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A ESQUIZOFRENIA SEGUNDO A PERSPECTIVA FENOMENOLÓGICA

Evaldo Batista Mariano Júnior1


Roberta Cancella Pinheiro Alves Ferreira2

RESUMO

O objetivo desse estudo é compreender o ínicio da manifestação da


esquizofrenia, e a relação entre fatores géneticos e ambientais, a partir da
perpectiva fenomenológica, por meio de entrevistas de familiares de pacientes
com sofrimento mental grave. O método utilizado na pesquisa foi o
fenomenológico, o qual visa à compreensão do fenômeno humano a partir do
relato da própria pessoa que a experiência. Os resultados mostraram que os
primeiros episódios de esquizofrenia ocorreram na adolescência. Há evidências
científicas da relação entre essa patologia e a questão genética.

Palavras-chave: Esquizofrenia. Génetica. Adolescência. Método


Fenomenológico.

SUMMARY

The objective of this study is to understand the beginning of the manifestation of


schizophrenia and the relation between genetic and environmental factors,
based on the phenomenological perspective, through interviews of relatives of
patients with severe mental disorder. The method used in the research was the
phenomenological one, which aims at understanding the human phenomenon
from the person's own account of the experience. The results showed that the
first episodes of schizophrenia occurred in adolescence. There is scientific
evidence of the relationship between this pathology and the genetic issue.

Keywords: Schizophrenia. Genetics. Adolescence. Phenomenological Method.

INTRODUÇÃO

Estudar psicopatologia fenomenológica é ir de encontro com o


significado das diversas experiências vividas pelas pessoas em sofrimento
mental severo, sua família e as demais pessoas em seu entorno.

1
Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba – UNIUBE. Docente do curso de Psicologia da
Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG. E-mail: ebmpsi@yahoo.com.br
2
Mestre em Psicologia pela Universidade do Estado de São Paulo – USP, Campus Ribeirão Preto.
Docente do curso de Psicologia da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG. E-mail:
roberta_cancella@yahoo.com.br
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Moreira e Sloan (2002), entendem a psicopatologia como mutuamente


constituída em seus múltiplos contornos não apenas biológicos e psicológicos
como também históricos, sociais, políticos e antropológicos.
Nesse sentido, a psicopatologia fenomenológica é compreendida a partir
de uma visão holística. O transtorno mental está inter-relacionado com
múltiplos fatores internos, sejam eles ligados a Biologia, Psicologia ou a fatores
externos relacionados ao ambiente no qual o sujeito está inserido. O
surgimento de uma doença mental, a esquizofrenia, por exemplo, quando
relacionada a fatores externos, pode ser desencadeadas pela ingestão de
substâncias psicoativas como a maconha, pelo meio social onde o sujeito vive,
bem como pelas suas experiências de vida desde o nascimento.
No caso da experiência psicopatológica, o estudo fenomenológico parte
da pergunta norteadora que terá como objetivo a descrição, no sentido de
alcançar o seu significado que, a partir de uma lente de múltiplos contornos,
inclui significados culturais, biológicos, psicológicos, ideológicos entre outros. É
exatamente o potencial de compreensão da psicopatologia, a partir de seus
múltiplos significados que transforma o método fenomenológico em ferramenta
crítica, ideal para a aplicação na pesquisa em psicopatologia que pretenda ter
uma abordagem o mais ampla possível da complexidade do fenômeno
psicopatológico (MOREIRA, 2004).
Segundo Moreira e Bloc (2012) apud Minkowski (1995), uma
psicopatologia não pode ser definida por uma associação de sintomas, mas
como uma modificação profunda e característica de toda a personalidade. Para
ele, toda significação está intimamente ligada ao tempo e ao espaço vivido.
Com relação ao transtorno bipolar, há uma modificação das significações
relacionadas à temporalidade. Então, para pensarmos o sofrimento, devemos
compreender as significações do sujeito bipolar com o tempo, estabelecendo
sua perspectiva sobre as experiências de vida.
É notório as consequências nocivas de uma psicopatologia na
personalidade de um indivíduo. Ao considerar apenas a sintomatologia que o
sujeito apresenta, desconsideram-se outros aspectos característicos da
personalidade do sujeito doente. A fenomenologia independente do transtorno
seja esquizofrenia, transtorno de ansiedade generalizada ou transtorno bipolar
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valoriza o sujeito em sua totalidade, como ser único, que possui sentimentos,
valores, desejos e demais particularidades advindas da sua personalidade.
Dessa forma, compreender o significado do adoecimento mental, das
experiências vividas, dos sofrimentos, dos medos e das demais angustias do
sujeito, é quem sabe o principal objeto de estudo da fenomenologia.
Moreira e Bloc (2012) apud Tatossian (2006), por sua vez, enfatiza um
modelo de psicopatologia fenomenológica que se sustenta sempre no encontro
entre psicólogo e paciente, buscando compreender as experiências humanas
em sua cotidianidade. Trata-se de um olhar para a psicopatologia que se
distancia de um modelo inferencial, pautado em manuais e referências
anteriores, e busca apreender os modos de ser global do sujeito, indo além de
uma concepção pautada puramente nos sintomas e tendo como característica
a crença na potencialidade do sujeito e na possibilidade de crescimento.
O modelo de psicopatologia fenomenológica diferencia-se de outras
correntes teóricas como a Cognitiva Comportamental que enfoca o diagnóstico
psicopatológico, embasado em manuais como o Manual de Transtornos da
Personalidade Descrição, Avaliação e Tratamento de Vicente Caballo (2011).
O pesquisador que utiliza o referencial fenomenológico, não se baseia
apenas em manuais como o de Classificação Internacional de Doenças – CID
10 - ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM IV, que
descrevem os sintomas psicopatológicos para sustentar hipóteses
diagnósticas. Em fenomenologia, a fonte para se buscar mais dados parte da
própria pessoa humana. Essa padronização regida pelos manuais de doenças
que insere um indivíduo em um diagnóstico tende a não ser a principal forma
de atuação da perspectiva fenomenológica. A fenomenologia busca alcançar o
íntimo da subjetividade do indivíduo para apreender as reais possibilidades de
desenvolvimento humano. É sabido que, mesmo doente, o sujeito tem
imbricado dentro de si potencialidades que, ao serem descobertas, poderão se
- se tornar instrumentos de trabalho para um melhor funcionamento do seu
estado psíquico.

