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SETORIAIS III
Klauze Silva
Reinserção social
e saúde mental:
desafios e possibilidades
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O campo da saúde mental tem uma trajetória recente na história da saúde
brasileira, vinculada ao processo de desinstitucionalização. Inicialmente, as
pessoas tidas como loucas viviam segregadas em instituições hospitalares
e manicomiais, sendo submetidas a tratamentos degradantes. Ao longo
do tempo, ocorreram avanços por meio de medidas assistenciais, do
atendimento ambulatorial promovido pelos Centros de Apoio Psicossocial
(CAPSs) e da articulação em rede com o Programa Saúde da Família e
outras políticas sociais. Hoje, o usuário da saúde mental é compreendido
como portador de direitos sociais e protagonista da sua história.
Neste capítulo, você vai conhecer conceitos relacionados à saúde
mental. Você também vai ver como funciona a rede de atenção à saúde
mental brasileira, seus procedimentos e seus desafios. Por fim, vai verificar
as dificuldades e possibilidades do processo de reinserção social das
pessoas com transtornos psíquicos.
2 Reinserção social e saúde mental: desafios e possibilidades
A Lei 10.216 diz sobre os direitos da pessoa doente mental, de sua autono-
mia quanto aos tratamentos propostos, da não internação desnecessária, da
internação voluntária e involuntária, e da reinserção do doente em seu meio
social, ou seja, o doente mental precisa ser visto como um indivíduo que
apresenta uma doença, e como em outras doenças, precisa receber o melhor
tratamento disponível para que assim ele consiga ter uma melhor qualidade
de vida (BRASIL, 2001 apud FREITAS, 2018, documento on-line).
Em 2001, a OMS divulgou o Relatório sobre a Saúde no Mundo. Tal documento buscou
renovar a importância de princípios proclamados pela Organização das Nações Unidas
(ONU) na década anterior: não deve existir discriminação devido a doenças mentais;
na medida do possível, deve-se conceder a todo paciente o direito de ser tratado e
atendido em sua comunidade; todo paciente deve ter o direito de ser atendido num
ambiente o menos restritivo possível, com o tratamento menos intrusivo possível
(OMS, 2002).
https://qrgo.page.link/Hk1Nu
Para Paulo Amarante, a resposta pode ser encontrada no lobby feito pelas
bancadas religiosas no Congresso Nacional. “As igrejas com seus poderes
financeiro, econômico e ideológico incidem diretamente sobre o poder político
que as representa. As comunidades terapêuticas são parte de um processo que
se dá por meio de liberação de emendas parlamentares”, afirma Amarante.
O campo da saúde mental deve ser apreendido na sua dimensão intersetorial. Afinal,
ele promove o diálogo transversal com as diversas políticas sociais na articulação de
demandas para infância e juventude, idosos, população adulta, usuários de álcool
e drogas. Tal diálogo se dá na interface com políticas de trabalho, renda e cultura,
visando à inclusão social.
As demandas que chegam ao Serviço Social nos serviços de saúde estão rela-
cionadas a questões que ampliam a vulnerabilidade de distintos segmentos da
população em sua situação de saúde, tais como: precariedade e/ou à ausência
de moradia, violência urbana e doméstica, situações de negligência e aban-
dono, acidentes de trabalho, desemprego, dificuldade de acesso a consultas
com especialistas e medicamentos, etc.
A seguir, veja alguns aspectos que definem uma atenção primária em saúde
mental adequada (OMS, 2002):
Leia o artigo de Hirdes (2009) “A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re)visão”, disponível
no link a seguir.
https://qrgo.page.link/cAy3K
BARROS, S.; SALLES, M. Gestão da atenção à saúde mental no Sistema Único de Saúde.
Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. spe 2, p. 1780–1785, 2011. Dis-
ponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45nspe2/25.pdf. Acesso em: 27 ago. 2019.
CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
Reinserção social e saúde mental: desafios e possibilidades 19
Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Saúde. Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). 2017. Disponível em:
http://www.saude.gov.br/noticias/693-acoes-e-programas/41146-centro-de-atencao-
-psicossocial-caps. Acesso em: 27 ago. 2019.
CARETTA, F. A saúde integral. [2010]. Disponível em: http://www.mdc-net.org/it/down-
loads-pdf/portugues/62-a-saude-integral/file.html. Acesso em: 27 ago. 2019.
FERIA, A. A. et al. Análise da rede de atenção em saúde mental no subsistema de saúde
suplementar brasileiro nas regiões Norte e Sul sob a perspectiva de linhas de cuidado.
2015. Disponível em: http://www.ans.gov.br/images/stories/noticias/pdf/Saude_Men-
tal_ANS_Final.pdf. Acesso em: 27 ago. 2019.
FIGUÊIREDO, M. L. R.; DELEVATI, D. M.; TAVARES, M. G. Entre loucos e manicômios: história
da loucura e a reforma psiquiátrica no Brasil. Cadernos de Graduação, Maceió, v. 2, n. 2,
p. 121–136, 2014. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/index.php/fitshumanas/
article/view/1797. Acesso em: 27 ago. 2019.