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SAÚDE MENTAL EM

SAÚDE PÚBLICA

Natália Epaminondas
Enfermeira Especialista
05/8 – Dia Nacional da Saúde
• Etimologicamente, saúde procede do latim sanitas, referindo-se à
integridade anátomo - funcional dos organismos vivos (sanidade).
• Por seu caráter multidimensional, o conceito de saúde deve ser
examinado segundo os diferentes referencias culturais e teóricos, e
depende do período histórico e do lugar em que se estabelece a
definição.
• Da Antiguidade ao século XXI, superada a concepção sobrenatural de
saúde e enfermidade, concebia-se saúde como a ausência de
enfermidade (doença, deficiência, invalidez). Estado que revelava o
equilíbrio do organismo, com referência aos seus meios interno e
externo. Gozar de saúde significava não padecer de enfermidade, estar
em harmonia consigo mesmo e com o meio.
• Em 1.947 a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu saúde como
“um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas
a ausência de doença”.
• Saúde Mental é um estado de bem-estar emocional,
psicológico e social em que um indivíduo é capaz de lidar
com os desafios normais da vida, trabalhar de forma
produtiva e contribuir para a sua comunidade. É um
estado de equilíbrio entre as diferentes dimensões do
indivíduo, como seus pensamentos, emoções,
comportamentos e relacionamentos.
• A saúde mental é afetada por muitos fatores, incluindo
a genética, o ambiente, a cultura, a experiência de
vida e os eventos estressantes. As doenças mentais são
condições médicas que afetam a saúde e podem incluir
transtornos de ansiedade, depressão, transtornos
alimentares, transtornos de personalidade e transtornos
psicóticos, entre outros.
• A promoção da saúde mental envolve a criação de
ambientes de suporte, a prevenção de fatores de risco
e o tratamento de doenças mentais.
HOMEOSTASE
• A homeostase pode ser definida como a capacidade do
organismo de manter o meio interno em equilíbrio apesar das
alterações do meio. O corpo humano, para funcionar
adequadamente, deve estar em equilíbrio.
• Saúde mental é um estado de equilíbrio e bem-
estar emocional, psicológico e social que
permite que uma pessoa viva de forma plena e
saudável. Envolve a capacidade de lidar com os
desafios diários da vida, trabalhar de forma
produtiva, ter relacionamentos saudáveis ​e
contribuir para a sociedade.
Características da Saúde Mental
• Bem-estar emocional: A pessoa é capaz de lidar com suas
emoções e sente um equilíbrio emocional geral.
• Bem-estar psicológico: A pessoa é capaz de lidar com os
desafios da vida e mantém um estado mental saudável.
• Bem-estar social: A pessoa mantém relações interpessoais
saudáveis e satisfatórias com outras pessoas.
• Autonomia: A pessoa é capaz de tomar decisões e agir de
forma independente.
• Autoestima: A pessoa tem uma autoimagem positiva e se
valoriza como indivíduo.
• Resiliência: A pessoa é capaz de se recuperar rapidamente de
situações estressantes e desafios.
• Equilíbrio entre as diferentes dimensões da vida: A pessoa
mantém um equilíbrio saudável entre sua vida pessoal,
profissional e social.
• Adaptação: A pessoa é capaz de se adaptar a novas situações e
mudanças na vida.
• Sentido de propósito: A pessoa tem um sentido de propósito e
significado em sua vida.
• Essas características não são exaustivas, mas oferecem uma
ideia geral das principais dimensões da saúde mental. É
importante lembrar que a saúde mental é dinâmica e que o
bem-estar emocional e psicológico pode variar ao longo do
tempo em resposta a diferentes fatores, eventos e
circunstâncias.
• Em 1978 houve um racha na Divisão Nacional de Saúde
Mental (Dinsam), órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
Profissionais denunciaram as condições de profunda
degradação humana em que operava a maioria dos hospitais
psiquiátricos no país. A crise, em pleno regime militar, levou à
demissão da maioria dos denunciantes.
