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Psicologia da Saúde II

Psicologia Hospitalar
★ Habilidade de trabalho em equipe

● Equipe interdisciplinar
● Medicamentos/Psicofarmacologia
● Psicopatologia
● Conhecimento teórico
● Família-psicoeducação
● Contextualizar a demanda
● Grupos (o próprio grupo pode ter fator terapêutico)

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★ A instituição Hosp
● Hospital vem do latim “hospes” – hóspede.
● Borba (1985):
“Hospital é uma instituição devidamente emparelhada de pessoal e material, em condições
de receber, para diagnóstico e tratamento, pessoas que necessitam de assistência médica
diária e cuidados permanentes de enfermagem, em regime de internação”

★ Psicologia da Saúde X Psicologia Hospitalar


● A Psicologia Hospitalar é apenas uma estratégia de atuação em Psicologia da Saúde.
● A confusão se instala porque, no Brasil, a instituição hospitalar historicamente é o
símbolo principal de atendimento à saúde.
● Modelo clínico/assistencialista X sanitarista.

★ Psicologia Hospitalar
● Termo usado no Brasil para designar o trabalho de psicólogos da saúde em hospitais.
● A Psicologia Hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos
psicológicos em torno do adoecimento.
⇘ Não causas psicológicas do adoecimento!
● Causas psíquicas versus causas orgânicas -> Armadilha característica do
pensamento médico.
● Qual a reação psíquica diante da realidade orgânica?
Todas as doenças apresentam aspectos psicológicos.

Manifestações da subjetividade humana


⇘ Fala, pensamentos, comportamentos, fantasias, lembranças, crenças,
sonhos, conflitos, estilo de vida e estilo de adoecer.

● “A doença é um real do corpo no qual o homem esbarra, e quando isso acontece toda
a sua subjetividade é sacudida. É então que entra em cena o psicólogo hospitalar,
que se oferece para escutar esse sujeito adoentado falar de si, da doença, da vida ou
da morte, do que pensa, do que sente, do que teme, do que deseja, do que quiser
falar. A psicologia está interessada mesmo em dar voz à subjetividade do paciente,
restituindo-lhe o lugar de sujeito que a medicina lhe afasta” (Moretto, 2011, como
citado em Simonetti, 2013)
● Se propõe a ajudar o paciente a fazer a travessia da experiência do adoecimento… o
psicólogo hospitalar participa dessa travessia como ouvinte privilegiado, não como
guia.
● Utiliza-se dos conhecimentos da Psicologia para aplicá-los às situações que envolvem
os processos doença-internação-tratamento.
● Não se trata de transpor o modelo clássico de trabalho psicológico e psicoterápico
desenvolvido no consultório para o hospital.
● É preciso o desenvolvimento de teorias e técnicas específicas.
Habilidades e competências do profissional na área da Psicologia Hospitalar

★ Habilidades comuns a todo psicólogo


● Identificar, analisar e interpretar demandas psicológicas.
● Ouvir, com atenção, a fala da outra pessoa.
● Observar expressões verbais e não verbais.
● Ajudar o outro a identificar, nomear e expressar seus sentimentos.
● Expressar-se de modo claro e objetivo.
● Conhecimento teórico.

★ Conhecer políticas públicas.


● Princípios do SUS, Atenção Básica, PSF, CAPs (I, II, III e Infantil), Redes de saúde. Etc…

★ Conhecer a enfermidade e terminologias médicas


● Neoplasia, Anorexia, Diabetes, Derrame pleural, Paliativo, Insuficiência cardíaca (IC),
AVC, Ausculta, Prognóstico…

★ Compreender Saúde Mental


● Psicopatologia, psicofarmacologia, RAPS…

★ Contextualizar a demanda
● Qual é a demanda? De quem é a demanda? Estado de saúde? Local de atendimento?
⇘ Estratégias de intervenção condizentes.

★ Atender em diferentes settings

★ Locais de Atendimento
● Ambulatório, internação,centro de qt, centro cirúrgico, unidade de tratamento,
intensivo, pronto socorro, recepção, hemodiálise, etc.
★ Adaptar referenciais teóricos
● Pouco tempo e poucos encontros.
■ Trabalho focal
■ Objetivos claros e determinados
■ Eleição de conflitos
■ Negligência seletiva
■ Encaminhamentos

★ Trabalhar com a tríade

★ Lidar com imprevistos e situações emergenciais de crise


● Estabelecer prioridades!!!

★ Ser empático e acolhedor


● Atuação voltada para a humanização em saúde.

