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EM PARCERIA COM O

Área Especial nº 08 Setor "D" Sul - Anexo 3º andar Caixa


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Coordenador de relações institucionais


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Diagramação, Editoração, Projeto Gráfico e capa :


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Impressão e Encadernação
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Vice-Presidente: Pr. Willthinberg Bittencourt da Silva
Membro: Pr. Vanderly Tavares Ferreira
Membro: Pr. Job José Cardoso
Membro: Ev. Walber Micchellon Costa da Silva
Tiragem da 1a Edição: 1.000 exemplares.
Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos
os direitos reservados pela OCEB
Ordem dos Capelães Evangélicos do Brasil.
O conteúdo dessa obra é de inteira responsabilidade do
autor.
Como obter melhor êxito nos estudos

Prezado (a) Aluno (a), a paz em nosso Senhor Jesus Cristo.

Parabenizamos o amado (a) pela iniciativa em realizar este curso


de CAPELANIA. Queremos aqui dar algumas dicas para melhor
aproveitamento dos seus estudos, pois há pessoas que estudam
muito e retêm pouco. Isto porque estudam sem um método
definido.

Por esta razão, resolvemos descrever algumas orientações que


poderão ser muito úteis para o seu desenvolvimento neste
curso.

I. Sem Deus nada podemos fazer: Ore a Deus agradecendo


pela oportunidade que você está tendo de fazer um curso de
Capelania, pois muitas são as pessoas que desejam realizar um
curso como este e não tem condições.

Aproveite essa oportunidade. Peça a Deus que lhe capacite nos


estudos e entendimento deste curso.

II. Tenha às mãos material de estudo e consulta: Além deste


livro, outros materiais ajudam como fonte de consulta e
referência para todo o curso.

1) Bíblia (o maior número de versões possível).

2) Dicionário Bíblico.

3) Atlas Bíblico.

4) Uma Concordância Bíblica.

III. A organização é essencial nos estudos:


1) Primeiro realize uma leitura rápida e global do livro. Não
sublinhe, não faça anotações e não confira referências, procure
apenas descobrir o que o autor quis comunicar-lhe ao escrever.

2) Agora sim, começa o estudo detalhado do manual de estudo,


observando todas as ideias, referências, fazendo anotações e
sublinhando o que lhe chama mais a atenção para que possa
levar a sala de aula para um debate mais aprofundado, ou
retirar alguma dúvida com o tutor da disciplina.

A nossa intenção é que você seja bem-sucedido (a) neste curso,


e aproveitado (a) no ministério que o Senhor lhe conceder, na
Igreja que congrega.

Fraternalmente em Cristo,

Equipe IBADEB.
Sumário
Como obter melhor êxito nos estudos ..................................... 5
Capítulo 01 - Síntese Histórica da Capelania.......................... 9
Capítulo 02 - Legislação ....................................................... 17
Capítulo 03 - Classificação Brasileira de Ocupações - CBO .. 21
Capítulo 04 - Capelania Hospitalar ...................................... 29
Capítulo 05 - Capelania Prisional ......................................... 53
Capítulo 06 - Capelania Escolar ........................................... 75
Capítulo 07 - Capelania Comunitária Era ............................ 85
Considerações Finais ........................................................... 95
Bibliografia ........................................................................... 97
Manual de Orientação do Capelão OCEBCEB ...................... 99
Capítulo 01 - Síntese Histórica da Capelania
A Capelania é uma atividade antiguíssima. Foi
desenvolvida desde os primórdios da vida em comunidade.
Porém, a história como conhecemos em nossos dias, tem sua
origem na pessoa de S. Martinho de Tours.
Trata-se do exercício do ministério de socorro e de
misericórdia. Um trabalho de assistência espiritual e ajuda
humanitária, revestido de empatia e solidariedade, confortando
e consolando todos aqueles que necessitam de uma mão amiga
em qualquer hora e em qualquer dia.
Os que exercem a atividade de capelania –
ministério de socorro e misericórdia – demonstram a fé e o amor
cristão por meio do atendimento prestado ao próximo. O apoio
e auxílio abrangem as áreas espiritual, emocional, social,
recreativa e educacional do ser humano. É oferecido sem
distinção de credo, raça, sexo, idade, grau de instrução ou
classe social.

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OCEB/IBADEB
1.1 - BIOGRAFIA DE MARTINHO
A obra “Vita Martin” (Lat. Vida de Martinho) foi
escrita por Sulpício Severo, aristocrata romano, culto e rico. A
biografia foi escrita entre 394 d.C. e 397 d.C. e descreve a vida
daquele que ficaria conhecido por São Martinho de Tours. O
livro teve grande repercussão no mundo medieval. Espalhou-se
até Cartago, Alexandria e Síria. Esta obra foi responsável pela
divulgação dos trabalhos desenvolvidos por Martinho naquela
época e que contribuiu para a atividade de capelania moderna.
Conforme a biografia Martinho nasceu em 316 d.C
em território do império romano - Sabaria na antiga Panônia -
hoje Hungria. O jovem pagão era filho de um tribuno e oficial
romano e aos 16 anos de idade alistou-se no exército, atividade
que desempenhou com esmero e que o destacou como soldado
e oficial.
Em 338 d.C aos 22 anos, Martinho com as tropas
sob seu comando, foi enviado à região de Amiens (França). Em
uma noite de inverno muito fria e chuvosa, ele deparou-se com
um mendigo maltrapilho que lhe pediu ajuda. Martinho não
tinha consigo moeda alguma que pudesse oferecer aquele
homem. Ao perceber que o mendigo tremia de frio rasgou a sua
capa (lat. capella) em dois pedaços e deu metade para que o
homem pudesse agasalhar-se. Os seus companheiros de armas
riram-se dele porque ficara com a capa rasgada cobrindo-lhe
apenas a metade do corpo.
.
1.2 - CONVERSÃO DE MARTINHO
Naquela noite ele sonhou que uma voz lhe dizia:
“Cada vez que fizeres o bem ao menor dos teus irmãos é a mim
que o fazes”. Martinho entendeu que ao ajudar ao mendigo,
tinha ajudado a Jesus Cristo e essa visão foi à razão pela qual
ele se converteu ao cristianismo. Na páscoa do ano 339 d.C.
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
Martinho foi batizado nas águas, e em seguida, começou a
compartilhar o seu testemunho e muitos passam a aceitar o
cristianismo pela sua pregação.
Sua nova condição de fé e seu entusiasmo na
evangelização tornam-se incompatíveis com suas funções de
oficial romano. Não tendo outra solução, Martinho dois anos
após a conversão decide pelo exílio voluntário, porque,
oficialmente só podia sair do exército com 40 anos. Com o
passar do tempo, suas pregações e seu exemplo, e as diversas
tradições fizeram dele um homem considerado santo.
Martinho, segundo a tradição, construiu o
primeiro mosteiro da França e da Europa ocidental. Dedicou
sua vida na evangelização dos povos da área rural, exerceu o
ministério de socorro e misericórdia em benefício dos pobres e
doentes que amparava. No ano 357 d.C foi dispensado
oficialmente do exército e continuou a espalhar sua fé por todo
Império. Em julho de 371 d.C foi aclamado bispo de Tours
(França).

1.3 - MORTE E SEPULTAMENTO DE MARTINHO


Martinho morreu aos 81 anos, no dia 8 de
novembro de 397 d.C, na cidade de Candes (França). Seu corpo
foi levado até a cidade de Tours onde foi sepultado no dia 11 de
novembro. Na cidade francesa de Tours, foi erguida uma enorme
basílica entre 458 e 489 d.C. que viria a ser lugar de
peregrinação, durante séculos.

1.4 - O MOVIMENTO MODERNO DE CAPELANIA


A capelania moderna remonta ao Pastor
congregacional Washington Gladden (1836-1918) do Estado de
Ohio, Estados Unidos, que trabalhou como capelão em vários

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hospitais do exército norte-americano. No final do século 19,
fruto de sua experiência nos hospitais, Gladden descreveu a
relação entre a saúde mental e a saúde física em seu livro “The
Christian Pastor” (O pastor cristão). Gladden escreveu nada
menos de cinquenta livros. Tornou-se uma grande influência na
vida da igreja evangélica de seu tempo e revitalizou o trabalho
de capelania.
Outro percussor foi o presbiteriano Anton Teófilo
Boisen (1876-1966). Boisen graduou-se na Universidade de
Indiana, EUA, em 1987. Mais tarde ele estudou no Union
Theological Seminary (Seminário Teológico Unido), na cidade de
Nova York onde se formou em 1911. No período de 1922- 1924,
Boisen se especializou em psicologia da religião. Ao final de seus
estudos tornou-se capelão do Hospital Estadual de Worcester
(hospital psiquiátrico). Em 1925 inaugurou no hospital um
programa na formação clínica de estudantes de teologia. Um de
seus alunos, Dr. Helen Flanders Dunbar, tornou-se pioneiro no
campo da medicina psicossomática.
Em 1932, Boisen tornou-se Capelão no “Elgin
State Hospital” perto de Chicago onde permaneceu até 1954 e
depois como Capelão Emérito até sua morte. Em 1936, ele
publicou sua obra mais famosa “Exploração do mundo interior”,
livro muito elogiado pela crítica. Boisen continuou expondo seus
pontos de vista sobre religião e saúde mental em mais de 150
artigos e vários outros livros. Por toda esta contribuição, Boisen,
é considerado na literatura moderna como um dos fundadores
do treinamento pastoral clínico.
Destaca-se no Reino Unido, Leslie Dixon
Weatherhead (1893-1976), Ministro Metodista. Ele serviu como
capelão do Regimento de Devonshire, na Mesopotâmia, durante
a Primeira Guerra Mundial e, em seguida, em 1919, assumiu o
comando da Igreja Metodista Inglesa em Madras. Durante seu
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
trabalho na Mesopotâmia, conheceu um médico que atuava
como psicoterapeuta, e que compartilhou com ele muitas ideias
sobre “natureza psicossomática” de boa parte das doenças
conhecidas como físicas.
Ao retornar à Inglaterra em 1922, Leslie criou
seminários de debates envolvendo psicologia, medicina e
psicanálise. Tornou-se ministro na Estrada Wesleyan Church
Oxford, Manchester (1922-1925). Em 1936, tornou-se ministro
do Temple City, em Londres, uma igreja Congregacional, onde
permaneceu até sua aposentadoria em 1960.
Tornou-se especialmente conhecido no
estabelecimento de uma parceria entre religião e psiquiatria. Ele
estava convencido de que muitas doenças físicas e mentais
eram causadas pela perda da verdadeira religião. Weatherhead
publicou mais de 30 livros e contribuiu para firmar as
atividades de capelania e a emergente disciplina denominada
psicologia pastoral.

1.5 - CAPELANIA NO BRASIL


No Brasil, em 1858, nas Forças Armas foi criado o
serviço de capelania militar. O órgão responsável recebeu o
nome de Repartição Eclesiástica. Somente eram admitidos no
serviço os sacerdotes católicos. O serviço foi abolido em 1899.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em
1944, e o ingresso do Brasil no conflito, o serviço foi
restabelecido com o nome de Assistência Religiosa das Forças
Armadas. Na mesma época foi criada também a Capelania
Evangélica para assegurar a presença de Capelães Evangélicos
na FEB (Força Expedicionária Brasileira). O Pastor Filson Soren
tornou-se o primeiro capelão evangélico.

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João Filson Soren (1908-2002) nasceu em 21 de
janeiro, na cidade do Rio. Era filho do pastor batista Francisco
Fulgêncio Soren. Em 1928, passou a estudar no Seminário
Teológico Batista do Sul, em Louisville, no estado de Kentucky.
Formou-se e recebeu o título de mestre em Teologia. Retornou
ao Brasil em 1933 e começou a dar aulas no Colégio Batista.
Quando tinha 27 anos de idade, em 1935, João Soren foi
ordenado Ministro na Primeira Igreja Batista do Rio, local onde
permaneceu como Pastor titular durante 50 anos consecutivos.
Em 1944, apresentou-se como voluntário para
atuar na 2ª Guerra Mundial. Em 13 de julho de 1944 foi
nomeado Capelão Militar e classificado no 1º Regimento de
Infantaria do Rio (Regimento Sampaio). Cerca de 600 soldados
evangélicos integraram a FEB por ocasião da 2ª Guerra. Os
Militares Evangélicos iniciaram seus cultos no quartel do
Regimento Sampaio, na Vila Militar logo após a nomeação deseu
capelão. Sentindo necessidade de um hinário para a tropa, João
Soren, preparou um hinário do expedicionário, intitulado "O
Cantor Cristão do Soldado".
No dia 20 de setembro do mesmo ano, João Soren
embarcou com destino ao teatro de operações da Europa, onde
permaneceu por 341 dias. Porém, continuou a pastorear a igreja
que não abria mão de sua direção. Enviava cartas que eram
lidas e depois reproduzidas.
De volta ao Brasil, participou ativamente das
atividades dos ex-combatentes, vindo a presidir, a partir de
1978, a Confraternização dos Ex-Combatentes e Veteranos
Evangélicos da FEB (CONFRATEX-FEB), de que foi o
idealizador.
João Soren foi Presidente da Convenção Batista
Brasileira por dez mandatos e Presidente da Aliança Batista
Mundial de 1960 a 1965, sendo o primeiro latino a receber essa
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
honra e privilégio. Foi fundador da Sociedade Bíblica do Brasil
e pertenceu à Academia Brasileira Evangélica de Letras.
Escreveu, entre outros, o livro “O Combatente de Cristo”.
É autor de um dos mais belos hinos e mais
cantados no Brasil, o de nº 579, do Cantor Cristão: “Olhando
para Cristo”, escrito em 1971. João Filson Soren faleceu, no Rio
de Janeiro, em 2002, próximo de completar 94 anos de idade.

1.6 - CONCEITO DA ATIVIDADE DE CAPELANIA


Capelania deriva do substantivo capela, do latim
cappela, uma “capa”. O termo era usado inicialmente para
indicar o local onde S. Martinho de Tours guardava a sua capa.
Assim, capela veio a significar um pequeno lugar que contém
seu próprio altar. Pode também ser interpretado como lugar
particular de adoração à parte do templo da igreja oficial.
Deste modo, os locais de cultos nas escolas,
presídios, hospitais, quartéis e quaisquer outras instituições de
ordem coletiva passaram a receber o nome de capela. O
exercício da atividade religiosa nessas instituições coletivas
denomina-se capelania. Como já afirmado a capelania é
conhecida como “ministério de socorro e misericórdia”. Aqueles
que desenvolvem este ministério são chamados de “capelães”.
Atualmente o exercício da capelania é muito
abrangente. Cada dia surge uma nova necessidade. Dentre as
atividades contemporâneas destacam-se a capelania hospitalar,
prisional, escolar, esportiva, social, parlamentar, empresarial e
industrial, dentre outras.

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OCEB/IBADEB

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária

Capítulo 02 - Legislação

A legislação brasileira que trata da atividade de


capelania é insuficiente e necessita de uma maior
regulamentação. Porém, a legislação existente, em termos
gerais, garante o exercício da assistência religiosa.

2.1 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do

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OCEB/IBADEB
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de


assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva.

COMENTÁRIO.
Como é possível observar no inciso VII, a prestação
de assistência religiosa foi assegurada na Constituição. No
entanto, como todas as demais garantias universais, a redação
constitucional preconizou a necessidade de lei regulatória para
o exercício da atividade.
Finalmente, doze anos após a promulgação da
Constituição, a lei de regulamentação foi aprovada no
Congresso Nacional.

2.2 – Lei nº 9.982, de 14 de julho de 2000

Dispõe sobre a prestação de assistência religiosa nas


entidades hospitalares públicas e privadas, bem como
nos estabelecimentos prisionais civis e militares.

O P R E S I D E N T E D A R E P Ú B L I C A - Faço saber
que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:

Art. 1o Aos religiosos de todas as confissões assegura-


se o acesso aos hospitais da rede pública ou privada,
bem como aos estabelecimentos prisionais civis ou
militares, para dar atendimento religioso aos internados,
desde que em comum acordo com estes, ou com seus

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
familiares no caso de doentes que já não mais estejam
no gozo de suas faculdades mentais.

COMENTÁRIO.