• Em 1979, foi criado o Movimento dos Trabalhadores em
Saúde Mental (MTSM) e em 1987, o movimento
antimanicomial, dando continuidade à luta pela nova
psiquiatria. O projeto de reforma psiquiátrica foi apresentado
em 1989 pelo então deputado Paulo Delgado (MG). Após 12
anos, o texto foi aprovado e sancionado, em 2001.
Pandemia
• Uma pesquisa publicada em março pelo site Dr. Consulta afirma que a
pandemia de covid-19, com seu quadro marcado por crônica insegurança
econômica e restrições à locomoção social, fez com que a busca por
serviços relacionados à saúde mental fosse o que mais crescesse.
• Entre abril de 2020 e fevereiro de 2021, o Dr. Consulta realizou mais de
88 mil consultas (on-line e presenciais) de psiquiatria e psicologia, o
equivalente a mais de 350 atendimentos por dia. No total, foram 77 mil
consultas em psiquiatria, com mais de 40 mil deles tendo diagnóstico de
depressão ou doenças relacionadas, como transtornos de humor ou de
ansiedade.
• A psiquiatria também foi a especialidade mais procurada em
telemedicina, com 22,44% das consultas. Ainda de acordo com o
levantamento, a maior parte dos pacientes são mulheres, 65% do total.
Por faixa etária, a maior parte tem entre 21 e 30 anos (30%), seguido dos
31 a 40 anos (24%).
• Fonte: Agência Senado
Manicômio\Loucura
• Manicômio é o nome dado ao estabelecimento ou hospital psiquiátrico
especializado em tratar de pessoas com problemas mentais.
• O manicômio, também conhecido como hospício, alberga pessoas com
diferentes tipos de transtornos mentais, por norma aquelas que apresentam
patologias mais severas.
• As pessoas com problemas mentais ficam isoladas nos manicômios, afastadas
do convívio social com o intuito de serem intensamente tratadas de seus
transtornos psiquiátricos.
Nascimento da psiquiatria como
Ciência Médica
• Hipócrates, conhecido como o pai da Medicina, foi o primeiro
a afirmar que a epilepsia era uma doença do cérebro e não um
problema causado por espíritos. Nesse momento da história,
começou a noção de que os órgãos de um corpo — dentre eles,
o próprio cérebro — também seriam responsáveis pela criação
do pensamento e das emoções.
• Podemos dizer que a psiquiatria se iniciou, então, no final do
século 18, quando o médico francês Philippe Pinel começou a
classificar os doentes separando o que seria um desvio social
de uma enfermidade mental. Ele passou a criar uma linguagem
que configuraria a nova especialidade da Medicina.
• Na nova linguagem iniciada por Philippe Pinel, os pacientes são
chamados de “alienados”, significando que a visão sobre esse tipo
de doença envolve separar os “normais” dos “anormais”. Os
desviantes da normalidade, segundo Pinel, deveriam ser separados
da sociedade e mantidos em hospitais.
• Assim, ocorreu o que habitualmente se chamou de primeira
revolução psiquiátrica, onde houve o reconhecimento do doente
mental como objeto da psiquiatria através do movimento de
fundação dos hospitais psiquiátricos e casas de saúde. Por
conseguinte, surgiu o método psicopatológico e a classificação das
doenças mentais.
• Na área somática, métodos grotescos e até torturantes foram
aplicados aos enfermos mentais visando o tratamento ou o
controle de seu comportamento social “inadequado”. Cadeiras
giratórias, prisões, diferentes tipos de hidroterapia, até
complexas engenhocas de eficácia duvidosa foram testadas.
Outros tratamentos também utilizados foram a malarioterapia
(febre artificial por inoculação de plasmodium) e a
insulinoterapia (indução de “choque”/coma hipoglicêmico em
pacientes esquizofrênicos).
• A eletroconvulsoterapia é uma técnica de neuromodulação
que consiste em causar convulsões controladas para ajudar a
restabelecer o fluxo de neurotransmissores. O tratamento é feito
por meio de sessões nas quais são colocados eletrodos na cabeça
do paciente de acordo com as necessidades de seu tratamento.
• O tratamento é feito por meio de sessões nas quais são
colocados eletrodos na cabeça do paciente de acordo com as
necessidades de seu tratamento. Estes eletrodos são ligados a
um aparelho que emite impulsos elétricos e provoca uma
convulsão controlada no paciente, que deve estar sedado para a
realização do procedimento.
