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Esenfc 21/22

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Professor: António Manuel

Esenfc 21/22

Sinais Vitais
Sinais vitais - conjunto de dados que fornecem informação determinante sobre o estado de
saúde de um utente, e paralelamente a outras avaliações fisiológicas, são indicadores
fundamentais para a identificação/resolução de problemas clínicos. É uma função autónoma do
enfermeiro.
▪ Temperatura (ºC)
▪ Pulsação (bpm)
▪ Respiração (nº de ciclos/min)
▪ Pressão arterial (mmHg)
▪ Dor
▪ (Saturação de oxigénio) - depende da situação clínica

Podem existir desvios dos valores padrões normais em pacientes, mas devemos ter em
consideração que podem ser valores característicos do paciente, não sendo considerados
anormalidades (normalidade individual).

É indispensável a verificação dos SV:


▪ Quando é admitido num qualquer serviço de saúde
▪ Nas unidades de internamento em função de protocolos ou de acordo com as
prescrições
▪ Antes e depois de qualquer procedimento cirúrgico
▪ Antes e depois de qualquer procedimento invasivo de diagnóstico
▪ Antes e depois da administração de fármacos que influenciem a função
cardiovascular, respiratória e o controle da temperatura
▪ Antes de intervenções de enfermagem que possam alterar os SV (ex.: 1º
levante)
▪ Sempre que as condições físicas gerais da pessoa piorem subitamente (ex.:
perda de consciência ou aumento da dor)
▪ Sempre que a pessoa manifestar sintomas de desconforto

Orientações a seguir quando avaliados os SV:


Conhecer os valores de referência; saber os valores normais do paciente; equipamento deve
ser selecionado e adequado; obter informações dos SV registados de outro turno e reavaliar
pelo menos 2x nas 1ªs 8 horas; ter cuidado com a comunicação não verbal.

Respiração
Funções do sistema respiratório:
▪ Facultar ao organismo troca de gases com o ar atmosférico;
▪ Assegurar permanentemente a concentração de oxigénio no sangue;
▪ Permitir reações metabólicas;
Respiração – é um tipo de função com as características especificas: processo contínuo de troca
molecular de oxigénio e dióxido de carbono dos pulmões para oxigenação celular.
Fases do processo de respiração:
• Ventilação pulmonar – processo de inspiração e expiração;
• Difusão de gases (hematose pulmonar) – trocas entre alvéolos e capilares;
• Perfusão de gases (O2 e CO2) – pulmões tecidos/células; distribuição dos glóbulos
vermelhos de/e para capilares pulmonares.

O que avaliar?

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▪Frequência respiratória (nº ciclos/min)


▪Amplitude respiratória (volume de ar corrente)
▪Ritmo respiratório: (ir)regularidade das ins/expirações
▪Mucosidade: tosse e espirros
▪Permeabilidade
▪Ruídos
▪Coloração dos tegumentos: rosada (indicador indireto)
▪Simetria
Métodos de avaliação por exame torácico: observação, palpação, percussão, auscultação.
Manifestação de independência (normal):
▪ Respiração livre pelo nariz;
▪ Ritmo regular;
▪ Frequência (de acordo com a idade)
▪ Simetria torácica;
▪ Amplitude respiratória: profunda ou superficial; respiração torácica (mulher)
ou diafragmática (homem);
▪ Ruídos respiratórios: murmúrios vesiculares; sons brônquios; boa ressonância
vocal;
▪ Coloração rosada;
▪ Reflexo da tosse e espirros presente;
▪ Secreções em pouca quantidade e transparentes.

Parâmetros de frequência respiratória


Idade Frequência/min (ciclos respiratórios/min)
Recém-nascido 35-50
2 anos 25-35
12 anos 15-25
Adulto 12/14-20
Idoso 12-25

Padrões respiratórios
Eupneia Frequência, profundidade, ritmo normal
Dispneia Dificuldade respiratória (ritmo acelerado)
Taquipneia Aumento frequência respiratória (> 20 ciclos/min)
Bradipneia Diminuição frequência respiratória (< 12 ciclos/min)
Ortopneia Dificuldade respiratória na posição horizontal
Apneia Interrupção da frequência respiratória (ausência ciclos)

Percussão torácica:
1. Ressonante – varia de suave a moderado, com baixa intensidade e longa duração.
Resulta de estruturas (tecidos) repletos de ar (pulmão) – som oco;
2. Hiper-ressonante – som com alta intensidade e volume, duração mais longa que o
anterior. É produzido por um pulmão hiper insuflado, repleto de ar (enfisema pulmonar)
– som estridente;
3. Maciço – é suave, alta tonalidade, curto, produzido por material denso (músculo);
4. Submaciço – varia de suave a moderadamente alto, e duração moderada. É produzido
em material menos denso, (fígado e baço) – som abafado.

