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Luis Julio Carlos Pires

Resumo de Todos os Trabalhos em Grupo


(Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações)

Universidade Rovuma
Nampula
2021
Luis Julio Carlos Pires

Resumo de Todos os Trabalhos em Grupo

O presente trabalho é pertencente FEP, Curso de


Psicologia Social e das Organizações, 2o ano
regime laboral, na cadeira Psicopatologia,
leccionado pela docente:

MA: Lúcia Maurício

Universidade Rovuma

Nampula

2022
Índice
Introdução
I- Psicopatologia infro- infantil

De acordo com a OMS (2015), os transtornos mentais são um dos maiores problemas de
saúde do mundo acometendo mais da metade da população. Metade das condições de
saúde mental começa aos 14 anos de idade, mas a maioria dos casos não são tratadas ou
detectadas.

Dentro dos transtornos mentais existe um leque de doenças que afectam a pessoa de
maneiras diferentes. Algumas dessas doenças são reconhecidas pela população, mas
poucas são realmente compreendidas, como transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno
do pânico, depressão, uso de substâncias dentre outras. As pessoas com transtorno
mental lidam com discriminação e estigma diariamente em todas as partes do mundo
(OMS, 2019).

Família e o transtorno mental

No aspecto biológico a família é relacionada à consanguinidade e genética, no


psicológico é a partir da individualidade de cada um que a define, no social a estrutura
“família” é o grupo de pessoas que se cria, convive e cooperam de diversas formas ( por
exemplo econômica), e essa estrutura se diferencia conforme a cultura e vem sendo
atualizada ao longo dos anos. Osório e Koening (1992)

Transtorno mental

Atritos e conflitos podem nascer de obstáculos de comunicação, por influência externa,


por violência, por adoecimento de um de seus membros ou até mesmo diferença de
opiniões. Alguns destes casos podem trazer mudanças irreversíveis. Mudanças
familiares podem gerar uma cadeia de eventos, muitas vezes a partir do sentimento de
cada um de seus membros Minuchin (1974).

A psicopatologia leva em consideração os sintomas e analisa a origem endógena,


agrupa todo o conhecimento relacionado à saúde mental sendo considerada o ramo mais
amplo pois vê o indivíduo em seu todo. Dalgalarrondo (2008).
Os transtornos mentais são condições que afectam a maneira como a pessoa não apenas
lida com a vida, mas como ele vê a vida, e como esta vida é impactada a partir das suas
manifestações Cheniaux (2015).
Crianças e Adolescentes: dimensões psicológicas e Desenvolvimentais

A infância é o período de maior significância na formação do ser humano, a partir do


momento do nascimento, o ser humano está em constante desenvolvimento. O recém-
nascido é inserido no mundo, que até então protegido no útero de sua mãe, agora tem que se
adaptar ao novo habitat, e seu desenvolvimento dependerá de inúmeros fatores.
Hockenberry e Wilson (2014).

O desenvolvimento infantil é composto por diferentes períodos. O primeiro período pré-


natal, que inclui o momento da concepção até o momento do nascimento não será
considerado neste estudo, pois os tópicos a serem abordados terão início a partir da latência,
focando desde o nascimento no desenvolvimento da criança, nos impactos familiares,
sociais, culturais e psicológicos. Gladstone (2011)

O normal e o patológico na psicopatologia infantil


A normalidade da criança a partir da maneira pela qual, aos poucos, se estabelecem os aspectos
tópicos e Dinâmicos da personalidade e do modo pelo qual se engajam e se resolvem os
conflitos pulsionais. Bergeret (1996).

Histórico a psicopatologia

A história da psicopatologia caminha com a história da psiquiatria, enquanto domínios


correlatos. A psiquiatria, concebida dentro dos parâmetros de desenvolvimento da
Medicina, adquiriu reconhecimento como especialidade somente no século XVIII, com
os trabalhos de nosólogos como Pinel, Tuke, Rush, que realizaram as primeiras
classificações da loucura, influenciados pelo pensamento classificatório típico do
empirismo, perspectiva dominante na ciência.

Psiquiatria Fenomenológica
Psiquiatria fenomenológica deu-se a partir do momento em que alguns profissionais da
medicina passaram a se interessar pelas concepções defendidas por Husserl e, também,
por Heidegger, pois estes filósofos forneciam elementos para se compreender o existir
humano concreto, portanto, as condições para a constituição do sujeito, e daí, as
condições para ocorrerem as dificuldades psicológicas e as psicopatologias.

As premiras colaborações medico - pedagógico no século XX


Na tendência actual algo esta mudando, ate hoje são encontrados dois grupos claros na
psicopatologia: aqueles que interferem pela investigação básica dos processos
psicopatologias subjectivos e aqueles interessados na prática clínica, que procura
evitarem os modelos etiológicos e se interessa muito mais pela técnica e procedimentos
diagnósticos a partir de uma posição próxima da fenomenologia.
Cada disciplina que se ocupa do sofrimento psíquico produz modelos específicos de
psicopatologia, coerentes respondendo certos problemas. Lonescu (1997). Os diferentes
enfoques são:
Fenomenologia; aprende os dados imediatamente da consciência tais como eles se
apresentam; utiliza uma compreensão empática. O fenómenologo busca colocar-se no
lugar do paciente, a fim de sentir como ele sente, em sintonia e consonância com ele.
Transcreve as vivencias patológicas e descreve as condutas anormais do doente,
indignado sempre a essência dos fenómenos apresentados.

Psicodinâmica; valoriza o papel do Ics buscando o significado do sintoma, e levando


em conta os fenómenos da transferência. A perspectiva, que passa a ser chamada de
psicodinâmica, pauta-se na concepção de que o ego é uma substância, ao estilo de
Descartes, ou seja, uma estrutura mental, sustentada em si mesma, preenchida por uma
série de elementos psíquicos: traço de carácter, emoções, inteligência, fantasia, aspectos
psicológicas os mais variados. Decorre daí que a doença mental passou a ser concebida
como sendo resultante de um conflito de ideias, ou ainda, problemas de ordem mental.