A lei assegura o direito de assistência religiosa


para todas as confissões de fé. Aqui estão incluídos os cristãos,
os judeus, os muçulmanos, os budistas e demais religiões.
Dentro das diversas ramificações, a lei, atende aos católicos, aos
evangélicos, aos espíritas, aos integrantes das religiões afros e
demais práticas espiritualistas.
O direito de acesso ficou restrito as unidades de
internação coletiva. Sendo regulada apenas a atividade de
assistência religiosa nos hospitais e presídios. E ainda assim,
somente com o consentimento dos internos ou de seus
familiares no caso do doente que esteja incapaz. Leia o que
preconiza o artigo segundo:

Art. 2o Os religiosos chamados a prestar assistência


nas entidades definidas no art. 1o deverão, em suas
atividades, acatar as determinações legais e normas
internas de cada instituição hospitalar ou penal, a fim de
não pôr em risco as condições do paciente ou a
segurança do ambiente hospitalar ou prisional.

COMENTÁRIO.

O direito de acesso aos hospitais e presídios, para


o serviço de assistência religiosa, ficou assegurado na Lei. No
entanto, os religiosos ficaram reféns das normas e regulamentos

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OCEB/IBADEB
de cada uma destas instituições de internação coletiva. Isto
significa que a exigências, pré-requisitos, horários e dias da
visitação ficam a critério de cada instituição de internação
coletiva. Veja os detalhes no comentário abaixo:

Art. 4o O Poder Executivo regulamentará esta Lei no


prazo de noventa dias.

COMENTÁRIO.

Com esta ressalva na lei, os governadores de


estado e por sua vez os prefeitos municipais receberam a
incumbência de normatizar o acesso dos religiosos aos
hospitais e presídios. Assim, cada estado da Unidade
Federativa e consequentemente cada município emancipado
deverão estabelecer os critérios e os requisitos necessários
para o exercício da atividade de assistência religiosa.
Na prática significa afirmar que as secretarias
de saúde e de segurança estaduais e municipais possuem a
prerrogativa de determinar os procedimentos de acesso nas
instituições. Deste modo, cada instituição estabelecerá
normas e critérios próprios. Por exemplo, os dias e horários
de acesso serão regulados pela instituição. A frequência das
visitas, a periodicidade, o tempo a ser usado e as medidas de
profilaxia e de segurança atenderão a realidade de cada região,
estado e município de nosso país.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária

Capítulo 03 - Classificação Brasileira de Ocupações - CBO

3.1 – HISTÓRICO DA CBO

A estrutura básica da Classificação Brasileira de


Ocupações (CBO) foi elaborada em 1977, resultado do convênio
firmado entre o Brasil e a Organização das Nações Unidas -
ONU, por intermédio da Organização Internacional do Trabalho
- OIT, no Projeto de Planejamento de Recursos Humanos
(Projeto BRA/70/550), tendo como base a Classificação
Internacional Uniforme de Ocupações - CIUO de 1968. Coube a
responsabilidade de elaboração e atualização da CBO ao
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.

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OCEB/IBADEB
A CBO é o documento que classifica, nomeia e
codifica os títulos e descreve as características das ocupações
do mercado de trabalho brasileiro. Sua atualização e
modernização se devem às profundas mudanças ocorridas no
cenário cultural, econômico e social do País nos últimos anos,
implicando alterações estruturais no mercado de trabalho. A
versão atual contém as ocupações do mercado brasileiro,
organizadas e descritas por famílias.

3.2 – FAMÍLIA OCUPACIONAL


A família ocupacional, na classificação brasileira
de ocupações - CBO constitui um conjunto de atividades
similares correspondentes a uma prática existente no país.
Com este conceito, a CBO classificou os Ministros
de Cultos, Missionários, Teólogos e Profissionais Assemelhados
com o número ordinal 2631.
Nesta família ocupacional identificada pelo no.
2631, o Ministério de Trabalho e Emprego – MTE descreveu as
atividades desenvolvidas pelo grupo do seguinte modo:

Realização de liturgias, celebrações, cultos e ritos;


direção e administração de comunidades; formação de
pessoas segundo preceitos religiosos das diferentes
tradições; orientação de pessoas; realização de ação
social junto à comunidade; pesquisas da doutrina
religiosa; transmissão de ensinamentos religiosos;
prática da vida contemplativa e meditativa; preservação
da tradição e o exercício contínuo de competências
pessoais e específicas.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
3.3 – CÓDIGOS E TÍTULOS
Como a família ocupacional identifica uma
atividade similar, o código e títulos identificam uma ocupação
ou atividade específica dentro da família ocupacional. Assim a
família ocupacional de no. 2631 é desmembrada com a seguinte
classificação:
2631-05 - Ministro de Culto Religioso – O Ministério
do Trabalho e Emprego classifica os seguintes títulos como
sendo ocupação de Ministros de Culto Religioso:

Abade, Abadessa, Administrador apostólico, Administrador


paroquial, Agaipi, Agbagigan, Agente de pastoral, Agonjaí, Alabê,
Alapini, Alayan, Ancião, Apóstolo, Arcebispo, Arcipreste, Axogum,
Babakekerê, Babalawô, Babalorixá, Babalossain, Babaojé, Babá
de umbanda, Bikkhu, Bikkuni, Bispo, Bispo auxiliar, Bispo
coadjutor, Bispo emérito, Cambono, Capelão, Cardeal, Catequista,
Clérigo, Confessor, Cura, Curimbeiro, Cônega, Cônego, Dabôce,
Dada voduno, Daiosho, Deré, Dirigente espiritual de umbanda,
Diácono, Diácono permanente, Dom, Doné, Doté, Dáia, Egbonmi,
Ekêdi, Episcopiza, Evangelista, Frade, Frei, Freira, Gaiaku,
Gheshe, Gãtó, Humbono, Hunjaí, Huntó, Instrutor de curimba,
Instrutor leigo de meditação budista, Irmã, Irmão, Iyakekerê,
Iyalorixá, Iyamorô, Iyawo, Izadioncoé, Kambondo pokó, Kantoku
(diretor de missão), Kunhã-karaí, Kyôshi (mestre), Lama budista
tibetano, Madre superiora, Madrinha de umbanda, Mameto
ndenge, Mameto nkisi, Mejitó, Metropolita, Meôncia, Ministro da
eucaristia, Ministro das ezéquias, Monge, Monge budista, Monge
oficial responsável por templo budista (Jushoku), Monsenhor,
Mosoyoyó, Muzenza, Muézin, Nhanderú arandú, Nisosan, Nochê,
Noviço, Oboosan, Olorixá, Osho, Padre, Padrinho de umbanda,
Pagé, Pastor evangélico, Pegigan, Pontífice, Pope, Prelado,
Presbítero, Primaz, Prior, Prioressa, Pároco, Rabino, Reitor,
Religiosa, Religioso leigo, Reverendo, Rimban (reitor de templo

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OCEB/IBADEB
provincial), Roshi, Sacerdote, Sacerdotisa, Seminarista, Sheikh,
Sokan, Superintendente de culto religioso, Superior de culto
religioso, Superior geral, Superiora de culto religioso, Swami,
Sóchó (superior de missão), Tata kisaba, Tata nkisi, Tateto ndenge,
Testemunha qualificada do matrimônio, Toy hunji, Toy vodunnon,
Upasaka, Upasika, Vigário, Voduno ( ministro de culto religioso),
Vodunsi (ministro de culto religioso), Vodunsi poncilê (ministro de
culto religioso), Xeramõe (ministro de culto religioso), Xondaria
(ministro de culto religioso), Xondáro (ministro de culto religioso),
Ywyrájá (ministro de culto religioso).

2631-10 - Missionário – O Ministério do Trabalho


e Emprego classifica os seguintes títulos como sendo ocupação
de Missionário:

Bikku - bikkhuni, Jushoku, Kaikyôshi, Lama tibetano,


Missionário leigo, Missionário religioso, Missionário
sacerdote, Obreiro bíblico, Pastor, Pastor evangelista,
Swami (missionário), Sóchó, Zenji (missionário).

2631-15 - Teólogo – O Ministério do Trabalho e


Emprego classifica os seguintes títulos como sendo ocupação de
Teólogo:

Agbá, Bokonô, Consagrado, Conselheiro correicional


eclesiástico, Conselheiro do tribunal eclesiástico, Cádi,
Especialista em história da tradição, doutrina e textos
sagrados, Exegeta, Imã, Juiz do tribunal eclesiástico,
Leigo consagrado, Mufti, Obá, Teólogo(a), Álim.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
3.4 – CONDIÇÕES GERAIS DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE
De acordo com a CBO, os profissionais desta
família ocupacional podem desenvolver suas atividades como
consagrados ou leigos, de forma profissional ou voluntária.
As atividades podem ser desenvolvidas em
templos, igrejas, sinagogas, mosteiros, casas de santos e
terreiros, aldeias indígenas e casas de culto. Também podem
estar presentes em universidades e escolas, centros de
pesquisa, sociedades beneficentes, organizações não-
governamentais, instituições públicas e privadas.
Segundo a CBO uma parte destas práticas tem
caráter subjetivo e pessoal e é desenvolvida individualmente,
como a oração e as atividades meditativas e contemplativas;
outra parte se dá em grupo, como a realização de celebrações
e cultos.
A CBO reconhece a existência de um movimento na
direção da profissionalização dessas ocupações, para que
possam se dedicar exclusivamente às tarefas religiosas em
suas comunidades. Nesse caso, deixa claro que os
profissionais devem ser mantidos por suas entidades
religiosas.

3.5 – FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA DOS PROFISSIONAIS


Nesta família ocupacional, segundo a CBO, a
formação depende da tradição religiosa e da ocupação. Nas
tradições de transmissão oral, como as afro-brasileiras e
indígenas, as ocupações não requerem nível especial de
escolaridade formal. Já nas tradições baseadas em textos
escritos, a CBO afirma ser desejável que Ministros (as) de culto
e Missionários (as) tenham o superior completo. E no caso dos

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OCEB/IBADEB
(as) Teólogos (as), é esperado que tenham formação superior em
Teologia.
No entanto; a CBO salienta que qualquer que seja
a tradição religiosa, tanto ou mais que a formação, contam a fé
e o chamamento individual para o serviço do divino.

3.6 – OFÍCIO DE CAPELÃO


O ministro religioso ou o voluntário leigo que
presta o serviço de capelania é chamado de Capelão. A
expressão vem do latim “capellanus” e foi aplicado pela primeira
vez ao sacerdote que tomava conta da capa (cappela) de S.
Martinho de Tours.
Ao desenvolverem-se diversos tipos de capelania a
função de capelão se multiplicou. Primeiro surgiram os capelães
para servir à realeza e à nobreza. Finalmente surgiram os
capelães para servirem nas forças armadas, nas instituições de
ensino, hospitais e presídios.
Na Classificação Brasileira de Ocupações, o
Capelão é identificado como Ministro de Culto Religioso (código
2631-05). Como não existe regulamentação do Estado para
Ministro de Culto, obviamente não temos regulamentação civil
para o exercício do ofício de Capelão.
Atualmente existem projetos e tratativas junto ao
Congresso Nacional para a regulamentação deste ofício. Nas
Forças Armadas, Corpo de Bombeiros e Polícias
Militares, exige-se dos Capelães Militares a formação teológica
de nível superior.
Contudo, na ausência de regulamentação para os
demais segmentos, o ofício de Capelão permanece como
atividade eclesiástica e como tal sujeito às normas e critérios
das instituições e associações religiosas.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
Sob esta ótica, todo cristão voluntário quando
autorizado por sua igreja, pode prestar o serviço de capelania
por meio de credenciamento como visitador religioso. O
credenciamento e o título de Capelão são geralmente obtidos na
conclusão de curso específico em instituições reconhecidas
como idôneas pelas lideranças eclesiásticas.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária

Capítulo 04 - Capelania Hospitalar


Capelania evangélica hospitalar tem como missão
atuar nos hospitais públicos e privados, ambulatórios e clínicas
médicas, por meio de voluntários capelães e visitadores
religiosos capacitados e vocacionados para levar amor, conforto
e esperança aos pacientes, familiares, profissionais da saúde e
enfermos internados ou em atendimento de emergência.

4.1 – TANATOLOGIA
Tem origem no grego thánatos (morte). Na
mitologia grega, Thánatos e seu irmão Hypnos (sono) são os
porteiros dos mortos. A expressão Logia (estudo, ciência)
associada com thánatos forma o substantivo tanatologia que é
traduzido como a “ciência ou o estudo da morte”, um termo
cunhado pelo russo Elie Metchnikoff (1901).

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Uma das finalidades da tanatologia é desmistificar
a morte aprendendo a conviver com ela. A morte e a vida pós-
túmulo permanecem como forte tabu em nossa cultura.
Prevalece o conceito de que a morte é um erro, uma imperícia
ou um fracasso. Na era da ciência, da informática e da
tecnologia com descobertas surpreendentes, o homem ainda é
incapaz de conviver com o grande mistério da morte.
Deste modo, a tanatologia procura humanizar,
vivenciar, refletir e debater o assunto, possibilitando maior
compreensão e formação de novas perspectivas para lidar com
as perdas, o luto, a separação e com a própria morte, como
também com a morte do outro. Como cristãos sabemos que a
morte é resultado do pecado, mas que em Cristo temos a
esperança de vida eterna: “Porque o salário do pecado é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo
Jesus nosso Senhor” (Rm 6.23).

4.2 – ENFERMIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES


A descoberta de uma enfermidade provoca
ansiedade, medo, culpa e até raiva. A doença interrompe a
rotina da vida. Até a enfermidade considerada leve e de menor
gravidade tem capacidade de alterar o curso diário de uma
pessoa. A situação será agravada se a enfermidade requerer
hospitalização ou se o tratamento exigir uma intervenção
cirúrgica.
O temor aumenta quando o diagnóstico aponta
uma doença incurável ou um tratamento com recuperação
demorada. Estes sentimentos se intensificam quando alguém se
torna inválido. A pessoa sente-se impotente, injustiçada e
discriminada. A angústia orgânica causada pela doença é
acompanhada, e por vezes, precedida e agravada pela angústia
emocional.
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
Raramente o ser humano estará tão despido de
máscaras e vaidade quanto numa enfermidade. Por meio da
pregação da palavra, encorajamento e oração, o servo de Deus
se torna um agente do poder curativo divino na crise da
enfermidade. O fato de alguém estar doente não quer dizer que
cessou de ser uma pessoa ou de que a esperança findou. A
situação requer cuidados médicos sem a negligência das
palavras de fé, esperança, compreensão, amor e apoio.

4.3 - REAÇÕES DIANTE DE ENFERMIDADE GRAVE


A doença envolve muito mais que o sofrimento
físico. Ela gera várias reações psicológicas e espirituais que não
são da área médica, e, preocupam médicos e terapeutas. Muitas
destas influências psicológico-espirituais agravam a doença
física e atrasam ou impedem a recuperação. Alguns efeitos
psicológicos causados pela enfermidade devem ser do
conhecimento do Capelão para que possa melhor ajudar
pessoas com tais dificuldades. Abaixo listamos os efeitos de
maior incidência.

❖ Choque: ao ser diagnosticado com uma doença grave ou


incurável a primeira reação é o choque. O primeiro impacto
sempre é o mais forte. Os testemunhos indicam que o chão se
abre diante dos pés. Medo, angústia, mal-estar e pranto são as
emoções mais comuns. A vida passa como um filme pela mente
da pessoa. Sonhos e projetos se desmontam como um castelo
de areia e a pessoa torna-se sensível e vulnerável. Nesta hora é
fundamental o apoio da família, dos amigos e da igreja.

❖ Negação: não acreditar que esteja doente é uma forma de


trabalhar internamente a notícia. Insistir em um novo

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diagnóstico é esperança de que existe um terrível engano. Isto é
salutar. Têm sido amplamente comprovados erros nos
diagnósticos. Por isso, uma segunda opinião é sempre
recomendada. No entanto, mesmo quando o diagnóstico fica
comprovado alguns ainda negam a doença e se recusam ser
tratados. Com carinho e com firmeza a família e os mais íntimos
devem medir esforços no convencimento. Somente depois de
conscientes da gravidade da doença é que se submetem ao
tratamento.

