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Joana Silva 15-11-2021

Psicologia em Saúde- 1º frequência.

• PSICOLOGIA E SAÚDE
1. Psicologia e Saúde
2. A Psicologia na área da saúde: perspetiva histórica
3. Psicologia Clínica e a Psicologia da Saúde: Áreas de intervenção
4. Contributos para outras áreas médicas
5. As correntes da Psicologia: técnicas de intervenção em contexto de saúde.

• SAÚDE E DOENÇA
6. Saúde e Doença
7. Definição de conceitos. Significações para o sujeito
8. A doença e a crise
9. Teorias de adaptação à doença: Moos, Lenventhal e Taylor
10. O coping

1. Psicologia E Saúde
Joana Silva 15-11-2021

PSICOLOGIA– estudo do comportamento e da atividade mental (Hilgrad e col. 1971).

Perspetivas explicativas do comportamento humano: o

NEUROBIOLÓGICA;
o COMPORTAMENTALISTA ou behaviorismo; o
COGNITIVISTA; PSICANALÍTICA;

o HUMANISTA.

Perspetiva Neurobiológica:

Tenta relacionar as ações do indivíduo com acontecimentos que ocorrem dentro


do seu corpo, particularmente no sistema nervoso e cérebro. Tende a reduzir o
comportamento observável, bem como o pensamento e as emoções, a processos
neurobiológicos.

Existe uma relação íntima entre a atividade cerebral, o comportamento e a


experiência.

Perspetiva Comportamentalista ou Behaviorista (Watson, Pavlov, Skinner):

O comportamento observável ou sejam, as sequências de estímulo-resposta, ou


de antecedentes-consequentes são o objeto da Psicologia. Renuncia à interpretação do
comportamento com base nos acontecimentos, sensações e perceções interiores.

Perspetiva Comportamentalista:

Procura observar, analisar e interpretar o comportamento com base no estudo de


sequências observáveis de S-R, ou de antecedentes-consequentes.

• Relaxamento Muscular;
• Respiração Diafragmática
Auto-monitorização.

Perspetiva Cognitivista (Tolman, Piaget,Kohler, Wertheimer):

Consideram que os seres humanos não são passivos recetores de estímulos,


mas que processam ativamente a informação e a transformam em novas formas e
categorias.

Ocorrem numerosas transformações entre estímulo e a nossa experiência de ver,


de ler, e de lembrar.

As pessoas pensam, planeiam, tomam decisões com base na informação contida


na memória, e escolhem seletivamente entre estímulos no ambiente, dando atenção a
alguns e esbatendo outros.

Cognição = processos mentais que transformam a informação sensorial, a


codificam, a armazenam na memória e a recuperam mais tarde para ser usada.

Perceção, imaginação, resolução de problemas, memória e pensamentos =


fases da cognição.

As crenças e os pensamentos irracionais são os responsáveis pelo aparecimento


dos quadros psicopatológicos----------------→ Paradigma da Reestruturação Cognitiva.
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PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE

→Witmer (fins do séc.XIX), apresentou um novo método de investigação e instrução que


designou por Psicologia Clínica.

Psicologia e Saúde:

Desenvolvimento de técnicas de avaliação psicológica, e acompanhamento das


vítimas de guerras.

Aplicação do método clínico e o raciocínio clínico, inferindo hipóteses (baseadas


na observação), e que são testadas na clínica ou em laboratório.

A PSICOLOGIA CLÍNICA GANHA ESTATUTO E INSTALA-SE NOS HOSPITAIS


PSIQUIÁTRICOS.

Os profissionais que estavam a trabalhar nos hospitais psiquiátricos são


solicitados para trabalharem com doentes não mentais, mas com problemas de
adaptação à sua doença, às sequelas da doença, ou outras equivalentes.

McIntyre, (1994) «ciência da saúde, que contribui para uma melhor compreensão
dos fatores envolvidos a saúde e na doença».

