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Introdução

A enfermagem, em saúde mental e psiquiátrica, é um núcleo de saber centrado no cuidado à


saúde mental da pessoa e de sua família, em todos os níveis de assistência, promoção,
manutenção e recuperação, bem como, na prevenção secundária e no preparo para a
reabilitação social da pessoa; com respeito aos seus direitos e deveres de cidadão
(STEFANELLI; FUKUDA; ARANTES, 2011). Neste cenário, a promoção da saúde mental, a
prevenção da enfermidade, a consulta de enfermagem, o sofrimento e dificuldades do
cotidiano, passam a fazer parte do cuidado do enfermeiro, ajudando-os a encontrarem um
sentido para o sofrimento mental (ESPERIDIÃO et al., 2013).

Assim, neste trabalho far-se-á uma abordagem sobre a Assistência Psiquiátrica Hospitalar
Como Parte dos Cuidados Secundários e Terciários de Saúde.

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Assistência Psiquiátrica Hospitalar como parte dos cuidados secundário e terciário
de saúde

Assistência Médica é o tratamento de serviços e a preservação da saúde através de


serviços médicos, farmacêuticos, enfermagem e outras profissões relacionadas. Nesta
senda, podemos dizer que a assistência psiquiátrica hospitalar é a prestação de serviços
médicos em um determinado hospital para promover a saúde e o bem-estar dos
pacientes com transtornos mentais. Mas para isso é necessário que o enfermeiro tenha
sido classificado como apto nesta área.

Ticiana Macedo Psiquiatra e Professor, orienta que todo tipo de transtorno mental,
desde quadros depressivos, tentativa de suicídio, automutilação, até quadros
considerados mais graves, como as psicoses, além dos casos de dependência
química, devem ser direcionados para um hospital psiquiátrico.

A assistência da enfermagem na área de saúde mental

“A enfermagem é peça fundamental no tratamento do paciente psiquiátrico”. Quem


define o papel do enfermeiro na área de saúde mental é o gerente de enfermagem, isto é,
o especialista em psiquiatria.

É comum que a grande maioria dos enfermeiros reconheça como ações dentro de um
tratamento de saúde mental apenas a administração de remédios e o encaminhamento do
paciente para serviços especializados. No entanto, o atendimento da enfermagem deve ir
muito além, acolhendo e escutando o paciente com atenção e cuidado.

O enfermeiro que está tendo o primeiro contato com um paciente que sofre de
transtornos mentais deve aprender a direcionar a sua atenção em primeiro lugar no
paciente e nas suas necessidades. Como esse primeiro contato pode ser estressante, uma
assistência humanizada e diferenciada será de grande valia para o sucesso do
tratamento.

Escutar o paciente com atenção e interesse e, principalmente, valorizar a comunicação


não verbal, devem ser peças-chave em todos os atendimentos. A comunicação é um
poderoso instrumento transformador nas relações entre profissionais e pacientes. A
construção de um vínculo de confiança entre enfermeiro e paciente é a melhor ação
terapêutica para esses casos.

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Além disso, é preciso que o enfermeiro esteja preparado para:

 Realizar avaliações biopsicossociais da saúde;


 Criar e implementar planos de cuidados para pacientes e familiares;
 Participar de atividades de gerenciamento de caso;
 Promover e manter a saúde mental;
 Fornecer cuidados diretos e indiretos;
 Controlar e coordenar os sistemas de cuidados;
 Integrar as necessidades do paciente, da família e de toda equipe médica.

Todos esses pontos, juntamente com uma relação terapêutica, trazem muitos benefícios
ao tratamento, como a redução da ansiedade e do estresse, o aumento do bem-estar, a
melhora da memória, da qualidade de vida e das funções psíquicas e a reintegração
social do paciente.

Os cuidados necessários em casos de emergência de pacientes psiquiátricos

Independentemente do grau patológico do problema, as desordens psiquiátricas são


motivos de preocupação. Entre outros problemas, a possibilidade de evoluir para atos
suicidas exige, o quanto antes, apoio emocional e intervenções mais efetivas. Os casos
de emergências podem:

 Esquizofrenia

A esquizofrenia é uma modalidade de emergência psiquiátrica considerada bastante


complexa. Ela é caracterizada por uma alteração cerebral em que o paciente tem muita
dificuldade de fazer um correto julgamento sobre a realidade.