❖ Ira e Revolta: esta é uma fase extremamente difícil. O


paciente deixa de negar a doença e se reconhece enfermo. Então
suas emoções oscilam entre a ira e a revolta. Ficam irados
consigo mesmos, por não terem cuidado da saúde.
Ficam revoltados contra Deus por ter permitido a doença. Ficam
irados com os outros que gozam de perfeita saúde. Revoltam-se
contra a medicina e seus profissionais por não terem descoberto
a cura. A paciência, amor e compreensão dos mais próximos são
indispensáveis na superação desta fase.

❖ Afastamento: alguns se retraem numa atitude de


autopiedade, vergonha e solidão. Isolam-se e não querem
conversar sobre o assunto. Sentem-se fracassados por terem
contraído uma enfermidade grave. Envergonham-se de seu
corpo debilitado e se punem escondendo seus flagelos. Não
querem ser vistos por ninguém e se recusam a receber atenção.
Imaginam que as pessoas irão censurá-los por estarem doentes.
Com a autoestima ferida rejeitam qualquer gesto de
solidariedade. Os que enveredam por este caminho necessitam
de profunda compreensão e respeito e jamais de recriminação.
Precisam ser coagidos pelo amor a saírem do enclausuramento.

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❖ Manipulação: usam a doença para controlar outros ou atrair
compaixão para si. Tornam-se exigentes de atenção. Quem os
cuida torna-se escravo de seus caprichos. O cuidador não pode
se afastar para nada. O enfermo torna-se rabugento e
murmurador. Reclama de tudo e de todos. Costuma ir além da
verdade simulando dores ou mal-estar.
Trabalha nas emoções e no psicológico de quem é próximo até
para angariar dividendos. Usam e abusam de estado de saúde
para levar todo tipo de vantagens. Ao perceber tal
comportamento a família deve agir com firmeza e muito tato.
Esclarecer o quanto é amado e prezado. Que tudo será feito para
a sua recuperação, mas que a manipulação é ato desprezível.

❖ Negociação: este é um período de esperança. O paciente


acredita na recuperação e passa a fazer diversos planos. Negocia
com Deus uma segunda oportunidade. Faz votos e promessas
de aproveitar melhor a vida. De usar melhor o tempo para a
família. Comprometer-se mais com o reino de Deus. Negociam
objetivos de curto, médio e longo prazo. Alguns pedem para não
morrer sem casar ou sem casarem os filhos. Outros querem
conhecer os netos. Fazer uma viagem e uma diversidade de
objetivos são negociados. A medicina tem registrado sensíveis
melhoras e até curas extraordinárias e milagrosas durante esta
fase. A família deve compartilhar e não desestimular estes
projetos. Devem se esforçar, inclusive, para os tornarem ainda
maiores.

❖ Tristeza: aqui o paciente é dominado pelo desânimo e pela


desesperança com a sua situação. Contabiliza as perdas que já
aconteceram e que irão acontecer. Lamenta sua dor e pede

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desculpas pelo sofrimento e trabalho que julga estar dando para
a família. Já não acredita mais na possibilidade de cura e
começa a pensar em desistir de lutar. Palavras de ânimo,
esperança e fé devem ser ministradas ao enfermo. Ajudá-lo a
vencer a tristeza sem promessas falsas é papel preponderante e
fundamental.

❖ Aceitação: o desapego passa a ser crescente com as coisas


materiais. Serenamente aceita a realidade da morte e se prepara
para partir. Pendências diversas são colocadas em discussão. O
testamento é lavrado aqui, ou pelo menos, os desejos do
paciente são expostos. Com quem devem ficar os seus bens.
Onde quer ser sepultado e que roupa gostaria de ser enterrado.
Qual o hino gostaria que fosse cantado. Que pastor deseja para
a cerimônia. A família não pode negar-se em ouvir. É preciso
respeitar os sentimentos e as emoções e comprometer-se em
cumprir os desejos.

❖ Entrega: o último estágio. O paciente entrega-se ao processo


de morrer. Não reage e nem luta mais. Deseja a morte. Acredita
ser o único meio de alívio a dor e ao sofrimento. Os profissionais
de saúde têm comprovado que a desistência do paciente quase
sempre acarreta em seu falecimento. A família precisa ser forte
e estar unida. Acompanhar as últimas horas como amor,
carinho, afeto e respeito.

❖ Oscilação: é importante registrar que estas reações e fases


podem oscilar durante o tratamento do paciente. Elas não
seguem necessariamente uma ordem cronológica. E também
pode não ocorrer todas as fases em um mesmo paciente. A

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oscilação acontece de acordo com o humor e as sensações do
enfermo. Hoje o paciente aceita a doença, amanhã pode negar
que esteja doente. Hoje é tomado de tristeza e desânimo,
amanhã pode estar cheio de esperança. Hoje se entrega e quer
morrer, amanhã reage e decide lutar e viver.
A família do doente também tem suas fases
paralelas, seus estágios e suas reações. Assim como acontece
com o paciente, as fases às vezes são interligadas, às vezes se
sobrepõem ou mudam de ordem. Os que acompanham o
tratamento devem estar conscientes destas fases e suas
oscilações e auxiliar na superação de cada período.

4.4 - TEOLOGIA DO SOFRIMENTO

“E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.


E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi,
quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse
cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais;
mas foi assim para que se manifestem nele as obras
de Deus” (Jo 9.1-3)

Um falso conceito divulgado entre os cristãos


afirma que todo o sofrimento, enfermidade e adversidade são
sempre ocasionados pelo pecado individual (e não pela presença
do pecado no mundo).
No texto bíblico acima, Jesus rejeita este enganoso
ensino. O Senhor esclareceu que a enfermidade no caso do cego
de nascença era para a manifestação das obras e do poder de
Deus. Não havia nenhum pecado individual envolvido. Como
Deus prioriza nossa saúde espiritual acima da nossa saúde
física, Ele pode aproveitar o sofrimento com este propósito.

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Certamente que o pecado pessoal torna-se, em
muitos casos, fonte de adversidade. Ananias e Safira estão
enquadrados neste quesito. Ao mentirem contra o Espirito
Santo tiveram suas ações julgadas e suas vidas imediatamente
ceifadas (At 5.5-10). Mas não é toda a enfermidade que está
relacionada com o pecado individual.
Contudo, sendo ou não resultado de ofensas
pessoais contra Deus, inúmeros testemunhos indicam que as
enfermidades, o sofrimento, as frustrações e a dor, chamam a
atenção da criatura para com o seu criador. Nestas situações
são comuns as interrogações, as dúvidas, as incertezas e as
reclamações. Questões diversas são levantadas, tais como:
“Por que comigo?”; “O que foi que fiz de errado?”, “Onde Deus
está?”, “Cadê suas promessas?”, dentre outros
questionamentos.
Na maioria dos casos, após o período de
questionamentos, o sofrimento serve para reflexão, mudança de
vida e de comportamento. Promessas quebradas são renovadas.
Pecados ocultos são confessados e abandonados. Vidas
espirituais medíocres tornam-se maduras.
Os que recebem a segunda oportunidade,
geralmente, tornam-se pessoas melhores, cristãos fervorosos,
solidários e dispostos no Reino de Deus. O questionamento “Por
que, Deus?”, fica para trás e passa a ser substituído pela
interrogação sincera “Para que Deus, com que propósito?”.

4.5 - CONCEITOS E SIGNIFICADOS DO SOFRIMENTO


As ideias e conceitos a respeito do sofrimento são variados.
Abaixo transcrevemos aquelas comumente divulgadas e
assimiladas pelas pessoas em geral:

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❖ Retribuição: ideia de punição na mesma medida e na mesma
proporção de sofrimento causado aos outros. Amplamente
divulgada no meio evangélico.

❖ Disciplina: neste caso Deus como pai, disciplina os filhos a


quem ama. Aqui o conceito faz diferença entre disciplina e
punição.

❖ Maldição: neste conceito, o sofrimento é considerado


simplesmente como maldição na vida de alguém.

❖ Ensino: o sofrimento faz papel de pedagogo conduzindo quem


sofre pelo caminho do aprendizado.

❖ Aviso: alerta divino com o propósito de avisar quando seus


filhos trilham o caminho errado.

❖ Crescimento: a tribulação produz oportunidade e


experiência pessoal para o amadurecimento e crescimento
espiritual.

❖ Identificação: sofrer a dor na própria carne desperta a


empatia. Auxilia os filhos de Deus a se identificar com o
sofrimento alheio e ajudar de forma efetiva.

❖ Filiação: nossa filiação nos faz participante das aflições de


Cristo. Tomar a cruz, negar a si mesmo e prosseguir denotam
verdadeiro compromisso com o Reino.

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❖ Comunhão: a verdadeira comunhão com Deus implica em


inimizade com o sistema mundano. Os que quiserem viver em
piedade padecerão tribulações.

❖ Dor Física: proveniente da enfermidade e do tratamento


doloroso. Originada por acidentes, velhice, infecções e
inflamações.

❖ Dor Emocional: resultado das perdas e da saudade


daqueles que partem da quebra de rotina por conta da
enfermidade e do tratamento.

❖ Cura Temporária: a cura temporária é a que acontece no


corpo físico. Possível ou não, de acordo com a soberana
vontade de Deus.

❖ Cura Definitiva: a cura definitiva é a do campo espiritual.


Sendo está a prioridade de Deus.

4.6 - VISITAÇÃO AO ENFERMO


Como já observado o sofrimento físico torna o ser
humano vulnerável e sensível. As emoções florescem aos
turbilhões, tais como, medo, angústia, choro, lágrimas, solidão,
desespero e mágoas. Cria-se um anseio pela doença e pela
morte. Assim, a enfermidade é invariavelmente condicionada
pela alma. Deste modo, a cura requer mais do que assistência
médica e tratamento terapêutico. Torna-se imprescindível uma
assistência experiente nas necessidades da alma. Diante desta
realidade a visita e a assistência espiritual têm papel
preponderante na recuperação e reabilitação do enfermo.

VISITAÇÃO BÁSICA: Compreende-se como visita


básica o acompanhamento prestado ao paciente dando-lhe

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assistência espiritual, emocional e social. Esta assistência pode
ser estendida aos familiares, funcionários e profissionais da
saúde, A visita ao enfermo não deve ser confundida com
proselitismo religioso.

4.7 - QUALIFICAÇÕES DO VISITADOR:


Listamos abaixo as qualificações imprescindíveis
na vida daqueles que são chamados para o exercício do
ministério de socorro e misericórdia:

✓ Ter experiência pessoal de conversão com o Senhor


Jesus: o novo nascimento, a regeneração, a santificação
e uma vida de oração são exigências prioritárias para o
exercício da capelania.

✓ Ter conhecimento bíblico e ser cheio do Espírito


Santo: conhecer e ter intimidade com as Escrituras. Ter
comunhão com o Pai e o Filho e ser guiado pelo Espírito
são requisitos para um ministério profícuo.

✓ Ser chamado para o exercício do ministério de


socorro e misericórdia: sentir amor pelas almas, vencer
obstáculos para levar a mensagem de Cristo e
solidarizar-se com os que sofrem são indicadores da
chamada para o serviço de capelania.

✓ Sentir empatia pelas pessoas fragilizadas pela


doença: colocar-se no lugar daqueles que sofrem,
entender e compreender seus medos, anseios e
frustrações caracterizam capacidade de poder ajudar o
próximo.

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✓ Respeitar sempre a pessoa humana, seu credo e seus


objetos de culto: o respeito ao ser humano inclui tolerar
suas crenças. A presença na enfermaria ou quartos de
objetos de culto (imagens, terços, crucifixos e outros) não
podem ser impedimentos na ministração ao enfermo.
Desdenhar e ofender as crenças do enfermo costuma ter
efeito contrário. O capelão deve anunciar a Cristo e o seu
Evangelho. A obra transformadora é realizada pelo
Espírito Santo.

✓ Ter sensibilidade e tato no trato com as pessoas: o


paciente já se encontra fragilizado pela doença. Espera-
se que o visitador seja cordial, amável e educado. É
preciso ser sensível às dores e sofrimento do doente. Não
censurar, condenar ou julgar, apenas amar e ser
compreensivo.

✓ Ter a motivação correta: fazer periodicamente


autoanálise sobre o real motivo que o leva a desenvolver
este ministério. A motivação deve ser exclusivamente o
amor. Qualquer outro motivo está classificado como
espúrio.

✓ Possuir autocontrole das emoções: buscar não se


impressionar com o aspecto físico ou emocional dos
pacientes. Não dar demonstração de surpresa,
repugnação ou pânico diante do enfermo. Agir com
naturalidade e serenidade.

✓ Ter boa saúde física e psicológica: não pode ser


hipocondríaco ou facilmente autossugestionado. Não
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
visitar se estiver doente, resfriado, com tosse ou
debilitado. Evitar falar de suas doenças ou suas
experiências hospitalares.

✓ Saber comunicar-se com facilidade: cativar o paciente


e seus familiares com conversa agradável e prazerosa.
Ser ponderado e saber usar as palavras certas.

✓ Ter humor bom e estável: não significa ser piadista ou


simpatizante de risadas fora de contexto. Implica em não
ser instável ou mal-humorado. Não pode demonstrar
inquietação, pressa, insatisfação ou mostrar-se
contrariado.

✓ Ser submisso às autoridades constituídas: cumprir


sem questionar as regras e normas preconizadas pelas
instituições hospitalares.

4.8 - NORMAS PRÁTICAS PARA A VISITAÇÃO


HOSPITALAR
Segue abaixo uma série de recomendações para a
boa conduta na instituição hospitalar e no relacionamento com
o paciente:

✓ Identificação: a entrada no estabelecimento de saúde


deve ser precedida da identificação do visitador na
portaria da instituição. As normas e os procedimentos da
unidade hospitalar devem ser observados. Seja cordial e
atencioso com os funcionários. Eles estão cumprindo

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determinações e não são seus adversários. Nunca se
esqueça de usar o crachá de identificação da Unidade de
Saúde.

✓ Apresentação: nas áreas de visitação, se a pessoa ainda


não o conhece, apresente-se educadamente ao paciente,
familiares e profissionais de saúde. Na apresentação deve
dizer o seu nome, sua função e a instituição religiosa a
que pertence ou órgão que representa. Deixar claro a
finalidade de sua visita e aguardar autorização ou
concordância do paciente para prosseguir com a visita.
As normas de boa educação, a ética e o bom senso devem
ser rigorosamente obedecidos. Em quartos onde há mais
enfermos, cumprimente os outros, mas se concentre
naquele com quem você deseja conversar.

✓ Abordagem: após a devida apresentação o visitador deve


usar de sabedoria para conquistar a atenção do paciente.
Trate sempre as pessoas pelo nome. Evite usar
expressões como “tiozinho”, “cara”, “titia”, “vovô”, “meu
chapa”, “vovó” e outros. Um método que estabelece
diálogo imediato constitui-se em perguntar ao paciente
como ele se sente. Esta abordagem demonstra interesse
e sincera preocupação com o estado de saúde do
enfermo. Mediante a resposta obtida o visitador
descobrirá as reais condições do doente. Ele poderá estar
se sentindo melhor, animado e esperançoso ou estará
sentindo dores, indisposto e desanimado.
Assuntos comuns podem aliviar a tensão e o
“stress” depois dos comentários acerca do estado de
saúde do paciente. Pode-se, por exemplo, salientar os
cuidados de Deus para com a pessoa visitada (a
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
reputação do hospital, a eficácia do tratamento, o
profissionalismo dos médicos e enfermeiros, o carinho da
família, a preocupação dos amigos, a intercessão da
igreja, etc).

✓ Ministração da Palavra: ao ministrar a palavra é


indispensável respeitar as crenças daquele que é
ministrado. A pessoa se fecha, quando sente que suas
crenças pessoais estão sendo ameaçadas. Por isso, o
visitador ou capelão deve falar do amor de Deus e do
plano da salvação em Jesus Cristo. Não deve ressaltar
ou enfatizar o inferno, morte e condenação. Deve
explanar acerca da vida eterna, perdão, cura e
libertação. Nenhuma decisão por Cristo deve ser
forçada. A decisão precisa ser voluntária e partir
sempre do desejo pessoal do paciente.

✓ Oração: a oração deve ser breve, clara e objetiva. A


intercessão deve ser pela saúde física, emocional e
espiritual do paciente. Tomar cuidado com o despertar
de emoções e com os assuntos abordados na oração.
Não gritar e nem fazer promessas que Deus não tenha
autorizado. A unção com óleo deve ser autorizada pelos
profissionais de saúde e deve ser um desejo do
paciente. A unção com óleo não deve ser usada
indiscriminadamente.