Psicologia Cínica Psicologia Saúde

Psicologia Clínica Saúde

Perspectiva Humanista (Rogers):

Assente sobre as teorias fílosóficas existencialistas (Kirkegaarde, Nietsche,


Sartre), com a sua ênfase no “livre arbítrio” e na motivação para a auto-realização.

Rejeita o conceito que o homem seja controlado por estímulos externos ou por
instintos inconscientes.

O Homem é o protagonista do seu próprio destino, capaz de o controlar, e de mudar o


mundo à sua volta. O mais importante, sempre: HOMEM.

Condições mais importantes no processo terapêutico:

✓ Empatia (diferente de simpatia);


✓ Aceitação Positiva Incondicional;

✓ Congruência.

Perspectiva Psicanalítica:
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Charcot – terapias de histeria e o método hipnótico.

Histeria – surge após trauma; alterações cerebrais e não causa psíquica.

Método hipnótico livre associações de ideias

Recuperação de material reprimido no inconsciente e

gerador de sintomatologia

REPRESSÃO (mecanismo psíquico da resistência)

Freud ->tenta compreender de que forma é que os fatores psíquicos produzem


mudanças físicas no SN.

PSICANÁLISE-> conteúdo do pensamento.


(Charcot, Freud):

O comportamento humano é determinado por instintos inatos que são em


grande parte inconscientes.→ o que gera repressão→ o Processos inconscientes =
pensamentos, medos, desejos dos quais a pessoa não está consciente de que
influenciam o comportamento → FRUSTRAÇÕES.

Impacto das forças inconscientes sobre o corpo → CONVERSÃO HISTÉRICA.

Os impulsos inconscientes encontram expressão através dos sonhos, atos


falhados, maneirismos, sintomas de “neurose”, bem como através de comportamentos
socialmente aceites, como a atividade artística, literária ou científica.

➔ SONHOS (“estrada real para o inconsciente”)


➔ Conteúdo manifesto
➔ Conteúdo latente.

Todos os comportamentos humanos têm uma causa, que muitas vezes é uma
motivação inconsciente.

O Homem é impulsionado por instintos básicos de sexo (líbido) e agressão, e está


constantemente a lutar com a sociedade que exerce controle sobre esses instintos →
MÁSCARA PERMANENTE.

O dinamismo consciente rege-se pelo princípio da realidade, enquanto o dinamismo


inconsciente se rege pelo princípio do prazer.
Existem três níveis de consciência:

▪ Consciente
▪ SUB- consciente ▪ Inconsciente.

Estruturas da personalidade:
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➢ Id – fonte dos impulsos básicos (princípio do prazer)


➢ Ego – parte racional da personalidade (princípio da realidade)
➢ Super ego – regras e ideias da sociedade interiorizadas pelo sujeito.

COMPORTAMENTOS E SAÚDE:

➔ PSICOLOGIA E COMPORTAMENTO:

DOENÇA era gerada por espíritos malignos e técnicas de trepanação.

Medicina Antiga (medicina grega e romana):

• Preocupações dos profissionais de saúde centravam se no meio ambiente:


água, ar, alimentos e excrementos
• 312 a.c primeiro aqueduto que conduziu água pura para Roma
• Limpeza das vias publicas
• Supervisão das carnes e produtos perecíveis.
HIPOCRATES – TEORIA HUMORAL – equilíbrio entre os quatro humores (sangue,
bile negra, bile amarela e fleuma).

Influencia Religiosa – igreja cristã medieval → Doença como uma punição de Deus.

RENASCIMENTO:

• Investigação Científica -primeiros desenhos anatómicos


• Descartes – Corpo Humano como uma Máquina.

Primeira Revolução da Saúde - MODELO BIOMÉDICO:

Com o Renascimento (séc XIV) e com a revolução francesa, a medicina


transforma-se numa medicina científica.

Teoria do Germe postula que um organismo patogénico específico estava


associado a uma doença específica.
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A medicina tornou-se cada vez mais científica e tecnológica, permitindo um maior


controlo sobre as doenças, melhor qualidade de vida das populações, mas aumentou o
número de população com doenças crónicas.

