inerentes a competência de capelania e seu próprio caráter:
1-Ser uma pessoa de extrema oração e vigilância (ITS 5.17);
2-Consciência de que é um embaixador de Cristo (II CO 5.20);
3-Ser uma pessoa dedicada e consagrada a Deus (FP 1.21);
4-Ser sensível ao Espírito Santo de Deus (II TM 2.21 – EF 5.18)

ÉTICA CRISTÃ

NOÇÕES

INTRODUÇÃO
A ética cristã parte da premissa de que Deus tem uma missão para cada homem
cumprir no mundo. Esta missão baseia-se em três grandes relações:

ÉTICA
É a ciência que trata dos fatos concernentes aos procedimentos do homem em
todas as suas relações.

1-ORIGEM DA PALAVRA
Ética vem do grego, ethos, que significa “costume”, “disposição”, “hábito”. No
latim, vem de mos (mores), com sentido de vontade, costume, uso, regra.

2-DEFINIÇÃO
Ética é, na prática, a conduta ideal e reta esperada da cada indivíduo. Na teoria é
o estudo de deveres do indivíduo, isolado ou em grupo, visando a exata conceituação
do que é certo e do que é errado. Reiterando, ética cristã é o conjunto de regras de
conduta, para o cristão, tendo por fundamento a palavra de Deus. Para nós, crentes em
Jesus, o certo e o errado devem ter como base a bíblia sagrada, nossa “regra de fé e
prática”.
O termo ética, ethos, aparece várias vezes no novo testamento, significando
conduta, comportamento, porte e compostura (habituais).
A ética cristã deve ser fundamentada no conhecimento de Deus como revelado
na bíblia, principalmente nos ensinos de Cristo, de modo que “Ele morreu por todos,
para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e
ressuscitou” (II CO 5.15 – EF 2.10)

3-OBJETIVO DA ÉTICA
Considerar a razão de ser, de vida do homem, de seus poderes e de faculdades
para que ele descubra e cumpra melhor a missão que seu criador lhe conferiu neste
mundo.

I-DEVERES PRÓPRIOS DE CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO


O homem tem três grandes inimigos: morte, doença e pobreza que destroem sua
vida. É seu dever combate-los como garantia de saúde e bem-estar próprios, pois para
cumprir a missão dada por Deus, o homem precisa conservar sua vida, combatendo a
morte até ao extremo. A lei da preservação própria é a mais básica da natureza e está
presente não só no homem, mas também nas demais criaturas. Tanto animais como
vegetais têm meios de defesas próprias.
O ser humano preserva sua vida por um motivo mais nobre, o de cumprir sua
missão. Assim, quando come e bebe não o faz somente para satisfazer seu apetite,
mas a preservação própria inclui a vida física e vida espiritual.

1-PRESRVAÇÃO DA VIDA FÍSICA


O corpo é a casa de espírito e o veículo através do qual ele se comunica com o
mundo material. A ética cristã proíbe tudo que prejudica a saúde do corpo, pois um
corpo doente põe a perigo o êxito da missão do homem na terra.

Sendo assim a ética condena:


A-MUTILAÇÃO DO CORPO
Ex.: O costume chinês, em certos lugares daquele país, de amarrar os pés das meninas
para que elas não cresçam.
O costume de algumas tribos indígenas é de colocar prensa na cabeça do recém-
nascido para lhe dar a forma desejada.

B-SUICÍDIO
É a culminação de uma série de transgressões dos princípios fundamentais da ética
individual e das leis divinas.
“Nesta vida estamos num quartel, donde não podemos sair sem ordem superior”.
(Platão)
Nas escrituras, encontramos o registro de alguns casos de suicídio. Em todos eles,
vemos que seus protagonistas foram pessoas que deixaram de lado a voz do Senhor e
desobedeceram á sua palavra.
1-Saul: Foi um rei fracassado que deixou o Senhor e foi em busca de uma médium
espírita (I SM 28 1-19; 31 1-4; I CR 10.13,14) ;
2-Aitofel: Foi um conselheiro de Absalão, orgulhoso, que e matou por ver que sua
palavra fora suplantada por outro. (II SM 1.7.23);
3-Zinri: Um rei sem qualquer temor de Deus, que usurpou o trono por tradição e
matança, e que por fim se matou, quando se viu derrotado pelo exército inimigo (I RS
16.18-19)
4-Judas Iscariotes: Após ter traído Jesus, foi dominado por um profundo remorso, e, ao
invés de pedir perdão ao Senhor, foi se enforcar.
O posicionamento cristão: A vida é sagrada e somente Deus pode tira-la. Moisés
pediu a Deus que tirasse a sua vida (NM 11.15). O profeta Elias também fez o mesmo
pedido I RS 19.4) e da mesma forma o profeta Jonas (JN 4.3). Deus não atendeu a
nenhum desses pedidos. Isso mostra que a vida pertence a Deus e não a nós mesmos.
Deus sabe a hora em que a vida humana deve cessar e Ele é o soberano de toda a
existência.
As sagradas escrituras condenam o suicídio pelos seguintes motivos:
a-É assassinato de um ser feito a imagem de Deus; (GN 1.17; EX 20.13; JO 10.10);
b-Devemos amar a nós mesmos (MT 22.39; EF 5.29);
c-É falta de confiança no Deus, visto que Ele pode nos ajudar (RM 8.38,39). A mulher
de Jô sugeriu, diante de seu sofrimento, que ele amaldiçoasse a Deus e morresse (se
suicidasse). Ele, porém, não aceitou tal idéia, e de modo resignado, confiou
integralmente no Senhor.
d-Devemos lançar as nossas ansiedades sobre o Senhor, e não na morte (I JO 1.7; I
PE 5.7)
O Ser humano deve respeitar seu corpo como propriedade de Deus. Por isso, não
compete ao homem tirar a sua vida. Ao contrário, tudo ele deverá fazer para protege-
la.

C-O DIREITO DE DEFESA


O indivíduo tem que fugir da morte, não só das próprias mãos (como o suicídio),
mas das mãos alheias também.
Sendo assim, ele tem o dever de se defender até onde for necessário para preservar
sua vida, porém, este direito só lhe é concedido enquanto está livre de toda e qualquer
culpa.

D-A VIDA FÍSICA


Não é esta, entretanto a coisa suprema deste mundo. Há ideais tão elevados e
nobres que justificam o sacrifício da vida física. Por exemplo: os mártires que
preferiram morrer a trair a verdade e a justiça.
Outro exemplo é o daqueles que sacrificam suas vidas em favor dos inocentes
desamparados pela família ou pela pátria.

2-PRESERVAÇÃO DA VIDA ESPIRITUAL


Preservar a vida espiritual é o dever mais alto e mais sagrado do homem.
Nosso espírito, enquanto neste mundo, está cercado de males que procuram destruí-lo
e é mister que vençamos para defende-lo.

A-DEFENDER-SE A SI MESMO
Da mesma maneira que alimentamos e cuidamos da saúde do corpo, devemos
alimentar e cuidar do espírito, deixado de praticar aqueles atos que o enfraquecem e o
tornam ineficiente no cumprimento da sua missão.
Todo mau desejo e as más tendências devem ser combatidos.

B-DEFENDER-SE DOS OUTROS


Todo homem tem o direito e dever de defender seu espírito através dos recursos
ao seu alcance.

II-DEVER DE CUIDADO PRÓPRIO

1-AMAR A SI MESMO
Se o amor próprio não é diretamente ordenado em qualquer parte da escritura,
pelo menos é subtendido em muitos lugares. Primeiramente, que a pessoa deve amar a
si mesma é subtendido no mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (LV
19.18; MT 23.39). Se essa norma ética, freqüentemente repetida, não comanda o amor
próprio, pelo menos parece que subtende que o amor próprio é certo. Parece estar
dizendo que o amor próprio é a base do amor aos outros, que a pessoa não pode
sequer amar aos outros a não ser que ame a si mesma. Mas se a pessoa não respeitar
o bem que Deus criou nela mesma, como está esperando dela que respeite o bem da
criação de Deus nos outros lugares?
O ensino de Paulo parecia confirmar esta interpretação do mandamento no
sentido de amar aos outros como a si mesmo. Escreveu :”Pois ninguém jamais odiou a
sua própria carne, antes a alimenta e dela cuida...” (EF 5.29). Nada há de errado com
isso. Cada um deve cuidar de si mesmo. O respeito próprio é moralmente necessário. O
homem não tem mais direito de odiar o bem criado por Deus nele mesmo do que
qualquer outro lugar.

2-CUIDADOS DO CORPO
Para se ter um corpo cuidado e saudável é necessário que se observem às leis
físicas. A desobediência delas trará prejuízos para o cumprimento da nossa missão.
Geralmente as doenças são os resultantes destas desobediências ás leis físicas. O
ascetismo é condenado pela ética, porque prejudica a saúde do corpo.
Obs.: Ascetismo diferente de disciplina

O cuido do corpo inclui:


A-COMIDA – O QUE COMER
O Corpo precisa de uma dieta equilibrada entre carbonato, nitrato e fosfato. Diz-se que
o brasileiro não sabe comer. Devemos comer o que precisamos e não o que gostamos.
Como quer : “cavamos a nossa sepultura com os dentes”.
Mastigar bem o alimento até reduzi-lo o mais possível é fundamental. Isto implica em
gastar tempo. O tempo para a alimentação deve ser planejado e suficiente. Correrias,
tensão e atropelos ás refeições prejudicam a saúde.

B-A BEBIDA
Mais de ¾ de nosso corpo é água. Devemos sustentá-lo com água pura, bebendo até
mesmo sem sede.

C-O AR
É nosso dever procurar respirar o ar mais puro, pois o ar poluído é causa de séries de
moléstias como tuberculose, alergias, etc.

D-HIGIENE
Calcula-se quem em 24 horas passe um quilo de líquido pelos poros. Portanto, a pele
deve ser limpa para que esses poros não sejam obstruídos pela sujeira, causando
assim prejuízos á saúde física. O banho diário é indispensável e escovar os dentes pelo
menos três vezes ao dia constituem medidas higiênicas importantíssimas.

E-EXERCÍCIO FÍSICO
O corpo é uma máquina que enferruja quando não é usada, por isso a ética ensina o
dever do exercício para promover o bem-estar do homem por causa da missão

F-DESCANSO
Há limites para as atividades físicas e não temos o direito de ultrapassá-las. O
descanso promove reposição de energia gasta no trabalho e temos o dever de estar
sempre com a energia recarregada para evitar o stress tão comum em nossos dias.
Todo estressado é um transgressor da lei física do descanso.

3-CUIDADOS DO ESPÍRITO
Diz a organização mundial de saúde, que a saúde é a sensação de bem-estar físico e
mental. Quer dizer que a saúde envolve o indivíduo por completo.

Seu espírito precisa de cuidados para ser sadio:


A-DIETA: O espírito alimenta-se do reino espiritual. Esta alimentação consiste da
verdade e das relações sociais. É impossível o espírito alimentar-se bem sem conhecer
a verdade e sem manter relações com o próximo e com Deus.
Jesus se apresentou como o melhor alimento para o nosso espírito (JO 4.10; 6.35;
14.6).
A bíblia é outra fonte de verdade para a dieta do espírito.

B-AMBIENTE
É direito e dever do indivíduo afastar seu espírito de um ambiente mau para o seu
desenvolvimento como precisa e os amigos são um fator de extrema importância neste
caso.

C-PUREZA
Jesus disse: “Bem aventurados os limpos de coração”...
Em SL 51, Davi orou:”Dá-me, ó Deus um coração puro”...
Os espíritos mais belos e mais sadios são puros.
D-EXERCÍCIO ESPIRITUAL
O espírito também atrofia se não for exercitado, trabalhando na prática do bem. (I TM
4.7,8; HB 5.14)

E-DESCANSO ESPIRITUAL
Só em Jesus o espírito encontra descanso (MT 11.28).

III-DEVER DE SUSTENTO PRÓPRIO (CONTRA A POBREZA)


Todos têm o dever de lutar contra a pobreza e adquirir os meios necessários á
subsistência. Para tal, cada indivíduo tem o dever de trabalhar para seu sustento, pois
a preguiça é condenada pela ética e é considerada pela sociedade como um dos sete
pecados capitais.

1-O SUSTENTO DO CORPO


A natureza é a base de toda a riqueza material e o homem tem o dever de
aproveitar-se dela fazendo com que ela lhe dê em abundância todo o necessário para o
sustento do seu corpo.
O que faz a diferença básica entre uma nação civilizada e uma atrasada é a questão do
aproveitamento do que a natureza pode lhe oferecer.
Deus concedeu ao homem poder sobre a natureza, mas não se pode abusar deste
poder. Muitas pessoas abusam dos animais e qualquer mau trato infligido a eles é
condenado pela ética (PV 12.10)
Muitos paises já criaram a sociedade protetora dos animais.
A ética condena também o costume de matar animais só por lazer, para mostrar que
hábil atirador.

O DEVER DE SUSTENTO PRÓPRIO ENVOLVE OS SEGUINTES ASSUNTOS

A-INDÚSTRIA
Todo homem deve dedicar-se a um trabalho para produzir o necessário para a
subsistência.
O parasita humano é severamente condenado pela ética cristã. Ninguém tem o direito
de levar vida ociosa (PV 12.11; 14.23)

B-ECONOMIA
Economizar os resultados do trabalho é dever de cada indivíduo. Não e certo gastar
tudo o que ganha como se estivesse no último dia de vida. O que assim procede não
terá o suficiente para o seu sustento e viverá na dependência alheia. A ética cristã
condena todo tipo de dependência voluntária da sociedade.

2-O SUSTENTO DO ESPÍRITO


Alimentamos o espírito com:
A-A VERDADE
É o pão do espírito e por isso deve ser buscada com toda diligência.

B-RELAÇÕES SOCIAIS SADIAS


O homem não foi criado para viver em isolamento. Necessita para seu desenvolvimento
saudável de se relacionar com o próximo. Este relacionamento precisa contribuir para
fortalecer o espírito, e por esta razão deve ser o mais belo possível. Devemos oferecer
a nós mesmos as mais perfeitas relações pessoais que possamos conseguir. Entre elas
está os relacionamentos pessoais. A ética determina que todo indivíduo cultive as
melhores relações sociais com os homens e especialmente com Deus.

C-BELEZA
O criador encheu o universo de coisas belas e podemos contemplar montanhas, rios,
estrelas, o nascer do sol e o pôr-do-sol, etc. Observar estas coisas eleva o espírito.
Devemos também procurar a beleza das pessoas de bom caráter e conviver com elas
para enriquecer nosso espírito.

D-BONDADE
É outro tesouro que o espírito deve possuir e precisamos nos dedicar a possuí-las
porque Deus nos dá abundantemente. Possuí-la requer esforço e até sacrifício.

IV-DEVERES DE CULTURA PRÓPRIA


Todo homem recebe de Deus poderes físicos e espirituais para serem desenvolvidos no
cumprimento da sua missão. Uns recebem mais, outros menos. Mas o fato é que todos
recebem e não é a quantidade destes dons que conta, mas a qualidade. Assim, é dever
de todo indivíduo cultivar e desenvolver estes dons ou haverá de perde-los. Todos
recebem oportunidades para este cultivo e todos passam por dificuldades e a diferença
entre o homem bem sucedido e o fracassado está em transformar as dificuldades em
oportunidades.
Demóstenes, grande orador grego é um exemplo para nós, pois sendo gago tornou-se
o maior orador de todos os tempos, graças a sua tenacidade.
Ao cultivarmos nossos poderes físicos ou espirituais, cuidamos em desenvolve-los
simetricamente para que haja harmonia e perfeição entre eles (equilíbrio).