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4.9 - NORMAS PARA O CULTO NA CAPELA OU AUDITÓRIO
Segue abaixo algumas indicações práticas e
normas salutares na realização de cultos no ambiente
hospitalar:

✓ Duração: o culto deve ser espiritual e dinâmico. No


entanto tem que ser rápido e objetivo. O tempo ideal é de
15 e no máximo 30 minutos. Este detalhe está
relacionado com a necessidade de repouso dos pacientes
e os horários da medicação, banho, etc.

✓ Música: suaves, agradáveis, alegres, não depressivas ou


tristes. As letras devem ser otimistas, que tragam
esperança e reforcem a fé.

✓ Hinário: em quantidade suficiente para ser distribuído


aos presentes. De preferência com letras grandes e com
louvores conhecidos.

✓ Instrumentos musicais: quando autorizados, devem ser


os clássicos, tais como violão e teclado. Desaconselha-se
o uso de instrumentos de percussão e sopro (exceção às
flautas).

✓ Tom de voz: calmo e audível para o ambiente. Não gritar,


não exagerar nos movimentos e nas gesticulações. Não
ser muito lento e também não falar muito rápido.

✓ Pregação: não ser prolixo, na mensagem tomar cuidado


com termos e temas fortes que possam provocar
constrangimentos, devendo dar ênfase a otimismo,
perdão, salvação, libertação, cura, esperança e fé.
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
✓ Orações: curtas, objetivas, voz firme, sem gritar. Não
prometer que Deus vai curar alguém. Deus pode usar a
continuação da doença para outros fins.

✓ Testemunho: possível desde que previamente analisado.


Algumas pessoas quando não orientadas fazem do
testemunho um momento de lamento e murmuração.

✓ Proselitismo: Trabalhar individualmente as pessoas que


participaram do culto, a fim de evitar constrangimentos.

✓ Literatura: se possível, distribuir folhetos com


mensagens de esperança e exemplares da bíblia ou
porções do Novo Testamento.

4.10 - NORMAS PARA O CULTO NA ENFERMARIA OU


APARTAMENTOS
Este tipo de culto é realizado com os pacientes
quando em concordância de todos os internados, e ainda pode
ser realizado com funcionários, nas trocas de turnos ou no
início de cada turno.

➢ Duração: de 5 a 10 minutos.

➢ Música: apenas uma e de preferência conhecida


de todos e com letra curta.

➢ Mensagem: palavra clara e rápida.

➢ Oração: rápida e objetiva.

➢ Literatura: se possível, distribuir folhetos


bíblicos.

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4.11 - NORMAS ÉTICAS PARA A VISITAÇÃO
A ética na visitação, ou a observância das regras
prevista é de fundamental importância para o bom êxito da
atividade de capelania. Abaixo segue uma lista dos aspectos de
maior relevância.

 Não entre em qualquer quarto ou apartamento sem


antes bater na porta: esta é uma norma básica. Ao
cumprir tal norma evita-se constranger o paciente no
banho ou trocando de roupas. Não entre se for horário de
curativos, medicamentos, alimentação, ou visita médica.
Deixe o paciente primeiro atender suas visitas pessoais

 Observe se à luz está acesa e a porta do quarto


fechada: caso positivo, espere que o doente seja atendido
pela enfermeira ou médico, antes de você entrar.

 Avalie a situação logo ao entrar: baseado na


percepção, observação e tato verifique o ambiente a fim
de decidir quanto ao tipo e duração da visita. (Se o
paciente está disposto ou indisposto. Se está dormindo
ou acordado. Se está desperto ou sonolento).

 Respeite sempre o horário pré-estabelecido para sua


atuação: as normas estabelecidas quanto ao horário
devem ser rigorosamente cumpridas. A não observância
deste quesito pode criar animosidade e até cancelamento
da autorização de acesso.

 Observe o tempo da visita: o recomendado é o seguinte:


enfermaria ou quartos: 10 minutos. Unidade de
Tratamento Intensivo: 3 ou 5 minutos.
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
 Coloque-se numa posição ao nível visual do paciente:
a postura ideal é aquela em que o paciente possa
conversar sem se esforçar. Deste modo, dependendo da
posição e disposição do leito, deve-se ficar em pé, sentar-
se em uma cadeira ou simplesmente inclinar-se para
ouvir o paciente.

 Fale num tom de voz normal e audível: não fale muito


alto para não importunar os demais pacientes. Também
não cochiche com outras pessoas no quarto. Cochichar
pode passar a ideia que o assunto não possa ser ouvido
pelo paciente. O paciente pode interpretar que estejam
querendo esconder algo sobre o seu estado de saúde. Isto
pode anular o objetivo da visita e trazer abalo emocional
ao enfermo. Seja bom ouvinte. Conceda liberdade para o
paciente falar. Ele tem suas necessidades que devem
tornar-se as prioridades para sua visita.

 Guarde segredo das confidencias: não espalhe


detalhes ou informações íntimas sobre o paciente ou
seus familiares. Não tome decisões para a família ou para
o paciente. Poderá orientá-los, mas deixe que eles tomem
as decisões cabíveis e sob a orientação médica.

 Observe as orientações da equipe da enfermagem:


respeite o profissional de saúde. Não critique ou
questione o hospital, não censure o tratamento médico e
o diagnóstico. Seu comportamento estará sendo
observado. Não crie ou promova dissensões. Faça
amizades e conquiste o respeito.

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4.12 - NORMAS DE PROFILAXIA
Profilaxia é a parte da medicina que estabelece
medidas preventivas para a preservação da saúde da população.
São procedimentos e recursos para se prevenir e evitar doenças:

➢ Proceda à higienização das mãos antes e após a


visitação: antes de entrar nas áreas de visitação e depois
de sair é imprescindível lavar as mãos. A higienização
tem que ser meticulosa. Deve-se lavar a palma, o dorso e
dedos das mãos com água corrente e sabão neutro. Pode-
se também fazer uso do álcool gel. Evitar toalhas
coletivas para secar as mãos. Preferencialmente deve-
usar papel toalha.

➢ Verifique se há qualquer sinal expresso de "proibido


visitas": ao deparar-se com este aviso não contrarie a
proibição e não se deixe vencer pela curiosidade.

➢ Cuidado com sua aparência e apresentação


individual: se vista adequadamente, use roupas
discretas, mantenha o cabelo penteado e tome cuidado
com o uso de perfumes muito fortes ou nauseantes. Use
sapatos fechados e nunca use calçados de pano. Cuidado
com salto fino e barulhento. Use o bom senso e calce
sapatos que não incomodem. Evite o uso de pulseiras,
colares, relógios, anéis (exceção feita à aliança). Estas
orientações inibem a ostentação, mas também evitam a
contaminação hospitalar.

➢ Tome cuidado com qualquer aparelhagem em volta


da cama: evite escorar, esbarrar na cama ou sentar-se
nela. Em nenhuma hipótese deite-se na cama. Cuidado
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
com o espaço físico: cabide de soro, chinelos, aparelhos
e outros utensílios.

➢ Ao visitar uma área infectada ou de isolamento não


visite outras áreas: ter o cuidado de programar o tempo
e o local das visitas é essencial para a eficácia da
assistência religiosa. Assim, programe-se para não ser
um agente de contaminação na área hospitalar.

➢ Cuidado com uso de Fantoches: só devem ser


utilizados em enfermarias que não tenham doenças
contagiosas. Use fantoches que sejam laváveis.

4.13 - PERDA E LUTO


A angústia é o resultado da perda de algo ou de
alguém com o qual a pessoa se identifica. Parece que ela perdeu
algo de si mesma, e obviamente a perda é irreversível. Toda
perda é um tipo de morte. Perda da casa, do carro, do
casamento, do emprego, da saúde, de um membro do corpo, dos
amigos. Junto com a perda vem a morte. Morte dos sonhos,
esperanças, planos e projetos futuros.
Como toda morte é acompanhada de luto, cada
tipo de perda tem uma maneira muito particular de lamento,
angústia e luto. Em toda a perda é comum florescerem padrões
de culpa. Pessoas bem próximas se inclinam a autocondenação
e atribuem graus de responsabilidades a si e a outros.
Surgem os chamados estágios de projeções: "Os
por quês?" - "Por que não o impedi de viajar?" – “Por que me
recusei em ir junto?" - "Por que insisti para que fosse naquela
reunião?” – “Por que não o levei ao médico?".

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OCEB/IBADEB
Aparecem também as introjecções: "Os sês" - "Se
ao menos tivesse percebido que algo não estava bem" - "Se
tivesse tido mais oportunidade para estar junto e conversar" –
“Se tivesse sido menos egoísta e prestado mais atenção” – “Se
tivesse chegado a tempo”. Estas condenações devem ser
questionadas, discutidas e postas para fora. Ao serem
compartilhadas elas perdem a força de atormentar quem sofreu
a perda.
Sabemos que a intensidade da aflição varia
segundo o relacionamento da pessoa pesarosa com a perda
sofrida. No caso do falecimento de alguém, os laços
sentimentais, o parentesco, a idade e sexo daquele que partiu e
a maneira como morreu irão influenciar no período do luto. O
período de angústia costuma durar de três meses a um ano.
Esse período divide-se em três etapas:

➢ A fase da Crise: começa com a notícia do falecimento e


dura até o funeral. Normalmente a pessoa entra num
estado de entorpecimento e se recusa a acreditar no que
está acontecendo. Mesmo que as pessoas que
acompanham os parentes enlutados pensem que não
lhes convém falar acerca da morte, normalmente esse é
o único tema que lhes interessa. Todas as projeções e
introjecções devem ser discutidas aqui.

➢ A fase Crucial: é a etapa que, em geral dura cerca de


três meses ou mais. A pessoa falecida é mencionada
como se ainda vivesse. É comum usarem o verbo no
presente para se referir a quem já morreu: “Fulano gosta
desse tipo de pudim de leite e furadinho” ou “Esta é a
blusa predileta da fulana, esportiva e discreta”. Tudo

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
lembra a pessoa que partiu. Roupas, calçados, bens
diversos, perfumes e até a culinária.
São caracterizadas por muito pranto, profunda
saudade, remorsos pelas coisas que fez ou deixou de
fazer, insônia, perda do apetite, inquietude,
irritabilidade, acessos de ira, revolta, sentimentos de
depressão e solidão. Processar a perda tanto no adulto
como na criança é importante para a superação da dor e
restauração do equilíbrio emocional. O objetivo não é
enfraquecer ou subestimar o conflito, mas fortalecer o
caráter e autoconhecimento para a retomada e
continuação da vida.

➢ A fase de Readaptação: é o período da restauração


emocional. Após chorar e lamentar a perda o aflito tende
a retomar a vida, apesar de às vezes, o fazer de forma
resignada. Neste período, sentimentos de culpa
costumam ainda perturbar. Existem pessoas que não se
permitem rir ou se sentir alegre. Acreditam que se
aceitarem a felicidade estarão traindo a memória de
quem partiu. O apoio do pastor, da família e dos amigos
ajuda vencer esta etapa com maior rapidez.
Em todas estas fases o papel do Capelão e do
Conselheiro é fundamental. O sofrimento ou nos aproxima de
Deus e aumenta nossa fé, ou, nos faz amargos e nos transforma
em céticos. Nestes momentos difíceis e de muita dor, fica
evidenciado a diferença que Jesus pode fazer na vida daquele
que crê.

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OCEB/IBADEB

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária

Capítulo 05 - Capelania Prisional

A atividade de capelania prisional preocupa-se


com a assistência espiritual aos encarcerados e também com a
ressocialização dos presos ou dos egressos da prisão.
Ressocializar significa reintegrar o detento ao convívio em
sociedade. A violência e a reincidência no crime indicam falha
no processo de ressocialização promovido pelo Estado.
O estado brasileiro com todos seus projetos e
convênios, não consegue cumprir esta meta satisfatoriamente.
Isto acontece pelo fato de a ressocialização de um presidiário
depender de diversos fatores fora do alcance do braço estatal.
As vidas encarceradas em presídios e demais unidades de

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OCEB/IBADEB
internação são extremamente carentes de afeto, perdão, e de
transformação radical no caráter, na alma e no espírito. Por
isso, índice altamente satisfatório tem sido computado no
trabalho desenvolvido pela capelania prisional evangélica.
Por meio da Palavra de Deus; acompanhada de
orações e aconselhamento os capelães e visitadores cumprem a
orientação bíblica:

"Lembrai-vos dos presos, como se estivesses presos


com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos
também no corpo" (Hb 13.3).

Sob esta premissa, a capelania prisional


desempenha uma nobre missão: levar o refrigério as almas
angustiadas e encarceradas de nossa nação.

5.1 - CAPELANIA EVANGÉLICA PRISIONAL


É a assistência religiosa prestada aos internos e
agentes dos presídios e unidades de internação dos condenados
pela justiça. A capelania prisional é diferenciada das demais
pelo fato de tratar de pessoas que estão submetidas a um
sistema não convencional, ou seja, com cerceamento da
liberdade. Com isto requer-se dos capelães visitadores um
conhecimento mais aprofundado sobre o sistema prisional
brasileiro.

5.2 - CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE


ESTABELECIMENTOS PENAIS
As conceituações abaixo são do Departamento
Penitenciário Nacional, órgão vinculado ao Ministério da
Justiça.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
➢ Estabelecimentos Penais: todos aqueles utilizados pela
Justiça com a finalidade de alojar pessoas presas. Sejam
provisórios ou já condenados, ou ainda aqueles que
estejam submetidos à medida de segurança.

➢ Estabelecimentos para Idosos: estabelecimentos


penais próprios, ou seções ou módulos autônomos,
incorporados ou anexos a estabelecimentos para adultos,
destinados a abrigar pessoas presas que tenham no
mínimo 60 anos de idade ao ingressarem ou os que
completem essa idade durante o tempo de privação de
liberdade.

➢ Cadeias Públicas: estabelecimentos penais destinados


ao recolhimento de pessoas presas em caráter provisório,
sempre de segurança máxima.

➢ Penitenciárias: estabelecimentos penais destinados ao


recolhimento de pessoas presas com condenação à pena
privativa de liberdade em regime fechado.

➢ Penitenciárias de Segurança Máxima Especial:


estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas
presas com condenação em regime fechado, dotados
exclusivamente de celas individuais.

➢ Penitenciárias de Segurança Média ou Máxima:


estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas
presas com condenação em regime fechado, dotados de
celas individuais e coletivas.

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OCEB/IBADEB
➢ Colônias Agrícolas, Industriais ou Similares:
estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas
presas que cumprem pena em regime semiaberto.

➢ Casas do Albergado: estabelecimentos penais


destinados a abrigar pessoas presas que cumprem pena
privativa de liberdade em regime aberto, ou pena de
limitação de fins de semana.

➢ Centros de Observação Criminológica:


estabelecimentos penais de regime fechado de segurança
máxima onde são realizados exames gerais e
criminológico, cujos resultados indicam o tipo de
estabelecimento e o tratamento adequado para cada a
preso.

➢ Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico:


estabelecimentos penais destinados a abrigar pessoas
submetidas à medida de segurança.

5.3 - SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL


Sistema concebido para isolar os presos
considerados mais perigosos do País. O objetivo é combater a
violência e o crime organizado por meio de uma execução penal
diferenciada. A inclusão do condenado neste sistema precisa ser
justificada.
Deve atender os interesses da segurança pública
ou do próprio preso. O Sistema Penitenciário Federal opera
atualmente com 05 (cinco) estabelecimentos prisionais:

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
Região Nº Estab. Capacidade Localização
Norte 01 208 Porto Velho-RO
Nordeste 01 208 Mossoró-RN
Centro Oeste 01 208 Campo Grande-MS
Centro Oeste 01 208 Brasília-DF
Sul 01 208 Catanduvas-PR
Total 05 1.040

5.4 - POPULAÇÃO CARCERÁRIA BRASILEIRA


O Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, com sede na Capital da República e subordinado
ao Ministério da Justiça, é o primeiro dos órgãos da execução
penal do Brasil. Preconizam-se para esse órgão, entre outros
objetivos, periódicas avaliações do sistema criminal,
criminológico e penitenciário brasileiro.
Desde a sua criação na década de 80, as avaliações
têm demonstrado crescimento constante no número de vagas
no sistema penitenciário. O número de presídios construídos no
Brasil, por exemplo, mais que triplicaram no período
compreendido entre 1994 a 2009, passando de 511 para 1806,
respectivamente.
Referente ao primeiro semestre do ano de 2010, o
Departamento Penitenciário Nacional (Depen), divulgou os
seguintes dados da população carcerária brasileira:

➢ Entre 1995 e 2005 a população carcerária do Brasil


saltou de pouco mais de 148 mil presos para 361.402, o
que representou um crescimento de 143,91% em uma
década.