A medicina tornou-se cada vez mais científica e tecnológica, permitindo um maior


controlo sobre as doenças, melhor qualidade de vida das populações, mas aumentou o
número de população com doenças crónicas.

Com a revolução industrial introduz mudanças acentuadas em todos os sectores


da sociedade, com elevados movimentos de migração com consequências nefastas
para o equilíbrio ecológico (epidemias e pragas).

A prevenção passa pelo controlo do agente patogénico alterando as condições


do ambiente, e quando estas medidas falhavam e a doença se instalava recorria-se à
cura, que se tornou mais fácil a partir do séc. XX com a descoberta das vacinas e dos
antibióticos.

Segunda Revolução da Saúde (déc. 70):

Meados do séc XX surge uma nova epidemia: Epidemia Comportamental Julius


Richmond (1979) - relatório sobre a saúde dos americanos «Segunda revolução da
saúde»

Foco passa a ser a Saúde e não a Doença;

Os principais fatores de risco e responsáveis pela maioria das doenças nos


americanos eram o fumar, consumir álcool, drogas, correr riscos que dão origens a
mortes sobretudo nos jovens.

Comportamento humano como principal causa de morbilidade e mortalidade nos


países desenvolvidos.

Emergência da Psicologia da Saúde:

EUA: 1973

American Psychological Association (APA) cria uma task force on health research
com o intuito de estudar “a natureza e a extensão da contribuição dos psicólogos para
a investigação básica e aplicada sobre os aspetos comportamentais nas doenças físicas
e na manutenção da saúde”.
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MODELOS DE ADAPTAÇÃO PSICOSSOCIAL À DOENÇA CRÓNICA:

Leventhal e col. (1980,1985) definiu um modelo de compreensão de adaptação


à doença, baseado nas COGNIÇÕES SOBRE A DOENÇA - "crenças implícitas do
senso comum que o paciente tem sobre as suas doenças".

Leventhal e col. identificaram 5 dimensões cognitivas destas crenças:


1. Identidade (diagnóstico, sintomas);
2. Causa percecionada da doença;
3. Dimensão temporal;
4. Consequências;
5. Possibilidade de cura e controlo da doença.

Isto chama-se: MODELO DE AUTO-REGULAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE


DOENÇA.
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A CRISE SURGE QUANDO HÁ UM QUEBRA DA HOMEOSTASIA, OU SEJA, ALGO


AMEAÇADOR.
TEORIA DA CRISE DE KAPLAN:

1944 - G.Kaplan e Liderman estudam as reacções subjectivas em condições de


urgência (catástrofes).

1964 publica o livro "Principios de Psiquiatria preventiva", na qual propõe uma


das primeiras definições de crise.

CRISE- "surge do desequilíbrio entre a dificuldade e a importância do problema,


e os recursos imediatamente disponíveis para resolvê-los."

MODELO DE RUDOPH MOOS:

O que influência a resolução de crise (doença):


1. Fatores pessoais (idade, sexo, raça, religião)
2. Fatores relativos à crise
2.1. Biológicos (doença, sintomas, tratamento)
2.2. Psicológicos (coping, personalidade, estado civil)
2.3. Físicos/ambientais (local onde vive, catástrofes)
2.4. Socioculturais (papel que ocupa na sociedade) 3. Fatores sociais e
ambientais (redes sociais de apoio).

COPING:
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Após a década de 60 - Teoria de coping enfatiza os comportamentos de coping


e seus determinantes cognitivos e situacionais.

Coping é definido como um conjunto de esforços, cognitivos e comportamentais,


utilizado pelos indivíduos com o objetivo de lidar com exigências específicas, internas
ou externas, que surgem em situações de stress e são avaliadas como sobrecarregando
ou excedendo os seus recursos pessoais (Lazarus & Folkman, 1984).

Folkman e Lazarus (1980) propõem um modelo (Modelo de Processamento do


Stress e Coping) que divide o coping em duas categorias funcionais: coping focalizado
no problema e coping focalizado na emoção.