Rodrigues (2005) mostra a visão de tratamento psicopatológico segundo


o modelo fenomenológico de Karl Jaspers:
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A fenomenologia jasperiana não deve ser acusada de encobrir a


própria omissão à subjetividade como objeto de estudo por meio de
sua apresentação como resultado, pelo simples fato de que a
fenomenologia não visa ser uma metodologia de tratamento completo
e definitivo aos fatos psicopatológicos. Almeja apenas apontá-los de
modo seguro. Ela apenas diz quais são, pelo método explícito que
descreveu, para posterior articulação. Assim, a fenomenologia seria
uma ferramenta concebida para levar-nos de um ponto em que ainda
não se dispõe de uma linguagem explícita para tratamento ao
fenômeno psicopatológico até o ponto em que estes estão
devidamente caracterizados e permitindo não mais apenas empatia,
mas uma “compreensão empática”. Exatamente por não incluir o
estabelecimento de relações entre os elementos psíquicos, mas
simplesmente apreendê-los (RODRIGUES, 2005).

O estudo de Karl Jaspers mostra-se um método de apontamento para a


compreensão do fenômeno. O autor dá ênfase na manifestação dos conteúdos
à consciência, ou seja, ele propõe revelar os aspectos disfuncionais e
patológicos para posteriormente iniciar uma conversação sobre esses
acontecimentos. É essa discussão entre pesquisador e entrevistado que levará
a compreensão do estado físico e psíquico do sujeito e isso inclui os aspectos
saudáveis e patológicos da existência humana.

2 METODOLOGIA

2.1 Instrumento: Entrevista Qualitativa

O instrumento utilizado para coleta de dados com os familiares de


pacientes com esquizofrenia foi a entrevista qualitativa.
A entrevista qualitativa visa à compreensão detalhada das crenças,
atitudes, valores e motivações em relação aos comportamentos das pessoas
em contexto socioculturais específicos. Em virtude desta característica, ela se
torna útil na compreensão dos pontos de vista particulares dos entrevistados e
de grupos sociais (GASKELL, 2002).
É um processo dialógico em que ambos, entrevistador e entrevistado,
interagem, a fim de desvelar significados singulares no discurso do colaborador
da pesquisa.
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Gaskell (2002) considera a entrevista como uma interação, uma troca de


ideias e de significados, em que várias realidades e percepções são exploradas
e desenvolvidas. A entrevista em profundidade explora a percepção e os
sentidos de si elaborados pelo sujeito, considerando que o participante tem a
oportunidade de reconstruir seu passado na própria dinâmica da interação da
entrevista.
Ao entrevistar uma pessoa, o objetivo é conseguir descrições tão
detalhadas quanto possível. Não se pretende em entrevista qualitativa, produzir
estímulos pré-categorizados para respostas comportamentais (MARTINS;
BICUDO, p. 54, 2005).
A entrevista com os familiares de pacientes portadores de esquizofrenia
teve início a partir da pergunta norteadora que foi: “Como foi a manifestação da
esquizofrenia do seu familiar?”.
A partir dessa pergunta o pesquisador fez outras questões relacionadas
com a pergunta principal visando aprofundar no discurso do familiar. As
indagações não foram pré-determinadas, pois se assim fossem estaria em
contradição com o método fenomenológico, que valoriza o subjetivo, ou seja, a
unicidade do sujeito. Elas brotaram do próprio contato com cada um dos
participantes, a partir dos discursos dos mesmos.
Desse modo, as perguntas ocorreram de forma espontânea, a partir do
discurso do entrevistado e do entrevistador, sem a preocupação de formular
previamente o que se pretendia investigar.