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OCEB/IBADEB
➢ A taxa anual de crescimento oscilava entre 10 e 12%.
➢ Entre dezembro de 2005 e dezembro de 2009, a taxa de
crescimento anual caiu para cerca de 5 a 7% ao ano.

➢ Mesmo assim a população carcerária aumentou de


361.402 para 473.626 presidiários, o que representou
um crescimento de 31,05%, em quatro anos.”

Apesar da redução da taxa anual de


encarceramento, o Brasil apresentava em 2010 um déficit de
vagas de 194.650. A população carcerária em dezembro de 2012
saltou para 548.003 presos, uma taxa de crescimento de 15,7%
em dois anos. Como as vagas não aumentaram na mesma
proporção, estima-se que o déficit já ultrapassou a casa de
250.000 vagas, ou seja, pouco mais de 50%. É um número
assustador. Os dados de dezembro de 2017 dão conta de uma
população carcerária em torno de 726 mil presos,
representando a 3ª maior do mundo. (fonte:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-12/populacao carceraria-do-
brasil-sobe-de-622202-para-726712-pessoas-acesso 07/01/2019).

5.5 - DADOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO


Membros do Ministério Público realizaram, no
período do mês de fevereiro de 2012 a março de 2013, uma
maratona de inspeções em vários estabelecimentos penais do
país. Os dados obtidos estão no relatório “A Visão do Ministério
Público sobre o Sistema Prisional Brasileiro”, elaborado pela
Comissão de Sistema Prisional, Controle Externo da Atividade
Policial e Segurança Pública do Conselho Nacional do Ministério
Público.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
O relatório foi divulgado no IV Encontro Nacional
do Sistema Prisional.
O relatório refere-se à inspeção anual realizada em
penitenciárias, cadeias públicas, casas do albergado, colônias
agrícolas ou industriais e hospitais de custódia. Não houve
inspeção em carceragens ou custódias de delegacias. Dos
estabelecimentos inspecionados as estatísticas são as
seguintes:

Dados Gerais:
Estabelecimentos Capacidade de População
Déficit Total
Inspecionados vagas Prisional
1.598 Unidades 302.422 Vagas 448.969 Presos 146.547 (48%)

População por sexo:


Detentos Capacidade População Déficit
Masculino 278.793 Vagas 420.940 Internos 142.147 (51%)
Feminino 23.629 Vagas 28.029 Internas 4.400 (18%)

Fugas, mortes e drogas:


Rebeliões e Mortes Fugas e Foragidos Drogas
Brigas Diversas Evasões Recapturados Apreendidas
Em 40% dos
121 769 20.000 3.734
locais

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OCEB/IBADEB
Separação de presos por regime e situação penal:
Não separam presos Não separam presos em Não separam presos
provisórios de regime diferentes (aberto, primários dos
definitivos semiaberto, fechado) reincidentes
1.269 (79%) 1.078 (67%) 1.243 (quase 78%)

Separação de presos por periculosidade ou facções:


Não separam presos por Não se separam presos
Grupos ou facções
periculosidade ou delito conforme as facções
criminosas edentificadas
cometido criminosas
1.089 (68%) 1.043 (65%) Em 17% dos locais

Assistência material e saúde:


Não disponibilizam Não disponibilizam colchão Não disponibilizam água
camas para todos para todos aquecida
780 356 1009

Assistência de higiene e visita íntima:


Não é fornecido material Não há fornecimento de Visitas íntimas são
de higiene pessoal toalhas de banho garantidas
636 (40%) 1.060 (60%) 1.039 (65%)

A análise dos registros causa profunda


preocupação. Os dados indicam superlotação em todas as
regiões do país, e em todos os tipos de estabelecimentos penais.
O déficit de vagas é assustador (48%), sendo maior para os
homens. Os foragidos não são recapturados em 80 % dos casos
de fugas. A incidência de drogas ainda é muito alta, cerca de
40% dos estabelecimentos. A não separação de presos por

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
periculosidade ou delito praticado (cerca de 70%) transforma o
ambiente prisional em “escola do crime”.
A falta de cuidado e atenção para as condições
mínimas de dignidade humana acentua o espírito de revolta e
rebelião entre os detentos.

5.6 - MEDIDAS PARA MELHORIA DO SISTEMA PRISIONAL


Em Brasília, no mês de outubro de 2013, mercê
dos dados obtidos pelo Ministério Público acerca da realidade
carcerária, o Ministro da Justiça assinou no Supremo Tribunal
Federal (STF), termo de compromisso para reduzir o déficit
penitenciário no Brasil. O documento prevê um conjunto de
medidas para promover a melhoria do sistema penitenciário no
País e envolve ações dos poderes Judiciário, Legislativo e
Executivo. Dentre as diversas medidas, destacamos aquelas
denominadas de Eixo III, que podem ser auxiliadas e
desenvolvidas pela capelania prisional.
Eixo III – Aperfeiçoar os projetos de Reintegração
Social de presos e egressos:

1. expandir e aperfeiçoar os programas e projetos de


reintegração social dos presos e dos egressos do Sistema
Penitenciário, bem como das políticas que promovam o
acesso dos presos à educação, saúde e outros direitos
fundamentais;

2. construir e ampliar espaços educacionais nas unidades


prisionais;

3. aparelhar as salas de aula das unidades prisionais;

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OCEB/IBADEB
4. alfabetizar e proporcionar remição da pena pelo estudo e
elevação do grau de instrução voltados a presos e
egressos do sistema prisional;

5. capacitar e profissionalizar presos e egressos;

6. qualificar os profissionais de educação e os agentes


penitenciários;

7. mobiliar e equipar as salas de aula das unidades


prisionais para promover e incentivar a elevação de
escolaridade, visando a reintegração social e o pleno
desenvolvimento, preparo e exercício para cidadania;

8. implantar equipes multiprofissionais de saúde no


sistema prisional;

9. promover a sensibilização das equipes de Reintegração


Social;

10. instituir Grupo de Trabalho para a identificação de


presos, priorizando a Certidão de Nascimento;

11. levantar dados sobre uso de crack e outras drogas pela


população carcerária;

12. acolher, desenvolver habilidades e apoio à autonomia da


mulher em situação carcerária e formular diretrizes
voltadas aos seus filhos;

13. promover a descrição de comportamentos,


conhecimentos, atitudes, crenças e opiniões sobre uso de
62
Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
drogas e suas consequências, sexualidade, relações de
gênero, direitos humanos, cidadania, sexo seguro e modo
de transmissão das doenças sexualmente transmissíveis
visando ao enfrentamento das drogas no sistema
carcerário;

14. implantar Cooperativas Sociais de Trabalho para


dependentes, egressos e pessoas em situação de maior
vulnerabilidade.

Estas ações podem ser desenvolvidas pela


atividade de capelania prisional, com o apoio do departamento
social da Igreja, ONGs e demais instituições junto ao poder
público, no interesse do bem comum e da ressocialização da
população carcerária.

5.7 - OS ASPECTOS MORAIS DA CAPELANIA PRISIONAL


Vários são os aspectos morais que regem o
ministério de socorro e misericórdia nos presídios. O prisioneiro
é um condenado pela justiça por crime praticado. Portanto, não
pode ser encarado como vítima ou digno de pena. Trata-se de
um cidadão condenado a pagar uma dívida com a sociedade por
erro cometido. O capelão/visitador religioso, por sua vez, como
integrante da sociedade que puniu o criminoso, possui como
missão levar alívio espiritual e esperança aos encarcerados.
No serviço de assistência religiosa, não se
diferencia tipo de crime ou delito cometido pelo detento. A
função do Capelão não é de juiz ou inquiridor. Discutir se o
condenado merece ou não a punição não é responsabilidade da
capelania. Algumas pessoas consideram que os presos devem
sofrer intensamente durante o período de reclusão. Para estas

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OCEB/IBADEB
pessoas o serviço de capelania nem deveria existir. Outros
consideram que os que cometem crimes hediondos não devem
receber nenhum tipo de assistência.
Contrapondo com estas ideias, o Capelão deve
realizar seu trabalho concentrado na salvação, cura e libertação
das almas. O aspecto moral do cristianismo, no que diz respeito
ao criminoso, é que Cristo veio ao mundo para salvar os
pecadores (1Tm 1.15). Desta forma, a consciência do Capelão
não deve ser conduzida pela opinião de quem não considera
possível a recuperação de um prisioneiro.
A nobre missão da capelania é “restaurar os
contritos de coração, proclamar liberdade aos cativos,
abertura de prisão aos presos; apregoar o ano aceitável do
Senhor e consolar todos os tristes” (Is 61.1-2).

5.8 - A MORALIDADE DOS PRISIONEIROS


A moralidade tem sido estudada por psicólogos do
ponto de vista afetivo (Psicanálise), do ponto de vista
comportamental (behaviorismo, teoria de aprendizagem social)
e do ponto de vista cognitivista (Piaget e Kohlberg).
Lawrence Kohlberg (1958) considerou que a
maturidade moral é atingida quando o indivíduo é capaz de
entender que a justiça não é a mesma coisa que a lei; que
algumas leis existentes podem ser moralmente erradas e devem,
portanto, ser modificadas. Ele propôs seis estágios de
Desenvolvimento Moral e aplicou suas teorias, entre outros, em
uma penitenciária feminina. A moral das pessoas no estágio
um, segundo Kohlberg, considera uma ação flagrada e punida,
moralmente errada; mas se não for punida, está moralmente
correta. No segundo estágio a ação moralmente correta é
definida em termos do prazer ou da satisfação das necessidades
da pessoa.
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
Ao aplicar suas teorias na prisão feminina,
Kohlberg constatou que o padrão de maturidade moral é
inatingível no ambiente prisional. As detentas tiveram
dificuldades em assimilar que o comportamento moralmente
certo é o que ganha a aprovação de outros (estágio 3). Não
conseguiram atingir o conceito de que a justiça tem a ver com a
ordem social estabelecida e não com uma questão de escolha
pessoal (estágio 4). Não entenderam que as leis não são
consideradas válidas pelo mero fato de serem leis. Que as leis
podem e devem ser melhoradas para o bem de todos (estágio 5).
E também não reconheceram os princípios morais universais da
consciência individual (estágio 6).
O comportamento moral das prisioneiras oscilou
entre os dois primeiros estágios. Agiam sempre em termos dos
conflitos morais da vida diária. A falta não flagrada ou punida
era considerada uma proeza. Suas relações umas com as outras
era extremamente egoísta, sempre em termos de quem é mais
forte e da necessidade de fazer acordos para obter drogas,
proteção e outros benefícios de ordem pessoal.
Diante desta realidade, o código moral do
delinquente no presídio é outro. Assim o que é imoral para nós
pode não ser para ele. As regras internas de proteção e
sobrevivência não são justas e não passam pelo crivo de
maturidade moral. Porém, quando encontram Cristo, o código
moral se altera. Os estágios de maturidade propostos por
Kohlberg são atingidos. Esta mudança acontece quando
alcançam a libertação de suas almas dos grilhões de Satanás.
Abandonam o velho homem e passam a ser nova criatura. O
comportamento moral passa ser norteado pelo Evangelho de
Cristo.

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OCEB/IBADEB
5.9 - MISSÃO DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA NO PRESÍDIO
A missão da capelania prisional é mostrar e
demonstrar o amor de Jesus para as almas aflitas. A mensagem
a ser enfatizada é o perdão de pecados por meio da fé em Cristo
Jesus. Ensinar ao detento que o caminho para o perdão tem
como ponto de partida a confissão e o arrependimento. Expor
por meio das Escrituras, que o perdão de Deus é concedido aos
que sinceramente confessarem suas culpas. Os relatórios e os
testemunhos de prisioneiros ressaltam o grande alívio
experimentado quando conduzidos a entender e receber o
perdão de Cristo. Simultaneamente a atividade de capelania
também auxilia na ressocialização dos prisioneiros e dos
egressos da prisão.
Para cumprir esta missão, a assistência religiosa
nos presídios exige do Capelão visitador elevado grau de
sabedoria e grande capacidade de adaptação. É preciso
compreender as contingências de cada presídio, ou seja, as
diversas normas e regras decorrentes da realidade de cada
estabelecimento penal. Algumas destas normas são passíveis de
mudanças ou ajustes, outras são invioláveis por fragilizar a
segurança do sistema prisional. Além disto, é necessário
discernir e enfrentar o ambiente carregado, a opressão
espiritual e a operação das potestades do mal. Para esta nobre
e relevante missão requer-se dos capelães visitadores virtudes
imprescindíveis para o exercício de tal atividade. Listamos, entre
elas, as seguintes:
➢ Ser cheio do Espírito Santo.
➢ Ser vocacionado para o exercício da capelania.
➢ Ter uma vida plena de oração.
➢ Ser totalmente consagrado a Deus.
➢ Possuir profundo conhecimento bíblico.
➢ Sentir empatia e ter desenvolvido o bom tato.
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
➢ Manter o equilíbrio e o autocontrole.
➢ Ser moderado e possuir flexibilidade.

5.10 - ORIENTAÇÃO PARA A CAPELANIA PRISIONAL


No Presídio, a mente e o coração estão
geralmente abertos à mensagem do evangelho. Raramente o
visitador achará pessoas tão despidas de máscaras quanto
numa cela de prisão. Por meio do diálogo, encorajamento e
oração, o servo de Deus se torna um agente do poder curativo
na crise existencial dos aprisionados.
Segue algumas orientações que auxiliam o
Capelão no cumprimento de sua nobre missão de resgatar os
prisioneiros:

➢ Prestar atenção e ouvir com interesse suas queixas,


mágoas e medos.

➢ Ajudar e auxiliar na superação de seus fracassos.

➢ Estimular a compartilhar suas alegrias e esperanças.

➢ Elogiar suas conquistas e progressos, ainda que


pequenos.

➢ Demonstrar empatia e sincero interesse nos seus


conflitos.

➢ Ministrar palavras de esperança, amor e confiança em


Deus.

➢ Enaltecer a dádiva da vida, apesar do cerceamento da


liberdade.

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OCEB/IBADEB
➢ Estimular a alegria de aceitar e contentar-se com aquilo
lhe é oferecido.

➢ Conduzir aos pés de Cristo, por meio da confissão de fé.

5.11 - NORMAS DE ACESSO AO SISTEMA PRISIONAL


Ao iniciar o ministério de capelania prisional, o
Capelão deve procurar a orientação de Deus quanto ao tipo de
instituição onde pretende desenvolver a atividade. Dependemos
de Deus para abrir as portas nestas instituições e tocar os
corações dos profissionais da área de segurança.
Para obter permissão para visitar presídios e
exercer o ministério da capelania é imprescindível observar e
submeter-se a todas as regras e normas da instituição
prisional.
Para isso, listamos abaixo algumas orientações
importantes:

➢ Solicitar a igreja ou instituição de capelania, carta de


apresentação junto ao órgão penitenciário;

➢ Providenciar documentação de “nada consta” de


antecedentes criminais;

➢ Preencher corretamente a Ficha Cadastro do


Estabelecimento Prisional;

➢ Portar documento de identificação com foto;

➢ Submeter-se as regras e normas do estabelecimento


prisional;

➢ Obedecer rigorosamente a dias e horários determinados


para a visitação;
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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária

➢ Não portar objetos que possam atentar contra a


segurança; e

➢ Procurar usar uniforme da capelania ou da instituição


religiosa que representa.