Analítico – existencial; retira o foco da existência dos fenómenos para existência dos
pacientes em obediência aos preceitos existencial e o método psicanalítico. Confere
importância as formas de existências patológicas, as noções de tempo e espaço em nossa
vida psíquica e aos modos de adoecer mentalmente. Minkowsi (2004)

Neurociência; busca a porte da psicofarmacologia para possibilitar-lhes melhor


conhecimento bioquímico dos transtornos mentais.

Psicopalogia Experimental; Palvlov utiliza pela primeira vez este termo em 1903. É
abordagem dedicada ao estudo do comportamento patológico experimental ao estudo
experimental do comportamento patológico.

Psicopalogia Behaviorista; os comportamentos anormais e normais são adquiridos e


mantidos por mecanismos idênticos e segundo leis gerais de aprendizagem. Rejeita toda
causa interna como causa última do comportamento ao ambiente do sujeito.
Psicopalogia Cognitivista; visa explicar os processos mentias levando em conta os
processos pelo s quais uma pessoa adquire informações sobre ela e seu meio e as
assimila a pautar seu comportamento. Assim, os determinantes principais do
comportamento anormal são construtores cognitivos. A mente é entendida como sistema
de processamento de informação, o qual, como os computadores recebe, selecciona,
transforma, armazena, e recupera dados. Os transtornos podem ser explicados a partir de
um mau funcionamento de alguns componentes desses sistemas.

Psicopalogia Existencial; procura ver o paciente o paciente ta como é realmente,


descobri-lo enquanto ser humano, enquanto ser no mundo e não como uma simples
projecção das nossas teorias sobre ele, interessados pela decisão e vontade dele humana,
os existencialistas insistem sobre o fato que o ser humano pode influir na sua relação
com o próprio destino. Coloca em questão a fronteira entre a normalidade e a patologia,
fazendo-nos descobrir uma psicopatologia da média.

Psicopatologia biológica; coloca influência das modificações morfológicas ou


funcionais do sistema nervoso sobre a génese dos transtornos mentias. Nesta abordagem
transtornos mentais são enfermidades cerebrais, que podem ser causadas por um agente
externo; como um vírus que ataca o organismo. Mau funcionamento de alguns órgãos
(enfermidades sistemática) ou trauma (enfermidade traumática). Buss e Meyer (1962).

Psicopatologia psicanalítica; leva em conta os conceitos fundamentais da psicanálise, a


transferência, a pulsao e a repetição.

Psicopatologia social ou psicopatologia psiquiátrica; estudo do papel dos factores


sociais na etiologia das manifestações psicológicas ou sociogenese destas e as
repercussões da doença mental sobre as relações do paciente com o meio.

II - Simiologia Dos Transtornos Mentais

Defini-se como ciência dos signos. Entendesse como sinal qualquer estimulo emitido
pelo objectos do mundo.

Semiotica ou semiologia é o estudo de sinais sintomas das enfermidades, estudo este


que inculi a lindentificaçao das alteraçoes fisiscas mentais, a ordenaçao dos fenomenos
observados e formulaçao de diagnostico.
Os sinais e sintomas representam os signos da patologia e da medicina em geral. Os
sintomas são subjectivos e aparecem nas queixas do paciente, como a dor, o sentimento
de tristeza e a escuta alucinatoria. São objectivos ou seja verificaveis pela observaçao
direta. Elas podem ser dectado por outra pessoa ou pelo mesmo paciente

A sensopercepção constitui a primeira etapa da cognição, ou seja, do conhecimento do


mundo externo. Este se refere aos objetos reais, isto é, àqueles que estão fora de nossa
consciência.

Sensação e perceção

De acordo com Alonso &Fernández (1976), a sensação é um fenômeno passivo, físico,


periférico e objetivo que resulta das alterações produzidas por estímulos externos sobre
os órgãos sensoriais. Através da sensação, podemos distinguir as qualidades mais
elementares dos objetos: cor, forma, peso, temperatura, consistência, textura, timbre,
sabor etc.

Segundo Alonso & Fernández (1976), a perceção é um fenômeno ativo, psíquico,


central e subjetivo é um fenômeno consciente, que resulta da integração das impressões
sensoriais parciais e da associação destas às representações.

Classificação das qualidades sensoriais:

I. Exterocetivas: visuais, auditivas, gustativas, olfativas, cutâneas (táteis, térmicas,


dolorosas) Interoceptivas (ou cenestésicas): bem-estar, mal-estar, fome, sede,
sensibilidade visceral
II. Propriocetivas: cinestésicas (movimentos corporais), posição segmentar do
corpo, equilíbrio, barestesia (sensibilidade à pressão), palestesia (sensibilidade
para vibrações).

A distinção entre sensação e perceção é artificial. Não chegam à consciência sensações


parciais, apenas configurações globais, totalidades estruturadas. A perceção não é
meramente uma soma de sensações parciais.

Pareídolia

O termo pareídolia, criado por Jaspers, vem do grego para (ao lado) + eidos (figura).
Esse fenômeno consiste em uma imagem (fantástica e estrotejada) criada
intencionalmente a partir de perceções reais de elementos sensoriais incompletos ou
imprecisos.

Alucinação

O termo alucinação tem origem no latim, alucinar, que significa dementado,


enlouquecido, privado da razão.

A sensopercepção nos principais transtornos mentais

Esquisofrenia

A esquizofrenia apresenta grande riqueza alucinatória, especialmente na forma


paranoide. Predominam as alucinações cenestésicas e auditivas. As alucinações visuais
são raras. As pseudoalucinações parecem ser mais frequentes que as alucinações
verdadeiras, mas, na prática, a distinção pode ser difícil.