2.2 Proposta fenomenológica de análise dos depoimentos: Modalidade do


fenômeno situado

A análise dos dados aconteceu através da análise categorial, que tem


por objetivo agrupar o conteúdo do discurso dos participantes, ou seja, separar
em categorias os relatos dos entrevistados, para conseguir alcançar uma
compreensão do significado atribuído pelos familiares às suas experiências.
De acordo Martins e Bicudo (2005), o pesquisador deve deixar de lado
seus conhecimentos ou explicações e procurar ver que significados os
entrevistados estão tentando lhe mostrar.
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Para compreender o discurso do entrevistado e obter os significados


desvelados, são necessárias várias operações diferentes, como argumentam
Martins e Bicudo (2005):

O pesquisador precisa ler a descrição desde o principio a fim de


familiarizar-se com o texto que descreve a experiência vivida. Nesse
momento, ele procura colocar-se no lugar do sujeito, de forma que ele
não seja um mero expectador, mas alguém que procura chegar aos
significados atribuídos vivencialmente. Posteriormente, o pesquisador
marca ou põe em evidência os significados na descrição. Esses
significados existem para o pesquisador que está interrogando e não
são unidades comportamentais rigidamente prescritas; são, portanto,
respostas para suas interrogações. E finalmente o pesquisador
reagrupa os constitutivos relevantes para poder chegar a uma análise
da estrutura do fenômeno (MARTINS; BICUDO, p. 95, 2005).

O pesquisador tem um papel importante na construção de uma análise


fenomenológica, pois não se trata apenas de investigar um fenômeno de forma
apática, insensível, mas sim de agir empaticamente buscando viver com
intensidade cada palavra discursada. Após a atribuição do significado, o
pesquisador reagrupará as categorias passando por expressões concretas sem
chegar a elas por meio de meras abstrações.

2.3 Participantes
Tabela 1

Nome fictício dos participantes e dos familiares portadores de esquizofrenia, seguindo a idade, grau de
parentesco e a idade da primeira manifestação da doença.

Nome do Senhorinh Maria José Rita Clara Valentina


participante da a
pesquisa

Idade dos 66 anos 69 anos 45 anos 31 anos 42 anos


participantes da
pesquisa

Grau de Mãe Prima Mãe Filha Mãe


parentesco

Nome do Levi Esperança João Manoel Moisés


familiar portador
de esquizofrenia

Idade que Aos 15 Anos 16 Anos 20 Anos 15 anos Anos 20 anos


iniciou a doença anos anos anos

Fonte: Elaborado pelo autor


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2.4 Local

A pesquisa aconteceu no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS II da


cidade de Ituiutaba - MG. A entidade foi inaugurada no dia 20 de dezembro de
2013. Em 2019, o CAPS atende cerca de 500 pacientes ativos, cadastrados,
sendo beneficiados pelos serviços propostos pela instituição.
O espaço físico do CAPS é dividido em: duas salas para atividades em
grupo, uma cozinha, um almoxarifado, uma sala administrativa, três
consultórios para atividades individuais (para consulta psiquiátrica, atendimento
psicológico, psicoterapia e entrevista), uma farmácia, um refeitório, um
banheiro feminino e masculino e uma área externa.
A assistência prestada aos usuários pelo serviço de Psicologia ocorre a
partir do acolhimento e da promoção da autoestima, por meio do trabalho em
grupo. O psicólogo no CAPS é um facilitador do processo psicoterapêutico do
paciente. É ele o profissional que possibilita, ao paciente e a sua família, a
escuta atenta, o pensar e o falar sobre qualquer assunto que envolvem suas
vidas, seja ela de caráter positivo ou negativo.
Para que o paciente tenha acesso aos serviços oferecidos pelo CAPS, é
necessário que o responsável pelo paciente em casos de extremo
comprometimento psíquico ou ele mesmo quando possui condições psíquicas
para gerir a sua vida com autonomia procure, primeiramente, o Programa
Saúde da Família (PSF) mais próximo à sua residência para participar do
processo de triagem, a fim de preencher uma ficha específica do CAPS no
intuito de identificar se o sujeito faz parte da clientela atendida no CAPS. Outra
forma de ingressar no serviço é o próprio sujeito ir até o CAPS, sozinho ou
acompanhando para um escuta com um dos profissionais de plantão, caso seja
eletivo, o plantonista prossegue o agendamento com o médico, assistente
social, psicólogo, farmacêutico e monitores de oficinas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir apresentam-se os resultados das entrevistas com os familiares


de pacientes portadores de esquizofrenia caracterizados segundo unidades de
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significados. Os nomes usados para designar os participantes da pesquisa são


fictícios e tem por finalidade preservar a identidade de cada um.