• Durante as sessões, há monitoramento cardíaco, cerebral, do
oxigênio e da pressão arterial, portanto, é uma técnica que só
pode ser aplicada em ambiente hospitalar.
• Todos são importantes e podem contribuir de alguma
forma, basta incluí-los! Não podemos fazer julgamentos!
Ninguém é inútil!
• Para provocar mudanças é preciso mudar as condições!
• Antes de ser um excelente profissional, seja um excelente
ser humano!!!
Pessoas felizes rendem mais, entregam mais e adoecem
menos!!!
• Sempre encontraremos pessoas resistentes a mudanças e
devemos permanecer em busca ao nosso ideal.
• As tecnologia não é suficiente!!! Precisamos dar a mesma
importância ao processo e as pessoas!
• Hierarquia não é melhor modelo de trabalho!!!
Luta antimanicomial
• No cenário brasileiro, a Política de Saúde Mental promove a
redução programada de leitos psiquiátricos de longa
permanência. Com pacientes em cárceres, instituições de
tratamento forçado ou de permanência obrigatória, produzem
efeitos nocivos para a vida das pessoas, além de onerar os
cofres públicos.
• Neste sentido, grupos de Luta Antimanicomial e organizações
da sociedade civil a exemplo do Desinstitute, se preocupam
com ações do governo que fomentam e agravam os casos de
pacientes psiquiátricos no país, tendo em vista que instituições
com características asilares continuam sendo fomentadas e
existentes no Brasil, entre elas, os hospitais psiquiátricos (HP)
e de custódia e tratamento psiquiátrico (HCTP).
• O Movimento da Luta Antimanicomial se caracteriza pela luta
pelos direitos das pessoas com sofrimento mental. Dentro desta
luta está o combate à idéia de que se deve isolar a pessoa com
sofrimento mental em nome de pretensos tratamentos, idéia
baseada apenas nos preconceitos que cercam a doença mental.
O Movimento da Luta antimanicomial faz lembrar que como
todo cidadão estas pessoas têm o direito fundamental à
liberdade, o direito a viver em sociedade, além do direto a
receber cuidado e tratamento sem que para isto tenham que
abrir mão de seu lugar de cidadãos.
• O Movimento da Reforma Psiquiátrica se iniciou no final da
década de 70, em pleno processo de redemocratização do país,
e em 1987 teve dois marcos importantes para a escolha do dia
que simboliza essa luta, com o Encontro dos Trabalhadores da
Saúde Mental, em Bauru/SP, e a I Conferência Nacional de
Saúde Mental, em Brasília.
• Assim como o processo do Movimento da Reforma
Sanitária, que resultou na garantia constitucional da saúde
como direito de todos e dever do estado através da
criação do Sistema Único de Saúde, o Movimento da
Reforma Psiquiátrica resultou na aprovação da Lei
10.216/2001, nomeada “Lei Paulo Delgado”, que trata da
proteção dos direitos das pessoas com transtornos
mentais e redireciona o modelo de assistência. Este
marco legal estabelece a responsabilidade do Estado no
desenvolvimento da política de saúde mental no Brasil,
através do fechamento de hospitais psiquiátricos, abertura
de novos serviços comunitários e participação social no
acompanhamento de sua implementação.
• A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), é um conjunto
de diferentes serviços disponíveis nas cidades e
comunidades, que articulados formam uma rede, devendo
ser capaz de cuidar das pessoas com transtornos mentais
e com problemas em decorrência do uso de drogas, bem
como a seus familiares, nas suas diferentes necessidades.
• Instituída por meio da Portaria de Consolidação nº
3/GM/MS, de 28 de setembro de 2017 (Portaria de
origem nº 3.088/GM/MS, de 23 de dezembro de 2011) e
na Portaria nº 3.588/GM/MS, de 21 de dezembro de
2017, que estabelece os pontos de atenção para o
atendimento de pessoas com problemas mentais,
incluindo os efeitos nocivos do uso de crack, álcool e
outras drogas. A Rede integra o Sistema Único de Saúde
(SUS).