A sonorização do pensamento, vozes que dialogam entre si, vozes que tecem
comentários sobre o comportamento do doente e sensações corporais (cenestésicas)
impostas foram os sintomas sensoperceptivos incluídos por K. Schneider entre os de
primeira ordem para o diagnóstico de esquizofrenia. Os quadros apático-abúlicos
cursam com hipoestesia.

Transtorno de humor

Nos transtornos do humor podem ocorrer hiperestesia (na mania) ou hipoestesia (na
depressão) e ilusões catatímicas. Nos quadros afetivos com sintomas psicóticos, as
alucinações auditivas são as mais frequentes.

Delirium

No delirium predominam as ilusões e alucinações visuais, sendo difícil, na prática,


diferenciar umas das outras. Alucinações auditivas e táteis não são raras. Na
conceituação de Jaspers, seriam na verdade pseudoalucinações, em função da perda da
lucidez de consciência. Pode haver hipoestesia, micropsia, macropsia e dismegalopsia.
No deliriumtremens, são comuns as zoopsias (visões de pequenos animais) e as
alucinações liliputianas, além de alucinações táteis.

Transtorno da percepção
O transtorno de percepção está ligado as funções neuropsicológicas, que sofreram
lesões, prejudicando a parte de associação sensorial. Basicamente estão ligadas aos
sentidos do ser humano. Temos as agnosias (dificuldade no reconhecimento de formas
básicas) que são divididas em táteis, visuais e auditivas. No caso de uma agnosia visual,
o indivíduo não reconhece uma forma, apesar de ter uma visão normal.

Hiperestesia

A hiperestesia pode ser definida como uma hipersensibilidade a estímulos sensoriais


comuns, que, patologicamente, se tornam desagradáveis. Nesse caso, por exemplo,
ruídos de pequena intensidade tornam-se extremamente incômodos. Isso pode ocorrer
na depressão, em estados de ansiedade, na enxaqueca, no autismo e na ressaca pós-
intoxicação alcoólica.

Hipoestesia

A hipoestesia (ou hipopercepção) consiste em uma diminuição global da intensidade


perceptiva. O mundo parece mais escuro e sem brilho, a comida é insossa, os sons são
abafados etc. Observa-se principalmente em quadros estuporosos (com abolição da
psicomotricidade), sejam relacionados a depressão, esquizofrenia ou delirium.

Dismegalopsia

Na dismegalopsia, os objetos parecem deformados, algumas partes estão aumentadas ou


diminuídas.

IlusãoNororoide

A ilusão oniroide está relacionada a um quadro de rebaixamento do nível de


consciência. No delirium, as ilusões são predominantemente visuais e se associam, com
frequência, a fenômenos alucinatórios. Exemplo, de um paciente obnubilado, internado
em uma unidade de tratamento intensivo, ao olhar para um médico que se aproxima, ver
no pescoço deste uma cobra, quando na verdade trata-se de um estetoscópio.
O pensamento nos principais transtornos mentais

Esquizofrenia

Tipicamente, na esquizofrenia, o curso do pensamento é interrompido; mas pode ser


normal, acelerado (nas agitações) ou alentecido (no estupor). O bloqueio do pensamento
classicamente era considerado patognomônico de esquizofrenia. Quanto à forma, o
pensamento é desagregado, podendo ser ainda prolixo ou perseverante. Para Bleuler, o
afrouxamento nas associações de ideias era o distúrbio primário da esquizofrenia.

A desagregação está relacionada a um fenômeno típico da esquizofrenia denominado


fusão, que consiste na justaposição absurda e incompreensível de ideias e conteúdos
heterogêneos.

Cameron descreveu, na esquizofrenia, o pensamento superinclusivo, que é caracterizado


por uma incapacidade de preservar os limites conceituais: ideias irrelevantes ou
distantes da ideia principal são incorporadas a esta.

Mania

Na mania, tipicamente o pensamento é acelerado, com fuga de ideias. Se a aceleração


for muito intensa, pode haver desagregação.

Depressão

Na depressão, o pensamento está em geral alentecido. Algumas vezes temas niilistas, de


culpa ou ruína, mesmo que não sejam sob a forma de um delírio, podem se tornar
perseverantes.

Demência e retardo mental

Em função de déficit intelectivo, o pensamento torna-se prolixo ou perseverante e


concreto nos quadros demenciais e no retardo mental. Especificamente no caso da
demência, a perseveração do pensamento pode se dever também ao déficitmnêmico: o
indivíduo não se recorda de que já falou naquele assunto e, por isso, o repete.

Delirium

O pensamento no delirium pode se tornar acelerado ou alentecido, desagregado e


concreto.
Epilepsia do lobo frontal

Na epilepsia do lobo temporal, observam-se prolixidade e perseveração.

Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

No TOC, o pensamento é minucioso, com a presença de ideias obsessivas.

Há uma regressão para a fase anal-sádica, sendo assim reforçados os impulsos


agressivos relacionados ao conteúdo da maioria das ideias obsessivas, o que vai
intensificar conflitos intrapsíquicos. Há intensa ambivalência ao amor e ódio em relação
ao mesmo objeto, e o paciente teme destruir os objetos que ama. Além disso,
intensifica-se o pensamento mágico, que é onipotente “pensar faz acontecer” Por fim, o
superego se torna mais rígido e punitivo.

III - Organizações do Controle Esfincteriano e seus Distúrbios


Durante os primeiros anos de vida nenhumas crianças têm ainda controle voluntario dos
esfíncteres e quando começam a controla-lo, o controle diurno aparece antes que o
nocturno. O controle total dos esfíncteres aparece, na maioria das crianças, entre os 2 e
4 anos, tanto para o controle diurno quanto nocturno, mas não podemos considerar
patológicos ainda, o descontrole até os 5 anos.

O desenvolvimento do controle voluntario dos esfíncteres depende de vários factores.


Embora entre eles sejam importantes treino, a aprendizagem e a maduração
neurofisiológica, esse controle costuma estar condicionado ao desenvolvimento afectivo
da criança, ou seja, ao equilíbrio da comunicação mãe-filho.