1-A CULTURA FÍSICA GERAL


Podemos considerar a cultura física no âmbito e no especial.
A ética determina ao homem o dever de cultivar o físico como base de segurança para
as operações do espírito.
O dever de cultura física é de vital importância, já que a relação entre o corpo e o
espírito é profundamente íntima. É dever do homem cultivar sistematicamente todos os
sistemas do organismo muscular, nervoso, digestivo etc em perfeito funcionamento.
Isso envolve a cultura dos sentidos e dos poderes de ação e expressão.

CULTURA DOS SENTIDOS


Audição, visão, paladar, olfato e tato. Esses cinco sentidos devem ser cultivados para
aperfeiçoar a comunicação com o mundo de tal maneira que sejam fiéis e não
enganosos.

CULTURA DOS PODERES DE AÇÃO E EXPRESSÃO


O corpo é o meio de expressão e manifestação do que se passa no interior, que é o
espírito e é também o meio para o homem receber comunicação e impressões do
mundo exterior e por isso deve ser cultivado da melhor maneira possível.

2-CULTURA FÍSICA ESPECIAL


Cada vocação exige uma cultura própria especial, pois ela visa dar ao homem, os meios
pelos quais possa cumprir sua missão mais eficientemente.
Assim um advogado necessita de um tipo de cultura física, diferente da que necessita
um lutador de boxe.

3-CULTURA ESPIRITUAL
Todo indivíduo tem o dever de desenvolver diligentemente seu espírito, já que ele é
imortal, isto se reveste de importância suprema.
Para desenvolver o espírito é necessário:
-Ter desenvolvimento exato do espírito do indivíduo;
-Ter conhecimento de verdadeira teoria da educação;
-Aplicar essa teoria ao desenvolvimento espiritual.
Como ser racional, o homem tem o dever de educar-se a si mesmo, desde o berço até
o túmulo. Consideremos cada um desses três requisitos da cultura espiritual.

A-CONHECIMENTO DO ESPÍRITO INDIVIDUAL


Além da necessidade de se conhecer a psicologia geral do homem como parte da raça
humana, há necessidade de se ter um conhecimento da psicologia particular do
indivíduo, pois cada pessoa é diferente da outra. Precisamos conhecer a diferenças e os
pontos em comum uns dos outros.

B-CONHECIMENTO DA VERDADEIRA TEORIA DA EDUCAÇÃO


O fim de toda educação é desenvolver e cultivar os poderes das pessoas. Educação é
mais do que adquirir fatos: é sim assimila-los. É exercitando que desenvolvemos
nossos poderes. Ex.: como cultivar a memória? Decorando. Como cultivar a razão?
Raciocinando.

São quatro os poderes do intelecto:


-cognitivo: faculdade de observar, sintetizar;
-conservativo: faculdade de reter na memória;
-comparativo: faculdade de julgar, raciocinar;
-construtivo: faculdade de planejar, organizar.

Aplicação da teoria ao desenvolvimento espiritual da educação á cultura própria.


Vale a pena cultivar nossos poderes, pois os resultados são grandes e compensam os
esforços feitos.

4-CULTURA DO INTELECTO
Todo empenho deve ser feito no sentido de vencer os inimigos que impedem a cultura
do nosso intelecto.

Vejamos alguns destes inimigos:


-IGNORÃNCIA
É a coisa mais cara que existe! Pagamos muito por nossa ignorância. O ignorante
jamais cumpre o dever consigo mesmo.

-ESTUPIDEZ
O estúpido não evita, não julga, não pergunta, mas satisfaz-se com sua estupidez. O
ignorante é ignorante porque não sabe, mas o estúpido é porque não quer saber.

-IMPRUDÊNCIA
É a falta que consiste em não se avaliar bem as conseqüências dos atos cometidos.

-PRECIPTAÇÃO
O precipitado tem pressa de chegar a uma conclusão sem a devida reflexão. Ele não
relaciona e nem espera o momento certo, mas julga e age precipitadamente e sempre
incorre no erro.

-CREDULIDADE E CETICISMO
São duas formas opostas do mesmo vício do intelecto. O crédulo acredita em tudo que
vê e ouve, sem fazer distinção entre a fantasia e a verdade, entre a estória e a história.
O céptico é o oposto. Duvida de tudo e de todos. Falta tanto ao crédulo quanto ao
céptico, o uso do poder comparativo do intelecto. Falta-lhes raciocínio.

5-CULTURA DOS SENTIMENTOS


O sentimento é o poder que move a ação e por este motivo deve ser cultivado. É
nosso dever amar que é amável e desejar o que é desejável. Nada há de errado em se
amar e desejar o que é digno do nosso amor e do nosso desejo.
Os sentimentos devem ser cultivados com diligência, mesmo porque são os motivos da
ação. São eles que movem as pessoas para conquistas e para o progresso.

Eles têm dois inimigos que o indivíduo precisa combater:


-A INSENSIBILIDADE
Ninguém tem o direito de ser insensível aos sofrimentos da humanidade. Não é possível
cumprirmos a missão dada por Deus sem cultivar a sensibilidade para com o que ocorre
tanto com os felizes tanto com os menos afortunados. A bíblia manda chorar com os
que choram e se alegrar com os que se alegram.

-A PAIXÃO
É o resultado que se dá aos sentimentos toda a liberdade, deixando-os sem disciplina
e sem qualquer cultura. Os sentimentos indisciplinados transformam-se em paixão,
dominam a razão, desobedecem á vontade e anarquizam completamente a pessoa. A
paixão é um sentimento indisciplinado e como tal, deve sr combatido, mas há paixão
por coisas dignas e boas, que consiste em ter sentimentos disciplinados, treinados,
dirigidos e que devem ser cultivados. O que estraga é o seu objetivo, devemos nutrir
os mais altos e nobres possíveis.

6-CULTURA DA VONTADE
A vontade é o poder executivo da pessoa, o que dirige todos os seus outros
poderes pessoais.
É a vontade que determina a ação que vai seguir. Ela tem três inimigos a serem
combatidos.

-SERVILISMO
É a atitude que permite á pessoa entregar-se totalmente á direção de outra. O servil
não tem vontade própria, é um fraco que faz tudo para agradar a todos, e assim não
pode cumprir sua missão.

-INDEPENDÊNCIA
O oposto do servilismo, é a vontade que o indivíduo tem de querer ser independente,
mas que não deve ser exagerada.

-INCONSTÂNCIA
É a falta de decisão. Para cumprirmos nossa missão precisamos de vontade forte
decisiva e bem orientada. A inconstância determina fatalmente a derrota na vida da
pessoa. A bíblia, através da epístola de Tiago, condena o inconstante dizendo que ele
não consegue nada da parte de Deus em seus pedidos.

7-CULTURA DO GOSTO
Significa a faculdade de amar e apreciar coisas belas como a música, a poesia, a
pintura, a natureza, o mar, os seres vivos, etc.. Esta faculdade precisa ser cultivada. O
gosto é mais um meio pela qual o homem pode enriquecer a sua personalidade.

8- CULTURA MORAL E RELIGIOSA


É o cultivo da consciência para o que não venha a ser cauterizada, endurecida,
não confiável. A consciência precisa nos orientar firmemente, julgando-nos,
condenando-nos ou aprovando nossos atos.

V- ÉTICA SOCIAL
Ética social é a parte prática que trata da aplicação das leis morais ao
procedimento do homem em relação ao seu próximo. Este dever se acha resumido nas
palavras de Jesus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. A ética social ensina que
o homem deve fazer ao próximo tudo o que faz a si mesmo. Somos por natureza
dependentes uns dos outros, devemos, portanto, firmar a nossa vida neste princípio de
auxílio mútuo, pois o auxílio mútuo é necessário, a fim de que todos cumpram os seus
deveres.
Há uma relação muito íntima entre o direito e o dever, pois o direito de um é o
dever do outro. Assim, temos sempre a expressão: “O direito de um é sempre o dever
de outro”. Dividiremos a discussão da ética social em:
-ética social geral;
-ética doméstica;
-ética civil

1-ÉTICA SOCIAL GERAL


Baseia-se na relação do homem para com a raça, isto é, trata dos deveres gerais
do homem para com o seu próximo em todas as partes do mundo, fazendo divisões
semelhantes ás da ética individual.

2-ÉTICA DOMÉSTICA
A família, como célula-mãe da sociedade, vivendo em harmonia diante de Deus e
dos homens, com cada um de seus integrantes cumprindo seus deveres: conjugais,
sociais e econômicos.

3-ÉTICA CIVIL
Corresponde á sujeição do indivíduo e da coletividade aos poderes legalmente
constituídos (executivo, legislativo, judiciário) e suas leis e obrigações e de usufruir de
seus direitos como cidadão.

DEVERES DE CONSERVAÇÃO SOCIAL


O nosso próximo tem o direito á conservação da vida, ao exercício livre dos seus
poderes, ao governo dos seus bens e á verdade em todas as suas relações.

Consideramos cada um destes deveres:

PRESERVAÇÃO DA VIDA
A continuação da vida do homem é a base de todo exercício de seus poderes.
Temos, portanto, o mesmo dever para com o nosso próximo no sentido que temos para
com o nosso próprio ser. Como os atos mais condenáveis cometidos contra o próximo
nascem do ódio, temos o dever sagrado de arrancar do nosso coração todos os
sentimentos maus e substitui-los pelo amor, que a ninguém faz mal. O estudo e o
estado do coração do homem, é, portanto, fundamentalmente para o desenvolvimento
e entendimento do que é ética.

HOMICÍDIO EM DEFESA PRÓRPIA


É justificável diante das leis dos homens, mas difícil de ser justificado segundo as
leis divinas.

HOMICÍDIO DEVIDO ÁS PAIXÕES MOMENTÂNEAS


É condenável, tanto pela lei divina quanto pela lei dos homens. A condenação é
dupla, porque se deixou levar pela paixão do momento e por ter tirado a vida do seu
semelhante.

O HOMICÍDIO PREMEDITADO
Também é condenado e ainda com mais severidade. Em alguns países os
criminosos que cometem crimes planejados, tirando vidas de seus semelhantes são
condenados á morte. Em outros países são punidos com a prisão perpétua.
PRESERVAÇÃO DA SAÚDE
Uma vez que a boa saúde é importante numa vida para o bom êxito da sua
missão, é dever do homem procurar conservar a vida do seu próximo em pleno vigor. E
também é nosso dever evitar tudo quanto enfraqueça e ponha em perigo a saúde de
nossos vizinhos.

PRESERVAÇÃO DA LIBERDADE
A liberdade é um direito natural do homem, pois onde não há liberdade não pode
haver responsabilidade. A liberdade é essencial ao cumprimento da nossa missão.
Consiste no uso justo e correto dos poderes pessoais,a fim de cumprir esta missão
moral aqui na terra.
É dever do estado reprimir o homem que abusa da sua liberdade, pois quem sai
fora dos seus limites prejudica seus semelhantes.
É também dever do estado restringir a esfera de ação do louco, pois tal pessoa não
esta em condições de usar a liberdade.
O pai pode e deve restringir a liberdade do filho devido a sua falta de experiência
e juízo. A liberdade só lhe deve ser concedida na medida que o filho for adquirindo
capacidade para usar dela sem prejudicar a outrem. A lei de conservação social proíbe
a escravidão, pois não há justificação alguma para escravizar o nosso semelhante e é
injustiça sob todos os pontos de vista: econômico, filosófico, social e religioso.

VI-PORQUE FAZER A AÇÃO SOCIAL

1-A BENEVOLÊNCIA SOCIAL É UM BOM TESTEMUNHO DE CRISTO


Em vários lugares no novo testamento esta subtendido que o cristão deve fazer o
bem social como um bom testemunho da sua fé. Isto esta subtendido nas razões de
Paulo para obedecer os governantes. Disse “é necessário que lhe estejais sujeitos... por
dever de consciência.” (RM 13.5). Pedro escreveu:”Sujeitai-vos a toda instituição
humana, por causa do Senhor... Porque assim é a vontade de Deus, que pela prática
do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos (I PE 2.13,15). Recusar-se a
fazer o bem em nome de Cristo é trazer opróbrio sobre Cristo por omissão.

2-O BEM SOCIAL PODE AJUDAR A GANHAR OS HOMENS PARA CRISTO


Há indicações claras nas escrituras de que o bem social pode ser usado como
meio de alcançar os homens com o bem espiritual de evangelho. O apóstolo escreveu:
“Eu procuro em tudo ser agradável a todos... para que sejam salvos... “ (I CO 10.33).
Em outro contexto diz: “Fiz-me tudo para com todos, com fim de, por todos os modos,
salvar alguns”. (I CO 9.22). Faz bom sentido, que os homens serão mais receptivos ao
pão espiritual da vida se lhes for dado algum pão físico para seu corpo. As missões
cristãs de salvamento e os missionários médicos já demonstraram a eficácia desse
raciocínio.

3-FAZENDO O BEM POR AMOR A ELE MESMO


Parece que o bem social deve ser feito para Cristo, a Cristo, e para ganhar os
homens para Cristo, mas devem em qualquer tempo ser feito por amor a si mesmo? O
cristão deve ter uma razão evangélica para fazer o bem social? Tudo deve ser dirigido
para ganhar os homens para Cristo ou obter um galardão de Cristo? Se o exemplo de
Cristo for seguido, logo a resposta é claramente: não! Jesus praticava o bem social por
amor a este próprio bem. Curou 10 (dez) leprosos, sabendo que somente um deles
voltaria para agradecer (LC 17.13). Além disso, Jesus insistia em que se fizeste o bem
aos inimigos que não retribuiriam o favor (MT 5.43,44) e aos mercenários que não
poderiam pagar a bondade (LC 14.12,13). O cristão, seguidor de Cristo, deve fazer
qualquer bem que puder, meramente porque é o bem, quer alguém o aprecie ou seja
levado a Cristo, quer não. O amor de Jesus por Judas, embora soubesse que Judas o
trairia, é exemplar nesse aspecto.

7-A VERACIDADE EM RELAÇÃO A REPUTAÇÃO DO PRÓXIMO


A reputação é uma das coisas mais preciosas que o homem possui e por isso
mesmo devemos ter o máximo cuidado com a reputação do nosso próximo. A
reputação é o que os outros dizem que somos, ao passo que o caráter é aquilo que o
homem é. Assim como nossa reputação está em mãos de outrem, não temos o direito
de atribuir a uma pessoa boa reputação quando seu caráter é mau. Do outro lado, a lei
de conservação social proíbe falso testemunho, detração, calúnia, e a inveja, pois esses
são os instrumento pelos quais o homem procura desmanchar a reputação do próximo.

O FALSO TESTEMUNHO
É o que se presta perante a autoridade civil depois de haver feito juramento e é
condenado, não só somente porque despreza as reações humanas, mas é também por
ser afronta a Deus, visto que o juramento foi feito.