• Dentro das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS),
propõe-se a implantação de uma Rede de serviços aos
usuários que seja plural, com diferentes graus de
complexidade e que promovam assistência integral para
diferentes demandas, desde as mais simples às mais
complexas/graves. As abordagens e condutas devem ser
baseadas em evidências científicas, atualizadas
constantemente. Esta Política busca promover uma maior
integração e participação social do indivíduo que
apresenta transtorno mental. Os pacientes que apresentam
transtornos mentais, no âmbito do SUS, recebem
atendimento na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Ela é organizada pelos seguintes
componentes:

• I. Atenção Primária à Saúde


• II. Atenção Especializada
• III. Atenção às Urgências e Emergências
• IV. Atenção Residencial de Caráter Transitório
• V. Atenção Hospitalar
• VI. Estratégias de Desinstitucionalização e Reabilitação
• Dado a complexidade do cuidado no campo da saúde mental e
as diversas necessidades apresentadas pelas pessoas com
transtornos mentais e/ou com necessidades em decorrência do
uso de drogas, bem como seus familiares, são disponibilizados
diferentes tipos de Serviços, que se utilizam da estratégia de
atuação em rede para favorecer o cuidado integral e
longitudinal dessas pessoas.
• A porta de entrada para o cuidado em saúde mental são os
serviços da atenção básica, os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS‘s) e os serviços de urgência e emergência, onde as
pessoas são acolhidas, sejam elas referenciadas, ou demanda
espontânea.
São objetivos da RAPS:
• Ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em
geral,
• Promover o acesso das pessoas com transtornos mentais e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas e suas famílias aos pontos de atenção
• Garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das
redes de saúde no território, qualificando o cuidado por meio
do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às
urgências.
• No dia 6 de abril de 2001, o então presidente da República,
Fernando Henrique Cardoso, sancionou a lei que representou
um divisor de águas no tratamento de brasileiros que sofrem
com distúrbios, doenças e transtornos mentais. Foi a reforma
psiquiátrica (Lei 10.216, de 2001), que teve como marca
registrada o fechamento gradual de manicômios e hospícios
que proliferavam país afora.
• A Lei Antimanicomial, que promoveu a reforma, tem como
diretriz principal a internação do paciente somente se o
tratamento fora do hospital se mostrar ineficaz.
• A Lei Antimanicomial, que promoveu a reforma, prevê a internação do
paciente só se o tratamento fora do hospital se mostrar ineficaz,
Centros de Apoio Psicossocial
(CAPs)
• Segundo dados de 2020 do Ministério da Saúde, o SUS conta
com 2.661 CAPs espalhados por todo o país. Os centros, em
suas diferentes modalidades, são pontos de atenção
estratégicos da Raps: serviços de saúde de caráter aberto e
comunitário, constituído por equipe multiprofissional e que
atua sobre a ótica interdisciplinar, realizando prioritariamente
atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental,
incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de
álcool e outras drogas, seja em situações de crise ou em
processos de reabilitação psicossocial.
• Fonte: Agência Senado
Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)

• Atualmente, 686 SRTs prestam atendimentos no país. Os SRTs,


mais conhecidos como residências terapêuticas, são casas,
locais de moradia, destinadas a pessoas com transtornos
mentais, incluindo usuários de álcool e outras drogas, que
tiveram alta de internações psiquiátricas, mas que ainda não
têm suporte financeiro, social ou laços familiares que
permitam a reinserção na comunidade. Os SRTs também
podem acolher pacientes com transtornos mentais que estejam
em situação de vulnerabilidade social e pessoal, como
moradores de rua.
• Fonte: Agência Senado
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE
MENTAL
• O espaço de trabalho na saúde mental foi criado para o serviço
social a partir da reforma psiquiátrica, pois a mesma teve uma
formação social e política, o que consequentemente
necessitava de profissionais que atuassem nessas áreas. Essa
interação da profissão com a saúde mental trouxe avanços para
o tratamento dos pacientes, e foi por meio do serviço social
que em 1990 se iniciava a criação de projetos de intervenção,
como: atenção domiciliar, projetos de trabalho e moradia e
atenção psicossocial (COUTINHO; SANTOS, 2016).