De acordo com as circunstancias, o descontrole esfincteriano pode servir aos propósitos


emocionais da criança, como uma espécie de comunicação dos seus sentimentos para
com a mãe, seja satisfação ou oposição. Podem coexistir com enurese e encoprese (fazer
coco nas calcas), o sonambulismo e o terror nocturno.

Enureses

O termo enurese, de origem grega, significa “molhar-se ou urinar sobre si”. Sendo assim
define uma micção em Condição socialmente inaceitável. Enurese noturna significa a
ocorrência de micção durante o sono. A frequência mínima desse acontecimento seria
de, pelo menos, um episódio mensal. Sendo um sintoma único após a idade habitual de
aquisição da continência, a enurese é dita monossintomática (ENM). Pressupõe
normalidade do sistema nervoso, urinário, ou ausência de outras condições orgânicas
bem definidas como fator causal. Associada a outros sintomas, seria a enurese noturna
dita polissintomática.

A classificação da enurese é simples. Apenas dois aspectos precisam ser considerados: o


período mais longo de continência e se sintomas do trato urinário inferior estão
presentes:

• Enurese primária significa que a criança tem continência a menos de 6 meses (ou
nunca teve período prolongado de continência urinária).

• Enurese secundária significa que ocorreu uma recaída depois de um período de pelo
menos 6 meses de continência.

Encoprese

Encoprese (ou incontinência fecal) é um transtorno que afeta crianças mundialmente. É


ainda mais estigmatizada do que a enurese e a incontinência urinária, e está associada a
altos níveis de angústia nas crianças e nos pais. Além disso, a taxa de transtornos
emocionais comórbidos é maior, afetando 30% a 50% de todas as crianças com
encoprese (von Gontard et al, 2011).

Duas grandes formas de encoprese podem ser diferenciadas: encoprese com e sem
constipação. A diferenciação específica para estes dois subtipos é de extrema
importância, pois diferem de acordo com a fisiopatologia, características clínicas e,
especialmente, tratamento (por exemplo, o primeiro não responde aos laxantes,
enquanto no segundo laxantes são essenciais no tratamento).

Epidemiologias A Encoprese é uma doença comum que afeta de 1% a 3% das crianças


com idade superior a quatro anos. Três trajetórias diferentes podem ser definidas (Heron
et al, 2008):

• Crianças com encoprese crônica ao longo de muitos anos

• Aquelas com recidivas, e

• Um grupo com tendência a remissão espontânea.


Em um estudo holandês, 4,1% das crianças com 5-6 anos de idade e 1,6% crianças
entre 11-12 anos foram afetadas (van der Wal et al., 2005). A valência depende da
definição utilizada; por exemplo, 5,4% das crianças de 7 de idade sujaram-se, mas
apenas 1,4%, uma ou mais vezes por semana oinson et al, 2006). A encoprese pode
persistir na adolescência e até mesmo na idade adulta jovem. Sem constipação (por
exemplo, incontinência fecal nãoretentiva), 49% das crianças sujaram-se com 12 anos
de idade, e 15% aos 18anos, em acompanhamento a longo prazo. (Bongers et al, 2007).
O prognóstico da constipação é menos favorável: apenas 80% tiveram um bom desfecho
com 16 anos de idade, e 75% a 80% aos 16-27 anos (Bongers et al, 2010).

Tratamentos

Após a avaliação, são fornecidas às crianças e aos pais informações detalhadas do


subtipo de encoprese (psicoeducação). Tal como no tratamento da enurese, fatores
inespecíficos como aumentar a motivação e construir um bom relacionamento
terapêutico são úteis. Sentimento de culpa, atribuições parentais disfuncionais (“meu
filho está fazendo isso de propósito”) e frustrações podem ser verbalizados.
Intervenções parentais ineficazes, como punição ou medicações não indicadas, podem
ser discutidas com os pais. Se a ingestão de alimentos da criança é restrita a alimentos
com baixo teor de fibras, uma mudança na dieta da criança pode ser útil. Além disso, a
quantidade de líquidos ingeridos deve ser aumentada, uma vez que muitas crianças não
consomem líquidos em quantidade suficiente ao longo do dia.

IV - Esfera Oro-alimentar

1. Transtornos Alimentares
Os Transtornos Alimentares (TA) são doenças graves, descritos como quadros
psiquiátricos que atingem, principalmente, adolescentes e adultos jovens do sexo
feminino, podendo gerar consequências biológicas e psicológicas com morbidade e
mortalidade elevada. São doenças com curso crónico, de difícil tratamento, com
desdobramentos para o estado nutricional do indivíduo, podendo favorecer tanto a
desnutrição quanto a obesidade.

São expressivamente mais comuns em mulheres (90%) do que em homens (10%),


conforme apontado no trabalho de revisão de Teixeira et al.4 realizado com estudos
nacionais e internacionais, e se relacionam à maneira como o sujeito vivencia seu corpo
e (re) organiza sua imagem corporal.

Entre os principais TA, encontram-se a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa


(BN), sendo a bulimia mais frequente que a anorexia, embora esta apresente maior
morbimortalidade.

1.1. Anorexia nervosa


O início do quadro clínico ocorre frequentemente a partir da elaboração de uma dieta,
em que o paciente inicia a restrição de grupos alimentares, eliminando aqueles que julga
mais calóricos. Essa restrição alimentar aumenta progressivamente, com diminuição do
número de refeições, podendo evoluir drasticamente, até o jejum. O paciente tem como
meta emagrecer, cada vez mais, desejando a todo custo ficar cada vez mais magro.

De acordo com Castro e Brandão (2014) a AN é caracterizada pela resistência da pessoa


em manter um peso apropriado para sua estatura, medo excessivo de ganhar peso,
recusa alimentar associada a uma distorção da imagem corporal, além de negação da
própria condição doentia. Existe ainda uma busca constante pela magreza. Neste caso o
peso e o formato corporal exercem nítida influência na determinação da auto-estima dos
pacientes, que via de regra aparece rebaixada.