DETRAÇÃO
É talvez o meio mais comum de injúria á reputação de uma pessoa, pois consiste
em “coisinhas”. O detrator revela segredos. Na vida há coisas que não há necessidade
ou não podem ser divulgadas. O detrator é o fofoqueiro que, muitas vezes, além de
espalhar o que se sabe ou descobriu, delata o seu próximo e ainda costuma
acrescentar coisas por sua própria conta. Esse acrescentamento faz parte da calúnia. A
detração estraga o bom nome de uma pessoa e a coloca mal vista e ás vezes em
perigo.

A CALÚNIA
Consiste em prejudicar a boa reputação de uma pessoa pela mentira, porque
pela verdade não se pode caluniar a ninguém. Portanto, o caluniador cai em dois erros
graves: o de mentir e o de prejudicar a boa reputação de seu semelhante.

A INVEJA
É a fonte de muitos males que prejudicam a reputação de nosso semelhante. É
um vício que se esconde sempre em corações mesquinhos. A pessoa que alimenta a
inveja confessa a sua inferioridade, pois ela só tem inveja de quem é
reconhecidamente melhor que ela.

1-NÃO FALE MAL DOS COMPANHEIROS


Se não podemos falar bem de alguém pelo menos não falemos mal. Tiago, o
escritor sacro, que defendeu o cristianismo positivo, isto e, a moral cristã em termos de
boas obras, fez esta exortação, que é uma grave advertência:
“Irmãos, não fale mal um dos outros. Aquele que fala mal do seu irmão, ou seja, julga
seu irmão, fala mal da lei. Ora, se julgas a lei, não é observador da lei, mas juiz.” (TG
4.11).
Se isso é verdade em relação ao crente muito mais o é quando se trata de um
ministro de evangelho, que tem maior conhecimento bíblico e conseqüentemente,
maior parcela de responsabilidade perante Deus e a igreja. Falar mal do companheiro
ou do colega é antiético e antibíblico. E cria situações embaraçosas para o próprio
ministro. Paulo, em RM 14.19 diz: “Sigamos, pois as coisas que servem para a paz e
para edificação de uns para com os outros.
O ministro deve dar toda honra possível a seus colegas, nunca falando mal de
qualquer um deles, principalmente daqueles que antecederam no pastorado. Essa
exortação é válida e está embasada em princípios cristãos e éticos. Além do mais,
refrear a língua preserva a saúde e é prova de autocontrole e de uma vida espiritual.

VIII-A ÉTICA E A VERDADE


O sacerdote de Cristo quando mente, ou melhor dizendo, vive mentindo, em que
pese dize-lo, perde sua condição de sacerdote vocacionado por Deus e passa a ser um
sacerdote biônico, um oportunista. Nada justifica a mentira nos lábios de um crente,
especialmente, quando se trata de um ministro do evangelho. Quando um sacerdote
falta com a verdade e mente, conseqüentemente perde sua força mora e, além disso,
passa a ter dramas de consciência em relação a Deus na vivência na comunhão do
espírito.
As chamadas mentiras brancas ou amarelas não passam de uma farsa e
merecem o repúdio dos filhos de Deus, são meros sofismas forjados pelo pai da
mentira para embotar a consciência cristã. Paulo recomenda aos diáconos para não
terem língua dobre, isto é, que sejam de uma só palavra (I TM 3.8). Os ministros, sem
nenhuma dúvida, são contemplados nesta recomendação proibitiva. Falando aos
discípulos o Senhor Jesus fez esta admoestação: Seja, porém, o vosso falar sim, sim, e
não, não, porque o que passa disso é procedência maligna. (MT 5.37).
O sábio Salomão sob inspiração divina escreveu esta advertência: A testemunha
verdadeira livra a alma, mas o que desboca em mentira é enganador (PV 14.25). A
bíblia diz que Deus aborrece a língua mentirosa (PV 6.16,17). E mais: “O que profere
mentira, não escapa.” (PV 19.5). Escrevendo aos efésios Paulo fez essa recomendação:
“Deixais a mentira e falem a verdade cada um com seu próximo.(EF 4.25)”.

Aos obreiros do Senhor: Atentai para esta palavra, de ordem emanada do


altíssimo “Eis as coisas que deveis fazer: falai a verdade cada um com seu próximo,
executai juízo nas vossas portas segundo a verdade, em favor da paz.” (ZC 8.16). Fugir
a essas normas bíblicas é de todo desaconselhável, porque “...Nada podemos contra a
verdade senão em favor da própria verdade” (II CO 13.8).

XIX-TENHA LINGUAGEM SÃ
O obreiro que tem a experiência da regeneração e se santifica além dos cuidados
em relação ao seu corpo, deve ter linguagem sã, ungida e santificada pelo Espírito
Santo. Escrevendo a igreja de éfeso, Paulo recomenda que não deveria haver entre
eles conversas vãs ou chocarrices, coisas essas inconvenientes, antes pelo contrário,
ações de graça (EF 5.4). Se ao crente comum, leviandades dessa espécie na linguagem
são totalmente proibidas, que dizermos em relação aos ministros de Deus. Aos quais
tem o dever sagrado de ser padrão dos fiéis na palavra, no procedimento e na pureza
(I TM 4.12).
O obreiro evangélico, em face das muitas advertências da palavra de Deus, não
deve contar piadas irreverentes que envolva coisas sagradas e, especialmente, o nome
de Deus, que é três vezes santo. O terceiro mandamento traz uma advertência que
inspira temor, o qual está empregado nos seguintes termos: Não tomarás o nome do
Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente aquele que toma o
seu nome em vão (EX 20.7).
O apóstolo Paulo, escrevendo aos efésios, contrasta a conduta dos filhos da luz,
com o comportamento dos filhos das trevas, não só nos atos, mas também nas
palavras, usando estes termos: não seja cúmplice nas obras infrutíferas das trevas,
antes, porém, reprovai-as porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha
(EF 5.11,12). Em CL 4.6, encontramos o seguinte registro: a vossa palavra seja
sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada
um. Falando aos discípulos o Senhor Jesus disse: “Tende sal em vós mesmos” (MC
9.50). Essa metáfora significa linguagem sã, pura, compatível com a dignidade do
evangelho, convém lembrar a exortação de Paulo aos crentes em éfeso: ”Não saia de
vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação
conforme a necessidade, e assim transmita graça (graça divina) aos que ouvem” (EF
4.29).

TOXICOPATOLOGIA

CONHECIMENTOS BÁSICOS

MACONHA
O primeiro registro do uso de cannabis aparece no livro Book of Drugs, escrito
em 2737 ac, pelo imperador chinês Sheb Nung, ele prescrevia cannabis para
tratamento de gota, malária, dores reumáticas e doenças femininas, aparentemente os
chineses tinham muito respeito pela planta.
Cannabis Satina, a planta da maconha cresce vigorosamente em várias regiões
do mundo. A maconha contém um grande número de concentração em THC que
determina a potência dos efeitos.
A concentração do THC também varia entre as três formas mais comuns de
cannabis satina, a maconha, o haxixe e o oléo de hash.
A maconha é a forma mais comum e utilizada no Brasil, é a mistura das folhas,
sementes, caules e flores secas da planta.
O haxixe é uma resina extraída da planta seca e das flores. É cinco a dez vezes
mais potentes do que a maconha comum.
O óleo de hash é uma substância viscosa ainda mais potente cujo THC é extraído
do haxixe ou da maconha com uso de um solvente orgânico, esse extrato é filtrado e
muitas vezes purificado.

VIAS DE ADMONISTRAÇÃO
Fumar maconha é o método mais comum de ser utilizado. A maconha tem uma
aparência marron-esverdeada, apresenta folhas secas é e mais comumente fumada
num papel de cigarro ou de seda. O produto final tem aspecto de cigarro e é conhecido
como “baseado”. Às vezes, a maconha é misturada com tabaco e fumado como cigarro.
O haxixe é mais comumente fumado em um cachimbo. Com ou sem tabaco. O
óleo de Hash é utilizado de maneira mais econômica em razão de sua alta potência
psicoativa. Algumas gotas podem ser colocadas no cigarro ou cachimbo ou o óleo pode
se aquecido e seu vapor inalado.

EFEITO DE USO AGUDO

ABSORÇÃO, METABOLISMO E EXCREÇÃO


O THC é rapidamente absorvido dos pulmões para a corrente sanguínea, onde
atinge um pico de concentração de 10 minutos após ter sido inalado. Porém, o declínio
da concentração sanguínea é igualmente rápido: apenas de 5 a 10% dos níveis iniciais
permanecem após 1 hora. Isso só deve ao rápido metabolismo e a distribuição da
substância no cérebro e outros tecidos. A absorção será muito mais lenta se o THC
tiver sido ingerido oralmente, e o estabelecimento dos efeitos pode demorar 1 hora ou
mais e permanecer por mais 5 horas.
O metabolismo do THC começa imediatamente nos pulmões (se tiver sido
inalado) ou no intestino (se ingerido oralmente), mas a maior parte da substância é
absorvida pela circulação sanguínea e levado ao fígado, onde é convertida em
metabólitos. Um destes metabólitos e 20% mais potente que o THC e penetra no
cérebro rapidamente.

EFEITOS FARMACOLÓGICO
O THC afeta primeiramente o funcionamento do sistema cardiovascular e do
sistema nervoso central. O aumento da pulsação é seu efeito fisiológico mais
observado. O THC e outros canabinóides agem por meio de receptores específicos nos
sistemas nervoso e central e periférico. A presença do THC agem no sistema nervoso
central hiperestimula o funcionamento do sistema canabinóide, cujos receptores estão
distribuídos pelo córtex, hipocampo, hipotálamo, cerebelo, amídala, girode cíngulo
anterior e gânglios de base. Como resultado desencadeam-se alteraçãoes cognitivas
(afrouxamento das associações, fragmentação do pensamento, confusão, alterações na
memória de fixação, prejuízo da atenção, alteração de humor, exacerbação do apetite e
dificuldades de coordenação motora em vários graus.

EFEITOS PSICOATIVOS
A principal razão para um uso tão indeterminado da maconha é a sensação de
“barato” que os usuários experimentam: trata-se de um estado alterado de consciência
caracterizado por mudanças emocionais, como euforia moderada e relaxamento,
alterações perceptivas, como distorção do tempo, e intensificação das experiências
sensoriais simples como comer, assistir a filmes, ouvir música e ter relações sexuais.
Quando a maconha é utilizada num contexto social, essas experiências são
acompanhadas de risadas, fala excessiva e aumento da sociabilidade. Nem todos os
efeitos da maconha são agradáveis. Ansiedade, disforia, pânico e paranóia são os
efeitos indesejáveis mais comumente relatados por usuários não familiarizados com
seus efeitos. Sintomas psicóticos, como delírios e alucinações podem ocorrer com o uso
de altas doses.

PRINCIPAIS EFEITOS DO USO AGUDO DA MACONHA

GERAIS
Relaxamento
Euforia
Pupilas dilatadas
Conjuntivas avermelhadas
Boca seca
Aumento do apetite
Rinite
Faringite

NEUROLÓGICOS
Comprometimento da capacidade mental
Alteração da percepção
Alteração da coordenação motora
Maior risco de acidentes
Voz pastosa (mole)

CARDIOVASCULARES
Aumento dos batimentos cardíacos
Aumento da pressão arterial

PSIQUICOS
Despersonalização
Ansiedade / confusão
Alucinações
Aumento do risco de sintomas psicóticos entre aqueles com história pessoal ou familiar
anterior
COMPLICAÇÕES FÍSICAS
Como o uso crônico da maconha prejudicam a imunidade das células de roedores.
Substâncias da maconha prejudicam os alvéolos, afetando o sistema imunológico. A
maconha por sua vez causa danos aos sistemas:
Cardiovascular
Respiratório
Produtor
Câncer

COMPLICAÇÕES PSIQUICAS
O número substancial em indivíduos que desenvolvem sintomas psicóticos após o
uso é muito freqüente. Os sintomas mais comuns são: confusão, alucinação
(principalmente visuais), delírios, habilidade emocional, aminésia, desorientação,
despersonalização e sintomas paranóides. Estas reações ocorrem após um uso pesado
da droga. Na maioria dos casos estes sintomas desaparecem com a abstinência.
O uso crônico da maconha pode precipitar a esquizofrenia em indivíduos
vulneráveis. O uso da maconha pode exacerbar os sintomas de esquizofrenia.
Os portadores de esquizofrenia podem fazer uso de maconha como forma de
medicar os sintomas desagradáveis, associados ou os efeitos colaterais dos
neurolépticos utilizados no tratamento, tais como depressão, ansiedade, letargia e
anedonia.

PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO


Não existe caso de morte por intoxicação confirmado na literatura médica
mundial por THC para matar um adulto. Mas os sintomas desagradáveis que podem
acompanhar o uso são ansiedade, pânico, medo intenso, disforia e reações depressivas.
Comadres psicóticos agudos tem sido descritos tanto em usuários crônicos como em
principiantes, e os sinais e sintomas freqüentes são inquietação motora, insônia, “fuga”
de idéias leves, alterações do pensamento.
O reasseguramento psicológico e a orientação para a qualidade, feita por
amigos e familiares, costumam ser suficientes.
Os benzodiazepínicos podem ser úteis nos quandros ansiosos agudos, assim
como psicóticos, se associados a algum neuroléptico. E a internação em clínicas de
especialidades para a desintoxicação.

COCAÍNA E CRACK

VISÃO GERAL
O uso da cocaína começou nos países andinos (Peru, Bolívia, Equador e
Colômbia). Há mais de 2000 anos, seu isolamento químico foi feito por um alemão,
chamado Albert Niemann, cujo trabalho foi publicado em 1860. O uso mais difundido
gera uma série enorme de complicações relacionadas que passaram a ser descritas
pela literatura médica. Tais evidências levaram os Estados Unidos a proibirem seu uso
e a cocaína quase desapareceu no começo do séc. XX. Seu reaparecimento acontecei
na década de 1980, como droga de elites econômicas. Na década de 1980 o consumo
de cocaína aumentou muito e várias razões contribuíram para isso. O aumento da
oferta, a redução do custo e a diversificação nas vias de administração (além de
aspirada, a cocaína passou a ser injetada e fumada).

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
A produção da cocaína começa com as folhas de coca e passa por vários
estágios até chegar a forma de cloridrato de cocaína, que é a droga na forma de sal,
vendido como pó. A cocaína em pó não pode ser fumada, pois é volátil, ou seja, grande
parte da sua forma ativa é destruída a altas temperaturas. Para poder ser fumada, o
sal da cocaína precisa retornar a forma de base, neutralizando-se o cloridrato ou a
parte ácida. O produto resultante é conhecido como crack ou cocaína freebase. Assim,
o crack não é uma droga nova, é uma forma de cocaína que pode ser utilizada pela via
pulmonar. Sua grande vantagem, do ponto de vista do usuário, é que a absorção via
pulmonar é mais rápida e produz, aparentemente um efeito mais intenso.
A cocaína pode ser usada por diferentes vias de administração: oral,
intranasal, injetável e pulmonar.
No Brasil a forma mais comum de uso da cocaína era a via nasal. No final da
década de 1980 a via injetável passou a predominar. Já no ano de 1995 a maioria dos
pacientes usava predominantemente a cocaína na forma fumada (crack).