• De acordo com Soares (2006), o assistente social ganhou
espaço na área de saúde mental devido seu trabalho
diferenciado, que atua diretamente com familiares, através de
trabalhos em grupo, atendimento a domicílio, entre outros, que
deram ao profissional privilégios no setor, por ser capaz de dar
respostas relacionadas as questões sociais envolvidas por trás
dos transtornos mentais, porém sem perder o foco nas
dimensões biológica e psíquica.
• Soares (2006, p. 36) diz em suas palavras que “As atividades
realizadas por esse profissional permitem que ele possa
detectar questões importantes para o processo de reabilitação,
questões estas que podem estar ligadas à família, ao meio
social na qual vive ou ao próprio transtorno mental”.
Unidades de acolhimento (UA)
• Ao todo, são 65 unidades de acolhimento no país, segundo o
Ministério da Saúde. A estrutura oferece cuidados contínuos de
saúde, com funcionamento 24 horas por dia, em ambiente
residencial, para pessoas com necessidade decorrentes do uso
de crack, álcool e outras drogas. Atende pessoas que
apresentam acentuada vulnerabilidade social ou familiar e que
demandam acompanhamento terapêutico e protetivo de caráter
transitório.
• São as unidades que executa os serviços especializados que
oferecem acolhimento e proteção a indivíduos e famílias
afastados temporariamente do seu núcleo familiar e/ou
comunitários e se encontram em situação de abandono, ameaça
ou violação de direitos.
• Abrigo institucional. Este serviço é semelhante ao de uma
residência e deve ser inserido em áreas residenciais. ...
• Casa-Lar. ...
• Residência Inclusiva. ...
• Casa de Passagem.
Equipes Multiprofissionais

• Os dados de 2020 apontavam 29 equipes multiprofissionais em


todo o país, pouco mais de uma por estado. Elas são formadas
por médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e outros profissionais,
que atuam no tratamento de pacientes que apresentam
transtornos mentais. Funcionam em ambulatórios gerais e
especializados, policlínicas ou ambulatórios de hospitais,
ampliando o acesso à assistência em saúde mental de gravidade
moderada, como dependência química e transtornos de
ansiedade, atendendo às necessidades de complexidade
intermediária entre a atenção básica e os CAPs.
• Fonte: Agência Senado
• Os projetos de construção devem ser adequados às
realidades locais, aos contextos socioculturais e ao número
previsto de profissionais das equipes e de usuários,
familiares e pessoas das redes sociais. Cabe contemplar,
também, a presença de residentes, de estagiários e de
docentes considerando a importância dos CAPS e das UAs
como cenários de práticas para os processos de formação
de profissionais em consonância com as diretrizes e os
princípios do SUS.
• É fundamental que os projetos arquitetônicos e de ambiência
propostos promovam relações e processos de trabalho em
consonância com as diretrizes e os objetivos da RAPS
caracterizada pela atenção humanizada, de base comunitária/
territorial, substitutiva ao modelo asilar, pelo respeito aos
direitos humanos, à autonomia e à liberdade das pessoas.
Ressalte-se que, de acordo com as necessidades locais, a
proposta de ambientes poderá ser ampliada, já que este Manual
visa contribuir com a definição e a reflexão sobre os projetos
de construção, de reforma e/ou ampliação de CAPS e de UA e
não se propõe à padronização de estrutura física.
• A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) tem como finalidade
a criação, a ampliação e a articulação de pontos de atenção à
saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as principais
diretrizes da RAPS, é importante destacar:
• respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a
liberdade das pessoas;
• • promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais
da saúde;
• combate a estigmas e aos preconceitos ;
• • garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando
cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica
interdisciplinar;
• • atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas;
• • desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a
inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao
exercício da cidadania;
• • desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos;
• ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com
participação e controle social dos usuários e de seus familiares;
• • desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com
sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas, tendo como eixo central a construção do projeto
terapêutico singular (BRASIL, 2011).