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Como auscultar:
1. Sentar a pessoa direita, ou quando acamada elevar a cabeceira da cama cerca de 45 a
90 graus. Se a pessoa não se conseguir sentar colocá-la em decúbito dorsal para
auscultar a parede anterior do tórax ou em decúbito lateral para a parede posterior;
2. Retirar a roupa evitando a exposição desnecessária;
3. Auscultar os sons respiratórios. No adulto colocar o diafragma do estetoscópio na
parede torácica nos espaços intercostais. Mover sistematicamente o estetoscópio desde
o ápex do pulmão até aos lobos inferiores.
4. Ouvir um ciclo respiratório completo a cada movimento do estetoscópio. Comparar os
sons ouvidos à esquerda e à direita.

Intervenções de enfermagem para manter a independência:


1. Averiguar os hábitos das pessoas – deve evitar-se o tabaco, a poluição, imobilidade e
excesso de peso;
2. Planificação e ensino de intervenções, exercícios respiratórios frequentes, atividades
físicas moderadas (caminhar, correr), postura que favoreça a expansão torácica,
hidratação adequada, humidade e temperatura ambiente nos limites normais,
arejamento suficiente e exercícios de relaxamento para o controlo da respiração.

Pulsação
Circulação - movimento do sangue através do sistema cardiovascular como o coração e os
vasos sanguíneos centrais e periféricos.

• Circulação dupla (2 circuitos diferentes):


o Circulação pulmonar;
o Circulação sistémica.
• Coração é o órgão central:
o Tecido muscular (miocárdio) irrigado por artérias coronárias ramificações da
aorta;
• Três tipos de vasos:
o Artérias – paredes fortes, elásticas que se contraem e dilatam;

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o Veias – paredes finas;


o Capilares – estruturalmente muito finos e com uma única camada de células;
o Arteríolas e vénulas envolvidas nas trocas com o fluído intersticial.

Sístole – fase de contração do ciclo cardíaco; ocupa uma terça parte do ciclo cardíaco; a cada
batimento os aurículos contraem-se, seguindo-se a contração dos ventrículos.
Diástole – fase de repouso do ciclo cardíaco; ocupa dois terços do ciclo cardíaco; período de
relaxamento do musculo cardíaco; as cavidades cardíacas dilatam-se.
Métodos de avaliação do pulso:
• Direto (invasivo) – utilização de um cateter arterial, utilizada apenas em UCI;
• Indireto (não invasivo):
o Palpação;
o Auscultação;
o Eletrónico;
Locais de avaliação da pulsação:
1. Temporal - pulso da artéria temporal situada entre o olho e a linha do
cabelo acima do osso zigomático. É o pulso indicado como rotina em lactantes e crianças
pequenas.

2. Radial - pulso da artéria radial palpável ao longo do rádio na parte proximal do polegar
na face anterior do punho. É o pulso indicado normalmente.

3. Carotídeo - pulso da artéria carótida situada no pescoço ao lado da laringe


entre a traqueia e o musculo esternocleidomastóideo.

4. Braquial - pulso da artéria braquial, situada na face anterior do cotovelo entre os


músculos bicípite tricípite ou na fossa ante cubital.

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5. Femoral - pulso da artéria femoral, situado na virilha, contornado lateralmente por


músculos e, acima, pelo ligamento inguinal.

6. Poplíteo - continuação da artéria femoral, fica situado na fossa poplítea (parte


posterior do joelho) ao longo do tendão mediano do lado de fora).

7. Dorsal pedioso - é o pulso da artéria pediosa dorsal, localizado ao longo do dorso do


pé ao lado do tendão extensor do primeiro dedo.

8. Tibial posterior - pulso da artéria posterior, situada atrás do maléolo médio (osso
interno do tornozelo) no sulco entre o maléolo e o tendão de Aquiles.

Auscultação
Pulso apical - pulso auscultado no ápice do coração, no quarto ou quinto espaço intercostal, na
linha média da clavícula esquerda.