Existem dois tipos de apresentação da anorexia nervosa:

 O restritivo;
 Purgativo.

Anorexia restritiva: os pacientes utilizam comportamentos restritivos associados à


dieta;

Anorexia tipo purgativa: acontecem episódios de compulsão alimentar, seguidos de


métodos compensatórios, como vómitos auto induzidos e o uso de laxantes e diuréticos.

1.2. Anorexia Masculina


Anorexia masculina é tão recente que até a literatura a respeito do tema é escassa e
muitas vezes bastante dispare. “Um dos factores ligados a esse tipo de transtorno, nos
homens, é a relação conflituosa com os pais. Mas nos trabalhos sobre o tema na
literatura médica, muitos indicam o homossexualismo como algo latente nesses
pacientes. Assim sendo as informações disponíveis ainda estão propensas a erros
diversos de interpretação”, observa Cangelli.

Um dos transtornos alimentares mais conhecido nos homens é a vigorexia nesse tipo de
transtorno a preocupação exagerada com o físico é levada a extremos e pode acobertar
comportamentos anoréxicos, como a adoção de alimentação restritiva (através da
substituição ou exagero no consumo de carboidratos e proteínas na forma de
suplementos alimentares). Tecnologia (2012).

1.2.1. Causas da vigorexia


Devido à sua semelhança com outros transtornos alimentares, é seguro dizer que a
dismorfia muscular é provavelmente causada por uma combinação de fatores-chave.
Embora a vigorexia possa afetar homens e mulheres, mais homens sofrem com esse
distúrbio do que as mulheres. Isto é provavelmente devido ao fato de que os homens são
geneticamente predispostos a se concentrar no desenvolvimento de massa muscular
magra. Como resultado, muitos homens provavelmente desenvolverão o transtorno.
VittudeBlog, (2019).

1.2.2. Sintomas de Vigorexia


 Obsessão com a imagem corporal de alguém (constante sensação de que os
músculos estão subdesenvolvidos);
 Levantamento de pesos por longas horas;
 Foco excessivo na dieta e ingestão de proteína;
 Perda frequente das obrigações sociais ou de trabalho devido a uma necessidade
compulsiva de malhar ou fazer dieta;
 Levantamento de peso ou exercício apesar de sentir dor ou apresentar lesão
muscular;
 Constantemente criticar o próprio físico;
 Experimentar extrema ansiedade em caso de perder um treino;
 Uso excessivo de suplementos de proteína. VittudeBlog, (2019).

1.3. Quadro Clinico da anorexia

1.3.1. Sintomas de anorexia nervosa


Entre os sintomas que podem ser referidos pelos pacientes estão:

 Intolerância ao frio;
 Fadiga;
 Queda de cabelos;
 Constipação;
 Dor abdominal;
 Anorexia, letargia;
 Pés e mãos frios;
 Amenorreia;
 Dificuldade de concentração, etc.

Como em geral os pacientes não admitem estar doentes, eles tendem a não relatar
espontaneamente suas queixas, ficando a cargo do médico de questioná-las.

1.3.2. Sinais de Anorexia


Raramente um anoréxico reconhece o seu transtorno alimentar e procura ajuda, portanto
cabe muitas vezes a familiares e amigos que suspeitam de anorexia nervosa procurar
ajuda de profissionais. Muitos dos sinais que indicam anorexia incluem:

Emagrecimento. Anoréxicas com 42 Kg são consideradas de peso bom.


Freqüentemente o peso chega a 36 Kg ou menos.

Vómitos provocados com os dedos, com cabos de colher, com arames, com contrações
abdominais, etc. Elas vomitam no banheiro, no chuveiro, em vasos de plantas, sacos
plásticos, papel higiênico, onde for possível. Se não vomitarem se sentem sujas por
dentro e "estufadas".

Amenorréia (interrupção da menstruação). A menstruação pode cessar antes de


perda de peso grave (a desnutrição não é a única causa da amenorréia) e pode voltar
antes de um ganho de peso importante.

a) Destruição do esmalte dentário (por causa dos vómitos);


b) Pele seca e amarelada, cabelos finos, secos e quebradiços (pela desnutrição);
c) Excesso de exercícios físicos.

Visão distorcida do próprio corpo. As anoréxicas nunca acham que estão magras o
suficiente. Elas se olham no espelho e vêem os seios e o abdômen grandes demais.

a) Uso (geralmente escondido) de diuréticos, laxantes, hormônios de tireóide e


pílulas para emagrecer;
b) Comorbidade (doenças concomitantes) com Depressão.

Isolamento social. São retraídas, pouco expansivas, quase sem amigos, não tem
namorado,

a) Adoram cozinhar e servir comida para os outros;


b) Geralmente são meninas inteligentes, perfeccionistas e bonitas.

1.3.3. Diagnóstico da Anorexia


Um diagnóstico de anorexia só pode ser feito por um médico qualificado, habitualmente
um psiquiatra. Para diagnosticar anorexia têm de surgir quatro critérios de diagnóstico.
Os critérios padrão para o diagnóstico de anorexia incluem

1) A recusa do indivíduo em manter um peso corporal apropriado para a sua altura


e idade (normalmente 15% abaixo da média),
2) Um medo intenso de ficar “gordo” ou com excesso de peso, mesmo quando
magríssimo,
3) Uma falta de auto-confiança relacionada com uma auto-imagem distorcida e
4) Irregularidade menstrual ﴾amenorreia) durante pelo menos três meses
(obviamente não incluído no diagnóstico masculino).

Se a anorexia é diagnosticada de acordo com critérios de doença mental, um anoréxico


também precisará de um exame físico completo para determinar a extensão da doença
ou da injúria que foi causada por esta transtorno alimentar.