EFEITOS DO USO AGUDO


Quando a cocaína é tomada oralmente (mascada) sua absorção é lenta e
incompleta, requer mais de 1 hora e 75% da droga é rapidamente metabolizada no
fígado. Somente 25% da droga alcança o cérebro.
A cocaína aspirada também é absorvida por dois motivos: somente uma
pequena quantidade atravessa a mucosa nasal, e o vaso de constrição gerada pela
própria cocaína, absorvendo de 20 a 30% da droga, os efeitos duram entre 30 e 60
minutos.
A cocaína injetada cruza todas as barreiras de absorção e alcança a corrente sanguínea
imediatamente, o tempo propício para atingir a região cerebral e instalar seus efeitos é
de 30 a 60 segundos, produzindo um rápido, poderoso e breve efeito.
Entretanto, para os consumidores ainda mais compulsivos é a via de
administração pulmonar.
A absorção da cocaína vaporizada e fumada é rápida e quase completa. Os seus efeitos
se instalam em segundo e duram 5 a 10 minutos. Por esta razão o uso do crack gera
uma dependência mais rápida que o uso endovenoso.

EFEITOS PSICOATIVOS
Os efeitos estimulantes da cocaína parecem aumentar as habilidades físicas e
mentais dos usuários. Eles experimentam euforia, exaltação da energia e da libido,
diminuindo o apetite, exacerbação do estado de alerta e aumento da autoconfiança.
Altas doses de cocaína intensificam a euforia, agilidade, a verbosidade, os
comportamentos estereotipados e alteram o comportamento sexual.

PRINCIPAIS EFEITOS DO USO AGUDO DA COCAÍNA E DO CRACK


GERAL-PSICOLÓGICO
Euforia
Sensação de bem estar
Estimulação mental e motora (ficar ligado)
Aumento da auto estima
Agressividade
Irritabilidade
Inquietação
Sensação de anestesia

GERAL FÍSICO
Aumento do tamanho das pupilas
Sudorese
Diminuição do apetite
Diminuição da irrigação sanguínea nos órgãos

NEUROLÓGICO
Tiques
Coordenação motora diminuída
Derrame cerebral
Convulsão
Dor de cabeça
Desmaio
Tontura
Tremores
Tinido no ouvido
Visão embaraçada

PSIQUICO
Desconfiança e sentimento de perseguição (paranóia)
Depressão (efeito rebote da intensa excitação)

SOCIAL
Isolamento
Falar muito
Desinibiçâo

RESPIRATÓRIO
Parada respiratória
Tosse

COMPLICAÇÕES FÍSICAS
Como se viu, a cocaína e outros estimulantes são amplamente distribuídos por todo o
corpo e as maiores concentrações acontecem no cérebro, baço, rins e pulmões.
CARDIOVASCULARES
Hipertensão
Arritimias
Cardiomiopatia e miocardite
Infarto de miocárdio
Isquemia do miocárdio
Endocardite

SISTEMA NERVOSO CENTRAL


Dores de cabeça
Convulsões
Hemorragias cerebral
Infarto cerebral
Edemia cerebral
Atrofia cerebral
Encefalopatia tóxica/ coma
Transtorno dos movimentos (tiques, reações distônicas, coreias)
Abcessos cerebrais

GASTRINTESTINAIS
Náuseas, vômitos, diarréias
Anorexia
Má nutrição
Isquemia intestinal
Perfuração do duodeno

CABEÇA E PESCOÇO
Ulceração da gengiva
Midríase
Erosões no esmalte dentário
Alterações no olfato
Rinite crônica
Perfuração do septo nasal

SISTEMA RENAL
Falha aguda renal

SISTEMA RESPIRATÓRIO
Tosse crônica
Dores torácicas
Hemoptisse
Pneumotórax
Hemopneutórax
Pneumomediastino
Pneumopericárdio
Asma
Lesões nas vias aéreas
Deterioração das funções pulmonares
Edema pulmonar
Ulceração ou perfuração do septo nasal
Sinusite
Colapso nasal

INFECÇÕES DECORRENTES DO COMPARTILHAMENTO DE SERINGAS


HIV
Hepatite B e/ou C
Tétano

OUTROS
Hipertemia
Morte súbita
Disfunções sexuais

OVERDOSE
Uma dose suficientemente alta pode levar á falência de um ou mais órgãos do corpo,
levando á overdose, que pode acometer qualquer tipo de usuário (crônico, eventual,
iniciante). A dose letal de cocaína depende da via de administração, para o uso oral é
de1 a 1,2 g de cocaína pura. O mais importante parece ser o qual rápido acontece o
aumento dos níveis da droga no cérebro.
A overdose acontece em duas fases:
Uma excitação inicial é seguida por fortes dores de cabeça, náuseas, vômitos e
convulsões severas. A esta fase segue-se á morte, pode ser muito rápida de 2 a 3
minutos ou durar cerca de meia hora. Alguém que sobrevive por mais de 3 horas tem
maior probabilidade de algum dano cerebral devido a falta e oxigenação.

COMPLICAÇÕES PSIQUIÁTRICAS
Altas doses de cocaína podem provocar alterações severas de comportamento
devido ao prejuízo da capacidade de perda da memória causando uma sensação
intensa de medo ou paranóia podendo levar o indivíduo a recorrer á violência,
manifestações psicóticas, alucinações e delírios podendo levar ao suicídio.

COMPLICAÇÕES SOCIAIS
As pessoas que usam drogas inicialmente para reduzir a inibição social e promover a
comunicação interpessoal, o uso pode provocar a paranóia prejudicando todo seu
convívio social.
Menor participação social
Prejuízo da capacidade para o trabalho
Comportamento violento
Atividades criminosa como furtos
Comportamento sexual de risco e infecções
Rompimento de vínculos familiares

SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA
Após o último uso da droga 12 horas ocorre uma drástica redução do humor e da
energia corporal. O usuário experimenta o craving (fissura), depressão, ansiedade e
paranóia. O craving por estimulante diminui de 1 a 4 horas após o forte desejo de
dormir. Esta fase começa de 12 a 96 horas após o crash e pode durar de 2 até 12
semanas. Decorrendo do aumento do número e da sensibilidade dos receptadores de
dopomina. A extinção ocorre quando completa os sinais e sintomas físicos. O craving é
o sintoma residual que aparece eventualmente, condicionando lembranças do uso e
seus prazeres, seu desaparecimento pode durar meses ou anos.

PRINCIPAIS COMORBIDADES
É comum encontrarmos usuários de cocaína com sintomas psiquiátricos como:
Transtornos afetivos
Transtornos de ansiedade
Transtornos de personalidade
Esquizofrenia
Transtorno de déficit da atenção e hiperatividade

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DEPENDÊNCIA DA COCAÍNA


A farmacoterapia não é para todos os usuários da cocaína e deve ser reservada para
aqueles cujos sintomas respondem ‘as medicações. Os medicamentos adjuntos
utilizados na dependência da cocaína são:
Agentes dopominérgicos
Agentes antidepressivos
Agentes antipsicóticos
Agentes antiepiléticos
Internações clínicas
ÁLCCOL

VISÃO GERAL
O uso do álcool é destacado na virada do século XVIII para o século XIX, após a
revolução Industrial. A produção do álcool a que o homem estava acostumado até o
século XVIII era artesanal e predominava, portando, as bebidas fermoiadas (vinho e
algum tipo de cerveja). Com a revolução industrial inglesa, passou-se a produzi-las em
grandes quantidades que diminuiu seu custo. Além disso, desenvolveu o processo de
destilação dos fermentados. Técnicas capazes de aumentar muito as contrações
alcoólicas, portanto todas essas mudanças permitiram que um número muito maior de
pessoas, passase a consumir álcool com freqüência. Também é caracterizada a
dependência do tabaco sendo determinada por processo biológico, comportamentais,
psicológicos e sócio-culturais.

EFEITOS DO USO AGUDO


Absorção, excreção e metabolismo do álcool.
O álcool ingerido via diretamente para estômago, onde uma pequena quantidade é
absorvida, a maior parte vai para o estômago para o intestino delgado, onde também
será absorvido. Em ambos os casos o álcool atravessa as “paredes” e alcança a
corrente sanguínea.
Na corrente sanguínea é distribuída por todo o corpo. È solúvel tanto em água,
quanto em gordura e, por isso acumula-se nos tecido com maiores quantidades de
água e pode atravessar a placenta até a circulação fetal. Órgãos com alta perfusão
(cérebro, pulmões e rins) apresentam níveis alcoólicos mais elevados que os tecidos
com pouco fluxo sanguíneo (músculos). O tempo necessário para atingir a
concentração máxima no sangue varia de 30 a 90 minutos, dependendo de
determinado fatores. Concentrações alcoólicas mais elevadas e a presença do dióxido
de carbono e bicabornato em bebida efervescente aumentam a absorção.
Se o estômago estiver vazio, a absorção é mais rápida, se estiver cheio é mais
lenta, mas em ambos os casos todo álcool será absorvido.
Quando o álcool sofre o processo de metabolismo no corpo humano que se converte
em substâncias tóxicas, a primeira passagem para este processo é no estômago, mas
de 90% a 98% do álcool é metabolizada no fígado, que tem uma capacidade limitada.
Isso significa que até que o fígado tenha tempo de metabolizar toda a quantidade
ingerida, o álcool ficará circulando por todo o corpo, inclusive pelo cérebro.
O caminho mais importante de metabolização de álcool no fígado é a oxidação.

EFEITOS FARMACOLÓGICOS DO ÁCOOL DOS DIVERSOS APARELHOS

SISTEMA CARDIOVASCULAR
Os efeitos do álcool sobre a circulação são pequenos, doses moderadas causam
um pequeno aumento temporário no ritimo cardíaco e vasodilatação, especialmente na
pele, provocando rubor facial. A pressão arterial, o débito cardíaco e a força de
contratilidade cardíaca não são significantes afetados por quantidades moderadas de
álcool, sendo que grandes doses, provocam um aumento do fluxo sanguíneo cerebral.

TEMPERATURA CORPOREA
Quantidade moderada de álcool podem levar a vaso-dilatação periférica e
sudorese. A sudorese aumentada pode, por sua vez levar a perda de calor e a uma
queda na temperatura corporal.

TRATO GASTRINTESTINAL
O álcool pode estimular a secreção gástrica pela excitação reflexa dos
terminais sensoriais na mucosa bucal, gástrica e por uma ação indireta sobre o
estômago, possivelmente envolvendo a liberação da gastrina. Bebidas com alta
concentração alcoólica causam inflamação do revestimento do estômago e produzem
uma gastrite erosiva. A intoxicação alcoólica causa a parada das funções
gastrintestinais secretoras e motoras.

RINS
O álcool diminui a secreção de um hormônio antidiurético. O efeito diurético
provocado é proporcional á concentração de álcool no sangue. O álcool não causa
prejuízos à estrutura ou funcionamento dos rins.

RESPIRAÇÃO
Quantidades moderadas de álcool podem estimular ou deprimir a respiração,
sendo que, grandes quantidades produzem depressão respiratória.
SISTEMA NERVOSO CENTRAL.
Os efeitos do álcool sobre o sistema nervoso central dependem da dose e do ritmo
de aumento da concentração alcoólica no sangue.

30mg% afetam a habilidade de dirigir veículos


50 a 100 mg% provocam mudanças de humor e comportamento
150 a 300 mg% geram perda do autocontrole (coordenação motora e da fala)
300 mg% evidencia intoxicação.
Indivíduos não tolerantes com concentração de 300 ou 500 mg% estarão gravemente
intoxicados (intoxicação alcoólica aguda), podendo seguir-se estupor, hipotermia,
hipoglicemia, convulsões, depressão dos reflexos depressão respiratória, hipotensão,
coma e morte.

EFEITOS PSICOATIVOS DO ÁLCOOL QUE FAVORECE A DEPENDÊMCIA.

REDUÇÃO DA ANSIEDADE
O álcool é um potente ansidrístico e este efeito parece ser amplamente mediado
por sua ação sobre o receptor gaba-a Agudamente, o álcool intensifica a ação do ácido
gama-aminobutírico (Gaba), o neurotransmissor inibitório mais importante do sistema
nervoso central.
O álcool também tem uma ação anestésica e pode induzir a aminésia, a qual
ocorre em concentração subanestésica da droga.
Algumas pessoas bebem para “esquecer” seus problemas, mas o que ocorre, é uma
certa tendência a aumentar a rigidez na forma de pensar e intensificar os sentimentos
pré-existentes. Assim, uma pessoa triste ficaria ainda mais triste. O álcool faz com que
os processos mentais ocorram na forma “preto ou branco”, ou a pessoa está muito
alegre, ou muito triste, ou muito dócil, ou muito agressiva.

AS DOENÇAS HEPÁTICAS ALCOÓLICAS


Os danos ao fígado constituem as conseqüências mais sérias do consumo
excessivo de álcool. Mudanças irreversíveis tanto na estrutura quanto no
funcionamento do fígado são comuns. A maioria das mortes (75%) atribuídas ao
alcoolismo é causada por cirrose.
a-Fígado gorduroso: o fígado aumenta a produção da gordura e o tamanho do mesmo,
podendo apresentar queixas inespecíficas de mal estar, cansaço, náuseas ou testes
anormais de funções hepáticas, ocasionalmente pode levar a icterícia obstrutiva.
b-Hepatite alcoólica: inflamação crônica do fígado, cujos sintomas são: perdas de
apetite, dores abdominais, náuseas, perda de peso. As graves tem 60% de
probabilidade de levar a morte.
c-Cirrose alcoólica: Ocorre quando o tecido hepático se enche de cicatrizes,
prejudicando a arquitetura normal do fígado, podendo levar a insuficiência hepática ou
a uma compressão dos vasos sanguíneos. Uma vez que a cirrose começa, é
irreversível.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
a-Arritimia: Perturbação do ritimo cardíaco normal.

-Hipertensão: O álcool é o segundo maior fator de risco (não genético)


c-Doenças Vascular cerebral ou derrame
d-Doença cardíaca coronariana
e-Miocardiopatia alcoólica: doença do músculo do coração caracterizada por um
coração aumentado e disfunção na contratilidade.

EFEITOS DO USO CRÕNICO


Com o uso prolongado do álcool, várias áreas físicas e psicológicas são afetadas:
-Doenças respiratórias
-Transtornos endócrinos
-Transtornos gastroenterológicos
-Transtornos metabólicos
-Transtorno do sistema nervoso central e periférico
-Síndrome fetal alcoólica
-Doenças de pele
-Supressão do sistema imunológico
-Alteração do funcionamento sexual
-Câncer

COMPLICAÇÕES PSIQUIÁTRICAS

EXPERIÊNCIAS ALUCINATÓRIAS
O início da evolução delirante acontece quando e paciente experimenta a súbita e
rapidamente, perturbação na percepção. O grau insight é característico imediatamente
quando o paciente desconfirma a realidade da alucinação. É um estado convulcional
tóxico de curta duração que habitualmente ocorre com o resultado da redução da
ingestão do álcool em indivíduos dependentes com longa história de uso. As
complicações de abstinência alcoólicas classificam em: alucinações vividas, acentuado
tremor, obnulação da consciência e confusão.
Estes sintomas normalmente ocorre de 20 a 50 horas após a última ingestão.

CONVULSÕES
Ocorrem em cerca de 5 a 15% dos indivíduos dependentes de álcool,
aproximadamente de 7 a 48 horas após a acessão da ingestão.
As convulsões são generalizadas tônicocrônicas “grande mal”, estão associadas a perda
de consciência, seguidas por movimentos convulsivos.