Centros de Atenção Psicossocial
• O CAPS é um serviço de saúde aberto e comunitário do SUS, local
de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos
mentais, psicoses, neuroses graves e persistentes e demais quadros
que justifiquem sua permanência num dispositivo de atenção diária,
personalizado e promotor da vida. Os CAPS podem ser de tipo I, II,
III, álcool e drogas (CAPSad) e infantojuvenil (CAPSi). Para sua
implantação deve-se primeiro observar o critério populacional, cujos
parâmetros são definidos da seguinte forma (Ref.:Portaria GM nº.
336, de 19/02/02):  Municípios até 20.000 habitantes – rede básica
com ações de saúde mental;  Municípios entre 20.000 e 70.000
habitantes – CAPS I e rede básica com ações de saúde mental; 
Municípios entre 70.000 e 200.000 habitantes – CAPS II, CAPS ad e
rede básica com ações de saúde mental;  Municípios com mais de
200.000 habitantes – CAPS II, CAPS III, CAPSad, CAPSi e rede
básica com ações de saúde mental e capacitação do SAMU. Deve-se
ainda observar a realidade local, para a escolha do tipo de CAPS
mais adequada ao porte do município.
COMO IMPLANTAR UM CAPS:

• O Ministério da Saúde passa um incentivo antecipado para a


implantação do serviço nos valores de R$ 20.000 (CAPS I), R$
30.000 (CAPS II e CAPSi) e R$ 50.000 (CAPS III e CAPSad).
Para a solicitação do incentivo antecipado, devem-se seguir os
seguintes procedimentos: I – Encaminhar ofício do gestor
solicitando o incentivo financeiro ao Ministério da Saúde, com
cópia para a respectiva Secretaria de Estado da Saúde.
EQUIPE MÍNIMA:
• CAPS I 1 médico psiquiatra ou médico com formação em
saúde mental. 1 enfermeiro. 3 profissionais de nível superior
de outras categorias profissionais: psicólogo, assistente social,
terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional
necessário ao projeto terapêutico. 4 profissionais de nível
médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão. CAPS II 1
médico psiquiatra 1 enfermeiro com formação em saúde
mental. 4 profissionais de nível superior de outras categorias
profissionais: psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, pedagogo, professor de educação física ou outro
profissional necessário ao projeto terapêutico. 6 profissionais
de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão.
• CAPS III 2 médicos psiquiatras 1 enfermeiro com formação
em saúde mental. 5 profissionais de nível superior de outras
categorias profissionais: psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, pedagogo, professor de educação física ou outro
profissional necessário ao projeto terapêutico. 8 profissionais
de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão. CAPSi 1 médico
psiquiatra, ou neurologista ou pediatra com formação em saúde
mental. 1 enfermeiro 4 profissionais de nível superior entre as
seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social,
enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo
ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico. 5
profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de
enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e
artesão
• CAPSad 1 médico psiquiatra. 1 enfermeiro com formação em
saúde mental. 1 médico clínico, responsável pela triagem,
avaliação e acompanhamento das intercorrências clínicas.
• 4 profissionais de nível superior entre as seguintes categorias
profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro,
terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional
necessário ao projeto terapêutico. 6 profissionais de nível
médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão.
FLUXOGRAMA
• O primeiro CAPS do Brasil foi criado em 1987, na cidade de
São Paulo e, em 1989 foram criados, em Santos, os Núcleos de
Apoio Psicossocial (Naps), com atenção 24 horas,
posteriormente denominados de CAPS III. Nos anos que se
seguiram, os CAPS foram implementados em vários
municípios do País e consolidaram-se como dispositivos
estratégicos para a superação do modelo asilar no contexto da
reforma psiquiátrica, e para a criação de um novo lugar social
para as pessoas com a experiência de sofrimento, decorrentes
de transtornos mentais, incluindo aquelas com necessidades
relacionadas ao uso de álcool e de outras drogas.
• O cuidado, no âmbito do CAPS, é desenvolvido por intermédio
de Projeto Terapêutico Singular (PTS), envolvendo, em sua
construção, a equipe, o usuário e sua família; a ordenação do
cuidado estará sob a responsabilidade do CAPS e/ou da
Atenção Básica, garantindo permanente processo de cogestão e
acompanhamento longitudinal do caso (BRASIL, 2011).