Locais de avaliação do pulso – resumo


• Normalmente é feita no pulso radial;
• Em alternativa, pode avaliar-se o pulso temporal em lactentes e crianças;
• Pulso apical – em situações de arritmia e lactantes;
• Pulso carotídeo em emergências;
• Outros pulsos em função: da situação clínica, objetivo diagnóstico, acessibilidade anatómica.

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O que avaliar na pulsação:


Frequência do Pulso – número de pulsações por minuto.
Amplitude do pulso/volume intensidade – o volume de sangue ejetado contra a parede arterial
a cada contração cardíaca e que é percetível pela palpação;
Ritmo – regularidade das pulsações;
Simetria – contra lateralidade de frequência.
Frequências normais em repouso
Faixa etária Frequências
Bebé 120-160
Criança pequena 90-140
Criança pré-escolar 80-110
Criança escolar 75-100
Adolescente 60-90
Adulto 60-100

Frequência (no adulto)


• Taquicardia (Fc ˃100 bpm);
• Normocárdico (60-100 bpm);
• Bradicardia (Fc <60 bpm).
Volume
• Pulso forte ou cheio (boa perceção);
• Pulso fraco ou filiforme (má perceção);
Ritmo
• Rítmico – intervalo de tempo regular entre cada batimento cardíaco
• Arrítmico – quando o intervalo é interrompido por uma pulsação precoce, tardia ou
omissa). Arritmia é uma variação do ritmo normal da concentração auricular e ventricular. –
igualdade/ desigualdade em locais contralaterais (simetricamente opostos).

Antes de proceder à avaliação:


• Considerar/confirmar a frequência habitual do utente para ter um termo de comparação;
• Ter em conta os diferentes fatores que influenciam a frequência do pulso:
o Exercício/atividade física;
o Temperatura;
o Emoções;
o Fármacos;
o Hemorragia;
o Alterações posturais;
o Patologia pulmonar.

Fatores que influenciam a avaliação do pulso:


• Idade, sexo, e o crescimento/desenvolvimento;
• Temperatura corporal;
• Alterações da concentração de oxigénio no sangue;
• Dor;
• Medicação;
• Alimentação;
• Ritmo biológico circadiano;
• A constituição e as capacidades físicas;
• Patologia pulmonar;

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• Doenças várias.

Tensão arterial
Pressão sanguínea - consiste na força exercida pelo sangue circulante nas paredes dos vasos
do coração e das circulações sistémica e pulmonar.
Terminologia de Independência (TA):
• Pressão arterial (PA): é a pressão (em mmHg) de sangue sobre as paredes das artérias;
• Pressão diastólica (PAD): é a pressão de sangue quando os ventrículos estão em repouso
(corresponde ao valor mínimo);
• Pressão sistólica (PAS): é a pressão que provém da concentração dos ventrículos (valor
máximo).

A pressão arterial depende:


• Débito cardíaco;
• Volume de sangue;
• Viscosidade sanguínea;
• Resistência vascular periférica;
• Distensibilidade/elasticidade.

Objetivos da avaliação da TA:


• Conhecer o valor da TA;
• Despistar manifestações de dependência, interpretando o resultado obtido e
comparando-o com os valores de referência e os do próprio paciente;
• Avaliar a eficácia da terapêutica e das intervenções para manter independência ou
para a recuperar intervindo, se necessário;
• Acompanhar a evolução do paciente, relativamente aos valores da TA.

Métodos de avaliação da TA:


• Direto (invasivo) – utilização de um cateter arterial, utilizada apenas em UCI;
• Indireto (não invasivo):
o Palpação;
o Auscultação;
o Eletrónico;

Material:
• Esfigmomanómetro – esfig(o) – elemento de formação de palavras que exprime a ideia
de pulso; manómetro – instrumento que serve para medir as pressões exercidas pelos líquidos
ou a tensão ou força elástica dos gases e vapores;

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Estetoscópio.

Manómetro:
• São portáteis e geralmente de leitura mais fácil que os manómetros de mercúrio;
• No entanto, as propriedades elásticas expõem o indicador de pressão a desvios pelo
que se tornam um pouco menos credíveis que os de mercúrio;
• Um ponteiro posicionado no zero quando a braçadeira está vazia não é garantida de
que a leitura vá ser rigorosa quando se faz a desinflação da braçadeira.
• Exige recalibrações periódicas.