1.3.4. Tratamento
Não há sistema ou cura reconhecida para a anorexia, mas os tratamentos podem incluir
uma mistura de aconselhamento/terapia, aconselhamento familiar/terapia, terapia
cognitivo-comportamental (para mudar o tipo de comida ingerida, bem como
comportamentos alimentares e/ou tipo de exercício físico desenvolvido), o recurso a
grupos de apoio ou terapia de grupo, e aconselhamento e planeamento nutricional

O tratamento é sempre multi profissional, talvez o mais multi profissional de toda a


psiquiatria. Patologia com natureza multifacetada envolve médicos, enfermeiros,
nutricionistas e psicoterapeutas.

 Antidepressivos e outros medicamentos, conforme a situação;


 Psicoterapia;
 Orientação Nutricional;
 Orientação familiar, pois é uma luta de anos.

V - A Organização Psicomotora e seus Distúrbios

Distúrbios Psicomotores

A Psicomotricidade é a ciencia que tem por objeto de estudo o homem por meio do seu
corpo em movimento e em relação ao seu mundo externo e interno, bem como as
possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo.

A Psicomotricidade envolve a coordenação motora ampla; coordenação motora fina;


lateralidade; desenvolvimento da percepção musical; desenvolvimento da percepção
olfativa; gustativa; espacial; temporal; corporal; seriação e classificação; ansiedade,
logo, toda escola infantil deveria ter um psicopedagogo especializado em
Psicomotricidade para trabalhar estas questões com as crianças, e diagnosticando um
eventual distúrbio psicomotor que influencia na aprendizagem do individuo.

Instabilidade Psicomotora – É o tipo mais complexo e causa uma série de transtornos


pelas reações que o portador apresenta, com o predomínio de uma atividade muscular
contínua e incessante.

Debilidade Psicomotora – Caracterizada por PARATONIA: Limitação nas quatro


extremidades do corpo (ou apenas em duas) – “deselegância” ao correr – limitações e
rigidez nas mãos e nas pernas; e SINCINESIA – Participação de músculos em
movimentos aos quais eles não são necessários – descontinuidade de gestos; imprecisão
nos movimentos dos braços e das pernas; dificuldade de realizar os movimentos finos
dos dedos…

Inibição psicomotora – Além das características da DEBILIDADE PSICOMOTORA,


neste caso a ansiedade é presença constante – a criança apresenta sobrancelha franzida;
cabeça baixa; problemas de coordenação motora; distúrbios de conduta, dentre outros.

Lateralidade cruzada – Amaioria dos autores acredita que existe no cérebro um


hemisfério predominanteresponsável pela lateralidade do indivíduo – desta maneira, de
acordo com a ordem enviada pelo cérebro dominante, teremos o destro ou o canhoto.
Uso de drogas em terapia

Ocasionalmente, os medicamentos também são usados para aliviar os sintomas,


incluindo:

1. Bloqueadores beta

São medicamentos que baixam a pressão arterial , de modo que os empurrões e outros
sintomas físicos de muitos distúrbios do movimento são reduzidos.

2. Antiepiléticos

Esses medicamentos são usados para reduzir o tremor (por exemplo, nas síndromes


parkinsonianas), especialmente os produzidos nas mãos.

3. Anticolinérgicos

Esses medicamentos são usados para tratar a distonia, reduzindo os efeitos da


acetilcolina, um neurotransmissor envolvido nas contrações musculares, causando uma
diminuição no tremor e rigidez.

4. Ansiolíticos

Os ansiolíticos atuam no sistema nervoso central, causando relaxamento muscular , o


que alivia, a curto prazo, os efeitos de tremores e espasmos.

5. Toxina botulínica

Essa toxina funciona bloqueando os neurotransmissores responsáveis pelos espasmos


musculares, ajudando a detê-los.

VI - Evolução Da Sexualidade e Destúrbios Psicossociais Da Criança

1.1 Evolução Da Sexualidade e Destúrbios Psicossociais Da Criança


Evolução Da Sexualidade

Diz-se que no início do século XVII ainda vigorava uma certa franqueza. As práticas
não procuravam o segredo; as palavras eram ditas sem reticência excessiva e, as coisas,
sem demasiado disfarce; tinha-se com o ilícito uma tolerante familiaridade. Eram
frouxos os códigos da grosseria, da obscenidade, da decência, se comparados com os do
século XIX. Gestos diretos, discursos sem vergonha, transgressões visíveis, anatomias
mostradas e facilmente misturadas, crianças astutas vagando, sem incômodo nem
escândalo, entre os risos dos adultos: os corpos "pavoneavam".

Um rápido crepúsculo se teria seguido à luz meridiana, até as noites monótonas da


burguesia vitoriana. A sexualidade é, então, cuidadosamente encerrada. Muda-se para
dentro de casa. A família conjugal a confisca. E absorve-a, inteiramente, na seriedade da
função de reproduzir. Em torno do sexo, se cala. O casal, legítimo e procriador, dita a
lei. Impõe-se como modelo, faz reinar a norma, detém a verdade, guarda o direito de
falar, reservando-se o princípio do segredo. No espaço social, como no coração de cada
moradia, um único lugar de sexualidade reconhecida, mas utilitário e fecundo: o quarto
dos pais. Ao que sobra só resta encobrir-se; o decoro das atitudes esconde os corpos, a
decência das palavras limpa os discursos.

Problemas Psicossociais na criança


A saúde mental infantil tem sido bastante negligenciada em nosso meio, tanto pelas
políticas públicas quanto pelos estudiosos e profissionais da área. Segundo relatório da
Organização Mundial de Saúde, apresentado durante a Terceira Conferência Nacional
de Saúde, 30% dos países não têm políticas de saúde mental e 90% não têm políticas de
saúde mental que incluam crianças e adolescentes (Ministério da Saúde, 2005a).

O Ministério da Saúde não preconiza ações de Psicologia na atenção básica e também


não tem uma proposta para saúde mental das crianças e adolescentes, exceto para
transtornos mentais graves, através da implantação dos Centros de Atenção Psicossocial
para a Infância e Adolescência (CAPSi) (Ministério da Saúde, 2005b).