5.12 - NORMAS DE SEGURANÇA NO PRESÍDIO


Por questões de segurança todo visitante é
obrigado a passar por revista para ter acesso ao presídio.
Normalmente a revista é visual. Caso seja necessário à revista
poderá ser realizada em cabine individual. Em alguns presídios
a revista poderá ser mecânica com uso de scanner e raios-X em
outros estabelecimentos o sistema de segurança já está
informatizado. Em qualquer caso, a revista poderá ser menos
rigorosa (a critério do diretor). Aconselha-se, para fins de
segurança, que a atividade de capelania prisional seja realizada
em duplas ou no máximo em grupo de cinco pessoas. Abaixo
segue orientações gerais daquilo que é permitido e vedado no
acesso ao presídio:

5.13 - ROUPAS E ADEREÇOS


Quanto ao uso de roupas e adereços as normas
mudam de presídio para presídio a critério do diretor da
instituição. Porém, de modo geral, as normas comuns são as
seguintes:
Permitido: Roupas claras (branco ou azul claro).
Estas cores são permitidas aos visitantes e em alguns casos
também aos detentos.
Vedado: Roupas (amarelo, laranja, preto, azul,
cinza e verde escuro). Estas cores são de uso exclusivo dos

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OCEB/IBADEB
profissionais de segurança, tais como: bombeiros, polícia
militar, polícia civil e agente penitenciário. Em alguns presídios
também os detentos usam estas cores.
Vedado: Sapato de salto alto e tipo plataforma.
Sapatos ou tênis com cadarços. Estes modelos de calçados e
também os cadarços podem se transformar em “arma” em caso
de rebelião.
Vedado: Fivelas e cintos. Este material, no caso de
motim, também pode ser transformado em “arma” branca.
Vedado: Qualquer tipo de adereço (bolsa, pasta,
pingentes, brincos, relógios, boné, óculos de sol, colares,
pulseiras, etc...)
Vedado: Qualquer material eletrônico (celular,
iphone, ipad, computadores, filmadoras, câmeras fotográficas,
etc...)

5.14 - MATERIAL DE EVANGELIZAÇÃO


Permitido: Bíblias com capa flexível e
encadernação tipo brochura. Em alguns presídios a quantidade
é limitada ao máximo de dez bíblias por visitante.
Permitido: Folhetos, Revistas e Jornais. Livros
com capa flexível e encadernação tipo brochura.
Vedado: Bolsas e pacotes. O material tem que ser
conduzido nas mãos e nos braços do capelão.
Vedado: Portar bilhetes, cartas, dinheiro e
comida. O Capelão realiza a visita para prestar assistência
espiritual e sua entrada foi autorizada com esta finalidade. Se
desejar fazer doações deve ter autorização prévia e específica.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
5.15 - COMPORTAMENTO E ÉTICA PRISIONAL
No ambiente prisional é de salutar importância
observar algumas regras quanto a postura e a ética prisional.
Segue abaixo, algumas orientações:

➢ Evite o uso de gírias e linguagem de gangue;
➢ Não discuta religião e não promova o proselitismo;
➢ Não pergunte o motivo da condenação;
➢ Não emita juízo acerca daquilo que o detento fez ou
deixou de fazer;
➢ Não emita parecer sobre o julgamento;
➢ Não especule acerca do sistema jurídico;
➢ Não critique o sistema prisional;
➢ Não tenha envolvimento Emocional;
➢ Não tenha envolvimento Sentimental;
➢ Não tenha envolvimento Jurídico; e
➢ Não tenha envolvimento Financeiro.

5.16 - ATIVIDADES DA CAPELANIA PRISIONAL


As atividades do Ministério de visitação em
estabelecimento prisional são variadas e depende das
necessidades das pessoas e das instituições onde se desenvolve
a capelania. Este ministério, como já dito, é uma vocação antiga
e de suma importância para o papel da igreja para com o
próximo. Visa o processo de restauração espiritual, físico e
mental do prisioneiro e também sua ressocialização e
consequente reinclusão social. Dentre estas atividades junto
aos aprisionados, enumeramos as listadas abaixo:

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OCEB/IBADEB
➢ Realização de cultos. Pode ser nas celas, nos
corredores, no pátio ou em local previamente
determinado pela direção do presídio. O uso de
instrumentos musicais não é permitido, com raras
exceções. Aconselha-se levar a letra dos louvores
impressa para que todos possam acompanhar.

➢ Ministração da Palavra. Pregar a salvação, a cura, a


libertação, a fé, a esperança e a remissão de pecados.
Mensagens com temas de prosperidade, o uso jargões e
bordões consagrados no meio evangélico e outros
modismos não surtem efeito no ambiente prisional. Se
não existir exemplar suficiente de bíblias, é aconselhável
levar o texto bíblico impresso.

➢ Entrega de Bíblias. Preferencialmente a Bíblia


completa, na impossibilidade, entrega-se o Novo
Testamento completo, ou ainda, porções dos livros da
Bíblia. Os exemplares devem ser de capa tipo “brochura”.
As chamadas capas “duras” são consideradas nocivas a
segurança, pois podem ser usadas na fabricação de
“arma branca”.

➢ Distribuição de Folhetos. As literaturas devem conter


mensagens evangelísticas acerca da salvação, libertação,
curas, fé e esperança. Devem ter linguagem clara e
concisa.

➢ Orações e Intercessões. Podem ser coletivas ou


individuais. Quando coletivas o tom de voz deve ser
audível para todos. Quando a oração for de cunho
individual a voz de quem ora deve ser compatível com a
72
Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
necessária discrição. O uso do óleo para ungir enfermos
deve ter o consentimento da autoridade prisional.

➢ Batismo nas Águas. Proporcionar e prover os meios


para que o batismo seja realizado com a devida
autorização da direção do presídio.

➢ Celebração da Ceia do Senhor. Servir o pão e o cálice


aos batizados nas águas. Aos que se reconciliaram e ou
que foram batizados no ambiente prisional. A entrada
dos elementos da ceia deve ser previamente autorizada
pela direção do presídio.

➢ Aconselhamentos. O Capelão deve reservar tempo para


ouvir e aconselhar aqueles que requisitarem atenção. O
bom conselho e a sábia orientação apaziguam a alma,
evitam conflitos e até rebeliões.

➢ Implantação de Cursos Bíblicos. Os cursos devem ser


autorizados pela autoridade que administra o presídio.
Eles podem ser desde curso de discipulado, escola bíblica
dominical e até cursos de teologia nos níveis básico,
médio e avançado. A criação de uma biblioteca também
é importante. Enriquece e estimula a participação dos
detentos na realização dos cursos.

➢ Ação Social. Devidamente autorizado e de acordo com


as restrições estabelecidas, a capelania poderá recolher e
fazer doações aos internos. Dentre as doações
comumente autorizadas destacam-se os forros de cama,
toalhas, agasalhos e chinelos. Também é comum a

73
OCEB/IBADEB
doação de “kits de higiene”, contendo: creme e escova
dental, creme e gilete de barbear, sabonetes e papel
higiênico. Ainda é possível organizar e providenciar corte
de cabelo, assistência médica e odontológica, e outros.

➢ Apoio às Famílias. O Capelão visitador não pode


esquecer-se de alcançar a família dos internos. Os pais,
cônjuges e os filhos do presidiário carecem do mesmo
apoio espiritual. O trabalho realizado junto às famílias
dos detentos tem produzido frutos e influenciado a
conduta e o comportamento do apenado no ambiente
prisional.

➢ Biblioteca. Com a autorização das autoridades,


participação de livrarias evangélicas e doações são
possíveis a implantação de uma biblioteca com material
de conteúdo exclusivamente cristão.

➢ Casamentos. Com a devida autorização das autoridades


do sistema prisional e com a participação de cartório de
registro civil, Igrejas e Ministros do evangelho é possível
celebrar e oficiar casamento no ambiente prisional.

74
Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária

Capítulo 06 - Capelania Escolar

Em nossos dias o doutrinamento ideológico


atingiu com maior força o ambiente escolar. Ideologias nocivas
e contrárias aos valores judaicos cristãos vêm sendo
disseminadas em sala de aula. Em nome da laicidade do Estado
a presença da religião no espaço público tem sido questionada.
A desintegração das famílias e a ausência dos pais
junto de seus filhos transferiram a educação para a televisão,
as redes sociais e a escola. A falta de acompanhamento da vida
dos filhos, inclusive na própria escola, agrava a situação e expõe
crianças, adolescentes e jovens a todo o tipo de ideologia.
Muitos destes efeitos nocivos terminam em
resultados desastrosos, tais como: comportamento criminoso e
consequente aumento da violência, aumento do uso de drogas
e de bebidas alcoólicas, elevado grau de gravidez entre
adolescentes, aumento de abortos criminosos e das doenças

75
OCEB/IBADEB
sexualmente transmissíveis, aumento de mortes de
adolescentes, desrespeito a ética, a moral e os bons costumes.

6.1 - O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE


A violência é o resultado da transgressão da ordem
e das regras da vida em sociedade. Entende-se a violência como
ausência e desrespeito aos direitos do outro.
Em estudos realizados em uma determinada
escola, buscou-se perceber a concepção de violência dada pelo
corpo docente e discente da instituição e chegaram-se as
seguintes conclusões:
Para o corpo discente (professores) "violência
representa agressão física, simbolizada pelo estupro, brigas em
família e também a falta de respeito entre as pessoas".
Enquanto que para o corpo docente (estudantes) "a violência,
representa o descumprimento das leis na falta de condições
materiais da população, associando a violência à miséria, à
exclusão social e o desrespeito ao cidadão" (SILVA, 2003).
A agressividade é tida como comportamento
adaptativo, isto é, o indivíduo vítima de violência constante
encontra dificuldade de se relacionar com o próximo e de
estabelecer limites.
O sujeito que mantém atitude agressiva para se
defender não é como violento, mas considerado como alguém
que possui "os padrões de educação contrários às normas de
convivência e respeito para com o outro" (Abramovay, 2002).
Porém, este é apenas um dos aspectos da agressividade e não
se pode rotular todo o comportamento agressivo desta forma sob
o risco de não correção de atitudes.

76
Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
6.2 - TIPOS DE VIOLÊNCIA:
Infelizmente a violência está presente no ambiente
escolar. Não se pode negar estes fatos. Listamos abaixo alguns
dos principais tipos de violência:

➢ Violência doméstica é a violência praticada por


familiares ou pessoas ligadas diretamente ao convívio
diário da pessoa. Muitos alunos comportam-se de
maneira agressiva no ambiente escolar por estarem
reproduzindo a violência sofrida em casa ou na rua.

➢ Violência simbólica é a violência que a sociedade


pratica quando anula a capacidade da pessoa reagir e a
torna impotente. Os sistemas de ensino também podem
promover a violência simbólica quando obrigam os
alunos a estudarem ideologias nocivas.

➢ Violência física, eis algumas expressões utilizadas por


alunos para designar a violência física na escola: brigar,
bater, matar, suicidar, estuprar, roubar, assaltar,
tiroteio, espancar, pancadaria, ter guerra com alguém,
andar armado e, também participar das atividades das
gangues.

➢ Violência contra o patrimônio é a violência praticada


contra a parte física da escola. A depredação de bens
móveis e imóveis é comum em ambientes onde a violência
e a agressividade não estão controladas.

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OCEB/IBADEB
6.3 - FATORES QUE CONTRIBUEM COM A VIOLÊNCIA
São inúmeros os fatores que podem levar uma
criança ou um adolescente a um ato delitivo, a seguir,
abordaremos os mais relevantes:

➢ A desigualdade social é um dos fatores que levam um


adolescente ou jovem a cometer atos violentos. Não é
uma justificativa, mas uma explicação sociológica.

➢ A situação de carência absoluta de condições básicas


de sobrevivência tende a embrutecer os indivíduos,
assim, a pobreza em alguns indivíduos – não como regra
- torna-se geradora de personalidades destrutivas. Por
essa razão, em casos extremos as percepções em relação
ao que pertence a classe social elevada desperta violência
e até ódio.

➢ A influência de grupos de referência de valores


crenças e formas de comportamento, seria também uma
motivação do adolescente e jovem para cometer crimes.
A ausência de valores tais como solidariedade,
humildade, companheirismo, respeito, tolerância dão
lugar ao individualismo e brutalidade.

➢ A influência das gangues preenche o fracasso da


família e as falhas da escola. A educação tolerante e
permissiva não produz caráter. E dentro das gangues a
falta da formação do caráter escraviza o indivíduo pelo
uso de drogas, bebidas alcoólicas, arma de fogo e sexo
livre que irão desencadear um processo cada vez mais
violento até a prisão ou óbito.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
6.4 - PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO
A escola é um espaço de convivência e relações
sociais. Isto implica em relacionamentos diários entre pessoas
com diferentes valores, crenças e visões de mundo. Desse modo,
preconceito e discriminação herdados da família e da sociedade
em que estão inseridos são também repetidas e reproduzidas
nas escolas.
Uma pesquisa realizada em 501 escolas públicas
de todo o país e divulgada pela "Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe)" em junho de 2009, baseada em entrevistas
com mais de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores
e funcionários, revelou que 99,3% dessas pessoas demonstram
algum tipo de preconceito étnico-racial, socioeconômico, com
relação a portadores de necessidades especiais, gênero, geração,
orientação sexual ou territorial.
Esse problema do desrespeito precisa ser
corrigido. Todas as pessoas devem ser respeitadas, mas por
outro lado, ninguém pode obrigar o outro a pensar ou viver de
acordo com as regras de terceiros. No entanto, o preconceito e a
discriminação são falhas de ordem cultural que precisam ser
equacionadas.

6.5 - O PAPEL DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO


Algumas famílias culpam as escolas em não
ensinar valores morais e fazerem doutrinamento ideológico na
sala de aula. Porém, é preciso reconhecer que a disposição e o
caráter de uma criança já deveriam estar formados muito antes
de frequentar a escola.
Se os pais em seus lares instruírem bem seus
filhos, a escola não conseguirá descontruir os valores incutidos
pela família na mente da criança.

79
OCEB/IBADEB
É dever dos pais ensinar a seus filhos os valores
éticos e morais. Os pais devem instruir seus filhos a diferenciar
o bem e o mal. A base e a fundamentação para a conduta moral
devem ser construídas no ambiente familiar por meio do diálogo
e, sobretudo por meio do bom exemplo por parte dos pais e
demais membros da família.

6.6 - RELAÇÕES ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA


As instâncias da escola e da família correspondem
a duas agências socializadoras e interdependentes: ambas
assumem funções educativas que algumas vezes se confundem
e outras, se sobrepõem.
No entanto, não raro verifica-se a existência de
tensões e conflitos entre a escola e a família, em especial aos
limites que devem ser respeitados pela escola quanto à formação
do caráter, os valores e as ideologias.
Apesar destas dificuldades, existe um consenso
acerca da importância da relação entre família e escola. Quando
a escola, a comunidade e as famílias interagem e dialogam, a
qualidade do ensino tende a melhorar e as relações tornam-se
amigáveis e contribuem para o bem-estar comum e todos
lucram especialmente os alunos. Por isso é de bom alvitre a
participação das famílias nas atividades escolares.

6.7 - OBJETIVOS DA CAPELANIA ESCOLAR


Com o intuito de auxiliar na erradicação da
violência no ambiente escolar, cooperar com as famílias e
interagir com a escola na formação do cidadão, a capelania
escolar possui os seguintes objetivos:

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
➢ Objetivo Geral oferecer gratuitamente apoio espiritual,
aos estudantes, pais e mestres e toda comunidade
escolar.

➢ Objetivos Específicos alcançar a família do estudante


em crise e com baixo rendimento escolar, para fortalecer
suas relações em família, na escola, e no mundo,
redirecionando seu interesse e suas perspectivas para a
vida estudantil; dar pareceres sobre questões éticas,
religiosas e espirituais, sob a ótica cristã; participar de
todos os eventos e datas comemorativas da escola e
acompanhar os currículos ministrados na disciplina de
ensino religioso.

6.8 - A ESCOLA E A CAPELANIA


Pelo fato do Brasil ser um Estado Laico não existe
regulamentação para a capelania na escola pública. Para as
escolas privadas cada qual faz uso de regulamento próprio.
Porém, em ambos os casos o trabalho voluntário
deve ser realizado em concordância com a direção da escola.
Para que a capelania aconteça serão necessárias
as seguintes autorizações junto à direção da escola:

➢ Permissão para livre entrada dos capelães no


estabelecimento de ensino;

➢ Permissão do diálogo entre capelães e professores;

➢ Permissão da entrada esporádica dos capelães em sala


de aula; e

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OCEB/IBADEB
➢ Autorização para os capelães representarem o nome da
escola durante as visitas às famílias dos alunos.