Sons de Korotkoff:
• Sons do auscultados sobre uma artéria durante o esvaziamento da braçadeira;
• O 1º som (fase I de Korotkoff) corresponde à pressão sistólica;
• O desaparecimento do som, último batimento (fase V de Korotkoff) corresponde à
pressão diastólica.
O que registar:
• Os valores da PA;
• Braço em que foi medido, convém ser o esquerdo;
• Braçadeira utilizada;
• Hora de medição/avaliação;
• Alguma circunstância particular (stress, febre, agitação...)

Tipos de TA:
• Normotensão – quando o valor da TA se encontra dentro dos parâmetros considerados
normais para a idade.
• Hipotensão – quando o valor da tensão arterial está abaixo dos valores considerados
normais.
• Hipertensão – quando o valor da tensão arterial está acima dos valores considerados
normais.

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Pressão arterial média (PAM) – PAS +(PAD x 2) /3


• É usada para determinar se o sangue circula bem por todos os órgãos do corpo;
• No geral, valores entre 70 e 110 mmHg são considerados normais;
• Valores de PAM acima de 60 indicam uma boa circulação;
• Mais de 60 é necessário para profundir adequadamente artérias coronárias, cérebro, rins.

Temperatura
Homeostasia térmica - capacidade de manter a temperatura corporal dentro de um certo
intervalo pré-determinado apesar das variações térmicas do meio ambiente (ex.: Homem).
Temperatura de equilíbrio: 37ºC; Limites normais: 36.1 a 37.2ºC.
Termogénese - calor produzido por condições celulares que provocam aumento da
temperatura (aporte alimentar, atividade glandular, atividade muscular). A quantidade de
calor produzido é diretamente proporcional à taxa de metabolismo corporal.
Termólise - calor eliminado pela pele, rins, pulmões, … (evaporação, radiação, condução,
convecção).
Apirexia - ausência de febre ou hipertermia.
Termorregulação - processo do sistema termo regulador com as características específicas:
controlo da produção e da perda de calor através do mecanismos fisiológicos ativados pelo
hipotálamo, pele e temperatura corporal.
Os principais sistemas isolantes do corpo são: a pele, tecidos subcutâneos e a gordura dos
tecidos subcutâneos.
Mecanismos fisiológicos de transferência de calor: controlo vasomotor, transmissão de calor
corporal central para a pele, mecanismo de evaporação.
A temperatura corporal é regulada por mecanismos:
• Comportamentais: a mudança comportamental depende do ambiente, da capacidade
da pessoa para sentir conforto ou desconforto e do estado emocional da pessoa;
• Fisiológicos: a resposta involuntária que mantém constante a temperatura corporal
que depende dos recetores, integrador central (centro cerebral localizado no
hipotálamo) e dos mecanismos efetores (vasos sanguíneos, músculos, glândulas
sudoríparas).

A energia térmica pode ser absorvida a partir do meio externo ou dissipada para o mesmo:
1. Irradiação - transferência de energia térmica sem contato direto entre 2
corpos/meios, cerca de 85% da superfície corporal irradia calor para o ambiente.
2. Condução - mecanismo de transferência de energia térmica entre corpos, entre partes
do mesmo corpo.
3. Convecção - transferência de calor por meio de ar. Quanto maior a velocidade das
correntes de ar, maior renovação do ar adjacente ao corpo e maior a amplitude da
transferência de calor
4. Evaporação - é a transferência de energia térmica pela conversão de água líquida ao
estado gasoso. Perdas insensíveis que ocorrem através do trato respiratório (pulmões)
e pela superfície cutânea.
Febre
• Elevação anormal da temperatura corporal;
• Consequência de alteração no ponto de regulação hipotalâmico, associado a:
• Aumento da frequência respiratória;
• Aumento da atividade metabólica
• Taquicardia com pulso fraco ou cheio com ressalto;
• Agitação
• Cefaleias ou confusão

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Nota: a subida rápida da febre é acompanhada de calafrios, tremores, arrepios, pele pálida e
seca. A descida da febre é acompanhada por pele quente e ruborizada e de suor.

Febre como mecanismo de defesa:


• Estimula o sistema imunitário;
• Diminuição do crescimento e da virulência de várias espécies bacterianas;
• Aumento da capacidade fagocítica e bactericida dos neutrófilos e dos efeitos
citotóxicos dos linfócitos;
• Diminui concentração de ferro no sangue que também suprime o desenvolvimento das
bactérias;
• Facilita o diagnóstico.