A atenção psicossocial de crianças e adolescentes

Não há produção de saúde sem produção de saúde mental. Logo, é preciso levar em
conta que, ao se receber cuidados em saúde, devem ser consideradas as dimensões
biológica, psíquica e social dos indivíduos. Se uma criança ou um adolescente apresenta
algum grau de sofrimento (com angústias, medos, conflitos intensos, por exemplo), não
será possível tratar sua saúde sem considerar esse componente emocional/relacional
significativo.

Para uma política de saúde mental infantojuvenil deve considerar como diretrizes:
A criança e o adolescente são sujeitos e, como tal, são responsáveis por sua demanda e
seu sintoma. São sujeitos de direitos e detentores de lugares autênticos de fala. A noção
de sujeito implica também a de singularidade, ou seja, não é possível pensar em
tratamentos e abordagens terapêuticas de forma homogênea e prescritiva, pois vale a
máxima de que “cada caso é um caso”.

Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH

O TDAH é um transtorno que tem sido bastante discutido nos últimos quinze anos em
razão do diagnóstico difícil (muitos sintomas e comportamentos se assemelham a outros
tipos de transtornos/ distúrbios) e das muitas controvérsias que seu diagnóstico suscita.
Isto porque, conforme abordado na introdução deste texto, a criança pode se deparar
com um contexto muito diferente do qual está acostumada e se comportar de uma
maneira que possa ser considerada inadequada aos olhos de alguns professores.

Transtorno Opositor Desafiador – TOD

As discussões sobre TOD podem ser consideradas bastante recentes e têm se


apresentado tão controversas quanto os debates sobre o TDAH pelos mesmos motivos –
o comportamento da criança frente a um sistema de regras de comportamento que ela
desconhece e pode não compreender e aceitar. E, assim como o TDAH, trata-se de um
transtorno/distúrbio que pode atrapalhar o aproveitamento escolar e os processos de
aprendizagem.

O TOD se caracteriza por comportamentos desafiadores, irresponsável, agressivo, com


dificuldades para assumir erros e responsabilidades, presença de humor irritável e índole
vingativa. De acordo com Jorge, Ribeiro e André (2019), o TOD pode ainda apresentar
as seguintes características: crueldade com animais ou crianças menores, destruição dos
pertences de outra criança, crises de birra e de desobediência, condutas incendiárias e
roubos.

Disvios da orientação sexual


Diversidade Sexual Para trabalhar de forma mais didática, vamos explicar a diversidade
sexual a partir de três eixos fundamentais, mas lembrando sempre que, em nossas vidas,
esses fatores interagem de maneira dinâmica. São eles: o sexo biológico, a identidade de
gênero e a orientação sexual. O sexo biológico é constituído pelas características
fenotípicas (órgãos genitais externos, órgãos reprodutores internos, mamas, barba) e
genotípicas (genes masculinos e genes femininos) presentes em nosso corpo. À
semelhança das plantas e animais, pela combinação dos cromossomos X e Y, existem
somente dois sexos: XY produz um ser chamado de macho e XX, um ser chamado de
fêmea. É importante ressaltar, no entanto, que mesmo a natureza não funciona com uma
separação rígida, pois há pessoas que nascem com dois órgãos genitais, conhecidos
como intersexuais ou hermafroditas. A identidade de gênero refere-se a algo que não é
dado e sim construído por cada indivíduo a partir dos elementos fornecidos por sua
cultura: o fato de alguém se sentir masculino e/ou feminino. Isso quer dizer que não há
um elo imediato e inescapável entre os cromossomos, o órgão genital, o aparelho
reprodutor, os hormônios, enfim o corpo biológico em sua totalidade, e o sentimento
que a pessoa possui de ser homem ou mulher.

A orientação sexual
É entendida como a seta ou direção para onde aponta o desejo erótico de cada pessoa,
pode ser homossexual, quando se deseja alguém do mesmo sexo, bissexual, quando se
desejam ambos os sexos, ou heterossexual, quando o objeto do desejo é do outro sexo.
A orientação sexual é uma atração espontânea e não influenciável que só pode ser
conhecida plenamente pelo individuo que a vivencia. É, portanto, um equívoco dizer
que se trata de uma opção sexual, pois não depende de escolhas conscientes nem pode
ser aprendida.

VII - Psicopatologia das Pulsões Agressivas

PSICOPATOLOGIA DAS PULSÕES AGRESSIVAS


Ninguém pode negar agressividade do homem, já que somos testemunhas, vítimas
permanente dela, entretanto durante muito tempo a criança considerada como um ser
puro e doce e as suas reacções agressivas foram minimizadas (BRANDAO, 1995).
Actualmente sabemos que desde uma idade precoce se manifesta as Pulsões agressivas.

Todos os seres humanos (e inclusive os animais) trazem consigo um impulso agressivo.


A agressividade é um comportamento emocional que faz parte da afectividade de todas
as pessoas. Portanto, é algo natural. Nas sociedades ocidentais, bastante competitivas, a
agressividade costuma ser aceita e estimulada quando esta vale como sinónimo de
iniciativa, ambição, decisão ou coragem (BRANDAO, 1995).
Problemas gerais relacionados com agressividade
A etologia-é uma área que se dedica no estudo do comportamento animal.
Pesquisas etiológicas sustentam que a agressividade e agressão podem existir entre
espécies diferentes; porém dentro da mesma espécie elas se encontram no plano de um
combate intra-específico (AJURRIAGUERRA, 1985)˸

 Agressão predatória, que é a luta entre o predador e a presa pode as vezes


assemelhar-se a um verdadeiro combate, se a presa esta em condições de se
defender eficazmente;

 Agressão induzida pelo medo, este pode reagir através de combates violentos
motivados pelo medo e que se desenvolvem quando a fuga torna-se impossível,
em razão de proximidade do perigo;

 Agressão territorial, ocorre quando da defesa do território ou em função da


hierarquia social de grupo, quando da apropriação de um território e quando um
estranho viola o território vizinho.