Ao receber autorização e acesso à escola, o capelão


deve agir com sabedoria e discernimento e trabalhar em
cooperação com a escola, evitando o proselitismo religioso e as
desnecessárias discussões sobre religião.
Deve centrar-se no auxílio espiritual para o
combate da violência, desajustes emocionais, baixo rendimento
escolar, currículo do ensino religioso, interação com as famílias
dentre outros.

6.9 - A FAMÍLIA E A CAPELANIA


O acesso do Capelão no ambiente escolar pode
acontecer por meio das famílias e das associações de pais e
mestres. Caso não seja possível o acesso a escola, dentre as
atividades a ser desenvolvidas o capelão poderá orientar as
famílias aos seguintes procedimentos:

➢ Exercer a função Educativa;

➢ Participar efetivamente da vida escolar;

➢ Esforçar-se para melhoria do aprendizado de seus filhos;

➢ Ter interesse genuíno pela a educação;

➢ Acompanhar os currículos acadêmicos e as tarefas


extraclasse;

➢ Cooperar com o desenvolvimento da escola; e

82
Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
➢ Não transferir para a escola aquilo que é
responsabilidade da família.

O capelão deve lembrar a família que o


relacionamento entre pais e filhos deve ser estabelecido por
meio da agendacom tempo de qualidade. A Bíblia sagrada
assevera que “como flechas na mão de um poderoso, assim
são os filhos da mocidade. Feliz o varão vigoroso que encheu
deles a sua aljava” (Sl 127.4-5).
Portanto, os filhos são comparados a flechas, e
os pais são guerreiros. Do mesmo modo que um arqueiro
sabe que suas flechas não atingirão o alvo acidentalmente,
pais amorosos devem saber que criar e educar os filhos não
pode ser tarefa delegada ao acaso.

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OCEB/IBADEB

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária

Capítulo 07 - Capelania Comunitária Era

“E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem


cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR;
porque todos me conhecerão, desde o menor até ao
maior deles, diz o SENHOR; porque lhes perdoarei a
sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus
pecados. Jeremias 31:34”

A ênfase da Capelania Comunitária é Assistencial,


busca impactar a sociedade através de voluntários aonde se
promove o crescimento de cada uma das áreas que as mesmas
compreendem. O Brasil precisa mudar e ser transformado em
um país de êxito, um abençoado por Deus. A Capelania
Comunitária apoia o crescimento do caráter dos cidadãos e lês
ajuda a que se convertam em pessoas integra em harmonia com
os princípios de Deus.
Promover o Reino de Deus no mundo de trabalho
é nosso e por isso desejamos formar capelães que possam ser

85
OCEB/IBADEB
bênçãos na vida da Comunidade de nosso país. Muito nos alegra
ver que este trabalho não tem antecedentes locais nem
regionais, entendemos que mesmo nasce do caráter criativo de
Deus e nos converte em percussores de um programa que sem
dúvidas beneficiará a todos.

7.1 - O QUE É UM CAPELÃO COMUNITÁRIO


É um cristão evangélico, treinado, capacitado,
ético, que tem o espírito de excelência, de sabedoria e conselho
que vai se relacionar com a comunidade, catalogando os
problemas existentes nas áreas que afetam o desequilíbrio
espiritual de sua comunidade.
O Capelão comunitário usará a Bíblia para trazer
valores espirituais, para que os princípios de todas as partes
sejam justos, lembrando que o que é produzido depende de uma
só fonte (vida) e que Deus pode mantê-la.
O Capelão comunitário é um agente de Deus na
sua comunidade para prevenir e ajudar nos momentos de crise
e solucionar os problemas existentes. Trabalha para que a sua
comunidade alcance equilíbrio nos seus objetivos.
O Capelão Comunitário é um voluntário religioso
interdenominacional treinado para atender a Sociedade como
um todo, servindo com um Bom Samaritano, Conselheiro e
amigo de todos os feridos e machucados em sua Comunidade.
Frequentemente, o Capelão é chamado para
ajudar aqueles percebidos como “menos destaque”
desfavorável no meio do grupo social em que vive e da
comunidade, aqueles que são muitas vezes negligenciados nas
nossas congregações e por autoridades. “Depois disse Faraó a
José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão
entendido e sábio como tu. Tu estarás sobre a minha casa, e
por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono
86
Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
eu serei maior que tu. Disse mais Faraó a José: Vês aqui te
tenho posto sobre toda a terra do Egito.” (Gênesis 41:39).

7.2 - O CAPELÃO COMO AGENTE DE DEUS.


a. Os Capelães treinados são aceitáveis para grandes
segmentos. Diferentemente da figura do Pastor, que está
desgastado junto as nossas comunidades. Precisamos
resgatar esta perda de autoridade espiritual devido a
muitos escândalos. Já o Capelão é aceito por todos. É
visto como um agente religioso sem farda de
denominações e trabalha pesado no investimento social
trazendo credibilidade para a comunidade;

b. O Capelão é reconhecido pela Comunidade como uma


pessoa de fácil acesso e de contato junto a sociedade, por
ele não estar vinculado e rotulado por uma bandeira
denominacional, o Capelão parte de dentro da
comunidade para fora trabalhando com pessoas e
frequentemente conectando aqueles em necessidade com
as agências que podem fornecer assistência material e
psicológica aos que necessitam e a toda a sua família.

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e


proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para
instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (II Timóteo
3:16,17).

7.3 - POSTURA DO CAPELÃO COMUNITÁRIO


Sua postura deverá ser de um CONSELHEIRO:
que tem espírito de Deus e conhecimento na área que vai atuar.

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OCEB/IBADEB
➢ Postura ÉTICA: respeitando todas as ideias no que tange
a religiosidade, sugerindo só na hora que for solicitado.

➢ Postura de CONFIANÇA - FIDELIDADE: saber ouvir e


aconselhar sem causar nenhum mal-estar.

➢ Postura AMIGÁVEL: trazendo paz ao ambiente social,


promovendo reconciliação na comunidade entre os que
estão vivendo em inimizade.

➢ Postura OTIMISTA: O Capelão sempre terá uma palavra


de vitória e superação. Ele sempre diz que tudo vai
terminar bem. Nunca se une ao otimista.

➢ Postura de FÉ: Cria um ambiente de dependência de


Deus. Para alcançar o melhor.

➢ Postura VISUAL: sempre bem vestido, nunca usando


roupas ou adereços que chamem atenção.

7.4 - MISSÃO DO CAPELÃO COMUNITÁRIO


O Capelão Comunitário não é um pregador, ele
presta assistência espiritual e emocional;
O Capelão Comunitário não pode impor suas
próprias crenças aos outros, tem que ter sensibilidade para
conviver com todos;
Capelão Comunitário estará disponível a qualquer
hora para intermediar uma crise.
1. Em relação à comunidade: Mostrar que a prosperidade,
crescimento da sua comunidade depende de Deus.

Leitura Bíblica: Deuteronômio 15:4,10


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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
4 - Exceto quando não houver entre ti pobre algum; pois o
SENHOR abundantemente te abençoará na terra que o
SENHOR teu Deus te dará por herança, para possuí-la.
10 - Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja
maligno, quando lhe deres; pois por esta causa te
abençoará o SENHOR teu Deus em toda a tua obra, e em
tudo o que puseres a tua mão.

2. Mostrar que a maior segurança está em Deus:

Leitura Bíblica: Salmos 127:1,2


1 - SE o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os
que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão
vigia a sentinela.
2 - Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde,
comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o
sono.

3. Levá-los a entender que toda semente vai gerar. Se


plantar injustiça há seu tempo ele colherá.

Leitura Bíblica: Êxodo 3:7


7 - E disse o SENHOR: Tenho visto atentamente a aflição do
meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor
por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores.

4. Conscientizar que: os eventos, tempestades e as crises


que afetam a todos são circunstâncias e ajuda-los a
recomeçar. Perca de um ente, Catástrofe, Epidemias,
acidentes naturais e outros tipos de aflições que afetam
o ser humano independente da sua condições religiosa,
econômica.

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OCEB/IBADEB
Leitura Bíblica: Eclesiastes 4:1
1 - DEPOIS voltei-me, e atentei para todas as opressões que
se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lágrimas dos que
foram oprimidos e dos que não têm consolador, e a força
estava do lado dos seus opressores; mas eles não tinham
consolador.

5. Conscientizar a entender que: o maior patrimônio que


o homem pode ter é a sua família que membro da
sociedade em que mora. Não deixando que as
preocupações assuma lugar de destaque no convívio
familiar.

Leitura Bíblica: Eclesiastes 3:1


1 - TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para
todo o propósito debaixo do céu.

7.5 - RELACIONAMENTO COMUNITÁRIO


Promover entre eles o bem estar comum levando-
os a considerarem uns aos outros desestimulando todo espírito
de competição, traição aos membros comunitários. Levando-os
a entender que o sucesso e o bem-estar da comunidade depende
de um ambiente amigável desencorajando a qualquer tipo de
violência contra o seu próximo.

Leitura Bíblica: Eclesiastes 4:4


Também vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em
obras, trazem ao homem a inveja do seu próximo. Também
isto são vaidade e aflição de espírito.
Promover a ética cristã no ambiente comunitário, encorajando
o respeito mútuo, para que a comunidade possa desfrutar das
mordomias cristãs.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
Leitura Bíblica: Provérbios 14;35
O rei se alegra no servo prudente, mas sobre o que o
envergonha cairá o seu furor.

7.6 - COMO INICIAR UM PROJETO DE CAPELANIA


COMUNITÁRIA.
O projeto é financiado através da generosidade de
pessoas como você, igrejas, empresas e fundações. As atuais
condições econômicas do nosso País são favoráveis aos
trabalhos haja vista, que existem incentivos por parte do
governo que beneficiam as empresas que fazem doações às
instituições que prestam serviços assistenciais as comunidades.
Passos que devemos segui para iniciar o projeto:

a. Projete algo sustentável. Comece pequeno para se torna


grande;

b. Avalie a situação sócia econômica e religiosa da sua


comunidade;

c. Priorize e mapeie a área de trabalho que desenvolverá


com a comunidade, faça as seguintes perguntas antes de
começar o seu projeto social, exemplo: em que área social
eu quero desenvolver meu projeto? Crianças, adultos,
idosos, escolinhas de futebol, asilos, orfanatos,
assistência com remédios, alimentação e muitos outros;

d. Faça uma lista das famílias que apresenta o perfil para o


tipo de atividade que você pretende desenvolver;

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OCEB/IBADEB
e. Procure os órgãos de segurança em busca de informações
sobre o tipo ocorrências mais comum na área de sua
atuação: violência familiar, via de fatos, furto, roubo,
estupro, assalto e outros tipos de violência urbana;

f. Concentrar o trabalho na família que você julgar mais


carente para o atendimento imediato. Sempre de posse
da palavra que pode mudar a sorte da comunidade.
Bíblia Sagrada.

g. Buscar apoio na igreja, comércio, órgãos governamentais


de assistência social, e outros; e

h. Mapear grupos, local, pessoas com dependência química:


Praças, ruas, becos e outros.

7.7 - ASSUNTOS A SEREM ABORDADOS DURANTE O


TRABALHO DE CAPELANIA.

a. O Capelão deverá compreender que Capelania não é


religião;

b. Abordar assuntos de relevância para o Reino de Deus;

c. A ferramenta do Capelão é, e sempre será a Bíblia


Sagrada;

d. Abordar temas de otimismo, perseverança e


motivacionais;

e. Apresentar soluções de para as crises com apoio Bíblico;

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária
7.8 - A GRANDEZA DO SUCESSO NA CAPELANIA
COMUNITÁRIA ESTÁ NO TRATAMENTO INDIVIDUALIZADO

a. Descobrir a data de nascimento dos membros assistidos;

b. Descobrir data de casamento;

c. Enviar cartões em datas especiais;

d. Convidar para frequentar uma igreja evangélica mais


próxima da sua residência;

e. Se preferir frequentar a sua igreja, apresente-os como


convidados especiais; procure envolve-los nas atividades
da igreja local;

f. Dê a devida atenção durante a permanência na igreja;

g. Ore com seus assistidos;

h. Nunca se apresente quando estiver na prova;

i. Demonstre sempre um espírito de mansidão;

Considerações finais
O Capelão comunitário é um agente do reino de Deus. Deverá
ter em mente em acrescentar na comunidade carente um
trabalho de ressocialização, procurando parceria com igrejas,
ONGS e outros meios técnicos para alcançar um número maior
de pessoas menos favorecida e sua família. Esta deverá ser a
visão missionária do Capelão Comunitário assistencial. O

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Capelão deverá buscar auxílio emocional profissional ajudando
as pessoas da comunidade a terem uma qualidade de vida.
Melhor e ainda, oferecer o serviço de assistência espiritual a
todo o momento, levando os membros favorecidos da
comunidade a conhecer o Senhor Jesus como único e suficiente
Salvador. A maior prosperidade que o homem deve alcançar
aqui na terra, não é, bens financeiros e sim, uma vida eterna
nas mansões celestiais.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária

Considerações Finais
Em meio ao crescimento de diversos tipos de
poder, liberdades e crescimento tecnológico a humanidade não
tem dado mostras de estar menos desfigurada e do que
antigamente. Para reflexão seguem alguns questionamentos:

✓ O maior poderio militar tem promovido mais paz?

✓ O maior poderio de produção de alimentos tem


promovido menos fome?

✓ O maior poderio médico tem promovido à ausência da


morte?

✓ O maior poderio de instrução tem promovido uma


sociedade mais sábia?

✓ O maior poderio de liberdade tem promovido pessoas


menos aprisionadas?

Inevitavelmente as respostas a estas questões é


um sonoro: não! A sociedade desenvolveu-se, mas não resolveu
os dilemas da humanidade.

95
OCEB/IBADEB
Temos tudo ao dispor para construir uma
sociedade justa e fraterna, mas somos cada vez mais incapazes
de promover o bem-estar comum.
Voltemos então às verdades reveladas na Palavra
de Deus. Segundo as Escrituras, foi o pecado que desfigurou a
humanidade. O ser humano perdeu parte da imagem de Deus.
Mas, o Senhor Deus não nos deixou a própria sorte. Ele proveu
um meio de libertação por intermédio de Jesus Cristo. E este é
o papel da capelania, isto é, propagar o evangelho de Cristo que
liberta o pecador.
Ao concluir, percebemos o quanto é maravilhoso o
trabalho da capelania e mediante o que estudamos somente nos
resta colocar a teoria em prática. O mais importante é cooperar
com o Reino de deus por meio deste ministério de socorro e
misericórdia. Parabéns por esta decisão de realizar este curso e
que o Senhor Deus lhe guarde e lhe dê muita sabedoria para
desempenhar tão nobre missão.

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Capelania Hospitalar, Prisional, Escolar e Comunitária

Bibliografia

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Paulo: Cultura Cristã, 2000.

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ORDEM
Capelania DOS CAPELÃES
Hospitalar, Prisional,EVANGÉLICOS DO BRASIL
Escolar e Comunitária
OCEB
Manual de Orientação do Capelão - OCEB

Manual de Orientação do Capelão OCEBCEB

INTRODUÇÃO:
Nossa vida tem limitações, já que pertencemos a
este mundo físico, no entanto, existem outras áreas de nós que
precisam também de atenção e cuidado, e que só é possível
cuidarmos se entendermos que nós somos feitos a imagem e
semelhança de Deus, e que temos corpo, alma e espírito. Para
cuidar do corpo temos os médicos, mas para cuidar da alma
Deus deixou os capelães. A Bíblia ensina: aquilo que se vê não
foi feito do que é visível (cf. Hebreus 11.3) é simplesmente a área
Espiritual. Sendo o homem um ser espiritual, pertence tanto ao
plano físico quanto ao espiritual. Entretanto cada indivíduo,
família e sociedade sofrem influências dos dois planos.
Há mais de 2000 mil anos, iniciou-se a capelania,
mais somente há menos de um século na frança a capelania
começou a se desenvolver, da forma que a conhecemos nos dias
de hoje, e a força motriz deste ministério tão completo e
profissional, nos foi revelada em um aprendizado erudito em
comunhão com o Espírito Santo.
É nossa responsabilidade mudar as
circunstâncias da espiritualidade e transformar a vida das
pessoas que necessitam.
Aquele que conseguir transformar as
circunstâncias da vida conseguirá transformar almas. A

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pergunta que nos surgi é: sendo assim, como podemos mover
os problemas de nossa alma? Existem quatro elementos: fé,
conhecimento, compaixão e palavra. Esses são os quatro fatores
que movem
o capelão. Sua vida será transformada á medida que conhecer
melhor este ministério ensinado pelo nosso senhor JESUS
CRISTO.