Características da febre:
• Início: súbito ou gradual
• Intensidade: leve ou febrícula (até 37,5ºC), moderada (37,5-38,5ºC), alta ou elevada
(acima de 38,5ºC)
• Duração: poucos dias ou prolongada (mais de 10 dias)
• Modo de evolução:
o Contínua - temperatura constante, >38 graus
o Intermitente - picos de febre que alternam com níveis de temperatura normal
nas 24 horas (normotermia pelo menos 1x/24h)
o Remitente - aumenta e baixa sem atingir valores normais e sem períodos de
apirexia
o Recidivante - por surtos; pode durar para além de 24 horas.

Estádios da febre: começo da febre, estádio febril, defervescência (cessação ou declínio da


febre).
A avaliação da termorregulação deve ter em consideração: local de medição da temperatura,
tipo de termómetro e frequência da avaliação.
Locais de medição da temperatura:
Temperatura central: artéria pulmonar, esófago e bexiga.
Temperatura de superfície: tímpano, boca, reto, axila - pele.
A temperatura de superfície obtida varia consoante o local utilizado e todos os locais têm
vantagens e inconvenientes.
1. Avaliação timpânica
Vantagens Inconvenientes
Local de acesso fácil
Grande variabilidade da medição
Medição rápida e sem perturbar
Afetado por dispositivos de temperatura
Proximidade ao hipotálamo
ambiente
A medição não é afetada pela ingestão de
O rolhão de cerume pode afetar as leituras
alimentos
2. Avaliação retal
Vantagens Inconvenientes
Não deve ser usado em crianças com diarreia nem utentes
Reflete a temperatura submetidos a cirurgia retal
corporal Pode ser fonte de embaraço
Risco de exposição a fluídos orgânicos
3. Avaliação oral
Vantagens Inconvenientes

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Afetado pela ingestão de alimentos e fumo


Acessível (não requer mudança de
Não deve ser usado em utentes com calafrios,
posição)
traumatismo da face, cirurgia facial e epilepsia
Confortável para o utente
Não usar em crianças
4. Avaliação axilar
Vantagens Inconvenientes
Seguro Tempo de medição prolongado
Pode ser usado em crianças e utentes pouco Não está indicado em bebés e
colaborantes crianças pequenas
5. Avaliação na pele
Vantagens Inconvenientes
A diaforese pode afetar a aderência
Proporciona leitura contínua
Pode ser influenciada pela temperatura
Seguro. Pode ser usado em recém-
ambiente
nascidos
Não é fidedigno durante a fase de calafrios

Dor
É a perceção comprometida: aumento da sensação corporal desconfortável, referencia
subjetiva de sofrimento, expressão facial característica, alteração do tónus muscular,
comportamento de autoproteção, limitação do foco de atenção, alteração da perceção do
tempo, fuga do contacto social, processo de pensamento comprometido, comportamento e
distração, inquietação e perda de apetite. É o principal motivo para a procura de cuidados de
saúde.
A dor é:
→ Fenómeno universal;
→ Mecanismo sinalizador;
→ Fisiológica;
→ Complexa;
→ Subjetiva;
→ Experiência desagradável;
→ Função protetora e sinal de alarme.

Atitudes dos profissionais de saúde:


• Insuficientes conhecimentos de neurofisiologia da dor, avaliação da dor, técnicas
utilizadas para a sua redução e dos fármacos analgésicos;
• Falsos conceitos sobre a dor (é psicológica, é normal, não tem consequências
negativas, é importante, etc.)
• Não têm em conta a individualidade da cada utente e as várias dimensões da dor
• Medo dos efeitos secundários dos analgésicos

Atitude dos doentes e familiares:


o Dor é normal
o Sentimento de ter de sofrer em dadas situações
o Medo dos analgésicos
o Não querer incomodar
o Receio de ser considerado “piegas”
o Demitir-se do seu papel de interveniente principal da equipa
o Desvalorizar a dor em detrimento de outra ocupação
o Receio que a dor esconda um problema mais grave

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Indicadores de dor

Fatores que influenciam a experiência dolorosa:

1. Idade
2. Género
3. Significado das experiências dolorosas
4. Atenção, ansiedade e fadiga
5. Apoio familiar e social

A dor é classificado com base na causa e no local de origem:


• Nocicetiva – provocada por uma lesão ou dano tecidual
• Somática – emana da pele, músculos, articulações, ossos ou tecido conjuntivo. É de
natureza cortante e habitualmente fácil de localizar. Inclui a dor visceral (apendicite),
que é uma dor vaga, contínua, difícil de localizar;
• Neuropática – lesão ou perturbação funcional de um nervo. Sensação de queimadura,
dor cortante, tipo choque elétrico;
• Psicossomática – não é baseada em causas orgânicas. Provocada por problemas
psicológicos.