Categoria 1: Primeiro episódio de esquizofrenia na adolescência.

A esquizofrenia de Levi iniciou-se na adolescência por volta dos 15 anos


de idade. A mãe lembrou que naquela época alguns colegas de infância
fizeram maldade com ele, de forma que ela estabelece uma relação entre esse
acontecimento e o aparecimento da esquizofrenia.

O Levi nasceu perfeitinho. Quando ele fez 15 para 16 anos foi que ele
começou a sentir problema de cabeça. Ele foi para um córrego, com
uns amiguinhos maldosos e esses amiguinhos judiaram dele,
colocaram pinga com comprimido para ele tomar. Depois esses
amiguinhos afogaram ele dentro do córrego São Lourenço... ai, ele
ficou doidinho (Senhorinha).

Já, segundo Maria José, a Esperança desde pequena apresentava


comportamentos diferentes das outras crianças. Aos 16 anos, a esquizofrenia
manifestou-se. Nesse mesmo período ela começou as internações no hospital
psiquiátrico da cidade de Goiânia – GO.

A gente começou a notar que ela era uma criança que tinha
problemas. Quando ela chegou mais ou menos na idade de 16 para
17 anos aí manifestou com mais agravo. [...] depois, com 17 para 18
anos ela arrumou um namorado e esse namorado apresentou ela
para as drogas. Então, manifestou a partir daí o comportamento dela
foi terrível. Ela começou a apresentar comportamentos difíceis (Maria
José).

O primeiro surto de Manoel também aconteceu na adolescência, após o


uso de drogas, como mencionou sua filha Clara.

Ele surtou quando ele era novo, ele tinha 14 anos quando ele
começou a usar drogas (Clara).

Clara ressaltou que a primeira internação foi na adolescência.


Inicialmente, o surto estava associado ao uso de drogas, porém aos 23 anos
ele surtou e desde essa época ele vem manifestando a esquizofrenia.
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Com 15 anos a minha avó internou ele no sanatório pela primeira vez
[...] aí começou aparecer alguns problemas e por causa das drogas
também. Quando ele estava com 23 anos, eu nasci. Quando eu
completei 6 meses de vida ele surtou... ele ficou ‘louquinho’ e depois
não voltou mais não (Clara).

Categoria 2: Evidências da esquizofrenia como doença genética.

Um médico psiquiatra afirmou que a família da Esperança, de modo


geral, possui imbricada, em sua genética, a esquizofrenia como doença. Desse
modo, segundo Maria José, a doença é de ordem genética.

A mãe biológica da Esperança teve problema de ordem mental


também e parece que é familiar. [...] o médico disse que é uma
família que apresenta comportamentos esquizofrênicos. É um
problema que manifestou na família toda. É um problema familiar,
genético (Maria José).

No caso de Rita, a esquizofrenia de seu filho parece estar associada


com problemas hereditários. Ela afirmou que, outros membros da família,
também têm problemas mentais.

Tem uma sobrinha, a filha da minha irmã, ela também tem esse
problema. Só que o dela é transtorno bipolar, o dela não é
esquizofrenia... [...] O neto dela, da menina mais velha, também eu
acho que ele não é muito certo. Esse problema parece que veio de
gerações (Rita).

Outra evidência dessa relação está no dizer de Clara. Segundo ela,


outros membros da família de Manoel também apresentam doenças mentais.

A irmã dele tem problema. Não é esquizofrenia, mas tem problema...


na minha família não tem não. Na família dele, tem muitos (Clara).
Valentina foi outra participante que também constatou outros doentes
mentais na família. Além do seu filho Moisés, uma tia também apresentava
anormalidades.

Era tia da finada minha mãe. Ela tinha problema de cabeça... ela era
doidinha... de andar pelas fazendas... essa tia andava sem parar
(Valentina).
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Categoria 3: Preocupações cotidianas dos familiares.

Quando Levi sai de casa um sentimento de preocupação toma conta da


mãe de Levi. A mãe demonstra dificuldade de lidar com o fato de que, apesar
da esquizofrenia, o filho apresenta desejo de viver a própria vida com
autonomia.
Levi fala quando quer ir para algum lugar: ‘Eu vou sair mãe’. Aí eu
digo: ‘pode sair, mas venha logo’. Aí, ele demora... ele fica sumido
para outras ‘bandas’ e eu fico esperando em casa. Se ele sai e fica
demorando, eu fico preocupada (Senhorinha).

Por se considerar de idade, Senhorinha se encontra impossibilitada de


procurar o filho sempre que o mesmo sai para algum lugar. Assim, o recurso
que ela utiliza para saber notícias do filho é através do telefone.