 Agressão entre machos manifesta-se igualmente para defesa eficaz de um ninho


ou do grupo.
Testosterona e o comportamento agressividade
Testosterona é um harmónio esteróide produzido, tanto nos Homens quanto nas
Mulheres. Nos homens pelos testículos (os quais também produzem espermatozóides e
uma série de outros harmónios que controlam o desenvolvimento normal e
funcionamento), nos indivíduos do sexo feminino, pelos ovários, e, em pequena
quantidade em ambos, também pelas glândulas supra-renais.
Testosterona é responsável pelo desenvolvimento e manutenção das
características masculinas normais, sendo também importante para a função sexual
normal e o desempenho sexual (DELGADO apud AJURRIAGUERRA 1985). Altas
taxas de testosterona tendem a aumentar o comportamento agressivo.
Agressividade e comportamento agressivo na criança Quando pensamos em
crianças, logo associamos à imagem angelical de pureza e doçura. Por isso nos causam
grande espanto e desorientação ao ver atitudes agressivas em crianças pequenas. A
agressividade é uma força instintiva que como outras são inatas em todos os seres
humanos (AJURRIAGUERRA, 1985). Especialmente a criança, expressa tudo o que é
mais essencial do ser humano, uma vez que ela ainda não completou seu
amadurecimento moral e intelectual, ou seja, ela não tem recursos próprios para se
relacionar com o mundo.

Assim, nas crianças percebemos as características essenciais e instintivas do ser humano


com a agressividade, porém é individual de cada uma como e o quanto esta se
manifesta. O seu filho revela umas atitudes demasiadamente rebeldes, impulsivas e
agressivas.

Os seus súbitos ataques de raiva fazem-na temer pelo futuro, mas nem sempre a fúria é
negativa. Os pais não sabem muito bem o que se passa. Os filhos andam muito
irrequietos, agressivos e parecem estar a reagir com muita arrogância. Preocupados, os
pais acham que se pode estar a passar alguma coisa e não compreendem tanta
agressividade. Embora não saiba, as crianças devem revelar um pouco da agressividade
que guardam dentro de si. Se não é saudável guardarem-na, também não é saudável a
soltarem a todo o momento, mas se esta for equilibrada até é bom para combater o
stress.

2.5.3.Comportamento agressivo e Transtornos de Conduta

O comportamento agressivo e as condutas anti-sociais costumam estar


profundamente relacionados. Actualmente, a definição de comportamento anti-social
compreende qualquer conduta que reflicta a violação das regras sociais ou actos contra
os outros, incluindo comportamentos como roubo, mentiras, vandalismo e fugas
Os principais transtornos envolvidos com a expressão de comportamentos anti-
sociais ou desafiadores são o transtorno o positivam desafiador (TOD) e o transtorno de
conduta (TC). O TOD caracteriza-se especialmente pela presença de condutas de
oposição, desobediência e desafio. Os comportamentos o positivos e desobedientes
podem ser “passivos”, uma vez que a criança pode não responder ao pedido, mas pode
apenas permanecer inactiva. Os comportamentos desafiadores, ao contrário, incluem
verbalizações negativas, hostilidade e resistência física que podem ocorrer junto com a
desobediência (LUISELLE, 2005 apud AJURRIAGUERRA, 1985).

2.6.O suicídio na criança e no adolescente.

Entre as actividades autodestrutivas, o suicídio caracteriza-se por uma conduta


cujo desenvolvimento provoca ou pode provocar a morte e cuja explicação
psicodinâmica não depende da execução concreta do acto, mas a espectativa da pessoa
que comente o suicídio.

2.6.1.Etiologia

Em relação ao suicídio estima-se que o meio cultural influência no acto do


suicídio, senso que os brancos suicidam-se mais que os negros, habitantes da cidade em
relação aos do campo. Outros autores sustentam que a desorganização familiar em um
dos causadores do suicídio infanto-juvenil, a filiação religiosa exerce grandes impactos
no acto dos suicidas e os transtornos psiquiátricos como a depressão e até a
esquizofrenia (AJURRIAGUERRA, 1985).

2.6.2.Patogenia

Desde as primeiras reuniões psicanalíticas sobre o suicídio infantil em 1910.


Stocker acentua a importância que deve ser atribuído o suicídio as tendências agressivas
da criança para explicar esse comportamento. Segundo ele "ninguém se mata a não ser
que tenha ideias de matar alguém" (AJURRIAGUERRA, 1985). A autopunição, devido
a essas ideias, associa-se a ideia de punir os pais, pois a criança sabe que o suicídio e
uma punição cruel.
Adler emite a hipótese que o suicídio é como uma supercompensacao a um
projecto viril, como uma necessidade de dominar o ambiente a fim de iludir o
sentimento de inferioridade. Isto e a morte podem ser decididos pela criança para
demostrar ao seu ambiente o seu próprio valor.

2.6.3.Tratamento

Do ponto de vista terapêutico, em certos caso o uso de sedativos ou de


neurolépticos, na medida que se supõe que esteva ligado a depressão o uso de
antidepressivos e melhor. Porem uma abordagem psicoterapeuta e indispensável.
Porque aquele que se mata o faz não para exercer a sua liberdade de morrer, mas por
não exercer a sua liberdade de viver. Ajuda-lo não e nada mais que ajuda-los a enxergar
a sua liberdade de viver (AJURRIAGUERRA, 1985).
Conclusão
Referências bibliográficas

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Sites Consultados:
Leia mais: https://smpsicopedagogia.webnode.com.br/disturbios-psicomotores/

Boarini, M. L. & Borges, R. F. (1998). Demanda infantil por serviços de saúde mental:
sinal de crise. Estudos de Psicologia. 3(1), 83-108.

AJURRIAGUERRA, A., J… Manual de Psiquiatria infantil, Paris, Masson


Editora, 2ª Ediçã o, 1985.

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