• As práticas dos CAPS são realizadas em ambiente de “portas
abertas”, acolhedor e inserido nos territórios das cidades, dos
bairros. Os PTS, acompanhando o usuário, em sua história,
cultura, projetos e vida cotidiana, ultrapassam,
necessariamente, o espaço do próprio serviço, implicando as
redes de suporte social e os saberes e recursos dos territórios.
• Acolhimento inicial: primeiro atendimento, por demanda
espontânea ou referenciada, incluindo as situações de crise no
território; consiste na escuta qualificada, que reafirma a
legitimidade da pessoa e/ou familiares que buscam o serviço e
visa reinterpretar as demandas, construir o vínculo terapêutico
inicial e/ou corresponsabilizar-se pelo acesso a outros serviços,
caso necessário.
• Acolhimento diurno e/ou noturno: ação de hospitalidade diurna
e/ou noturna, realizada nos CAPS como recurso do PTS de
usuários, objetivando a retomada, o resgate e o
redimensionamento das relações interpessoais, o convívio familiar
e/ou comunitário. Atendimento individual: atenção direcionada
aos usuários visando à elaboração do PTS ou do que dele deriva.
Comporta diferentes modalidades, incluindo o cuidado e o
acompanhamento nas situações clínicas de saúde, e deve
responder às necessidades de cada pessoa.
• Atenção às situações de crise: ações desenvolvidas para manejo
das situações de crise, entendidas como momentos do processo de
acompanhamento dos usuários, nos quais conflitos relacionais
com familiares, contextos, ambiência e vivências causam intenso
sofrimento e desorganização. Esta ação exige disponibilidade de
escuta atenta para compreender e mediar os possíveis conflitos e
pode ser realizada no ambiente do próprio serviço, no domicílio ou
em outros espaços do território que façam sentido ao usuário e a
sua família e favoreçam a construção e a preservação de vínculos.
• Atendimento em grupo: ações desenvolvidas coletivamente,
como recurso para promover sociabilidade, intermediar
relações, manejar dificuldades relacionais, possibilitando
experiência de construção compartilhada, vivência de
pertencimento, troca de afetos, autoestima, autonomia e
exercício de cidadania.
• Práticas expressivas e comunicativas: estratégias realizadas
dentro ou fora do serviço que possibilitem ampliação do
repertório comunicativo e expressivo dos usuários e favoreçam
a construção e a utilização de processos promotores de novos
lugares sociais e a inserção no campo da cultura.
• Atendimento para a família: ações voltadas para o acolhimento
individual ou coletivo dos familiares e suas demandas, que
garantam a corresponsabilização no contexto do cuidado,
propiciando o compartilhamento de experiências e de
informações.
• Atendimento domiciliar: atenção desenvolvida no local de
morada da pessoa e/ou de seus familiares, para compreensão
de seu contexto e de suas relações, acompanhamento do caso
e/ou em situações que impossibilitem outra modalidade de
atendimento. Ações de reabilitação psicossocial: ações de
fortalecimento de usuários e de familiares, mediante a criação
e o desenvolvimento de iniciativas articuladas com os recursos
do território nos campos do trabalho/economia solidária,
habitação, educação, cultura, direitos humanos, que garantam o
exercício de direitos de cidadania, visando à produção de
novas possibilidades para projetos de vida.
• Matriciamento de equipes dos pontos de atenção da atenção
básica, urgência e emergência, e dos serviços hospitalares de
referência: apoio presencial sistemático às equipes que oferte
suporte técnico à condução do cuidado em saúde mental por
meio de discussões de casos e do processo de trabalho,
atendimento compartilhado, ações intersetoriais no território, e
contribua no processo de cogestão e corresponsabilização no
agenciamento do projeto terapêutico singular.
• Ações de redução de danos: conjunto de práticas
e de ações do campo da Saúde e dos Direitos
Humanos realizadas de maneira articulada inter e
intrassetorialmente, que busca minimizar danos
de natureza biopsicossocial decorrentes do uso de
substâncias psicoativas, ampliar o cuidado e o
acesso aos diversos pontos de atenção, incluídos
aqueles que não têm relação com o sistema de
saúde.
OBRIGADA!!!

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