[...] quando eu fico perguntando por ele a minha filha fala: ‘ele está
aqui’. Parece que eu já fico mais tranquila. Eu fico ligando para a
minha menina. Ai eu falo assim: ‘O Levi está ai?’. Ela responde:
‘Está... agora mesmo ele está aí, mãe’. Passa um pouco, ele chega e
eu fico melhor (Senhorinha).

O caso de Senhorinha assemelha-se ao de Valentina no que se refere


as saídas do filho para outros lugares sozinho.

Eu fico preocupada. Enquanto eu não vejo que ele chegou em casa,


eu não durmo direito. [...] ele volta ‘direitinho’ para casa. Mas eu
preocupo muito com ele... A maldade está muito grande, né. Eu tenho
tanto medo das pessoas fazerem mal para ele (Valentina).

Rita tem um cuidado absoluto com o filho João, porém em alguns


momentos ele sai de casa sem o consentimento da mãe.

[...] eu fico vinte quatro horas por dia com o João, eu acompanho
todos os passos dele. Só que eu não estou tendo controle mais
(Rita).

Fica claro que, a tranquilidade desses familiares estão relacionados em


manter os parentes com esquizofrenia próximos a eles, de forma que consigam
ter o mínimo de controle possível dos mesmos. Nesse sentido, é possível notar
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o quanto os familiares são tomados por desejo de proteger seus entes


queridos, por não confiarem na capacidade de autocuidado dos mesmos.
Maria José também se preocupa, mesmo se a Esperança estiver dentro
da sua própria casa, devido aos comportamentos adotados por ela que
evidenciam a impossibilidade de Esperança de cuidar de si mesma.

Ela faz tudo quanto é coisa errada dentro da casa dela. Quebra tudo.
Desliga tudo. Eu ponho comida lá dentro. [...] ela desliga a geladeira
para perder a comida (Maria José).

Por outro lado, a preocupação de Rita se refere à mudança repentina de


comportamento do seu filho João.

A gente vive um trauma. É um dia após o outro [...] é uma


preocupação vinte quatro horas por dia. A gente não tem sossego. A
preocupação é muito grande, porque na mesma hora que ele está de
um jeito, ele já muda o comportamento (Rita).

A preocupação de Rita mistura-se com sentimentos de amor, cansaço e


desgaste emocional. Apesar desse filho mobilizar preocupações constantes e
intensas, Rita admite amar mais esse filho do que os demais, justamente
porque ele precisa de mais cuidados que os outros filhos.

Eu falo mesmo para os outros filhos que o amor que eu tenho por ele
é mais do que eu tenho pelos outros, mas é porque ele é especial.
[...] eu tenho mais preocupação com ele. Eu cuido muito dele! (Rita).

Essa preocupação multiplica nos dias de nervosismo do filho e


intensifica no período noturno, causando repercussões no sono dessa mãe.

O dia que ele está meio nervoso assim. [...] meio descontrolado, eu
não durmo. [...] eu não durmo de preocupada (Rita).

Categoria 4: Falta de adesão ao tratamento.

Observa-se, na fala a seguir, a falta de adesão ao tratamento e,


consequentemente, os prejuízos causados na condição mental de João bem
como em repercussões negativas para toda a família.
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O remédio dele, eu coloco duas doses. Eu ponho uma de manhã e a


outra à tarde. Aí, eu falo: ‘Essa daqui é de manhã, essa daqui, você
sabe, que é a tarde’. Aí, quando ele vai beber... a dose da manhã ele
bebe de tarde, a outra ele não bebe (Rita).

O caso de Esperança se assemelha com o de João. Ela não toma a


medicação psiquiátrica de maneira correta, ou seja, ela não segue a prescrição
médica.

Ela não toma [o medicamento] de jeito nenhum (Maria José).

Talvez, se justifique aqui os malefícios que Esperança causa para as


pessoas a sua volta. Será que a falta da medicação não é agente promotor dos
comportamentos difíceis ao qual Esperança apresenta?
O tratamento correto poderia ajudar muito a Esperança, a falta dele, isto
é quando ela não está internada ou sem fazer uso da medicação, traz prejuízos
a ela e à família como um todo.

Quando ela sai do sanatório, ela sai ótima, excelente! Ela sai muito
bem do sanatório (Maria José).

Categoria 5: Medo diante da agressividade manifestada pelos pacientes


com esquizofrenia.

O medo foi outra temática que apareceu nas palavras de Senhorinha no


que concerne a agressividade manifestada por seu filho nos momentos de
crise. Ela explica que o filho fica nervoso a ponto dele ameaçar e chegar a
agredi-la e machucá-la.