ALUCINOSES ÁLCOOLICAS
Alucinação mais tipicamente auditiva que ocorre após um período de pesado
consumo alcoólico. As alucinações são vividas de início agudo que intui sons de
“chiques”, rugidos, baladas de sinos, cânticos e vozes. Os pacientes expressam medo,
ansiedade e agitação e são decorrentes desta experiência:
-Transtorno psicótico delirante induzido pelo álcool
-Intoxicação patológica
-Black-out´s alcoólicos (episódios de aminésias induzidos)
-Depressão
-Suicídio
-Ciúme patológico
-Hipomania
-Ansiedade
-Transtorno de personalidade
-Transtorno alimentares
-Esquizofrenia

TABACO

VISÃO GERAL
A dependência da nicotina tem sido menos estudada que a dependência do álcool
e outras drogas, apesar de ser apontada pela organização mundial de saúde (ONS).
Como o problema da saúde pública número um é a maior causa de morbilidade e
mortalidade em muitos países. No Brasil, estima-se que mais de 200.000 pessoas
morrem por ano devido ao fumo. Os riscos de saúde associadas já haviam sido
reconhecidos desde a década de 1950. Por muitos anos discutiu-se se o uso do tabaco
era ou não uma dependência, uma parte importante de profissionais de saúde e
principalmente a indústria do fumo, relutou em aceitar a caracterização da nicotina
química como droga causadora de dependência. Também é caracterizada a
dependência do tabaco como sendo determinada por processos biológicos,
comportamentais, psicológico e sócio-culturais.
Apesar da fumaça do cigarro conter mais de 4.000 substância (60 delas são
cancerígenas), o fumante busca especificadamente a nicotina para obter o prazer e o
bem-estar. Fumar é um hábito que começa na adolescência e não devido aos efeitos
psicoativos da nicotina.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
A nicotina é principalmente absorvida pelos pulmões na forma de cigarros. Mas
também pode ser absorvida pela mucosa bucal: com o hábito de mascar rapé úmido ou
tabaco, charutos e cachimbos oferecem absorção tanto pelos pulmões quanto pela
mucosa bucal.
EFEITOS DO USO AGUDO

ABSORÇÃO, EXCREÇÃO E METABOLISMO


A mucosa nasal e bucal da pele e do trato gastrintestinal, pelos pulmões e
absorção é de 90%. Pelas mucosas, chega de 20 a 50%. A nicotina absorvida dos
pulmões é levada ao coração e dali é rapidamente distribuída por todo o corpo. Uma
boa parte do sangue contendo nicotina vai diretamente para o cérebro eleva cerca de 7
segundos para alcança-lo. Depois de aproximadamente 30 minutos a nicotina deixa o
cérebro e se concentra no fígado, rins, glândulas salivares, e estômago. A nicotina
cruza muitas barreiras inclusive a placenta, e pode ser encontrada no suor, saliva e no
leite materno.
A metabolização da nicotina é feita no fígado. Lá é transformada em dois
metabólicos inativos, sendo a cutina o principal deles (usado como coadjuvante no
tratamento farmacológico do tabagismo). A meia-vida da nicotina é variável estimam-
se que seja entre 30 minutos e 2 horas.

EFEITOS FARMACOLÓGICOS
A ingestão inicial da nicotina é geralmente uma experiência aversiva, com
náuseas, dores de cabeça e um mal estar generalizado, mas a tolerância a esses
efeitos desenvolve-se rapidamente. A nicotina pode estimular, deprimir ou perturbar os
sistema nervoso central. Dependendo da dose e da freqüência de utilização estas ações
são mediadas pelos receptores nicotínicos, que estão distribuídos por todo o cérebro e
pela coluna vertebral.
A ação aguda da nicotina no sistema nervoso central envolve vários
neurotransmissores:
-Liberação de dopamina, gerando euforia
-Liberação de noradrenalina, gerando aumento da freqüência cardíaca, náuseas,
vômitos, piloeração e melhora de atenção.
-Liberação da sertonina, gerando ansiedade
-Liberação de acetiucolina, gerando melhora de memória

EFEITOS PSICOATIVOS QUE FAVORECEM A DEPENDÊNCIA


A nicotina promove um rápido e pequeno aumento do estado de alerta,
melhorando a atenção, a concentração e a memória, ou seja, fumar cigarros de tabaco
produz um efeito estimulante rápido, semelhante aqueles descrito pelos usuários de
cocaína/crack.
A sensação de relaxamento e calma descrita pela maioria dos usuários tem sido
atribuída a inibição de sintomas desagradáveis da síndrome de abstinência em vários
estudos.
Além disso, diminui o apetite.

EFEITOS DO USO CRÕNICO

COMPLICAÇÕES FÍSICAS

DOENÇAS CARDIOVASCULARES
-Infário de miocárdio: O uso de cigarro representa o maior dos fatores de risco.
-Arteriosclerose: O uso de cigarros é o maior fator de risco
-Aneurisma da aorta
-Ataques de angina
-Doenças coronarianas

CÂNCERES
-Pulmão: de 75% a 85% dos cânceres de pulmão decorrem de uso de cigarro. O câncer
de pulmão é o tipo de câncer que mais faz vítimas.
-Laringe
-Cavidade uterina
-Esôfago
-Bexiga
-Rins

DOENÇAS PULMONARES
-Enfisema
-Bronquite crônica
-Infecção respiratória

EFEITOS SOBRE O FETO


Fumantes tem risco maior de:
-Aborto espontâneo
-Crescimento fetal defeituoso
-Nascimento pré-maturo
-Morte do neonatal
-Menor peso corpóreo
-Menor circunferência craniana
-Síndrome de morte repentina

COMPLICAÇÕES PSIQUIÁTRICAS
O uso de tabaco é comum entre pacientes psiquiátricos, e é mais prevalente
entre pacientes depressivos e psicóticos.
Fumantes com história passada ou presente de ansiedade, depressão ou
esquizofrenia terão menor probabilidade de parar de fumar e isso pode ser em
decorrência de vários fatores:
-Dependência e sintomas de abstinência aumentados
-Carência de suporte social
-Menores habilidade de enfrentamento
-O desejo de consumo pode ser desencadeado por estímulos ambientais relativamente
independentes do estado ou da necessidade fisiológica. É por isso que o indivíduo pode
ter um forte desejo de fumar anos após a interrupção do consumo.

PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO


A dependência da nicotina é um importante fator para manutenção do ato de
fumar. No entanto, outros fatores contribuem para a persistência do uso.

SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA
Principais sinais e sintomas da síndrome de abstinência da nicotina.

PSICOLÓGICOS
-Humor disfórico ou deprimido
-Insônia ou sonolência diurna
-Irritabilidade, frustração ou raiva
-Ansiedade
-Dificuldade para se concentrar e manter a atenção
-Inquietação
-Fissura

BIOLÓGICOS
-Frequência cardíaca diminuída
-Pressão arterial diminuída
-Aumento de apetite
-Ganho de peso
-Falta de coordenação motora e tremores

De uma maneira geral os tratamentos para a dependência de nicotina podem ser


agrupados em três tipos:
-Psicosociais
-Somáticos
-Terapia combinada (psicosocial e somáticos)

TERAPIAS PSICOSOCIAIS
O objetivo da terapia comportamental é mudar as cognições anteriores a
respeito do fumo, reforçar o não fumar e ensinar habilidades para evitar o fumo em
situações de risco. Trabalha com técnicas de treinamento de habilidades, prevenção de
recaída, controle de estímulos, redução de nicotina, relaxamento e feedback fisiológico.
TERAPIAS SOMÁTICAS
As terapias somática incluem terapia de reposição de nicotina, uso de medicação
que imitam os efeitos da nicotina, uso de antagonistas (para bloquear os efeitos
reforçadores da nicotina) e outras medicações, sendo que as duas primeiras são as
principais formas de tratamento deste grupo.

TERAPIA COMBINADA
O objetivo da terapia combinada é oferecer tratamento para síndrome de
abstinência e, concomitantemente desenvolver habilidades de não fumar.
O tratamento psicosocial não é essencial para obter resultados com os
tratamentos somáticos. No entanto é importante notar que a terapia combinada
aumenta consideravelmente o número de pessoas que param de fumar, quando
comparada aos tratamentos isolados.
Assim, a combinação da terapia psicosocial e somática é o tratamento
recomendado.

TERAPIA DE REPOSIÇÃO DE NICOTINA


Objetivo da terapia de reposição de nicotina é o alívio dos sintomas de
abstinência, permitindo ao paciente concentrar-se nos fatores comportamentais e
condicionantes. Essa reposição é feita através de adesivos transdérmicos, gomas de
mascar. Esse tipo de administração de nicotina deve ser gradualmente reduzido de
forma a evitar que o paciente sofra os sintomas de abstinência.
-Bupropiona: conhecido como comozyban
-Nortriptilina: conhecido como pamelor
Ambos são antidepressivos na ação da nicotina, agindo como anti nicotina, nas regiões
do prazer (sistema de recompensa cerebral).

EVANGELISMO E MISSÕES

O QUE É EVANGELHO?

1-ETIMOLOGIA
A palavra ”evangelho” vem de duas palavras gregas: “eu”, que quer dizer
”bom”, e de angelia, que significa “mensagem, noticia, novas” Assim a palavra
euuangelion que quer dizer “boas novas, noticias alvissareiras”. Essa palavra aparece
tanto no antigo testamento como na literatura extra bíblica.
No hebraico é bessorah, que a Septuaginta traduziu por euuangelion.
Originalmente significava “pagamento pela transmissão de uma boa noticia”. Com o
tempo passou a ganhar novo significado no mundo romano de fala grega, em
virtude do culto ao imperador, pois a palavra euuangelion era usada para anunciar o
nascimento deste ou a sua coroação.
EUANGELIZOMAI (Aristófanes), evangelizo, uma que só se encontra no grego
posterior juntamente com o substantivo adjetival euuangelion (Homero) e o
substantivo euangelos (Ésquilo), todos derivados de angelos, “mensageiro” (é provável
que originalmente fosse uma palavra iraniana tomada por empréstimo), ou do verbo
angelló, “anunciar” (anjo). Euangelos, “mensageiro”, é aquele que traz uma mensagem
de vitória ou quaisquer outras notícias que causam alegria.

2-NOVO TESTAMENTO
Esse vocábulo, que e encontrado 76 vezes em todos o novo testamento, só
aparece no singular; o verbo euuangelizo, ”evangelizar”, 54; e euuangelistes,
“evangelista” 03. O Senhor Jesus Cristo é o conteúdo do evangelho; sua vinda, seu
ministério terreno, seu sofrimento, morte e ressurreição RM (1.1-7).
É a mensagem de Cristo que salva o pecador (JO 3.16). É o meio empregado por
Deus para a salvação de todo aquele que crer (I CO 15.2). Só através do evangelho é
que o homem conhece a salvação na pessoa de Jesus. O evangelho de Cristo é a
única resposta para este mundo que perece em conseqüência do pecado.

3-OS TRÊS ESTÁGIOS DA PALAVRA EVANGELHO


a- No mundo grego, tinha o sentido de recompensa por trazer boas novas.
b- No antigo testamento (septuaginta), o vocábulo indica as próprias boas novas.
Aparece em termos proféticos com o mesmo sentido que encontramos no novo
testamento: “Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas,
que faz ouvir a paz que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O
teu Deus reina!” (IS 52.7). Veja o seu cumprimento em RM 10.15.
c) No Novo testamento são as boas novas que falam do Reino de Deus, da salvação e
do Perdão dos pecados na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. É o evangelho da
graça de Deus (AT 20.24).

EVANGELISTAS
Os evangelistas eram os “missionários” pátrios ou estrangeiros. Algumas
traduções, como a de Goodspeed, dizem mesmo “missionários”. Os apóstolos eram
evangelistas, e muitos profetas também o eram, porém, além desses, haviam outros
especialmente talentosos, dotados do dom da fé, da exortação e de outras
manifestações espirituais apropriadas para seu oficio, os quais eram presenteados á
igreja para multiplicá-la em número. O grupo dos evangelistas era aquele que
efetuava a missão evangelizadora da igreja entre os judeus ou os gentios, em posição
subordinada aos apóstolos. Geralmente os evangelistas não estavam limitados a
qualquer comunidade cristã local, mas foram de lugar em lugar, estabelecendo novas
congregações locais, conduzindo os homens à fé e à conversão a Cristo.
O evangelista é alguém especial e completamente capacitado para comunicar o
evangelho e levar descrentes a Cristo. Ele sempre conduz um número maior de
pessoas a Cristo, e isto, com muito mais facilidade, porque comunica melhor a palavra
da fé. Ele não prega mensagens complicadas, mas simples, com convicção e
objetividade, as quais explodem nos corações dos que o ouvem.
Ele não precisa ser um bom orador, nem um teólogo, nem trazer mensagem
recheadas de coisas novas, isto porque ele é ungido por Deus para realizar tal tarefa.

A SITUAÇÃO DO PECADOR PERDIDO

Muito grande é o clamor dos perdidos:


“... Passa á Macedônia e ajude-nos!”( AT 16.9).

O mundo jaz no maligno. Com a entrada do pecado, satanás tornou-se deus


deste século (II CO 4.4) e o príncipe deste mundo (JO 14.30). O pecador preso nos
laços do diabo, e é dominado como príncipe das potestades do ar, do espírito que agora
opera os filhos da desobediência (EF 2.2). Dominado totalmente por satanás, o
pecador está entregue a toda sorte de práticas desagradáveis aos olhos de Deus, faz a
vontade da carne e dos pensamentos, é dominado pelas concupiscências do seu
coração e pelas paixões infames.
Os pecadores estão entregues a um sentimento perverso, para fazerem coisas
que não convém, estando cheios de toda iniqüidade, prostituição, malícia, avareza,
maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade, sendo
murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos,
presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, néscios, infiéis, sem

afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia (RM 1.28-31).


É devido a essa situação caótica em que se encontram os pecadores, que o
Senhor, que não pode suportar o mal, já tem determinado o castigo dos que se
recusarem a receber a graça de Deus (II PE 2.4-9). Porém, os que crêem são libertos
dessa geração perversa e passam a ser propriedade de Deus, pois foram comprados do
mundo como sangue de Jesus,e “os que são de Cristo crucificaram a carne com as
suas paixões e concupiscências (GL 5.24), e, assim podem viver “...neste presente
século uma vida sóbria e justa e piamente; aguardando a bem-aventurada esperança e
o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo (TT 2.12,13), o
qual nos levará deste mundo a sua gloriosa mansão, nos céus (JO 14.1-3).
O ESTADO DO PECADOR
1- O pecado tem despojado o pecador dos seus bens espirituais (RM 3.23), deixando-o
caído na estrada da vida,”meio morto” (LC 10.30-35). Pela vida do pecador já tem
passado o levita (V.32), uma figura das filosofias humanas, também pela vida do
sacerdote (V.31), uma figura dos milhões de religiões existentes. Porém, o homem
continua caído, despojado e meio morto. A única pessoa que pode socorrer o
moribundo da estrada foi o bom samaritano que é, primeiramente, uma figura do
Senhor, mas que, também, é uma figura do crente salvo que, para efetuar esse
trabalho, tem em suas mãos os recursos do azeite(graça), vinho(palavra) e
dinheiro(dons).