1. A ÉTICA NA CAPELANIA

O que significa Ética - Etiologicamente “ética” vem


do grego “ethos” Origens: Mais antiga - ÊTHOS- significa
“morada, abrigo, refúgio”, lugar onde somos autênticos e
despidos de defesas, estamos protegidos, abrigados, e podemos
receber o outro. Este está ligado à ciência de costumes.
Posteriormente surge o termo éthos, ligado à
filosofia moral, que segundo Aristostes, expressa um modo de
ser, uma atitude diante de si e do mundo. Indica a postura do
homem diante da vida. Esta atitude é fruto de uma construção
continua e não acabada, do nosso vir a ser na relação com o
mundo.
Podemos dizer então, que ética é a arte da
convivência, é uma atitude no “viver-com. quando começamos
a nos questionar sobre a ida, começa um processo de
entendimento o que somos. trata-se de como a pessoa organiza
sua existência e como forma uma consciência que se constrói
refletindo. Na medida em que amplia a consciência de si mesmo,
torna-se livre, portanto responsável. Esse sujeito, livre e
responsável, é também sujeito ético.
Através do latim= mos (ou no plural mores), que
significa costume, derivou a palavra moral. Em filosofia, ÉTICA
significa o que é bom para o indivíduo e para sociedade, e seu
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estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no
relacionamento indivíduo-sociedade.

2. O CÓDIGO DE ÉTICA DO CAPELÃO OCEB

2.1 - Abrangência: Este código de ética objetiva ser uma


referência formal que se aplica a todos os Capelães Membros,
dos quais se espera uma conduta Cristã uniforme, de forma a
tornar-se um padrão de relacionamento interno e com os
diversos segmentos da sociedade. A OCEB é responsável e tem
suas ações sustentadas pelos seguintes princípios:
a. Respeito: Como base de todos os nossos
relacionamentos. Trabalhamos em equipe sustentada
pelo respeito recíproco e consideração, que inspiram a
harmonia e a comunicação. Respeitamos as diferenças
individuais, seja de sexo, idade, raça, religião,
nacionalidade, incapacidade física, classe social ou
econômica e formação profissional;
b. Honestidade e Integridade: Consideramos esses valores
essenciais em qualquer relacionamento. Trabalhamos de
acordo com a Constituição Federal, questionando nossos
serviços sempre pautados na lei e na ética;
c. Humildade e Coragem: Enfrentamos assim nossos
desafios, sempre visando à busca de Ministrar a Fé,
alinhada com nossos princípios e valores essenciais. A Fé
é um Dom de Deus;
d. Responsabilidade: Na construção e preservação de
nosso patrimônio e de nossa imagem, bem como no uso
racional dos recursos sociais e na preservação do 3º

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Setor, com base no conceito de desenvolvimento
Tecnológico Social;
e. Transparência: A gestão da Capelania deve ser realizada
de forma a garantir a transparência das informações,
visando assegurar a confiança e a tranquilidade
esperadas. Agimos com prontidão e firmeza na busca de
soluções que possam minimizar dúvidas, corrigir
reveses, riscos e desvios, de forma a garantir um clima
de confiança mútua;
f. Excelência e Desenvolvimento: Somos um Conselho
que atua na sociedade, visando o desenvolvimento
contínuo e a satisfação de nossos assistidos;
g. Compromisso com a Qualidade: Expresso através da
integridade bem como através da busca incansável da
melhoria da qualidade de vida social de nossos
colaboradores e de todos com os quais mantemos
relacionamento.

2.2 - Relacionamentos com assistidos:


Tendo como foco de suas operações os assistidos,
todos os Capelães OCEB devem:
a. Ser receptivos às opiniões diversas e as considerar para
a melhoria contínua da assistência dos serviços
oferecidos, obedecendo os processos padronizados
Paraeclesiásticos conforme Procedimentos Cristãos
Bíblicos;
b. Atender os assistidos com cortesia e eficiência,
oferecendo informações claras, precisas e transparentes.
O assistido deve obter respostas, mesmo que negativas,
às suas solicitações, de forma adequada e conveniente.
As respostas negativas, quando houverem, devem ser

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acompanhadas de alternativas que viabilizem a
satisfação do assistido;
c. Observar os mais elevados padrões de honestidade e
integridade em todos os assistidos e colaboradores,
evitando sempre que sua conduta possa parecer
imprópria;
d. O compromisso com a satisfação de nossos assistidos e
com o cumprimento dos deveres capelânicos no respeito
aos seus direitos e na busca por soluções que atendam a
seus interesses, sempre em consonância com os
objetivos de levar a Fé com Amor.

2.3 - CONDUTA: ESPERA-SE DOS CAPELÃES OCEB

a. Atuar sempre em defesa dos melhores interesses da


OCEB, mantendo sob sigilo informações e negócios
estratégicos da Instituição;
b. Exercer suas atribuições com eficácia, eliminando
situações que levem a ações indevidas; Reconhecer
honestamente os erros cometidos;
c. Questionar as orientações contrárias aos princípios e
valores da OCEB;
d. Apresentar críticas construtivas e sugestões visando
aprimorar a qualidade do trabalho;
e. Agir de forma cortês, e com atenção à todas as pessoas
com que se relacionam, respeitando a capacitação de
cada um;
f. Respeitar a hierarquia, porém informar imediatamente à
diretoria qualquer comportamento irregular, desde que
devidamente fundamentado e escrito;
g. Considerar as críticas construtivas, feitas às claras e
através dos canais adequados, como uma demonstração
de lealdade da OCEB e aos colegas;

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h. Procurar os colegas a fim de obter os meios para superar
suas limitações, quando se considerarem não
capacitados para executar alguma tarefa;
i. Conferências, palestras, apresentações e trabalhos
acadêmicos sobre a OCEB, bem como o fornecimento de
material e informação para que terceiros os façam, devem
ser autorizados previamente pela Diretoria;
j. Quando no papel de gestor de pessoas, ter em mente que
seus liderados o tomarão com exemplo. Suas ações,
assim, devem constituir modelo da conduta da sua
equipe;
k. A imagem da OCEB é o seu maior patrimônio e deve ser
construída e preservada a cada dia, por todos os
Capelães Membros e Colaboradores. Qualquer ação ou
atitude, individual ou coletiva, que vier a prejudicar esta
imagem é considerada falta grave;
l. Capelães OCEB, devem ter o compromisso de zelar pelos
valores e imagem da OCEB, de manter postura
compatível com essa imagem e esses valores e de atuar
em defesa dos interesses dos assistidos. A busca pelo
desenvolvimento da OCEB deve se dar com base nesses
princípios, com a confiança de que nossas ações são
guiadas pelos mais elevados padrões éticos e de respeito
à legalidade.

2.4 - RESPONSABILIDADES DOS CAPELÃES MEMBROS:

a. Ser exemplo de conduta ética para sua equipe; Ler,


compreender, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética;
b. Divulgá-lo para sua equipe e certificar-se de sua leitura
e compreensão; Orientar os colaboradores sobre ações ou
situações que representem eventuais dúvidas ou dilemas
éticos;

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c. Contatar o comitê de ética para esclarecer dúvidas;
Comunicar à Diretoria eventuais casos de
descumprimento do Código de Ética;
d. Recolher os Termos de Compromisso devidamente
preenchidos e assinados e enviá-los para o Comitê de
Ética;
e. Ser exemplo de conduta ética para seus colegas; Ler,
compreender e cumprir o Código de Ética;
f. Adotar comportamento e postura ética para que não haja
qualquer dúvida quanto à sua conduta;
g. Elaborar e revisar o Código de Ética; Receber informações
de violações ao Código de Ética; Garantir a
confidencialidade sobre as informações recebidas;
h. Realizar investigações que deem suporte à tomada de
decisão;
i. Encaminhar ao Comitê Executivo os casos mais graves
de violações ao Código de Ética;
j. Avaliar permanentemente a atualidade e pertinência
deste Código, bem como determinar as ações necessárias
para a divulgação e disseminação dos mais elevados
padrões de conduta ética dentro da OCEB;

3. O CAPELÃO É A PRÁTICA DA CAPELANIA

3.1 - O TRABALHO DE ACONSELHAMENTO:

Aconselhar pode ser definido como proclamação


do perdão dos pecados. Para um capelão Evangélico, o
aconselhamento é, antes de tudo, a comunicação da palavra de
Deus. No aconselhamento, o Capelão desenvolve diálogo que
visa levar a pessoa ao rompimento com a vida nas trevas. No

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aconselhamento o Capelão utilizará os princípios bíblicos e
habilidade diplomática para a orientação da conduta e das
decisões que a pessoa terá que tomar. Este é o aconselhamento
neutético, e o aconselhamento psico-bíblico.
Aconselhar é como guiar um cego que sabe o que
quer, mas não sabe como chegar lá. Assim, o papel do Capelão-
Conselheiro é ajudar alguém a chegar ao lugar, num porto
seguro, sempre à luz da palavra de Deus e de um compromisso
com as questões eternas.
O Aconselhamento é cura e milagre para as
pessoas. Mesmo sabendo que diante de algumas situações
teremos que reconhecer a nossa limitação, confiando na
suficiência da GRAÇA de Deus, que opera em nós e através de
nós. Devemos seguir o exemplo de Jesus. O Mestre amado fez
isso com:
a. A mulher samaritana no poço de Jacó (João 4);
b. Pedro após a ressurreição (João21:15);
c. O Mestre parou a multidão para atender apenas um ser
que estava sofrendo as angústias e as perdas dessa vida.

Aconselhamento individual. Orientação, com


ética aliada com a ação do Espírito Santo e amor, com paciência
para ouvir as mais diversas situações, e orientar com sabedoria
espiritual e exemplos externos. Às vezes, a solução está mais no
ouvir do que no falar.

3.2 - AS PESSOAS NECESSITAM SER OUVIDAS POR DOIS


MOTIVOS:

a. Neste mundo elas são números: RG, CPF, EMPRESA,


ESCOLA, ESTATÍSTICA. Não podemos continuar sendo
um número no rol de membros. É uma questão mais

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sociológica do que espiritual. David Cho escreveu: “As
pessoas neste mundo são números. Quando vem à igreja
querem se sentir gente”;
b. Vivemos numa época em que as vozes deste mundo nos
sufocam, confundem a mente, abalam a alma,
embrutecem o espírito, cauterizam a consciência. Pai,
Filho, marido, esposa, empregados, patrão, professor,
liderança, tele-evangelista, - todo mundo está falando.
Mas quem está disposto a escutar? Deus? Sim, mas
através de quem? Do Capelão preparado, fiel a Deus,
maduro. Se não podemos ou não sabemos, permitamos
ao menos fazer o bem às pessoas feridas.

3.3 - PRECISAMOS EVITAR DOIS PERIGOS QUE NOS


TÊM LEVADO A EVITAR O ACONSELHAMENTO
INDIVIDUALIZADO, QUER SEJA NO GABINETE, NO
LAR, NA VISITA, NO HOSPITAL ETC. SÃO ELAS:

a. A tentação do cristianismo heroico - cultura da vitória


total. Estamos deixando de ser “mais que vencedores”,
para sermos “vencedores demais”. Isto está nos
afastando do povo, pois tudo tem que ser resolvido
através, gritos de guerra, e pronto.
b. A insensibilidade do cristianismo estoico - cultura da
negação. A prática cristã nos torna insensíveis, apáticos,
indiferentes. Tornamo-nos pessoas leprosas, insensíveis.
Temos respostas prontas , versículos em pacotes;
verdades teológicas frias, e então criamos calos. Como
certo cirurgião que, depois de muito usar o bisturi, caleja
o dedo e não pode mais operar. Aconselhar é remover os
calos; é ter sensibilidade.

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c. Se disser: “È assim mesmo, é a nossa cruz”, não resolve
o problema, e , nem sequer dá a pessoa necessitada uma
direção. Às vezes é preciso apenas chorar com os que
choram como fez o mestre amado em (João11:33), e , se
não der pra ressuscitar o morto Lázaro, vamos ao menos
ressuscitar as Marias.
d. Recomendações gerais no aconselhamento:
➢ Ouça o suficiente antes de tecer qualquer comentário,
conselho ou parecer; não se precipite. Procure a raiz do
problema. Faça perguntas adequadas.
➢ Incentive-o (a) a falar, deixe-o (a) à vontade e seguro (a)
para colocar para fora aquilo que o (a) está sufocando.
Divida o assunto em partes (família, trabalho, coração,
finanças, relacionamento); faça um mapeamento e defina
prioridades.
➢ Não deixe a espiritualidade em segundo plano, ore e use
a Bíblia.
➢ Cultive a credibilidade moral, espiritual e emocional.
Você está sendo observado.
➢ Seja sensível, porém não se entregue aos sentimentos
alheios.
➢ Veja no aconselhando um ser em potencial para mudar e
ser abençoado por Deus. Não o evite.
➢ Utilize de diversas ferramentas para extrair informações
(perguntas, cartas, inventário, família, comportamento),
mas nunca recorra a fofocas. Quem trás também leva,
isso pode colocar tudo a perder.
➢ Seja humilde para reconhecer as suas limitações e
tentações. Trabalhe em parcerias, Exemplo:
aconselhamento X psicoterapia, serviço social,
advocacia, medicina, até mesmo outros conselheiros
espirituais etc.
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➢ Seja ético com as pessoas que você atender. Não use isso
como forma de proselitismo.
➢ Cuidado em compartilhar experiências particulares. Sua
vida e intimidades podem ficar na “boca do povo”.

4. REGRAS PARA VISITAÇÃO:

a. Visitas frequentes, mas breves;


b. Deixar ao paciente a iniciativa de dar a mão para
cumprimentar;
c. Ficar onde o paciente possa vê-lo com facilidade;
d. O lado da cama é mais adequado que o pé;
e. Abertura para o paciente falar livremente;
f. Ouvi-lo com atenção;
g. Usar recursos cristãos: oração, Escrituras,
encorajamento;
b. Orar de forma audível ou não, deve ser determinado
pela situação: de acordo com o paciente, sua doutrina,
outras pessoas presentes, etc.
c. Tome precauções no caso de doenças contagiosas, e
UTI;
d. Deixe material devocional;
e. Avalie cada visita para poder melhorá-las;

4.1 - PACIENTES EM CASA:

a. Telefone para combinar a melhor hora;


b. Prefira um horário que permita conversa particular;

4.2 - PACIENTES HOSPITALIZADOS

a. Apresente-se na recepção e confira o melhor horário;

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b. Não entre em portas fechadas ou que contenham
“visitas proibidas”;
c. Prefira horários menos concorridos;
d. Não fale num tom de voz artificial;
e. Fale sobre suas próprias doenças no passado. Não force
o paciente; a falar. Sua presença silenciosa pode,
geralmente, ser muito significativa;
f. Prometa que Deus irá curá-lo. Em sua sabedoria, Deus
algumas vezes permite que a doença continue. Não faça
visitas quando você estiver doente;
g. Não fale alto. Não sente, apoie-se ou sacuda a cama.
h. Não visite na hora das refeições;
i. Fale baixinho com os membros da família ou pessoal
médico à vista do paciente;
j. Não transmita informação sobre diagnóstico. Não
interrogue o paciente sobre os detalhes da doença;
k. Não diga à família o que deve decidir quando lhe são
apresentadas opções médicas (mas ajude-a a decidir);
l. Não critique o hospital, o tratamento, os médicos;
m. Não espalhe informações minuciosas sobre o paciente
ao terminar sua visita;
n. Seja amigável e alegre;
o. Mostre-se animado e confiante. Ajude o paciente a
descontrair-se. Reconheça que ansiedade, desânimo,
culpa, frustrações e incertezas podem estar presentes.
Fale ao paciente sobre a segurança do amor e cuidado
divinos. Prometa orar durante a doença e cumpra.

“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me


destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes; estava nu,
e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e
fostes ver-me.” (Mt 25.35,36)

Pr. Cpl José Carlos Alves


Presidente Executivo da OCEB

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