★ O que não é ser empático


● Eu sei o que você está sentindo;
● Chorar não vai adiantar;
● Você tem que ser forte;
● Isso tudo vai passar logo;
● Tem pessoas com problemas maiores
● Você tem outros filhos pra cuidar;
● Foi melhor assim…

★ Intervir em situações de luto e morte


● Lidar com:
■ Lutos, perdas e frustrações dos pacientes e familiares
■ Impactos na equipe
■ A terminalidade, inclusive a própria
■ Filosofia para além da cura!

★ Realizar encaminhamentos e orientações


● Garantir a continuidade do acompanhamento psicológico, caso necessário.
● Encaminhar para outras especialidades.
★ Evitar assumir responsabilidades além da sua função.

★ Curar quando possível, aliviar quando necessário,confortar sempre!

O adoecimento e suas repercussões

★ Doença
● Envolve um conjunto de sintomas/sinais que acontecem no indivíduo e que levam a
buscar conhecimento do que se tem. Achar uma resposta/nome à aquilo que está
acontecendo com o indivíduo. Tem um saber, expertise para dar nome aos sintomas
(CID 11, DSM-V TR).

★ Adoecimento
● A trajetória do adoecer acontece antes do diagnóstico. Fase do diagnóstico.
■ Relação/processo é diverso, singular.
● Convivência.
● O adoecimento é mais amplo que a doença em si. O tratamento e suas repercussões
fazem parte do tratamento pois a doença pode ser silenciosa, os sintomas podem
aparecer em decorrência do tratamento. Ex: câncer e quimio.
● Olhar físico, psíquico, social e espiritual.
● Mobiliza a dimensão existencial.
● Há um gasto de energia no adoecimento, traz um desequilíbrio muito grande. Tenta
buscar uma explicação, um sentido para o que está acontecendo.
■ Quem sou eu agora com adoecimento?
■ Tentativa de reencontrar esse interno no adoecimento.
● Mediadores do processo de adoecimento: ponte para uma experiência global sempre
singular, ajudam a mapear e compreender a experiência e seus facilitadores ou não.
★ A doença é potencialmente traumática!!!!

★ Etapas do adoecer

MOMENTOS DO ADOECIMENTO BARSAGLINI


★ 1ªEtapa
● Investigação e descoberta.
■ Crise/Aguda
★ 2ª Etapa
● Trajetória dinâmica provisória, hospitalização.
■ Crônica
★ 3ª Etapa
● Alta, encerramento de tratamento, convivência com tratamento.
■ Redução.

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★ Doença X Adoecimento
★ O adoecer
● "É do conhecimento de todos, e eu o aceito como coisa natural, que uma pessoa
atormentada por dor e mal-estar orgânico deixa de se interessar pelas coisas do
mundo externo, na medida em que não dizem respeito a seu sofrimento. Uma
observação mais detida nos ensina que ela também retira o interesse libidinal de
seus objetos amorosos: enquanto sofre, deixa de amar. (...) Devemos então dizer: o
homem enfermo retira suas catexias libidinais de volta para seu próprio ego, e as põe
para fora novamente quando se recupera"
(Freud, 1914, "Sobre o narcisismo - Uma introdução", vol. XIV, pg. 98).
● A passagem do homem da situação de sadio para a de doente, seja de forma abrupta
ou insidiosa, modifica a sua relação com o mundo e consigo mesmo e implica sempre
em repercussões psicológicas, tanto nele quanto no seu círculo familiar e social.

★ Repercussões do adoecer
● Compreendidas de forma situada, contextualizada e provisória.
● Dependerão das intermediações e suas interpretações em dado contexto e biografia,
sempre em interação com outras pessoas, instituições, tecnologias, etc.
● Materiais: alterações econômico-financeiras, físicas, etc. Também entram fatores
físicos, de aparência.
● Imateriais: emoções, espiritualidade, valores, símbolos, papel social, rupturas,
dependência, etc.

★ Hospitalização
● Ocorre quando há complicações, como infecções ou agravamento do estado geral,
assim como quando há necessidade de cirurgia ou de um tratamento mais agressivo.
● Alteração da rotina: convivência com pessoas estranhas, em ambiente regido por
regras que dificilmente são modificadas (horários de exames, refeições, banho,
limpeza, visitas...).
● Realização de exames e procedimentos.
● Internações prolongadas: fontes de estresse.
● Tratamento ambulatorial: preservação parcial da rotina.
★ Momentos Do Adoecimento (Barsaglini, 2019)