Ele fica doido, problemático, com problema na cabeça. Ele fica


nervoso, fica muito nervoso, perigoso bater na gente. [...] fica até
querendo agredir a gente. [...] já chegou agredir... já pegou faca para
ameaçar a gente com faca. Tinha vez que eu ficava até com medo de
entrar em casa por causa dele. [...] um dia eu estava fazendo café e
coloquei o café para coar... ele jogou o café na minha cara
(Senhorinha).
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Maria José também vive a experiência de medo em virtude de todas as


responsabilidades as quais ela assumiu para cuidar de Esperança. Vale
destacar que, não só Maria José, mas os demais familiares e os próprios filhos
de Esperança são tomados por sentimentos de medo, segundo a percepção da
participante. Tais sentimentos são mobilizados pelos comportamentos de
Esperança e pelas pessoas com quem ela se relaciona. Apesar de sentirem
afeto por Esperança, a família como um todo, tem buscado se resguardar
devido aos sentimentos de ameaça experimentados. Observa-se o desejo de
ajudar e acolher os anseios de Esperança e, ao mesmo tempo, o receio de
serem prejudicados.

Chegou num ponto em que ela já fez tanta coisa errada comigo que
eu já estou começando a ficar com medo até da minha integridade
física. [...] estou começando a ficar com medo de tudo aquilo que eu
me exponho por causa dela. A família toda gosta dela, mas agora
ninguém a recebe mais em casa, porque ela começou a roubar na
casa dos parentes também. [...] os filhos tem medo dela. Os filhos
tem muito medo dela. [...] a família ficou com medo dela, ficou assim
todo mundo com dó, piedade, mas todo mundo se resguardando
também, porque a gente nunca sabe com quem ela vai aparecer
(Maria José).

A família de Clara reage da mesma maneira que a família de Maria José


ambas por vivenciarem comportamentos negativos passaram a isolar o familiar
portador de esquizofrenia.

O Manoel já deu tanto trabalho, que a família isolou ele. [...] ele dá
trabalho para todo mundo. Ele vai na casa da família....as pessoas
não gostam... as pessoas foram afastando dele (Clara).

O medo de Maria José pode estar relacionado com o fato de ser


violentada, roubada ou ferida. Ao se questionar sobre o que, ela exatamente,
sente medo, Maria José explicitou que Esperança se relaciona com indivíduos
de alta periculosidade.

Imagina você lidar com traficante? [...] esses homens que ela arruma,
teve um que era até assassino (Maria José).
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Maria José começa a ter consciência do malefício que a Esperança tem


causado em sua vida. É notório que além do medo Maria José sofre uma
pressão psicológica frequente.

É um problema seríssimo que tem me feito muito mal, tem me


causado muito transtorno, porque ela arruma parceiros e eles exigem
dinheiro, cartão, a escritura da casa dela, eles querem a escritura da
casa. Eles me pressionam. Então, agora chegou num ponto em que
tá difícil. Muito difícil. [...] a Esperança dá o meu telefone para todos
os pontos de droga que você possa imaginar... eles me ligam, me
xingam (Maria José).

Rita teme ser agredida. O caminho que ela encontrou para lidar com
esse temor é foi comportar de maneira passiva pelo receio de que seu filho
tenha uma mudança brusca no comportamento.

Se ele tentar fazer alguma coisa é para eu deixar. Não é para eu


continuar falando, insistindo com ele, tem que concordar com tudo.
De uns quatro anos para cá, ele mudou o comportamento. [...] ficou
agressivo e ele não era (Rita).

Rita ressaltou que o filho tem alucinações visuais e diante daquilo que
ele vê, ela opta por concordar ao invés de contrapor às visões que ele tem,
como meio de evitar que ele apresente comportamentos agressivos.

Se eu falar para ele: ‘Meu filho, isso está na sua cabeça’, ele já apela,
ele já fica nervoso. [...] eu já tenho que deixar ele falar (Rita).

Geralmente, durante as crises, o filho de Rita manifesta agressividade, o


que poderia justificar o medo que ela tem de ser agredida, optando por se
comportar de maneira mais passiva. Rita relatou dois episódios em que o filho
feriu pessoas fazendo uso de faca.

Essas crises dele, de quatro anos para cá, é um comportamento que


mudou para agredir. [...] ele machucou também uma menina... lá ele
quase a pôs numa cadeira de roda. Ela teve três paradas cardíacas.
Ela quase morreu. [...] ele quase matou a minha nora [os golpes de
faca] acertaram em vários lugares acertou nas costas, nos braços,
cortou os dedos dela... quase que separa! (Rita).

Outra repercussão no cotidiano de Rita diz respeito a necessidade de


esconder as facas de casa para evitar que o filho machuque a si próprio, a
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família e os demais. A fala a seguir mostra um sentimento constante de


ameaça e vulnerabilidade.