 Ataque de pânico

Em geral, acomete pacientes com sinais intensos de angústia quando estão associados
aos sintomas corporais. Os mais evidentes são sudorese, taquicardia (coração
acelerado), tremores nas mãos, falta de ar e mal-estar.

 Delírio ou estado de confusão mental

Conforme o nível da doença, os delírios podem deixar o indivíduo mais sonolento ou


agitado. No entanto, o ponto em comum é a grande dificuldade de prestar atenção no
que está se passando ao redor. Ele perde a referência espacial e frequentemente

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surgem alucinações severas. Nesses episódios alucinantes, o paciente começa a ver e a
sentir algo que não existe.

 Psicoses agudas

Durante o surto psicótico, o paciente fica totalmente desorientado, fora da realidade, e


muitas vezes não sabe quem é e nem mesmo onde está. Essa emergência psiquiátrica é
considerada grave e requer intervenção urgente, dada a possibilidade de o paciente se
tornar agressivo e atentar contra a própria vida.

 Tentativa de suicídio

Indivíduos com desordens emocionais graves, provocadas por traumas da infância ou


experiências negativas em outras fases da vida, problemas financeiros e questões
afetivas não resolvidas compõem o grupo de risco para o suicídio.

Assim, em casos de emergência de pacientes psiquiátricos o enfermeiro deve se ter em


conta aos seguintes cuidados:

 Identificar o grau de emergência do paciente

Inicialmente, é essencial avaliar o grau do risco que a situação representa para o


paciente e para terceiros. E, também, identificar os fatores desencadeadores do quadro,
procurando as necessidades imediatas para, assim, dar início ao tratamento.

 ‍A importância da estabilização do quadro

Quando os pacientes psiquiátricos são trazidos por ambulâncias, pelo resgate ou pela
polícia, os responsáveis devem aguardar a avaliação da equipe do pronto-socorro. Em
seguida, analisar a causa aparente para as alterações apresentadas e iniciar a
intervenção, identificando se houve o uso de álcool, drogas ou transtorno mental
psicótico.

 ‍Estabelecer um diagnóstico de imediato

Os transtornos mentais são identificados e diagnosticados por métodos clínicos


parecidos com os utilizados para transtornos físicos. Realiza-se uma entrevista com o
paciente e com outras pessoas, incluindo a família. Para se obter um diagnóstico
preciso, o paciente será avaliado por meio da anamnese, se isso for possível. Nela, o
médico analisará as queixas principais do paciente, o motivo da internação, o histórico
pessoal do paciente e familiar, para saber se já houve caso semelhante anteriormente.

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 Identificar a doença psiquiátrica

Para facilitar o diagnóstico, o tratamento e o reconhecimento desses transtornos, foi


criada a Classificação Internacional de Doenças (CID), pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), a fim de promover a comparação internacional das doenças. O CID
classifica os transtornos psíquicos da seguinte maneira:

 (F10-F19) Transtornos mentais e comportamentais, devido ao uso de


substâncias psicoativas;

 (F20-F29) Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes;

 (F40-F49) Transtornos neuróticos, transtornos relacionados ao estresse e


transtornos somatoformes;

 (F60-F69) Distorções da personalidade e do comportamento adulto;

 (F90-F98) Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que


aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência;

Assim, convém dispor de alguns conhecimentos acerca dos vários tipos de doenças
mentais, para ser capaz de oferecer os cuidados adequados. O diagnóstico facilita,
sobretudo, a compreensão dos pacientes, assinala as características principais de suas
desordens psíquicas e ajuda na realização da medicação.

 ‍Realizar a medicação quando necessário

Em alguns casos, com a finalidade de diminuir a intensidade de alguns sintomas de


pacientes psiquiátricos, são administradas doses de medicações, como ansiolíticos,
antipsicóticos ou antidepressivos, de acordo com o quadro, o histórico, a
disponibilidade e as características dos indivíduos.

A anamnese no paciente

A anamnese médica é um estágio crucial para entender as queixas dos pacientes,


levantar as principais causas e fatores interferentes e, assim, determinar seu diagnóstico.