★ Mediadores do adoecer de longa duração


● 1-Características do adoecimento
■ Sinais e sintomas
■ Curso da doença
■ Representações
■ O diagnóstico, com seu potencial de colocar ordem em um conjunto de sinais e
sintomas, pode tanto nomear e legitimar dada situação, como pode estigmatizar
(Jutel, 2011).
■ A doença como metáfora (1978)
➢ Tuberculose: doença dos apaixonados; morte romântica, lírica. Febre como
sinal de ardência interior. Resultado da paixão excessiva e da vida boêmia.
➢ Câncer: pessoas reprimidas, inibidas e incapazes de exprimir o ódio;
insuficientes de paixão; preço da repressão dos sentimentos, insatisfação e
depressão. Sinônimo de morte. Mal que corrói por dentro e destrói.
Expressões como “isso é o câncer do sistema”; Termos bélicos: luta, cruzada,
vítimas.
➢ Sontag, que teve câncer, lutava contra a estigmatização indevida de
doenças;
➢ A linguagem como produtora de significados para as enfermidades;
➢ “Nada é mais punitivo do que atribuir um significado a uma doença quando
este significado é invariavelmente moralista” (p. 76)
● 2-Relação com os serviços de saúde: diagnóstico e tratamento
■ Disponibilidade e acessibilidade aos serviços de saúde e recursos tecnológicos
(longe, perto, custo, etc.).
■ Simplicidade ou complexidade do tratamento (uso de medicação, próteses,
cirurgias mutilantes, agressividade, etc.).

● 3- Idade e ciclo da vida


■ Expectativas relacionadas às diversas etapas do ciclo vital: infância, adolescência,
adulto jovem, adulto e pessoa idosa.
■ Parâmetros socialmente construídos
■ Posição da pessoa no espaço doméstico e social

● 4- Rede e apoio social


■ Importância dos vínculos sociais, seja a existente, a que é mobilizada ao adoecer
ou a que se reconstrói.
■ Podem ser informais ou formais/institucionalizadas.
■ Rede não garante apoio, mas tem potencial como apoio social e deve ser vista de
modo dinâmico.
■ Pode ocorrer no âmbito pessoal ou em grupos (ex: ativismo na reivindicação e
defesa de direitos).
■ Apoios variados: afetivo, técnico, terapêutico, material, político.
■ Espiritualidade e religiosidade.

● 5- Políticas Públicas
■ “Conjunto de princípios, diretrizes e normas que assumem a forma de benefícios,
serviços, programas, projetos e ações/atividades desenvolvidas pelo Estado que
se respaldam e visam a proteção social e os direitos sociais/cidadania
dirigindo-se universalmente ou em focalização a determinados grupos (Fleury e
Ouverney, 2008)”.
■ Não surgem espontaneamente: reflexo de conquistas, pois envolve disputas para
que determinados temas ocupem espaço político.
■ Equidade: políticas podem seguir uma discriminação positiva para garantir
justiça e proteção social.
■ Importante fonte de apoio formal.

● 6- Contextos e elementos estruturais


■ Localização sociocultural: não determina, mas coloca condições à nossa
existência.
■ Contexto imediato e histórico, que pode proteger ou fragilizar as pessoas,
amenizar ou exacerbar as repercussões do adoecer.
■ Classe social
■ Raça/cor e etnia
■ Gênero

★ O crescimento no Adoecimento
● Muitas pessoas podem avaliar a experiência como propulsora de crescimento,
mesmo que desafiadora:
■ Crescimento pós-traumático:
➢ Descoberta de si;
➢ (Re)Valoração das relações pessoais;
➢ Olhar para novas possibilidades;
➢ Maior apreciação da vida;
➢ Mudanças na espiritualidade.

Estresse e Coping

★ Estresse está relacionado a nossa sobrevivência.

★ Psiconeuroimunologia
● Estresse crônico faz com que as pessoas tenham liberação maior/constante de
cortisol.
⇘ Imunossupressor
⇘ Anti inflamatório
⇘ Pode deixar um indivíduo suscetível ao adoecimento

★ Coping
● Quais recursos que se tem para lidar com tais situações
● Recursos internos e externos que podem ser disponibilizados para enfrentar (lidar
com os eventos).
● Focado nos problemas
■ Estratégias de enfrentamento
■ Tenta mudar a situação
● Focado na emoção
■ Lidar afetivamente com ele, já que não consegue eliminar o problema.
● Prejuízo: dano, já aconteceu
● Ameaça: ainda não aconteceu, futuro

★ Estresse e Coping
● Fuga e afastamento/distanciamento
■ Necessário estratégias de coping.
➢ Ex: autocontrole das emoções, técnicas de relaxamento.
■ Se der certo, a tendência é ser reforçado e reavaliar para mudar o curso desse
evento estressor.
➢ Funcional, adaptativo.
● Confronto: envolve situação que não tem muito tempo de se planejar, em que a fuga
não é possível/a melhor opção.
● Função nem sempre vai gerar a consequência esperada.
■ Nem sempre a estratégia vai cumprir essa consequência.