O modelo de Folkman e Lazarus (1980) envolve quatro conceitos principais:


a) Coping é um processo ou interação entre o individuo e o meio
b) Utilizado numa situação de stress
c) implica uma avaliação da situação
d) mobilização de esforços cognitivos e comportamentais para gerir as
exigências internas ou externas.

Estilos e Estratégias de Coping:

Os estilos de coping têm sido mais relacionados a características de


personalidade ou a resultados de coping podendo refletir a tendência a responder de
uma forma particular quando confrontados com uma série específica de circunstâncias.

As estratégias de coping referem-se a ações cognitivas ou de comportamento


tomadas no curso de um episódio particular de stress.

O coping focalizado no problema constitui-se em um esforço para atuar na


situação que deu origem ao stress, tentando mudá-la.

A ação de coping pode ser direcionada internamente ou externamente. O coping


focado na emoção constitui-se em um esforço para controlar as emoções associadas;
envolve esforços para administrar ou regular as emoções negativas associadas ao
episódio de stress.
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O coping focado na emoção pode facilitar o coping focado no problema por


remover a tensão e, similarmente, o coping focado no problema pode diminuir a ameaça,
reduzindo assim a tensão emocional.

Lazarus e Folkman (1984) propõem oito fatores para o estudo do coping:

1. confronto (esforços agressivos de alteração da situação, podendo


apresentar grau de hostilidade e risco envolvido);
2. afastamento (esforços cognitivos de desprendimento e minimização da
situação);
3. autocontrole (esforços de regulação dos próprios sentimentos e ações);
4. suporte social (procura de suporte informativo, suporte tangível e suporte
emocional);
5. aceitação de responsabilidade (reconhecimento do próprio papel na
situação e tentativa de recompor o problema);
6. fuga e evitamento (estratégias para escapar ou evitar o problema);
7. resolução de problemas (esforços focados sobre o problema, buscando
alterar a situação);
8. reavaliação positiva (criação de significados positivos, podendo, também,
apresentar dimensão religiosa).
Otimismo:

▪ Expectativa geral de que as coisas agradáveis serão abundantes no futuro e de


que as desagradáveis serão escassas (Scheier & Carver, 1992)
▪ Uma atitude optimista parece ser um traço adaptativo importante para a evolução
da espécie (Zuckerman, 2001).

Baseado na teoria das Atribuições o otimismo explicativo caracteriza-se:


o global/especifico; o
permanente /temporário; o
interno/externo.

Mindfulness

O Mindfuness tem como origem as práticas de meditação orientais, conhecida por


Vipassana Meditation ou Meditação de Insight que é uma forma de meditação de
mindfulness, cujas origens surgem do Budismo.

Definido como um estado em que cada um se centra na sua consciência e na realidade


presente, o objetivo do mindfulness é a aceitação e reconhecimento do próprio,
abstraindo-se de pensamentos e emoções que possam emergir da situação (KabatZinn,
2003).

Atuação do Mindfulness:

a. exposição - as prolongadas exposições a sensações corporais e emoções,


abstraindo-se das consequências, pode conduzir a uma dessensibilização e
reduzir a as reações emocionais excessivas;
b. mudança cognitiva - a atenção plena nos pensamentos, emoções e sensações
corporais do momento, sem julgamentos, desenvolvida pela prática do
mindfulness, permite encará-los como meros pensamentos e não a realidade da
situação;
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c. autorregulação - resultante do mindfulness, a melhoria da auto-observação e


reflexão permite uma maior mobilização de estratégias de coping bem como o
reconhecimento das consequências dos comportamentos e atitudes;
d. relaxamento – o treino do mindfulness pode ser indutor de relaxamento, ao
mesmo tempo que ajuda a controlar os sintomas e distúrbio psíquicos, como
controlo de sintomas autonómicos, pensamentos acelerados e tensão muscular;
e. aceitação – é um dos objetivos principais do treino do mindfulness; a aceitação
do momento presente da realidade.

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