A anamnese pode ser realizada por meio de um processo de entrevista, existem alguns
modelos preestabelecidos que auxiliam o profissional. Os principais passos da

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anamnese são: identificação, atendimento, queixa principal e secundária, sintomas,
histórico da doença atual, histórico pessoal, histórico familiar, histórico patológico,
exame psíquico e hipótese diagnóstica. Para isso, é importante que os profissionais
sejam qualificados e estejam devidamente habilitados para auxiliar as ações de modo
eficiente, obtendo todo o preparo necessário.

Os níveis de atenção ou cuidados na assistência psiquiátrica hospitalar

O estudo de Andrade e Simon (2009) caracteriza a prática de assistência à saúde mental


de acordo com a atuação do profissional psicólogo na atenção básica de saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu três níveis de atenção ou cuidados:


a atenção primária, a atenção secundária e a terciária, que se distinguem pelo nível de
complexidade do problema do paciente. Mas, valha-me descrever apenasnas atenções
ou cuidados secundário e terciário.

 Cuidados à nível secundário

A complexidade do atendimento neste nível é maior e o paciente já entra em contato


com profissionais da saúde mais especializados. São realizados também exames mais
detalhados para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.

Nesta fase, o processo de atendimento é mais personalizado e reforça os cuidados


necessários para recuperação da saúde. Recursos tecnológicos podem ser muito bem
aproveitados para atender e comunicar o paciente da melhor forma.

 Cuidados à nível terciário

Geralmente, o paciente foi encaminhado para este nível após passar pelo primário ou
secundário. É um atendimento altamente especializado para pacientes que podem estar
internados e precisam de exames mais invasivos.

Nesta etapa, o paciente pode ter doenças graves que representam risco à sua vida. Aqui
entram também cuidados para reabilitação. Acompanhar toda a jornada do paciente e
ajudá-lo de forma eficiente faz parte de uma gestão em saúde de sucesso.
Ao conhecer as características e os desafios de cada etapa, os gestores das empresas da
área da saúde conseguem estabelecer estratégias e oferecer um atendimento de
qualidade.

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Conclusão

Portanto, a assistência hospitalar visa garantir uma saúde estável e o bem-estar de um


paciente com transtornos mentais.

Os fatores que também podem contribuir no transtorno mental podem ser classificados
em interpessoal, individual e sociocultural. Os fatores interpessoais incluem
comunicação ineficaz, excessiva dependência ou afastamento dos relacionamentos, falta
de senso de pertencimento, apoio social inadequado e perda do controle emocional. Os
indivíduos compreendem constituição biológica, apreensões ou medos intoleráveis ou
irreais, incapacidade de distinguir realidade de fantasias, intolerância às incertezas da
vida, senso de desarmonia e perda de sentido da própria vida. Os fatores socioculturais
abrangem carência de recursos, violência, falta de moradia, pobreza, visão negativa
injustificada do mundo e discriminação em caso de estigmas, raça, classes, idade ou
sexo. (VIDEBECK, 2012).

O diagnóstico e identificação dos transtornos mentais é realizado com o uso de métodos


clínicos parecidos aos utilizados para desordens físicas. O método abrange uma
cuidadosa anamnese, acolhida do paciente e da família, exame clinico sistemático, testes
e investigações especializadas que sejam necessárias. A comunicação é um poderoso
instrumento transformador nas relações entre profissionais e pacientes.

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Referência Bibliográfica

AMARANTE, Paulo. Saúde mental e atenção psicossocial. São Paulo: FIOCRUZ 2007

BOTELHO, Adauto. Idéias e sugestões sobre assistência aos psicopatas no Brasil.


Arquivs Brasileiros de Neuriatria e Psiquiatria, Rio de Janeiro, n.3-4, p.286- 296. 1937.

CORRÊA, Samite Araújo de Souza. A Importância do Enfermeiro para Pacientes


Mentais no Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS). Revista Científica
Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. São Paulo, 2017. Disponível em:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/enfermeiro-pacientesmentais?
pdf=6480> Acesso em: 30 ABRIL 2018

VIDEBECK, S. L. Enfermagem em saúde mental e psiquiatria. 5. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2012. 536 p.

HOLMES, David S. Psicologia dos Transtornos Mentais. 2 eds. Porto Alegre: Artmed,
2011. JONES, Maxwell. Comunidades Terapêuticas. Rio de Janeiro: Vozes, 1972.

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