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★ Estresse
● Estado emocional que ocorre em resposta a eventos percebidos como difíceis ou que
excedem os recursos e habilidades da pessoa em lidar com eles (Cohen & Herbert,
1996; Lazarus, 1999).
■ Depende da avaliação cognitiva e da percepção dos recursos para lidar com a
situação.
■ Fontes “comuns” de estresse:
➢ Conflitos;
➢ Problemas sociais (fome, pobreza, desemprego, crimes, moradia);
➢ Eventos inesperados e incontroláveis (catástrofes, pandemias);
➢ Características do trabalho (sobrecarga, assédio).

★ Estresse e a Psiconeuroimunologia
● Ativação do eixo hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA)
★ Estresse
● Tipo de estresse + fatores psicossociais
■ Avaliação cognitiva: percepção e crenças
■ Características e recursos individuais
■ Suporte social e qualidade das relações sociais
● Efeitos indiretos:
■ Comportamentos não saudáveis, abuso de álcool e tabaco, sedentarismo,
irritabilidade e isolamento social, alimentação inadequada…
● Efeitos diretos:
Ativação do SNC (Sistema Nervoso Central)

Resposta hormonal

Resposta imunológica

★ Síndrome De Adaptação Geral (Selye, 1956)

★ Estresse e Coping
● O estresse e os eventos negativos da vida nem sempre trazem resultados danosos
para a saúde física e mental dos indivíduos…
● ...O que vai fazer diferença no modo como esses eventos são percebidos e como as
pessoas lidam com os mesmos é a maneira pela qual o estresse é manejado, processo
designado de coping;
● Seu estudo ajuda a explicar os mecanismos psicológicos envolvidos na superação
das adversidades e na construção de trajetórias de desenvolvimento saudáveis;
● Muitas vezes, o estressor não pode ser eliminado e pode ser recorrente, neste caso as
estratégias vão ajudar a pessoa a aceitar ou tolerar a situação.
● Estresse: uma situação avaliada pelo sujeito como significativa e que exige mudanças
e esforços adaptativos, já que excede seus recursos para lidar com o evento.
● “Nesta perspectiva, coping é definido como um conjunto de esforços, cognitivos e
comportamentais, utilizado pelos indivíduos com o objetivo de lidar com demandas
específicas, internas ou externas, que surgem em situações de stress e são avaliadas
como sobrecarregando ou excedendo seus recursos pessoais” (Lazarus & Folkman,
1984).

★ Coping: quatro conceitos principais


● Coping é um processo ou uma interação que se dá entre o indivíduo e o ambiente;
● Sua função é de administração da situação estressora, ao invés de controle ou
domínio da mesma;
● Os processos de coping pressupõem a noção de avaliação, ou seja, como o fenômeno
é percebido, interpretado e cognitivamente representado na mente do indivíduo;
● O processo de coping constitui-se em uma mobilização de esforço, através da qual os
indivíduos irão empreender esforços cognitivos e comportamentais para administrar
(reduzir, minimizar ou tolerar) as demandas internas ou externas que surgem da sua
interação com o ambiente.

★ Modelo De Processamento De Estresse E Coping (Lazarus E Folkman, 1984)


★ Avaliação do evento estressor
● Caso o acontecimento seja considerado um evento estressante, inicia-se então um
processo cognitivo de avaliação do agente estressor:
■ 1-Perda ou danos, que se refere ao dano que já ocorreu;
■ 2-Ameaça, que se refere ao dano ou perda que ainda não ocorreu, mas é
antecipado. Diferente do dano, permite a organização e preparação para o futuro;
■ 3-Desafio, que se refere a uma oportunidade antecipada de domínio ou ganho. O
indivíduo sente-se capaz de superá-lo.
⇒ O que está em jogo?

