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ESCOLA SECUNDÁRIA DE RIO TINTO

A AÇÃO HUMANA

Todos nós distinguimos intuitivamente entre as coisas que fazemos e aquelas que nos acontecem. Nas coisas que
fazemos há uma certa causalidade ou iniciativa que parte de nós. Naquelas que nos acontecem limitamo-nos a ser
recetores de efeitos que nós não iniciámos.
Comprar uma cautela é algo que eu faço; que me saia a lotaria é algo que me acontece.
Matar-me é algo que eu faço; morrer é algo que me acontece. Quando o ladrão me rouba a carteira, o roubo da
minha carteira é algo que o ladrão realiza ou faz, mas é algo que a mim me acontece. A causa ou origem da ação está
no gatuno, não em mim. Ele rouba-me, eu sou roubado.
A distinção entre a voz ativa e a voz passiva dos verbos – comum a muitas línguas – reflete esta dicotomia: ação e
paixão, o que fazemos e o que nos acontece.
Entre as coisas que fazemos, fazemos umas voluntariamente, porque queremos fazê-las, enquanto outras fazemo-
las sem querer.
Fazemos voluntária ou intencionalmente as coisas que fazemos querendo fazê-las, consciente e propositadamente.
Em tais casos dizemos que temos a intenção ou o propósito de fazer o que fazemos.

E. Anscombe, Intention

Uma ação é um ato humano, isto é, um comportamento intencional, consciente (com


conhecimento de causa) e voluntário. Não podemos reduzir a ação ao puro e simples movimento: um
movimento que não é determinado por uma intenção ou propósito não tem o direito ao nome de ação.
As ações são atos livres, em que se realiza algo, mas em que se poderia ter feito outra coisa;
de entre várias possibilidades de ação escolhemos dar realidade a uma, podendo, contudo, ter
escolhido outro caminho.
Uma ação é dotada de intencionalidade. Diremos então que é, de certo modo, premeditada,
projetada no futuro como fim a alcançar antes de ser realizada.

ATIVIDADE 1
1. As ações humanas são ações voluntárias. Quer isto dizer que são ações que escolhemos
por gosto? Voluntário é sinónimo de agradável?
2. O que distingue um cleptómano de um vulgar ladrão?
3. A ação é uma mera execução de movimentos corporais?
4. Qualquer ação constitui um acontecimento. Mas poder-se-á dizer que todos os
acontecimentos são ações? Se eu desmaio no meio da rua, trata-se de uma ação?

ATIVIDADE 2
5. Se vejo uma pessoa a correr, mas não sei porquê, será que na realidade sei o que ela está a
fazer?
6. O resultado da ação é a transformação da intenção em facto. O que é uma intenção
frustrada? Poderá falar-se de intenções boas independentemente da sua realização?
7. Tendo fome, como um bolo numa pastelaria. Consigo o que quero, mas, mais tarde, fico
indisposto. Saciar a fome é resultado ou consequência da ação? E ficar indisposto?
8. Suponhamos a seguinte ação: apanhar um táxi. Imaginemos que a minha intenção é chegar
a horas ao trabalho e que o motivo pelo qual apanho o táxi é o facto de não ter acordado a
horas. Imagina ou inventa o resultado da ação e também possíveis consequências.

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