[...] lá em casa a única faca que tem, ela não tem nem ponta. [...] é
tudo quebrada a ponta dela. À noite, eu escondo. Durante o dia, eu
não deixo muito fácil para ele. [...] é perigoso! Agente nunca sabe o
momento em que ele está bem e o momento em que não está (Rita).

Clara, por sua vez, revelou que os comportamentos do pai se modificam


quando ele usa drogas e tem episódios de surtos psicóticos.

Quando ele usa drogas, ele fica agressivo. Quando ele surta, ele fica
agressivo. Ele pega o facão, vai para o meio da rua, ele puxa a bolsa
dos outros. As pessoas assustam (Clara).

É evidente como o comportamento de Clara se assemelha ao de Rita,


ambas se comportam de maneira passiva: quando o familiar portador de
esquizofrenia começa a falar, em vez de contradizer os seus pensamentos,
elas optam por se calar. No caso de Rita, ela parece optar por não enfrentar o
filho pelo medo de ser agredida em momentos de nervosismo. Já Clara, relata
que, em alguns momentos, enfrenta o pai e não o teme. Ela parece adotar uma
postura firme para inibi-lo de uma possível agressão.

Quando ele fica nervoso, eu não sei lidar com esse tipo de coisa.
Agora que eu estou tentando aprender. Às vezes ele fala... a gente
não discute. Ele fala, eu o deixo falar. Eu concordo, porque discutir
com ele é pior. [...] aí, ele vai ficar nervoso e, ficando nervoso ele
surta. [...] com ele eu sou muito dura eu enfrento, tem vez que eu
enfrento ele. Ele fica com um ‘olhão’ arregalado querendo me passar
medo. Eu falo para ele: ‘você não passa medo em mim não, rapaz.
Não adianta que você não passa’ (Clara).

O pai de Clara ameaça matá-la quando ela enfatiza que irá interná-lo em
um hospital psiquiátrico. Apesar dessa ameaça, Clara parece não se intimidar e
parece se amparar em recursos judiciais. Fica evidente que a relação entre pai
e filha é permeada por ameaças e imposição de culpa: Clara ameaça internar o
pai, o pai ameaça matá-la, ela ameaça buscar a promotoria. O pai culpa a filha,
a filha joga a responsabilidade de o pai estar nessas condições para ele.
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Ele fala que se eu fizer isso com ele [interná-lo], ele me mata. Eu falei
pra ele: ‘eu vou falar para a promotora que você está me ameaçando
de morte’. [...] ele fala que a vida dele está do jeito que está por
minha causa, que a culpa é minha. Eu falo: ‘eu não era nem nascida
quando você começou a usar drogas você escolheu ir por esse
caminho’ (Clara).

Clara tem consciência da dimensão da problemática a qual está


enfrentando. Assim, ela percebe a necessidade de ter mais paciência com o
pai para evitar riscos de agressões futuras.

É uma doença muito difícil. Eu tenho até que ter mais paciência com
ele, porque pode acontecer dele surtar, me agredir, agredir meu filho.
Minha mãe morre de medo porque ele fica ameaçando (Clara).

Clara hoje é mãe e, por temer que, por fatores genéticos, o filho venha a
desenvolver esquizofrenia, ela se mobilizou no sentido de buscar assistência
psicológica como forma de tentar evitar que o mesmo adoeça.

Eu morro de medo do meu filho desenvolver um problema mental.


Tanto é que ele faz tratamento com uma Psicóloga. Eu tenho medo.
Eu fico sempre atenta por que meu filho é nervoso e ansioso. [...] mas
isso é porque ele é hiperativo e além dele ser hiperativo ele tem
déficit de atenção. Já to prevenindo porque, pelo que eu sei, a
esquizofrenia começa na adolescência (Clara).

Valentina também sentiu medo quando presenciou as crises de


esquizofrenia do seu filho Moisés.

[...] ele foi para debaixo da cama. [...] vendo um capeta ali, uma cobra
dali. Eu quase morri de medo (Valentina).

Nos momentos de crise, Moisés também demonstra agressividade.


Apesar de nunca ter ferido Valentina, já houve situações de risco real e, em
uma ocasião, ela precisou recorrer à polícia.

As crises dele são danadas. Quando ele fica assim ele quer até
quebrar os vidros lá de casa, me pegar, me bater. Ele dizia que eu
não era a mãe dele. Um dia, eu tive que chamar a polícia. [...] graças
a Deus ele não me machucou nenhuma vez, mas eu já corri muito
dele. Teve uma vez que eu estava deitada no sofá... eu falei um
negócio com ele [...] o que ele achou na frente que foi uma panelinha
de alumínio [...] ele mandou a panelinha lá, se ela pega na minha
cabeça tinha me matado (Valentina).
17

Apesar de Valentina ter dito que nunca foi agredida, ela relata que, em
uma ocasião, ela foi atingida. Porém, a Valentina parece desejar minimizar
esse comportamento agressivo do filho, sempre retratando que, apesar de
tudo, ele não a machucou.