★ Modelo Transacional Do Estresse (Lazarus & Folkman, 1984)


● Propõem um modelo que divide o coping em duas categorias funcionais:
■ Coping focado no problema:
➢ Esforço para atuar na situação que deu origem ao stress, tentando
mudá-la. O que nem sempre é possível…
➢ Confronto, Solução planejada do problema, Tomada de decisão, Aceitação
de responsabilidade
■ Coping focado na emoção
➢ Esforço para regular o estado emocional que é associado ao stress ou é o
resultado de eventos estressantes.
➢ Fuga/esquiva, Apoio social, Afastamento/ Distanciamento, Negação,
Autocontrole, Reavaliação positiva

★ Inventário De Estratégias De Coping De Folkman E Lazarus (1985)


● 66 questões em 8 categorias de coping
Possíveis respostas:
0. não usei esta estratégia
1. usei um pouco
2. usei bastante
3. usei em grande quantidade
★ Qual estratégia é mais adequada?
● Se as estratégias de coping possuem o potencial de impactar, de forma negativa ou
positiva, a saúde das pessoas, modificando a evolução do estresse, quais são as mais
adequadas? DEPENDE
● O estressor é controlável? Qual o objetivo?
● Enfrentamento focado no problema tem se mostrado mais eficaz para estressores
crônicos;
● A morte de um ente pode ser uma situação fora do controle, por isso, após o ocorrido,
estratégias focadas nas emoções podem ser interessantes;
● Em situações de trabalho, é comum serem aplicadas estratégias focadas no
problema;
● Situações envolvendo saúde, como realização de um tratamento, beneficiam-se de
estratégias focadas no problema;
● Entretanto, em situações como realizar um exame desconfortável, o distanciamento,
como uso da distração, pode ser eficaz.

★ Função é diferente de consequências


● Uma estratégia pode ter a função, por exemplo, de impedir o contato com a situação
de estresse, mas a utilização dessa estratégia não resulta, necessariamente, que a
situação ameaçadora seja evitada.

★ O que fazer?
● Uma situação de crise pode se instaurar quando o repertório de enfrentamento não
é adequado para lidar com a situação de estresse!
■ Psicologia:
➢ Busca alcançar melhor compreensão (avaliação cognitiva), enfrentamento e
comportamentos mais adaptativos em relação aos estímulos estressores;
➢ Identificação de crenças sobre o evento estressor;
➢ Gerenciamento do estresse;
➢ Humanização no processo de cuidado;
■ Escuta qualificada/terapêutica:
➢ a) Identificar e analisar problemas específicos;
➢ b) Ampliar a compreensão acerca do problema;
➢ c) Avaliar os recursos pessoais existentes e que podem ser desenvolvidos
para resolver o problema;
➢ d) Definir o potencial de mudança dessas condições e atitudes pessoais;
➢ e) Utilizar de ações específicas e que podem contribuir para o processo de
mudança e/ou transformação referente ao problema relatado;
➢ f) Orientar sobre opções terapêuticas, caso necessário.
■ Avaliação do processo de enfrentamento. Além da clínica, uso de instrumentos:
➢ Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (Lipp, 2000);
➢ Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus (1985) (Savóia,
Santana & Mejias, 1996);
➢ Escala Brasileira de Coping para Adolescentes (EBCA): versão revisada
(Camara & Carlotto, 2016);
➢ Escala do coping para ambiente ocupacional (Pinheiro, Troccoli & Tamayo,
2003);
➢ Escala Modos de Enfrentamento de Problemas - EMEP (Seidl, Trócoli &
Zannon, 2001) > Problema x Emoção x Suporte Familiar x Espiritualidade
■ Técnicas de relaxamentos:
➢ Relaxamento autógeno de Shultz
➢ Relaxamento progressivo de Jacobson
■ Técnicas cognitivas:
➢ Distração cognitiva;
➢ Visualização;
➢ Resolução de problemas;
➢ Dessensibilização sistemática;
➢ Reestruturação cognitiva (substituição de pensamentos mal adaptativos
por pensamentos mais funcionais).
■ Intervenção social:
➢ Identificação de rede de apoio;
➢ Fortalecimento do suporte.
■ Além disso:
➢ Prática de atividades físicas;
➢ Lazer;
➢ Práticas integrativas:
➢ Meditação; ioga; mindfulness; acupuntura.

Comportamento e adesão em saúde

★ Comportamento de saúde
● Comportamento das pessoas para melhorar ou manter a saúde.
● A adesão é mais fácil de ser visualizada quando há um sintoma.
■ A adesão é mais complicada pois também há barreiras.
● Qualidade de vida está relacionada aos hábitos de toda a vida, a curto e longo prazo.
● É necessário introduzir a educação em saúde para uma melhora na qualidade de
vida, para melhorar os comportamentos de saúde.
★ Modelo de crenças de saúde
● Os comportamentos de saúde tem relação com a percepção do indivíduo a alguns
aspectos/fatores.