2-´´...tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo....(SL 40.2). O pecador está
atolado no lodo (pecado), preso pelos laços do diabo (IITM 2.26) e impossibilitado de
sair pelos seus próprios esforços (JO 8.34). Somente o crente, que já está com os pés
firmados na rocha (SI 40.2), poderá ajudá-lo a sair daquele horrível lugar, para a rocha
da nossa salvação: Cristo (EF 2.20,21). Ao aceitar Jesus como salvador, o pecador é
tirado da potestade das trevas para o reino do filho de seu amor (CL 1.13), das trevas
para a luz (I PE 2.9).

3-O pecador está rodeado pelo fogo da condenação (JO 3.8) e não tem condições, por
si, de sair. mas, como o crente já saiu da mesma condição (JO 5.24; RM 8.1), o Senhor
confiou-lhe a urgente tarefa de salvar alguns, arrebatando-os do fogo (JD 23).

4-Os perdidos estão destinados à morte e estão sendo levado para a matança (PV
24.11). Deus quer que todo crente não ignore essa terrível situação dos pecadores (PV
24.12), por isso os incumbiu da realização do importante trabalho de retirá-los dessa
circunstância (PV 24.11).

5-Todos os homens foram mordidos pela serpente venenosa chamada pecado (RM
3.23; I JO 1.8) e, como conseqüência, são candidatos à morte eterna (RM 6.23; AP
21.8). Somente o crente tem o verdadeiro remédio para o pecado: Cristo. Ao crer em
Jesus o veneno do pecado é extirpado da vida do ser humano (JO 1.7,9).

6-´´...Não tenho homem algum que, quando a água é agitada me coloque no


tanque...” (JO 5.7). O pecador está com a enfermidade do pecado (IS 1.6), por si
mesmo não pode chegar no tanque (salvação). Somente o crente poderá fazer este
trabalho (LC 14.22,23).

7-“Rogo-te,pois,ó pai, que o mandes á casa de meu pai. Pois tenho cinco irmãos, para
que lhes dê testemunho, a fim de que não venham parar neste lugar de tormento” (LC
16.27,28). Como é comovente a situação deste rico que havia partido para a
eternidade sem salvação! Estava agora atormentado nas chamas (V.24). Diante do
pedido acima, foi lhe dito da impossibilidade de alguém sair de lá de onde ele estava,
isto é, do hades, para a terra, a fim de testificar para seus irmãos. Também lhe foi dito
que este trabalho é feito pelos que estão na terra. A responsabilidade de pregar a
palavra foi confiada aos crentes. Se o pecador crer em Jesus, será salvo e livre da
condenação e, ao partir desta vida irá gozar das delicias do paraíso celestial.

8-”Olhei para a minha direita, e vi, mas não havia quem me conhecesse: refúgio me
faltou, ninguém cuidou da minha alma” (SL142.4).
O pecador está à espera de alguém que possa cuidar da sua alma. Essa missão foi
confiada aos crentes.

O QUE É EVANGELISMO ?
É a obra do Espírito Santo.
O Espírito Santo é capaz de fazer a palavra alcançar tanto êxito hoje como nos
dias dos apóstolos. Ele pode salvar as almas ás centenas ou aos milhares, como
também de uma em uma, ou de duas em duas. A razão por que não somos mais
prósperos é que não contamos com o Espírito Santo entre nos,em poder e energia,
como nos tempos primitivos.
Se contássemos com o Espírito para selar o nosso ministério com poder, isso
significaria que poucos valores dariam ao talento humano os homens podem ser pobres
e sem estudo, suas palavras hesitantes e gramaticalmente erradas, porém, se o poder
do Espírito as estiver bafejando, o evangelista mais humilde será mais bem sucedido do
que o mais erudito dos doutores, ou o mais eloqüente dos pregadores.
“É o extraordinário poder de Deus, e não os talentos humanos,que obtêm a
vitória. É da unção espiritual extraordinária e não de poderes mentais extraordinários,
que precisamos. O poder intelectual pode encher um templo de angústia de alma. O
poder intelectual pode atrair numerosa congregação, mas somente o poder espiritual
pode salvar almas. Precisamos do poder espiritual” (Charles H. Spurgeon).
“ Se o espírito estiver ausente, poderá haver sabedoria de palavra, mas não a
sabedoria de Deus, poderá haver os poderes da oratória, mas não o poder de Deus; a
demonstração do Espírito Santo, a lógica convincente de seu resplendor, como a que
convenceu a Saulo, próximo à porta de Damasco. Quando o Espírito se derramou,
todos os discípulos ficaram cheios do poder do alto, e a língua menos culta pôde
silenciar os contradizentes e, com suas chamas por novas, foi queimando e abrindo
caminho através de obstáculos de toda sorte, sopradas por poderosos ventos que
varreram florestas” (Arthur T. Pierson).
Os ministros do evangelho, de fato, precisam do poder do Espírito Santo, porque
sem ele serão inaptos para o ministério. Nenhum homem é competente para o trabalho
do ministério do evangelho mediante apenas suas aptidões e habilidades pessoais, sua
erudição e experiência adquiridas dos homens. sua eficiência vem do poder do Espírito
Santo. Enquanto ele não houver sido dotado desse poder, a despeito de todas as suas
virtudes e capacidades, terá que esperar até que do alto sejam revestidos de poder
competia aos discípulos esperar em Jerusalém, até que recebessem a promessa do
Espírito
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós, e ser-me-
eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, até os confins
da terra” (AT 1.18). Antes de os discípulos receberem o batismo no Espírito santo,
ficaram trancados num lugar onde se reuniam com medo dos judeus ((JO 20.19).
Também estavam despreocupados com a incumbência que lhes foi dada para pregar a
palavra (JO 21.3). Mas quando receberam o poder do Espírito Santo o quadro
modificou-se totalmente:
-Eles que estavam assentados (AT 2), ficaram de pé (AT 2.14);
-As portas, que até então estavam fechadas(JO 20.13), abriram-se e eles saíram ás
ruas, ás praças, ás sinagogas, a pregar a palavra;
-Pedro, que chegara a negar vergonhosamente o Mestre (LC 22.54-62), agora podia
pregar com coragem e autoridade (AT 2.14).
Realmente, o batismo no Espírito santo capacita o crente para o glorioso trabalho de
ganhar almas, pois o possibilita a pregar com autoridade e também com graça. Quando
o ganhador de almas estiver equipado com esta ferramenta celestial (II CO 10.4-5),
haverá muitas conversões, como fruto do seu trabalho (AT 11.22-24). O mandamento
bíblico neste sentido é: “...Enchei-vos do Espírito Santo” (EF 5.18).
A relação do evangelista com o Espírito Santo deve ser algo diferente, até
mesmo indescritível, de tudo o que já se ouviu sobre o assunto. Ele deve ser
completamente submergido no Espírito, submisso à sua direção para ter uma
comunhão fora do comum, que fará com que sua mensagem, sua vida, seus gestos e
tudo mais em seu ser se transformem em poderosas armas de testemunho do poder e
graça de Deus.
O evangelista deve ter tal intimidade com o Espírito que, palavras como
“revelação”, “visão” e “poder” serão comuns em sua experiência e não somente
vocabulário. Ele sem esta relação, não passará de um “alto-falante” espiritual. Embora
ele fale muito bem, explique claramente, ensine coisas muito bonitas, sem a unção do
espírito, não será mais que um bom orador ou mestre.Todavia, Deus não chamou para
tal por isso, proveu o meio para que o evangelista estivesse sempre ligado á fonte
divina de poder transformador: O Espírito Santo. Sem essa relação não há autoridade,
poder, manifestações transformadoras ou salvação (II CO 13.13).

EVANGELISMO É SOFRER DOR DE PARTO


“Sião, mal sentiu as dores de parto, e já deu à luz aos seus filhos “ (IS 66.8).
Essa é a obra suprema da igreja.
Uma mulher pode dar a luz sem dores de parto? Pode haver nascimento sem
parto? Porém esperamos que no reino de Deus, algo que não é possível na esfera
natural seja possível na espiritual. Precisamos estar certos que sofreremos dores de
parto para gerarmos filhos espirituais.
Finney diz-nos que não tinha palavras a proferir, mas podia tão somente gemer
e chorar, quando pleiteava perante Deus em favor de uma alma perdida. Ele
experimentava o autêntico aperto da alma.
Poderíamos sentir dor no coração por uma criança que se afoga, não, porém, por uma
alma que parece? Não é difícil que alguém chore quando percebe que seu pequenino
está mergulhando para o fundo do rio pela ultima vez. E quando a angústia e
espontânea. Não é difícil, semelhantemente, que alguém sinta angústia, quando vê a
urna que contém tudo quanto ele amava sobre a terra afastar-se na direção do
cemitério. As lágrimas brotam naturalmente em tal oportunidade. Porém, entender
que almas preciosas, imortais, perecem ao nosso derredor, precipitando-se
irremediavelmente nas trevas do desespero, perdidas na eternidade, e não sentir
angústia nenhuma, não derramar lágrimas é não conhecer o parto de alma!são frios os
nossos corações? Não conhecemos a compaixão de Jesus? Deus no-la pode conceder. A
falta será nossa se não a recebermos.
“Porque ainda que tenhais dez mil aIos em Cristo, não tendes, contudo, muitos
pais; pois eu, pelo Evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” (I CO 4.15)
Paulo fala da diferença entre os aios em Cristo;
O termo aqui traduzido por “preceptores” ou “instrutores” é o mesmo traduzido por
aio conforme alguma traduções dizem em GL 3.24, e onde há uma alusão à lei, como o
agente que ajuda alguns homens a serem levados aos pé de Cristo. Aqui estão em
vista os “atendentes” de meninos pequenos, que os acompanhavam na ida e na volta
da escola. Usualmente esses paidagogoi eram escravos relativamente sem importância.
Podiam ser numerosos e podiam ser trocados com freqüência. Mas havia um único pai,
e ninguém poderia tomar seu lugar ou suplantá-lo em importância com relação à
criança.
Os dois pronomes, no grego “ego” e “umas” estão em proximidade enfática.
Quem quer que tenha sido o progenitor de outras igrejas, fui “eu”, quem em Cristo
“vos` gerou” (Robertson e plummer, in loc).
Paulo, através da pregação do evangelho de Cristo, os havia gerado em suas
viagens missionárias.
E para gerarmos filhos espirituais precisamos sofrer as dores de parto,como as mães
que depois de um período de nove meses, sofrem mudanças físicas, emocionais e no
final a dor do parto. Mas, quando a criança nasce, elas esquecem de todas as dores
que passaram, restando apenas a alegria pelo filho que nasceu.
Assim é a recompensa do evangelista. Após um período de dificuldades e
sofrimento para gerar um filho (espiritual) esquece de todo o sofrimento que passou ao
ver uma nova vida nascendo em Cristo Jesus.
“Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida,
com alegria, trazendo consigo seu molhos”. (SL 126.6).

LEVAR OS PECADORES Á CONVICÇÃO DE PECADO


Nos grandes reavivamentos espirituais do passado, sempre ocupou lugar de
preeminência uma profunda e autêntica convicção de pecado. Esse é um dos elementos
vitais que, dizemo-lo tristemente, deixou de existir em nossos dias.
Sempre que se manifesta a genuína convicção de pecado, não há necessidade de
exortar, de repreender, de instar ou pressionar na força da carne. Os pecadores se
dobram sem serem forçados a dobrar-se. E humilham-se, porque não podem agir de
outro modo. Voltam para suas casas, após terem estado nos cultos com pregação do
evangelho, incapazes de comer ou dormir, em face da profunda convicção de pecado.
Não precisam ser repreendidos nem exortados a buscar alivio para as suas almas.
“Existe um outro evangelho, por demais popular nos dia que correm, e parece
excluir a convicção de pecado e o arrependimento do plano da salvação. Tal evangelho
requer do pecador o mero assentimento intelectual ante o fato de sua culpa e
pecaminosidade. Paralelamente, que haja um assentimento semelhante, de ordem
intelectual, quanto à suficiência da expiação realizada por Cristo. Uma vez dado esse
assentimento, o pecador que vá para casa em paz, feliz no que concerne à sua alma.
Assim é que os pregadores proclamam: “paz! paz! quando não há paz”.
Conversões superficiais e falsas, dessa espécie, podem ser uma explicação,
dentre outras, da existência de tantos indivíduos que se dizem crentes convertidos,
mas desonram a Deus e trazem opróbrio contra a Igreja. Vivem de modo incoerente
com sua profissão de fé, em razão de se deleitarem no mundanismo e no pecado. É
necessário que o pecado seja profundamente sentido, antes de poder ser lamentado.
Os pecadores devem sentir tristeza, antes de receber consolo. As verdadeiras
conversões eram comuns antigamente, e voltarão a ser de novo, quando a igreja
sacudir-se e atirar longe a sua liturgia apegando-se ao poder de Deus, o antigo poder
do Espírito, que vem do alto. Então sim: como no passado, os pecadores estremecerão
ante o terror do senhor”(J.H. Lord)
Pensaríamos em chamar um médico antes de cairmos doentes? Exortamos
aqueles que estão em pleno vigor e em boa saúde para que se apressem a consultar
um médico? O atleta que nada com perfeição porventura implora ao povo que está na
praia que venha salvá-lo de afogamento, se nem sequer já molhou os pés na água do
mar? Claro que não! Porém basta que a enfermidade se declare, e imediatamente que
sentiremos a necessidade de ir ao médíco. Só então entendemos que precisamos de
algum medicamento. E quando o imprudente nadador se vê exausto e prestes a
desaparecer no turbilhão das águas, ao perceber que vai morrer afogado, não se
demora em pedir socorro. É tremenda a agonia que experimenta a pessoa prestes a
afogar-se. Estando sem forças, sabe que, se ninguém a acudir depressa, fatalmente
perecerá.
O mesmo acontece à alma que perece. Quando alguém se convence de modo
absoluto de sua condição de perdido, põe-se a clamar na amarga angústia de seu
coração: "Que é necessário que eu faço para me salvar?" Não é necessário exortação
nem incentivo para o pecador convicto salva-se, torna-se a maior questão, caso de vida
ou morte, e estará pronto a fazer qualquer coisa para esse fim, contanto que seja
salvo.
É exatamente essa falta de convicção do pecado que resulta em reavivamentos
espúrios, que frustram a obra inteira de evangelização. Uma coisa é levantar a mão e
assinar um cartão de decisão, mas outra coisa, inteiramente diferente, é estar
realmente salvo.
As almas precisam ser libertas de modo total e permanente, para que possam
desfrutar a eternidade, fácil tarefa é contar cem convertidos confessores durante a
excitação de uma campanha, mas é coisa inteiramente diferente voltar ali cinco anos
mais tarde, e encontrar todos esses convertidos ainda firmes no Senhor.