A dor pode ser classificada como:


1. Aguda:
• Início recente/súbito
• Duração transitória
• Fator precipitante/identificável
• Pode ser previsível
• Limitativa
• Função inicial de alerta
• Duração há menos de 3 meses
2. Crónica:
• Prolongada no tempo
• Duração há mais de 3 meses
• Difícil identificação temporal/causal

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• Causa sofrimento
• Intervenções a longo prazo

Dor aguda – alterações específicas: TA, FC e FR aumentadas; transpiração; suores frios;


piloereção; palidez; tensão muscular; perda de apetite e ansiedade.
Dor crónica – alterações específicas: dificuldades no sono; irritabilidade; depressão; isolamento;
desespero e desamparo.
Alterações globais (dor crónica e aguda): expressão facial característica; olhos baços e
apagados; movimento facial fixo ou disperso; esgares (contrações); variação da apatia à rigidez;
comportamento autoprotetor; fuga do contacto social; choro; andar a passos largos; etc.
Limiares da dor
• Limiar de sensação – Valor mínimo do estímulo, suficiente para causar sensação.
• Limiar de perceção à dor – Valor mínimo do estímulo capaz de causar dor.
• Tolerância à dor – Nível mínimo do estímulo para que o sujeito procure evitar a
estimulação ou peça a sua interrupção
• Tolerância com encorajamento – O mesmo que o anterior mas incita-se o sujeito a
suportar níveis de estimulação superiores.

Porquê avaliar a dor?


• Não existe relação proporcional entre a importância da lesão e a dor referida pelo
doente;
• Muitos doentes apesar de sentirem dor não a manifestam;
• Porque não existem marcadores específicos para a dor.
Instrumentos de avaliação da dor:
• Instrumentos Unidimensionais:
Destinados a quantificar a severidade ou intensidade da dor.
• Instrumentos Multidimensionais:
Avaliam e medem as diferentes dimensões da dor a partir de diferentes indicadores de resposta
e suas interações.

Selecionar um instrumento de avaliação de dor:


• Tipo de dor (Pulsátil, contínua, cortante, difusa, perfurante);
• Idade;
• Situação clínica da pessoa;
• Facilidade de uso e tempo necessário à sua aplicação;
• Critérios de interpretação;
• Validação;
• Critérios de reprodutibilidade.

Escala visual analógica (EVA)

• + Pode ser aplicada em qualquer tipo de dor, numa população alvo com idades ≥ 6 anos;

• + Aplicação é fácil pela simplicidade;

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• + Permite avaliar como evolui a intensidade da dor ao longo do tempo;

• - Limitação imposta pelos extremos;

• - Ignora o caráter multidimensional da dor;

• - Requer capacidades de abstração;

• - As pessoas idosas não respondem com tanta facilidade com esta escala.

Escala de avaliação numérica

• Sensibilidade alta;

• Geralmente bem assimilada pela pessoa;

• Pode ser aplicada em todos os tipos de dor, numa população alvo com idades ≥ 6 anos;

• É sensível ao efeito de memória;

• Pode ser usada sem instrumento físico.

Escala qualitativa

• + Pode ser usada em todos os tipos de dor numa população alvo com idades ≥ 4 anos;

• + É sensível ao efeito de memória;

• + Pode ser usada sem instrumento físico;

• - Pode verificar-se ausência de consenso nos adjetivos a usar.

Escala de faces

• Pode ser usada em todos os tipos de dor numa população alvo com idades ≥ 4 anos;

• Atualmente uma das mais utilizadas.

Categorização
• Sem dor – face 1 (pontuação 0);
• Dor ligeira – face 2 (pontuação 2);

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• Dor moderada – face 3 (pontuação 4);


• Dor intensa – face 4 (pontuação 6);
• Dor muito intensa - face 5 ou 6 (pontuação 8 ou 10).