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★ Comportamento de saúde
● Comportamentos/fatores de risco X Comportamento/fatores de proteção;
● Parte da perspectiva do bem-estar;
● Ocorre em um continuum: extremos também podem ser perigosos;
● Barreiras individuais, familiares, culturais e do sistema de saúde.

★ Modelo de crenças de saúde


● Desenvolvido nos anos 50 por psicólogos sociais dos EUA;
● Entre os modelos cognitivos, é um dos mais pesquisados para explicar e predizer
comportamentos de saúde;
● Diante de uma ameaça, as crenças estarão relacionadas à percepção de:

● Susceptibilidade: A pessoa precisa acreditar que será afetada


● Severidade: A pessoa precisa acreditar que a aquisição da doença irá produzir
consequências sérias físicas, sociais e/ou emocionais
● Barreiras: A pessoa precisa acreditar que a adoção de medidas e que sua ação pode
reduzir a susceptibilidade e a severidade da ameaça/doença
● Benefícios: A pessoa precisa acreditar que compensa ultrapassar as barreiras
percebidas para realizar uma ação, pois considera que os benefícios envolvidos
compensam.
● Autoeficácia: A pessoa precisa acreditar na própria capacidade para realizar ações e
superar barreiras.


(Mudança ou permanência do)
COMPORTAMENTO
★ Modelo Transteórico (Estágios De Mudança)
● A mudança de comportamento de saúde ocorre ao longo de cinco estágios:
■ Pré-contemplação: não há um planejamento sério para mudar o comportamento;
■ Contemplação: reconhece a existência de um problema e considera seriamente a
possibilidade de mudar de comportamento em um futuro próximo;
■ Preparação: envolve pensamento e ações voltadas para o início da mudança;
■ Ação: mudança propriamente;
■ Manutenção: continua a obter sucessos em relação ao objetivo final.
★ Adesão:
● Abordagem para manutenção ou melhora da saúde, visando reduzir sinais e sintomas
da doença.
● Para além do tratamento medicamentoso.
● Grau de comportamento de uma pessoa relacionado a:
■ Ingestão de medicação
■ Seguimento de terapêutica
■ Mudanças no estilo de vida
➢ Correspondência/ concordância/ cumprimento das orientações médicas ou
de outros profissionais de saúde
● Conceito:
■ “Processo comportamental complexo, fortemente influenciado pelo meio ambiente,
pelos profissionais da saúde e pelos cuidados de assistência médica. A
não-adesão seria um impedimento para o alcance dos objetivos terapêuticos
podendo constituir fonte de frustração para os profissionais da saúde” (Pierin et
al., 2004).
■ “A adesão não se reduz a um ato de volição pessoal. É um processo intimamente
associado à vida, que depende de uma série de intermediações que envolvem o
cotidiano da pessoa, a organização dos processos de trabalho em saúde e a
acessibilidade em sentido amplo, que inclui os processos que levam - ou não - ao
desenvolvimento da vida com dignidade” (Bertolozzi, 2001).
● Adesão ao tratamento


● OMS: A adesão é multideterminada.
■ A ideia de que os pacientes são unicamente responsáveis é equivocada.

★ Adesão: fatores influentes


● Paciente: sexo, idade, etnia, estado civil, escolaridade e nível socioeconômico;
● Doença: cronicidade, ausência de sintomas e consequências tardias;
● Tratamento: custo, efeitos indesejáveis, esquemas terapêuticos complexos;
● Instituição: política de saúde, acesso ao serviço de saúde, tempo de espera versus
tempo de atendimento;
● Crenças de saúde, hábitos de vida e culturais: percepção da seriedade do problema,
desconhecimento e experiência com a doença;
● Relacionamento com a equipe de saúde.
● Exemplos de fatores influentes:
★ Adesão: fatores
● Bertolozzi (2009): Três planos relacionados à adesão.
■ 1- Concepção de saúde e doença apresentada pela pessoa enferma.
➢ A forma como entende saúde-doença conduzirá seu cotidiano de forma
mais ativa ou passiva;
➢ Compreender o processo saúde-doença aumenta pró-atividade,
responsabilidade e compromisso junto à equipe de saúde;
➢ Sujeito do processo e não como cumpridor do projeto terapêutico.
■ 2-Lugar social ocupado pela pessoa doente:
➢ A forma de inserção na sociedade determina o acesso à vida com
dignidade e as potencialidades para o enfrentamento de processos que
conduzem ao desgaste na vida;
➢ Acesso a necessidades de manutenção à vida: trabalho, moradia, educação,
serviços de saúde, alimentação, vestuário, informação, transporte, lazer, etc.;
➢ Seu atendimento pode conduzir ao fortalecimento do ser humano no
cotidiano da vida e na saúde-doença
■ 3-Processo de produção dos serviços de saúde:
➢ Saúde como processo complexo: requer a atuação de profissionais com
competências e habilidades compartilhar os saberes de forma a possibilitar
o entendimento da realidade de vida das pessoas sob sua
responsabilidade;
➢ São fundamentais tecnologias relacionais que possibilitem a captação das
necessidades de saúde.
➢ Escuta qualificada, vínculo, relação simétrica e valorização da autonomia
na construção dos projetos terapêuticos.