FONTE DE BENEFÍCIO
O evangelismo enche de pessoas qualquer Igreja. Encheu as igrejas metodistas
há mais de duzentos anos. O metodismo nasceu por causa evangelismo. Esse
movimento wesleyano só cresce e têm vida em função do evangelismo. A igreja de
Cristo só é igreja por causa do evangelismo, desde o dia dos apóstolos. É o que leva as
pessoas á salvação. Os novos convertidos vão ocupando os assentos (até então vazios)
das igrejas.
Além disso, o evangelismo resolve o problema financeiro. Tudo quanto Pedro
teve da fazer foi apanhar o peixe, o dinheiro encontrava-se na boca desse peixe.
Sempre foi assim. Basta que conquistemos os perdidos para Cristo, que estes suprem
os recursos para levar avante a sua obra. É pelo fato de o evangelismo haver-se
amortecido, que tantas de nossas igrejas foram obrigadas a fechar as suas portas.
A Igreja dos povos não é exceção. Ao longo dos anos de sua existência, temos
conduzido um contínuo e eficiente ministério de evangelismo, e continuamos a
evangelizar. Entoamos hinos de louvor de teor evangelístico e pregamos sermões que
anunciam a salvação em Cristo.

PRESERVAÇÃO CONTRA A CORRUPÇÃO


''Não havendo profecia, o povo se corrompe...'' (PV 29.18). Quanta verdade!
Multidões fervilham por toda parte em nossa cidades super populosas. Massas humanas
que perecem por falta de visão espiritual. Povos sem Cristo. Pessoas por quem Jesus
morreu. Gente que talvez jamais ouça a mensagem da salvação de Deus, a menos que
nós, crentes recebamos a visão espirituais das necessidade das massas. Nossos
grandes centros populacionais, pelos quais somos responsáveis diante Deus,
desconhecem o evangelho da graça de Deus, porque nós, os seguidores de Jesus, não
temos visão profética. Que faremos quanto à nossa falha? Quando sentiremos o peso
de nossa responsabilidade? Quando faremos o que nos compete, sensibilizados pela
morte espiritual das multidões sem Cristo? É real a mensagem desse versículo: ''Não
havendo profecia, o povo se corrompe...''

EVANGELISMO É AINDA:
a-INFORMAÇÃO: Evangelismo é uma ação que tem por fim informar. É preciso que o
pecador seja informado a respeito de sua condição de pecador, da natureza e
conseqüência do pecado em sua vida, do amor de Deus e de sua providência para a
salvação de suas criaturas, o que é necessário fazer para se salvar? Todos os meios
possíveis devem ser usados para que o homem seja informado de tudo quanto diz
respeito a sua situação espiritual e do amor divino para com ele.

b-PERSUASÃO: Não basta apenas informar. É também preciso persuadir .O pecador


deve ser persuadido a submeter-se a Cristo incondicionalmente.Quem convence o
pecador é o Espírito Santo. O crente é um instrumento do Espírito para persuadir o
pecador.

c-INTEGRAÇÃO: Após a conversão do pecador, ele deve ser imediatamente integrado a


uma igreja, preparado para o batismo, batizado e matriculado na escola dominical. O
discípulo, neste caso, não é tarefa apenas para o pastor da igreja, mas de todos os
membros que amam as almas perdidas. O crescimento do povo convertido deve ser
uma preocupação de toda a igreja.

AS ARMAS DO EVANGELISTA
Para realizamos a tarefa de evangelizar é preciso a utilização sábia de instrumento
adequado. O marinheiro usa a bússola, o alfaiate a tesoura, o lavrador o arado. E
aquele que evangeliza, de quais armas precisa? É necessário:

1-ORAÇÃO
'Lemos nas biografias de nossos antepassados que se mostraram mais bem
sucedidos na conquista de almas, que oravam em secreto durante horas a fio. Fazemos
então uma pergunta: poderíamos obter os mesmo excelentes resultados sem seguir o
exemplo deles? Caso não precisemos orar tanto, provemo-lo ao mundo. Descubramos
um método superior! Caso contrário, em nome de Deus, começaremos a seguir aqueles
que a fé, com paciência, tornaram-se herdeiros da promessa. Nossos progenitores
espirituais choraram, oraram e agonizaram diante do Senhor, em favor dos ímpios
visando a salvação deles, e não descansavam enquanto os pecadores não fossem
feridos pela espada da palavra do Senhor. Esse é o segredo do êxito retumbante dos
gigantes espirituais do passado. Quando às coisas se paralisavam eles lutavam em
oração até que Deus derramasse de seu espírito sobre os homens, que assim se
convertiam.'
Todos os homens de Deus eram poderosos homens de oração. Somos
informados de que o sol nunca surgia no horizonte, na china sem encontrar Hudson
Taylor de joelhos. Não admira, portanto, que a missão para o interior da china tenha
sido tão maravilhosamente usada por Deus.
A conversão é uma operação efetuada pelo Espírito Santo, e a oração é o poder
que assegura essa operação. As almas não são salvas pelo homem, e sim, por Deus, e
posto que Ele opera em resposta à oração, não temos outra alternativa além de seguir
o plano divino. A oração movimenta o braço divino, que põe o avivamento em ação.
A oração que prevalece não é fácil. Somente aqueles que têm estado em conflito
com os poderes das trevas sabem que ela é difícil demais. Paulo escreveu dizendo que
''não temos que lutar contra a carne e o sangue, e, sim contra os principados, contra as
potestades, contra as força espirituais da maldade nas regiões celestes” (EF 6.12). E o
espírito santo ora com ''...gemidos inexprimíveis'' (RM 8.26).

O QUE ACONTECE,QUANDO ORAMOS?


-As portas se abrem EF 6.18-19
-O braço de Deus se move
-Os corações são quebrantados AT 2.37

Oração e jejum pelas cidades. O homem pecador se opõe a Deus. O diabo força o
homem não buscar a Deus. Todo plano de evangelização, por melhor que seja,
fracassará, se não tiver o poder de Deus. E o poder de Deus só pode ser adquirido pela
busca, pela oração. Deus age (FP 1.29; EF 2.8; JO 6.44). Os demônios só são expulsos
pelo poder da oração (LC 19.41). A oração é a base.

2- PALAVRA
A bíblia é o manual por excelência de missões, porque é a revelação de Deus à
humanidade. Além de ser a única fonte inspirada de teologia e ética ela nos ensina
como fazer evangelismo e missões.
A bíblia é a única obra literária do mundo que registra que a nossa origem.
Deus quer que todos os seres humanos conheçam a verdade sobre Ele e de como Ele
se revelou nas santas escrituras, e também sobre a natureza humana. A vontade de
Deus é que todos os homens se arrependam e tenham conhecimento da verdade (I TM
2.4).
Deus sempre se preocupou com o bem-estar do homem. Essa vontade só pode
ser conhecida pela revelação, verdade que só é encontrada nos oráculos divinos: a
bíblia sagrada.
A palavra é a ferramenta do evangelista pessoal. Ele deve manejar bem a
palavra da verdade (II TM 2.15) para mostrar ao pecador os pontos salientes do
caminho da salvação, aplicando a cada circunstância a mensagem correspondente. É
importante ter bem claros na mente os versículos e suas respectivas referências que
falem sobre cada situação que a pessoa pode estar experimentando ou experimentar,
como, por exemplo pecado, arrependimento, confissão, perdão, o amor de Deus,
salvação, segurança, proteção, paz, vitória, vida eterna e outros tópicos de igual
importância.

PREPARO DAS PESSOAS PARA A EVANGELIZAÇÃO DAS CIDADES


Esse preparo refere-se ao estudo da palavra de Deus. É o preparo na palavra ( II TM
2.15). As seitas preparam bem seus adeptos. As igrejas precisam gastar tempo e
recursos no preparo dos que evangelizam.

POR QUÊ EVANGELIZAR?

1- PORQUE DEUS NOS DEU O MINISTÉRIO da reconciliação e também pôs em nós a


palavra da reconciliação, de sorte que, somos embaixadores da parte de Cristo.

2- PORQUE É UMA OBRIGAÇÃO DE TODOS sem exceção. Todos temos a incumbência


de Jesus (I PE 2.9). Alguns começaram a trabalhar de madrugada, outros na terceira
hora, isto é, nove horas, outros perto da hora sexta, ou seja entre as onze e doze
horas, e outros perto da hora undécima, isto é, faltando uma hora para terminar o dia.
(Os judeus contavam o dia das seis horas da manhã ás seis da tarde) (MT 20. 1-6).

3-PORQUE A PESSOA SALVA é a única que pode afirmar com convicção quem ele era,
quem ele é, e quem ele será, ou seja: era um perdido pecador, candidato à morte
eterna e à condenação. Porém, hoje, é um pecador remido (TT 2. 14), liberto por Jesus
(JO 8.34), e, no futuro, estará eternamente na presença do Senhor (I TS 4.17), nos
céus (FP 3.20), possuindo um corpo imortal e incorruptível (I CO 15.51-54)

4-NÃO TÍNHAMOS CONDIÇÕES DE PAGAR NOSSA DÍVIDA PARA COM DEUS


A obra de ganhar almas constitui-se numa mensagem de perdão das dádivas que o
homem tem com Deus.
Quando permanecíamos no pecado, tínhamos uma dívida enorme, e estávamos sem
condições de pagá-la, mas tudo foi perdoado por Deus (MT 18.23;27 CL 2.14).
''Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. (RM
8.1). Precisamos levar a mensagem da cruz a todos os perdidos para sua salvação,
pois, fazendo assim, estaremos dando de graça, o que de graça recebemos (MT 10:8).
As ilustrações e história a seguir retratam a necessidade da evangelização.
Alguém perguntou a um evangelista sobre o seu trabalho. Ele disse que era semelhante
ao um mendigo que achara muito pão, e, agora anunciava aos outros o caminho do
alimento.
“Uma vez um artista procurou pintar um quadro sobre o evangelismo. Ele pintou um
quadro onde havia uma tormenta no mar, um bote sendo destroçado pelas ondas e
jogando seus tripulantes ao mar, e, numa rocha, que saía das águas, um marinheiro
apoiado com ambas as mãos para se salvar. Ao olhar o quadro, o pintor ficou
insatisfeito e quis fazer outro. Então, ele pintou a mesmo tempestade, o mesmo
cenário de desespero, o mesmo bote naufrago, os mesmo homens aflitos pedindo por
socorro e a mesma pedra salvadora. No entanto, ele acrescentou algo: um homem
bem apoiado sobre a rocha que estava no meio das águas revoltas. Com uma das mãos
ele se segurava na rocha e com a outra oferecia socorro a quem quisesse sair da
água''
O Senhor Jesus, o evangelista por excelência, resumiu sua obra da seguinte
maneira: “Porque o filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”'(LC
19.10).

1-EVANGELISMO PESSOAL
A evangelização pessoal ainda é, por excelência, o método mais eficaz na obra
de ganhar al,mas. Nenhuma estratégia, por mais perfeita que seja, pode substituir com
a mesma eficiência o contato pessoal na pregação do evangelho.
Jesus e os apóstolos pregaram ás multidões mas nunca desprezaram a evangelização
pessoal, por entenderem que a salvação é uma questão individual, que deve ser
tratada com as pessoas uma a uma, como fez Jesus ao escolher os seus discípulos. É
por outro lado, a estratégia mais simples e de menor custo, pois é fruto do amor
apaixonado de cada crente pelas almas perdidas, que o faz buscá-las pessoalmente e
sem esmorecimento, onde quer que se encontrem, como fez o pastor com a que
encontrava desgarrada do redil (LC 15.4-7).
Se cada Cristão entendesse o seu papel e ganhasse, pelos menos, uma pessoa a
cada ano, e cada um desses novos cristãos ganhasse também uma pessoa por ano, o
alvo de 50 milhões de almas até o ano 2010, lançado pela década da colheita, poderia
ser alcançado em pouco mais de dois anos.

a- PONTO DE CONTATO
A evangelização pessoal tem como fundamento o contato entre o evangelista e a
pessoa a ser evangelizada. Se não houver contato, não há evangelização. É obvio que o
contato se dá em duas direções:
Primeiro com Deus e segundo com o próximo. A forma de aproximação mais
conhecida como ponto de contato vai determinar em grande parte o êxito da iniciativa.
Ela será a chave para tornar o interlocutor mais acessível ao dialogo, que poderá levá-
lo a reconhecer os pecados e, conseqüentemente, à conversão.
Não basta simplesmente iniciar uma conversa mostrando já as conseqüências de
quem se rebela contra Deus. Talvez esta seja a forma mais rápida de fechar as portas à
pregação. Em nenhuma parte da Bíblia a mensagem de juízo precede a de
arrependimento.
Descobrir o ponto de contato significa fazer uso da habilidade de intuir em cada
situação a maneira pela qual o evangelista pode identificar-se com a pessoa que está
sendo evangelizada. Veja o exemplo de Filipe. Ele descobriu que o eunuco lia o profeta
Isaías e fez uso deste ponto de aproximação para entabular a conversa, enquanto
corria ao lado do carro (AT 8.30). Paulo, no areópago, utilizou-se da figura de Deus (AT
17.22-24).
Ponto de contato é a chave ''para se dizer o que é certo, de maneira que não ofenda
as pessoas''.

b-COMO COMPREENDER O SER HUMANO


Compreender as necessidade humanas é, também, uma forma que leva ao
ponto de aproximação. O evangelista pessoal tem que olhar a comunidade que o cerca
sob essa perspectiva, entendendo que ele está com pessoas de temperamentos
distintos e que vivem circunstâncias diferentes. tratar a todos sob o mesmo ângulo é
desconhecer que cada uma possui necessidades específicas e carece de tratamento
específico.
O que fez Paulo no cárcere em Filipos? Sob a nossa ótica, a fuga imediata,
talvez fosse o caminho mais lógico para ganhar a liberdade, após o terremoto. No
entanto, ele teve pleno domínio da situação e prolongou sua permanência na cadeia
por mais algum tempo, por compreender que aquela circunstância era o meio pelo qual
poderia legitimar as verdades do evangelho através do próprio comportamento,
levando uma família à conversão (AT 16.25-39).

c-APRENDENDO COM JESUS


Cristo, nosso maior exemplo, foi quem melhor soube utilizar-se dos pontos de
aproximação e compreender as necessidades humanas. Enquanto a mulher
samaritana estava preocupada em tirar água do poço de Jacó. Ele aproveitou o fato
para falhar-lhe da água da vida sem entrar no mérito da histórica inimizade entre
judeus e samaritanos. Em relação à mulher adúltera, teve a visão correta da sua
necessidade e da hipocrisia dos que a cercavam. Quanto a Zaqueu, o publicano tocou
no seu ponto nevrálgico para levá-lo ao conhecimento da salvação. No que tange à
multidão faminta, no deserto, movido de íntima compaixão, ordenou aos discípulos:
“Dai-lhe vós de comer'' e não a despediu enquanto não foi alimentada.