Profissão e história de enfermagem Professor: Manuel Chaves

A enfermagem: profissão
Ocupação – trabalho ou uma carreira
Profissão – vocação ou ocupação aprendida. Mais valorizadas porque os serviços que os
profissionais executam são benéficos para a sociedade.
Características/condições de uma profissão:
1. Base definida de conhecimento
2. Domínio sobre o ensino e o treino
3. Registo
4. Serviço altruísta (dedicado)
5. Código de ética
6. Socialização prolongada
7. Autonomia
8. Deve ter missão social

A enfermagem: disciplina
Disciplina – ramo do conhecimento ordenado por teorias e métodos que evoluem a partir da
visão do fenómeno de interesse (cuidado, pessoa, saúde e ambiente).
Características de uma disciplina:
✓ Perspetiva e sintaxe (linguagem) distintas
✓ Determinação dos fenómenos de interesse
✓ Determinação do contexto em que são vistos os fenómenos
✓ Quais as perguntas a serem feitas
✓ Determinação dos métodos de estudo
✓ Qual evidência é a prova

Conhecimento em enfermagem, segundo Carper


Saber empírico ou ciência de enfermagem – caracteriza-se por ser factual, sistematizado e
organizado em leis gerais e teorias para descrever e explicar fenómenos. A realidade é vista
como algo que pode ser conhecido pela observação e verificado por outros observadores.
Expressa-se na prática através da competência científica dos enfermeiros, capacidade de
resolver problemas concretos através de um raciocínio lógico.

Saber ético ou a componente moral do saber – a ética será sempre a primeira dimensão da
enfermagem. A ação do enfermeiro é conduzida por princípios ético-morais de justiça
equitativa. O saber ético manifesta-se em comportamentos constatáveis e observáveis pelos
pares e regidos pelo código deontológico.

Saber pessoal – utilização do próprio “eu” na prestação de cuidados como instrumento


terapêutico. Detentores de um autoconhecimento. O desenvolvimento do saber pessoal resulta
da capacidade de questionar, refletir individualmente ou em grupo.
Três aspetos do conhecimento pessoal:

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Conhecer o próprio (apropriação do saber por uma pessoa)


Saber que (conhecimento explícito)
Saber como (conhecimento implícito ou prático)

Saber estético ou a arte – criação artística de elevado valor estético (lógico e belo) resultante
de experiências humanas extremas de grande significado para quem nelas participa. A
enfermagem não é uma técnica, mas sim uma ciência humana prática, ou seja, perante cada
situação, que é diferente da anterior porque é humana, sermos capazes de uma resposta
adequada, logo criativa.

Saber reflexivo – o conhecimento reflexivo, reportando-se à incerteza, evoca a


imprescindibilidade de reflexão sobre a ação, o desenvolvimento de atitude crítica, a exploração
de situações a um nível cada vez mais profundo, a abertura à aprendizagem contínua e à prática
da interdisciplinaridade. Este tipo de conhecimento instiga o enfermeiro a repensar o seu fazer,
o seu saber e o seu ser, ou seja, a adoção de uma postura crítica face ao contexto da prática
implica, necessariamente, pensar em transformações.

Saber sociopolítico – relaciona-se com o poder, com o envolvimento da enfermagem na


estruturação de políticas de saúde. Relacionando de modo desafiador a teoria e a prática,
compreendendo e discutindo as consequências da profissão para a saúde e para a qualidade de
vida, é expectável “a participação criativa do enfermeira nas instâncias decisórias das políticas
públicas, socias e institucionais intervindo na estruturação social e política das práticas de
saúde”.

Conhecimento em enfermagem, segundo Kim:


O pensamento teórico da enfermagem (próprio das ciências humanas práticas) provém da
conjugação de dois vetores:
Conhecimento privado – conhecimento clínico, ético, pessoal, intuitivo e da experiência
prática – desenvolvimento por cada um, de iniciado a perito, arte e expertise.
Conhecimento público – forma de saber estruturada no conhecimento científico, com base na
sistematização de evidências científicas sob a forma de teorias e consensos.
Em disciplinas práticas, os profissionais não são apenas os utilizadores do conhecimento da
disciplina (público), mas também os possuidores de certos conjuntos de conhecimentos
(privado).
Paradigmas e cuidados centrados

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Período profissional: cuidados centrados no ambiente


• Esporádico, desqualificado socialmente e mal remunerado
• Grosseira aplicação dos tratamentos médicos
• Ausência de especificidade de funções e de autonomia técnica
• Condições de trabalho altamente penosas nos hospitais
• Conduta pessoal reprovável
• Dificuldade no recrutamento de pessoal
• Ausência de estruturas de formação
Conceitos Cuidados centrados no ambiente
Intervenção: fornecer o melhor ambiente
para que as forças da natureza permitam a
Cuidados recuperação ou a manutenção da saúde; O
enfermeiro obedece a regras e às normas
aprendidas
Possui componentes físicas, intelectuais,
Pessoa emocionais e espirituais; tem a capacidade e
a responsabilidade de mudar a sua situação
Vontade de utilizar cada capacidade que a
Saúde
pessoa possui