Trabalho em Equipe

★ Fundamental para o estabelecimento de cuidado com o paciente. A equipe precisa ter um


objetivo em comum, um plano de cuidado compartilhado.
● Atuação interdisciplinar: interação.

★ Equipe de Agrupamento
● Múltiplos profissionais mas não articulam o plano juntos, atuação independente, sem
interação e pouca comunicação. Não é comum reunião em equipe.
● Justaposição das ações.
● Agrupamento dos agentes.
● Equipe como agrupamento de agentes:
■ Caracterizada pela fragmentação;
■ Independência do trabalho.

★ Equipe de Integração
● Interação entre agentes, intervenção depende de outros profissionais. Plano de
cuidado compartilhado, objetivo em comum. Cuidado integral.
● Articulação das ações.
● Interação entre os agentes.
● Equipe de integração de trabalhos:
■ Articulação consoante à proposta da integralidade das ações de saúde.
■ Interdependência do trabalho.

★ Trabalho em equipe
● É protetivo para o profissional de saúde.
■ Corresponsabilidade, suporte.

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★ Equipe em saúde
● Diversas áreas:
■ Medicina;
■ Enfermagem e técnicos de enfermagem;
■ Fisioterapia;
■ Terapia Ocupacional;
■ Fonoaudiologia;
➢ Diversidade de saberes.

★ O trabalho em equipe
● Em ambos os tipos (agrupamento e interação) de equipe estão presentes diferenças
técnicas, tensões entre as diversas concepções e exercícios de autonomia técnica.
● Cabe ao profissional contornar essas situações tornando o trabalho em equipe
dinâmico, resolutivo e motivador, possibilitando:
■ A articulação das ações: conexão;
■ A interação comunicativa dos profissionais;
■ A superação do isolamento dos saberes.
● A base é algum conhecimento acerca do trabalho do outro, valorizando e
estimulando a participação deste na produção do cuidado.
● É importante:
■ Identificar conflitos;
■ Construir consensos quanto às metas a serem alcançadas;
■ Ter clareza sobre quais resultados a equipe espera e a maneira mais rápida e
adequada de atingi-los.

★ Comunicação em equipe
● A comunicação entre os profissionais é o denominador comum do trabalho em
equipe.
● Comunicação como prática intrínseca ao trabalho em equipe:
■ Elaboração conjunta de linguagens, objetivos, propostas e cultura comum;
■ Busca o entendimento e o reconhecimento mútuos.

★ Projeto Assistencial Comum


● Plano de ação para uma situação concreta de trabalho coletivo em equipe, que toma
em consideração o projeto assistencial hegemônico comum.
● Os agentes partem de uma realidade dada e, dentro de certo campo de possíveis,
constroem, pelo trabalho e pelo agir-comunicativo, um projeto pertinente às
necessidades de saúde.

★ Multidisciplinaridade

★ Interdisciplinaridade
● Substituição de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária através
de trocas de conhecimento entre os especialistas e da integração das práticas em
saúde;
● Possibilidade de colaboração de várias especialidades que denotam conhecimentos
e qualificações distintas;
● A integração da equipe de saúde é imprescindível.
★ Transdisciplinaridade

★ O psicólogo na equipe
● O trabalho da Psicologia está caminhando em sua consolidação na prática
hospitalar.
● Ele é mais bem compreendido em instituições com predomínio do modelo
biopsicossocial.
● No entanto, não se pode desprezar a tradição histórica do modelo biomédico e nem
assumi-lo como obstáculo ao trabalho.
● Com sua qualificação, o psicólogo deve ter capacidade de justificar procedimentos e
ações.
● Espera-se que os psicólogos sejam críticos o suficiente para avaliar quando é
pertinente aceitar a argumentação dos demais profissionais e quando realçar a
especificidade de sua atuação.
● A ação multidisciplinar, apesar dos desafios, apresenta-se como uma forma
promissora e irreversível de atendimento na área da saúde.
● Mudanças nas relações de trabalho não acontecerão de maneira rápida.