COMO FAZER A EVANGELIZAÇÃO PESSOAL

a-FAZENDO AMIZADE
A evangelização pessoal tem como pressuposto a amizade, principalmente quando se
trata de um projeto em médio prazo em relação a determinada pessoa. Uma proposta
de relacionamento amistoso e sincero é a primeira atitude que o evangelista pessoal
precisa demonstrar na sua busca incessante pelas almas perdidas. É preciso que haja
da parte do pecador, absoluta confiança nas intenções de quem o está evangelizando.

b-PELO EXEMPLO
O exemplo é outro fator de atração que deve ir na frente para conquistar, sem palavra,
a expectativa do incrédulo. Há uma diferença entre o salvo e o não salvo e esta precisa
ficar bem caracterizada não apenas pelo discurso, mas principalmente pelas ações. “Eis
que tenho observado que este homem que passa por aqui é um santo homem de Deus''
(II RS 4.9). Já dizia a mulher a respeito de Eliseu. De que adianta um turbilhão de
palavras bem concatenadas se o testemunho não corresponde ao que se prega?

c-PELO DISCIPULADO
Aqui significa que o evangelista pessoal não vai pregar para alguém e abandoná-lo á
beira do caminho. O discipulado implica em adotar essa pessoa e levá-la pacientemente
a cumprir todos os passos da salvação até que Cristo seja gerado nela. Este
procedimento produzirá crentes maduros que, por sua vez, serão levados a ter a
mesma atitude de fazer novos discípulos (II TM 2.2).
Foi assim com Filipe, após o chamado do mestre, trouxe as boas novas para Natanael
e o levou a Cristo (JO 1.45-47).O mesmo ocorreu com a mulher samaritana, que
anunciou ter encontrado o Messias aos conterrâneos de Samaria: Vinde e vede um
homem que me disse tudo quanto tenho feito, porventura não é este o Cristo?'' (JO
4.39). O endemoninhado gadareno foi outro que não titubeou. Depois de liberto, ''Foi
apregoando por toda a cidade, quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito'' (LC 8.39).
Gerar um novo crente significa acompanhá-lo passo a passo, tal como uma criança, até
que possa andar com os seus próprios pés.

QUALIDADES DO EVANGELISTA

1-DEMONSTRAR CONVICÇÃO
Entre as muitas qualidades exigidas do evangelista pessoal, além da conversão e da
certeza de salvação, está a convicção absoluta naquilo que crê. Jó escreveu: ''Eu sei
que o meu redentor vive” (JO 19.25). O apóstolo Paulo não teve dúvida: ''Eu sei em
quem tenho criado'' (II TM 1.12). A ineficiência na exposição das verdades da salvação
passa a idéia de que o pregador não está muito convicto daquilo que prega e não
permite ao Espírito Santo usar a palavra para atingir o coração do ouvinte, isto,
porque, '”Se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?” (I CO
14.8). Ou seja,se o soldado der o toque de recolher para, em seguida, dar o toque da
alvorada no momento exato de iniciar a guerra,como os recrutas irão agir?

2-SER CONVERTIDO
“...E tu, quando te converteres,confirma teus irmãos” (LC 22:32). ”...E grande número
creu e se converteu...” (AT 11.21). Há muitas pessoas que querem dar o segundo
passo, sem ter conhecido o primeiro. A princípio, eles tentaram usar o poder do nome
de Jesus, sem experimentá-lo em vidas. E depois, tentaram levar homens pecadores e
rebeldes ao conhecimento da vontade divina. O homem salvo por cristo, que está
reconciliado com Deus, não vive mais em rebeldia, seja qual for a forma que ela tiver.
Que Deus nos ajude a estar dentro da sua vontade! Nós dizemos o que sabemos e
testificamos o que vimos. Porque hás de ser sua testemunha para com todos os
homens do que tens visto e ouvido. O que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos,
o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram na palavra da vida.

3- TER BOM TESTEMUNHO


“Convém que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em
afronta e no laço do diabo'' (I TM 3.7).

4-SER PREPARADO
“ Sofre, pois, comigo, as aflições como bom soldado de Jesus cristo. Ninguém que
militar se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar aquele que alistou para
a guerra. É, se alguém também militar, não é coroado se não militar legitimamente”.
O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos''. (II TM 2.3-6).
Há um ditado que diz: ''Um homem prevenido (preparado) “vale por dois''. No caso do
evangelista (ou qualquer outro ministro) isso é regra. Ele deve se preparar para estar
sempre pronto a responder à altura de um anunciador das boas novas. A bíblia
compara o crente como um soldado ou atleta, estes títulos, em si mesmos, já denotam
preparação. O evangelista deve se preparar e também preparar o ambiente e as
pessoas, através da oração. 'A proclamação funciona bem, num ambiente, onde as
pessoas têm sido preparadas para ouvir o evangelho.
Estar preparado é mais do que ficar sempre lendo materiais sobre evangelismo. É estar
cheio da palavra, do Espírito e da Graça de Deus. Estar preparado e também ser
sensível a direção do Espírito. O evangelista deve estar pronto, tanto para pregar
quando o Espírito quiser, como para não pregar quando o Espírito assim o mandar (AT
16.6,7).
'Um ministro pode ter educação, treinamento, personalidade e qualquer outro dom,
geralmente considerado como uma necessidade para um ministério próspero, contudo,
o fracasso será iminente se ele descuidar do maior de todos os requisitos para alcançar
o verdadeiro e permanente ministério: a preparação espiritual de si mesmo.

5- TER O SENSO DA OPORTUNIDADE


Ter o senso da oportunidade é não deixar passar a hora e aproveitar as circunstâncias
favoráveis. O evangelista pessoal está sempre atento aos fatos e a tudo que o cerca,
pois uma situação inesperada pode ser o ponto de partida para ganhar uma
alma.
Filipe ia a caminho de Gaza, deixando para trás um poderoso avivamento em Samaria
(AT 8.1-8) e aparentemente desperdiçando tempo, pois diz a bíblia que a região estava
deserta. Mais eis que de repente surge alguém numa carruagem lendo o profeta
Isaías. Era a oportunidade que não podia ser desperdiçada e Filipe não perdeu tempo.
Os resultados todos conhecem.
Aqui fica também uma lição: aqueles que se consideram pregadores de grandes
multidões dever ter o senso do valor de uma alma, como Filipe. Ele trocou as
conveniências de uma cidade grande por uma região deserta, tendo em vista uma só
alma.

6-CONHEÇER O PECADOR
O pecador manifesta diferentes reações á palavra pregada. Cabe ao evangelista
pessoal conhece-las e saber como lidar com elas. Há os que se mostram indiferentes,
enquanto outros estão interessados. Há os que desejam a salvação, mais se acham
impedidos, enquanto outros não crêem que possam ser salvos. Há os que se
consideram fracassados e não sabem como ser restaurados. Enfim, há diferentes
situações, mas para cada uma há respostas convincentes nas escrituras. É preciso que
o evangelista pessoal as conheça e permita que o Espírito Santo as use no momento
adequado.
OS QUATRO '' COMOS '' DO EVANGELISMO
Vamos examinar RM 10.13-15 ''Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo”.
-COMO invocarão aquele em quem não creram?
-COMO crerão naquele que não ouvirão?
-COMO ouvirão, se não há quem pregue?
-COMO pregarão, se não forem enviados?
Como está escrito: “Quão formosos são os pés dos que anunciam a paz, do que
anunciam coisas boas''.
Aqui temos os quatros ''como'' da palavra de Deus. Primeiramente encontramos a
promessa ''ser salvo'' condicionada ao verbo ''invocar''. Porém, para que invoquem,
precisam antes confiar. Para que confiem, precisam antes ouvir. Para que ouçam,
alguém deve pregar-lhes as boas novas. Mas para que preguem, terão antes de ser
enviados. Dessa maneira, Deus põe a responsabilidade sobre nós. Se enviarmos os
missionários, eles poderão pregar. Se eles pregarem, pessoas poderão crer, e se
crerem, invocarão, e se invocarem, serão salvos. Mas todo o processo e iniciado por
nós. Antes de qualquer coisa, e necessário que enviemos.

SAQUEANDO O INFERNO
Para tornarmos efetiva a nossa vitória nesta batalha, precisamos de uma estratégia
bem planejada e estudada e esta estratégia já está descrita na palavra de Deus,
constitui-se dos seguintes passos:

1-DERRUBAR AS PORTAS DO INFERNO


“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” (MT 16.18).
Neste versículo, Jesus está apresentando o instrumento de Deus para a execução dos
seus planos de restauração da humanidade. Jesus está dizendo: ''Eu edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela'', ou seja, o trabalho de
Deus na restauração da humanidade começa com um ataque frontal ao inferno. A
igreja é o instrumento de Deus para atacar o inferno, e o primeiro passo nesta
estratégia é derrubar as portas do inferno.
Tenho ouvido interpretações erradas deste versículo por pessoas afirmando que os
crentes estão dentro do templo, tremendo de medo, e satanás está em volta, tentando
entrar, mas as portas da igreja estão firmes e ele não pode entrar. Contudo, é
exatamente o contrário o que a bíblia afirma: satanás é quem está dentro do inferno,
bem trancado, tremendo de medo do poder de Cristo através da igreja, tentando
segurar as vidas que estão em suas mãos. Assim, o papel da igreja é derrubar as
portas do inferno e entrar lá para tirar as vidas do domínio de satanás e levá-las para
as mãos de Cristo. As portas do inferno não resistem ao poder de Cristo manifesto na
sua igreja. Aleluia!

2-AMARRAR O INIMIGO
“Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro
amarrá-lo; só então saquear á a casa”. (MC 3.27).
O segundo passo na estratégia da batalha espiritual é amarrar o inimigo. No contexto
deste verso, Jesus Cristo está falando sobre satanás, e apresenta-nos a estratégia de
amarrá-lo. Pela autoridade da nossa posição em Cristo, pela palavra de Deus, pelo
nome de Jesus Cristo, podemos amarrar satanás e os espíritos malignos, para
finalmente tirarmos as vidas de suas mãos. Se estivermos acima de todo domínio e
poder, temos então autoridade espiritual sobre este poder. Por isso, o crente em Cristo
simplesmente pode amarrar satanás, para executar a obra de Deus. Isto não quer dizer
que podemos impedir a atuação de satanás no mundo, pois isto só se dará no final dos
tempos, mas o que podemos e devemos fazer é impedir a atuação de satanás e
espíritos malignos, especificamente sobre a pessoa ou área onde estivermos
evangelizado.

3-ROUBAR-LHE OS BENS
“Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro
amarrá-lo”. (MC 3.27). O bom crente é um ''ladrão” (do inferno). E deve ''roubar'' (do
inferno) muito. No verso, Jesus diz que devemos amarrar o valente e saquear-lhe os
bens. Quais são os bens de satanás? São as vidas que ele tem em domínio. Portanto,
estas vidas precisam ser resgatadas. Precisamos tirá-las das mãos de satanás e levá-
las para Cristo. Isto é feito no campo espiritual. Há muita gente tentando convencer os
outros de que as doutrinas bíblicas são certas e de que somente em Cristo há
salvação, pensando que se a pessoa aceitar estes argumentos intelectuais estará
salva. A apresentação do plano de salvação e o uso de argumentos poderão ajudar a
pessoa a tomar a decisão, que produzirá efeitos espirituais, porque a salvação de
Cristo consiste em tirar as vidas das mãos de satanás e transportá-las para o reino
de Deus. Por isso, devemos amarrar satanás e saquear-lhe os bens.

4- GARANTIR OS BENS SAQUEADOS


Após roubarmos as vidas das mãos de satanás, estas precisam ser protegidas e
garantidas para não caírem mais do domínio do inimigo. Poderemos fazer isto de três
maneiras:

a-Discipulando: precisamos levar o novo convertido a compreender a palavra de


Deus, a conhece-la não só na teoria, mas também na prática. Aquele que se firmar na
palavra de Deus, colocando-a em prática estará firmando sua vida espiritual sobre a
rocha que é Cristo e nada poderá derrubá-lo desta posição. Daí a necessidade de
alguém mais experimentado na palavra, para tomar o novo convertido e,
pessoalmente, ajudar-lo no crescimento espiritual.

b-Resistindo a Satanás: ''Sujeitai-vos portanto a Deus, mas resisti ao diabo, e ele


fugirá de vós (TG 4.7). O versículo diz que devemos primeiro estar em submissão a
Deus. A nossa luta espiritual mostra que a vitória vem do poder de Deus em nossa
vida. Desta forma, precisamos estar em inteira submissão ao Espírito Santo de Deus,
para então, resistirmos ao diabo. Quando resistimos a satanás e aos seus ataques, ele
foge. Note que coisa interessante: quem foge é o diabo, não o crente. Temos visto
crentes fugindo de medo do diabo e de pessoas possuídas por demônios, porque não
conhecem sua posição em Cristo. Quando exercemos autoridade e resistimos ao diabo,
ele foge. O diabo é que foge.
C- Não dando lugar ao diabo: ''..nem deis lugar ao diabo'' (EF 4.27). A vitória Já está
garantida, temos autoridade sobre satanás, mas precisamos tomar cuidado para não
lhe dar lugar. O diabo é astuto e não vai aparecer diante de nós como um bicho feio.
Ao contrário, a bíblia diz que ele se transforma em anjo de luz, para nos enganar. E o
faz com muita sutileza, às vezes, trazendo um mau pensamento, desviando-nos dos
propósitos de Deus, outras vezes, provocando divisões, contendas, etc. Assim,
devemos tomar cuidado e não dar lugar ao pecado, contenda, divisões na Igreja, para
que não tenha vantagem nesta batalha.
Resumindo, esta deve ser então, nossa estratégia, derrubar as portas do inferno e
entrar lá, amarrar satanás, tirar as vidas de seu domínio e transportá-las para o reino
de Cristo, treinar estas vidas para que se tornem também soldados contra o
inimigo.
A vitória já está garantida pois a bíblia diz que Jesus se manifestou para destruir as
obras do diabo (I JO 4.8). Além disso, quando a última pessoa ouvir a mensagem do
evangelho na terra, Jesus Cristo voltará com poder e grande glória (MT 24.14). Então
veremos a derrota final do inimigo (AP 20.7-10).

CONCLUSÃO
No coração de Deus há um clamor, dia e noite, gritando: Almas! Almas! Almas!
Ele clama para que seus servos se entreguem á obra de ganhar almas. Somente estes,
que procuram ter um coração segundo o Deus sabem o que significa este clamor: "Ai
de mim, se não anunciar este Evangelho!" Paulo sabia que era responsável perante
Deus, de resgatar o mundo das trevas. O Senhor tem chamado e preparado homens
especiais para este serviço: Os evangelistas. Esses homens têm transformado o mundo
com as boas novas de salvação, desde o tempo de Jesus, e vão continuar com este
ministério até que Ele volte.

Jesus, após sua ressurreição, anunciou aos discípulos uma condensação do


antigo testamento. Disse ele: ''São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda
convosco, que importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na lei de Moisés,
nos profetas e nos Salmos''. Quando então lhes abriu o entendimento para
compreenderem as escrituras, e lhes disse: Assim está escrito: “que o Cristo havia de
padecer...''.
Sacerdotes e rabinos judeus, aos milhares, já dedicaram incontáveis horas de estudo
aos textos do antigo testamento e, no entanto, não conseguiram perceber ali a maior
revelação: O Messias teria que sofrer e morrer.
E Jesus continua: “...e ressuscitarei dentre os mortos ao terceiro dia...'' A
ressurreição do Messias, outro importante ''ponto cego'' na mente do povo escolhido
de Deus é a segunda parte do conciso sumário que ele faz do antigo testamento.
Mas nós, os cristãos, que vivemos mais de 2000 mil anos depois, tendo os
benefícios de conhecer e desenrolar subseqüente da história, devemos ter o cuidado
de não rir desse erro dos judeus, que não discerniram o tema central do antigo
testamento, pois Jesus continuou a sua exposição, mencionando o terceiro fator que
constitui um dos principais: ''E que em seu nome se pregasse arrependimento para
remissão de pecados, a todas as nações, começando em Jerusalém'' (LC 24.44-47).

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