Campo Conceitos centrados no ambiente


Prática em meio clínico e comunitário;
Prática
controlo das condições sanitárias
Princípios de higiene pública; prevenção das
Formação infeções e das escaras; ensino sobre modos
de vida saudáveis
Objeto da pesquisa: observação e
Investigação
compilação de dados estatísticos
Gestão Gestão centralizada em meio hospitalar

Período profissional: cuidados centrados na doença


O sistema hospitalar organiza-se em torno da investigação e da reparação da doença
Direciona a sua atuação para a doença, na procura de um estado biológico normal, exigindo,
desse modo, alta tecnologia
Desvalorização progressiva dos cuidados de manutenção de vida
Conceitos Cuidados centrados na doença
Cuidados Intervenção – fazer por;
Eliminar os problemas;
Reduzir os deficits;
Substituir nas incapacidades;
O enfermeiro tem conhecimento e
habilidade.
Pessoa É um todo formado pela soma das suas
partes em que cada um é reconhecível e
independente; não participa nos cuidados
Saúde Estado estável e altamente desejável,
perceção positiva
Ausência de doença

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Campo Cuidados centrados na doença


Prática Medidas de higiene específicas para o
controlo das doenças;
Procedimentos normalizados
Conjunto de tarefas delegadas
Formação Memorização de sinais e sintomas das
doenças;
Conferência por médicos;
Habilidades técnicas;
Investigação Objeto de pesquisa: doenças contagiosas e
planos de cuidados específicos;
Avaliação das técnicas de cuidados, das
funções e das atividades dos enfermeiros
Gestão Gestão centralizada, sistema de caso por
caso e gestão funcional;
Orientação para a tarefa

Paradigma – corrente de pensamento e maneira de ver e compreender o mundo que influência


o desenvolvimento de conhecimentos e competências no âmbito das disciplinas.
Fenómeno – representação de uma realidade (situação, processo ou grupo de acontecimentos)
percebidos ou sentidos de maneira consciente, e sob várias facetas.

Paradigma da categorização
Os fenómenos são divisíveis em categorias, classes ou grupos definidos, considerados como
elementos isoláveis ou manifestações simplificáveis.
Uma alteração num fenómeno é consequência de condições anteriores. Assim, os elementos e
as suas manifestações conservam entre si relações lineares e causais. Sob o ângulo deste
paradigma, o desenvolvimento dos conhecimentos orienta-se para a descoberta de leis
universais.

Paradigma da integração
Este paradigma influenciou a orientação da enfermagem para a pessoa;
Saúde e doença passaram a ser perspetivadas como entidades distintas que coexistem em
interação dinâmica. Evolução de teorias da psicologia.
Prolonga o paradigma da categorização reconhecendo os elementos e manifestações de um
fenómeno integrando-os num contexto no qual se situa;
Este paradigma é orientado para a pessoa. Considera-a como um todo composto por todas as
partes que estão interrelacionadas, as dimensões fisiológica, psicológica, sociológica, cultural e
espiritual daí a expressão: “A pessoa é um ser bio-socio-cultural-espiritual”.

Período profissional: cuidados centrados na pessoa


Conceitos Cuidados centrados na pessoa
Intervenção:
Agir com;
Cuidados Determinar as necessidades de ajuda tendo
em conta a perceção ou a globalidade do
outro;

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O enfermeiro é um conselheiro que ajuda a


escolher os comportamentos de saúde mais
adaptados
É um todo formado pela soma das suas
Pessoa partes que são inter-relacionadas; participa
nos seus cuidados
Saúde e doença: distintos mas em interação
Saúde dinâmica; ideal que se espera segundo o
contexto na qual a pessoa vive

Campo Cuidados centrados na pessoa


Avanço tecnológico para manter a vida;
início dos conhecimentos próprios aplicados
Prática à prática; planos de cuidados segundo o
processo de resolução de problemas
aplicados aos cuidados
Conhecimentos de outras disciplinas das
ciências humanas socais; processo de
Formação
resolução de problemas aplicados aos
cuidados
Objeto de pesquisa: o utente e o seu
ambiente; o desenvolvimento de uma base
Investigação específica de conhecimentos; a
experimentação de quadros teóricos de
outras disciplinas
Gestão centralizada, sistema de equipa;
Gestão
orientação para a pessoa.

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