★ Atuação com a equipe


● Interconsulta;
● Devolutiva de pareceres;
● Visita multiprofissional, ronda ou round;
● Reuniões para discussão dos casos;
● Treinamentos e palestras;
● Realização de eventos.
Comunicação de notícias difíceis em saúde

★ Qualidade da comunicação é um instrumento de saúde, que vai repercutir no estado de


bem-estar, de adesão, de melhora para a pessoa.

★ Comunicação em saúde é ampla, as notícias difíceis são uma vertente.

★ Más notícias:
● Implícito que ruim, má.

★ Notícias difíceis;
● Entende que tem aspecto negativo mas não é intrinsecamente má.
● Se entende como uma medida de cuidado. Visa algum benefício, algum sentido para
a história da vida da pessoa.
● Mais comum associar o diagnóstico e morte, mas é o impacto dessa notícia na vida
de um indivíduo.

★ Principais desafios:
● Lógica curativista, profissionais que não passaram pelo desenvolvimento das
habilidades de comunicação.
● Pacientes jovens e doenças graves e progressivas que envolvem morte.
● Não transmissão da verdade ou omissão.
■ Saber o que realmente está acontecendo impacta diretamente na adesão.
★ Protocolo Spikes:
● A ideia não é enrijecer a atuação, mas sim auxiliar.
● 6 passos, atingir os objetivos de uma boa comunicação.
⇘ Recolher informações do paciente, transmitir informações
médicas, proporcionar suporte ao paciente, induzir sua
colaboração no desenvolvimento de uma estratégia ou plano
de tratamento para o futuro.
● Romper as barreiras do saber
■ Compartilhamento de saberes entre a equipe.
● Transdisciplinar
■ Capacitar profissionais para ampliar habilidades de cuidado.
● Comunicação
■ Conexão, acolhimento, escuta.
● Beneficência
■ A verdade é dolorida, mas a compreensão do benefício de trabalhar com a
verdade é maior.
● Psi também atua no matriciamento, treinamento de outros profissionais para
habilidades de comunicação.

OBS: 4- Evitar termos extremamente técnicos, quando utilizados, especificar o que é. Não
falar “não tem mais nada para fazer” (curativista.
5- estar preparado para lidar, nomear emoções.

1-PLANEJAMENTO DA ENTREVISTA
Realizar um "ensaio mental": como contar e preparar-se para responder a perguntas
difíceis e para possíveis reações emocionais. Criar um ambiente apropriado: buscar
privacidade; envolver pessoas importantes; sentar-se; conectar-se com o paciente; lidar com
as restrições de tempo e interrupções.

2- AVALIAR A PERCEPÇÃO DO PACIENTE


O que e quanto o paciente já sabe? O que lhe foi dito sobre seu quadro clínico? Quais
suas compreensões sobre os exames que foram realizados? Quais suas expectativas? Avaliar
habilidades de compreensão e condições emocionais.

3- OBTENDO O CONVITE DO PACIENTE


Perguntar e reconhecer as preferências individuais do paciente: é importante para
você saber tudo o que está acontecendo? Você prefere informações detalhadas sobre os
exames ou prefere focar no tratamento? Se o paciente não quiser detalhes, ofereça para falar
com alguém próximo ou para responder a qualquer pergunta no futuro.

4- DANDO CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO AO PACIENTE


Avisar que más notícias estão por vir. Algumas recomendações: informar no nível de
compreensão e vocabulário do paciente; substituir termos técnicos (metástase por
espalhado, por exemplo); evite dureza excessiva (Você tem um câncer extremamente
agressivo, por exemplo); dê a informação em partes e confira sua compreensão; quando o
prognóstico é ruim, evite usar frase como "não há nada que possamos fazer".

5- ABORDAR AS EMOÇÕES DOS PACIENTES COM RESPOSTAS AFETIVAS


Estar preparado para manifestações emocionais fortes. Algumas recomendações:
oferecer apoio e solidariedade ao paciente com uma resposta afetiva; observar, identificar,
valorizar e nomear a resposta afetiva; esperar as emoções diminuírem para prosseguir a
conversa.

6-ESTRATÉGIA E RESUMO
Antes de discutir o plano de trabalho, perguntar se estão prontos para isto. Apresentar
as opções de tratamento: compartilhar as responsabilidades na tomada de decisão com os
pacientes e seus familiares. Assegurar o oferecimento do melhor tratamento possível e a
continuidade do cuidado. Resumir as principais informações.

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