Teve uma vez que ele me acertou uma panelinha na cabeça. [...] só
que era daquelas finas (Valentina).

Valentina afirmou a hipótese de Moisés também ter ferido um rapaz no


passado, mas também aqui, ela demonstra dificuldade em acreditar e
reconhecer que o filho pode, de fato, cometer atos agressivos que o tornam
perigoso.

Teve uma vez que ele machucou um rapaz. Falam que é ele, mas eu
não sei se é também. [...] me disseram que ele deu uma cacetada
nesse rapaz, teve que ir para o pronto de socorro. Quando largou ele
lá em casa, ele pegou uma pedra, correu atrás do moço e deu uma
cacetada nele (Valentina).

Vale destacar que, ao minimizar esses comportamentos do filho,


naturalizando-os, Valentina não o teme, mas também corre risco de não adotar
medidas necessárias para se proteger.
Apesar dessa dificuldade de reconhecer os riscos, ela admite temer que
Moisés agrida uma tia que mora próxima a eles.

Eu tenho medo do Moisés agredir a minha tia. [...] e ela está mais
velhinha do que eu (Valentina).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os familiares participantes deste estudo contaram que os primeiros


episódios de esquizofrenia dos seus parentes ocorreram entre os 15 e 20 anos,
marcando principalmente a adolescência como período de aparecimento da
doença. Aos 15 anos, a esquizofrenia apareceu com maior evidencia no gênero
masculino.
18

Para Giacon e Galera (2006), o final da adolescência e início da vida


adulta é uma fase bastante conturbada, pois envolve transformações físicas,
emocionais e aquisição de novas responsabilidades e papéis, da pessoa, em
seu ambiente social. O aparecimento da psicose nesta época se dá, muitas
vezes, pela pressão que o jovem sofre dessas mudanças.
Os estudos de Tengan e Maia (2004) reiteram os achados nos
resultados: a esquizofrenia acomete cerca de 1% da população, sendo que,
normalmente, a idade de início está entre 15 e 30 anos de idade.
No que tange os fatores genéticos e ambientais o estudo de Gejman et.
al, (2010) corrombora os achados evidenciando, “o fato da esquizofrenia se
tratar de um transtorno genético não significa que não haja a participação de
fatores ambientais na gênese da esquizofrenia, tanto de fatores ambientais
biológicos quanto psicossociais. Talvez um termo mais apropriado então fosse
transtorno predominantemente genético, uma vez que tudo indica que haja a
participação de fatores ambientais na sua causação. Entretanto, a participação
destes fatores parece ser relativamente pequena”.
Diante do exposto, esse estudo lança luz para outros questionamentos:
Quais as emoções advindas da convivência com pessoas acometidas pela
esquizofrenia? Como a família cuida do portador dessa psicopatologia? Como
a família busca suporte para lidar com o sofrimento mental de seus entes? Por
se tratar de um problema grave de saúde mental, outras pesquisas são
necessárias para melhorar o cuidado, tratamento e conviência da família com o
sujeito em sofrimento psíquico.

REFERÊNCIAS

GASKELL, G. Entrevistas Individuais e Grupais: Pesquisa qualitativa com


texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

GEJMAN, P.V; SANDERS, A.R; DUAN J. The Role of Genetics in The


Etiology of Schizophrenia. Psychiatr. Clin. North Am., v. 33, n. 1, p. 35-66.,
2010.

GIACON, B. C. C. & GALERA, S. A. F. “Primeiro episódio da esquizofrenia e


assistência de enfermagem”. In: Rev. Esc. Enferm, São Paulo, 40(2), p. 286-
291, 2006.
19

MARTINS, J., & BICUDO, M. (2005). A pesquisa qualitativa em psicologia.


São Paulo: Centauro.

MOREIRA, V. “O método fenomenológico de Merleau-Ponty como


ferramenta crítica na pesquisa em psicopatologia” in: Psicologia: Reflexão e
Crítica, Porto Alegre, v. 17, n. 3, 2004. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722004000300016 >. Acesso em: 20 fev. 2019.

MOREIRA, V. BLOC, L. “Fenomenologia do Tempo Vivido no Transtorno


Bipolar” in: Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, V. 28, n. 4, p. 443-450,
2012.

MOREIRA, V.; SLOAN, T. Personalidade, ideologia e psicopatologia


critica. São Paulo: Escuta, 2002.

RODRIGUES, A. C. T. “Karl Jaspers e a abordagem fenomenológica em


psicopatologia”, in: Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental,
São Paulo, v. 3, n°4, p. 754-768, dezembro de 2005.

TENGAN, Sérgio K.; MAIA, Anne K. “Psicoses funcionais na infância e


adolescência” in: Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, Vol. 80, Nº 2 (supl.),
2004.

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