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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOM ALBERTO

FACULDADE DOM ALBERTO

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICANALISE

MARIA DE FÁTIMA CUPERTINO DE ALMEIDA

PSICOPATOLOGIAS EM UMA ABORDAGEM PSICANALÍTICA

ARAPIRACA
2022
PSICOPATOLOGIAS EM UMA ABORDAGEM PSICANALÍTICA
MARIA DE FÁTIMA CUPERTINO DE ALMEIDA

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro


também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido
copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte
além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do
trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim
realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis,
penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime
de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato
de Prestação de Serviços).

RESUMO - Neste artigo, faz-se uma reflexão acerca dos estudos sobre psicopatologia e
sua aplicação no campo psicanalítico ao considerar aspectos da neurosecontemporâneas.
Para tanto, abordam-se as modificações da constituição da família na história e a
influência dessas modificações na imago paterna, diferenciando-a da função paterna.
Aborda-se também o sintoma enquanto expressão da verdade do inconsciente e o
paradoxo do diagnóstico psicanalítico, bem como se discute o enlaçamento do “estranho”
com a alteridade.

PALAVRAS-CHAVE: Psicanálise, Psicopatologia, Subjetividade, Alteridade.


1 INTRODUÇÃO,

Se a palavra patologia é derivada do grego pathos, que significa


sofrimento ou doença; e se logia é a ciência ou estudo, podemos dizer que
psicopatologia (psykhé, também é um termo de origem grega que significa
espírito) é a área de conhecimento que tem como objetivo o estudo dos
estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental.

De acordo com Ceccarelli (2005), a psicopatologia é uma palavra


oriunda da junção de outras três palavras gregas que podem ser traduzida
como um “discurso (logos)” sobre o “sofrimento (pathos)” da “mente (psiquê)”.
Mais do que isso, este termo refere-se tanto ao estudo dos estados mentais
patológicos, quanto à manifestação de comportamentos e experiências que
podem demonstrar uma condição mental ou psicológica anormal.

Podemos conceber que este campo do saber seja recheado de objetos e


métodos. Ceccarelli (2005) ainda afirma que, desde a Grécia Antiga, já é
possível identificar certa atenção pelo sofrimento psíquico. Hipócrates (460 a.C
- 370 a.C), por exemplo, via a loucura como um desarranjo fisiológico. Por sua
vez, Platão (427 a.C - 347 a.C) propôs que a loucura era a perturbação entre a
divisão, proposta por ele próprio, da alma racional, apetitiva e afetivo-espiritual.

Na Idade Média, a loucura cai sob o domínio da Igreja Católica, que a


identifica como uma possessão demoníaca. Porém, já com o surgimento da
psicanálise, Freud postulou a ideia de que o entendimento das doenças
emocionais dizia respeito a uma constituição do indivíduo, contudo, apesar
disso, a resposta não seria encontrada no estudo da consciência, porém fora
da influência desta.

Devemos entender, desde já, que a psicopatologia percebe o psiquismo


como uma organização desenvolvida com a finalidade de proteger o ser
humano contra ataques externos ou internos, capazes de colocar a vida do
indivíduo em perigo, e, por isso, capaz de fazê-lo adoecer psiquicamente.
Outro aspecto importante foi levantado por Estevan (s.d), ao nos lembrar de
que a psicanálise não tem a pretensão de encarar o sintoma frente a frente, até
porque ele é apenas um efeito e não a causa. E, de acordo com Cavalcanti e
Cavalcanti (2006), ficamos sabendo que algumas doenças, para a psicanálise,
sofrem a leitura de um sintoma somático que disfarça, em nível superficial, um
conflito profundo.

Ainda que levantemos tais explicações, vale abrir um espaço para que
seja ressaltado aquilo que foi brilhantemente levantado por Ceccarelli: “Não
obstante, a complexidade intrínseca do psicopatológico indica que o objeto de
trabalho da psicologia – as paixões que constituem o sujeito – não é
apreensível por um discurso único e muito menos redutível a uma forma
discursiva que o unifique.

Daí a importância na perspectiva de Psicopatologia Fundamental, que o


estudante de psicologia tenha contato com a multiplicidade das
“psicopatologias” – fenomenológica, psicanalítica, existencialista,
comportamental, humanista, centrada a outras tantas – para que ele se dê
conta que a psicopatologia que sustenta a prática psicológica constitui um
vasto território habitado por diferentes perspectivas epistemológicas com
metodologias próprias e irredutíveis.

Cada corrente teórica da psicologia propõe, dentro do referencial que lhe


é próprio, possíveis apreensões do pathos que traduzem diferentes leituras do
fenômeno observado – diferentes leituras do real –, gerando diferentes
construções da realidade.” (2005, p.476) Com isso, queremos lembrar o
cuidado necessário de não formatarmos o sujeito que está à nossa frente como
um objeto passível de estudo e interpretações fechadas. É preciso, não só
conhecer, mas respeitar as demais correntes teóricas que nunca diminuem o
nosso entendimento.

Pelo contrário, o faz mais extenso e nos coloca mais próximos daquele
que nos pede por auxílio. Por isso, é de suma importância que saibamos que
não podemos centralizar em nossas mãos, nem nos envaidecer com o nosso
lugar do suposto saber, a supressão de todos os males. Além disso, é indo um
pouco mais além, conforme foi levantado por Estevan (s.d): “Para Freud só
existe um meio de se conseguir a cura. Para ele só o próprio doente é capaz
de se curar e, para que o próprio doente se cure, é preciso que ele descubra,
com seus próprios olhos, qual é a causa que provocou sua neurose. É preciso
se encontrar a causa, e só o doente é capaz disso.
2 DESENVOLVIMENTO

O que a psicanálise pode fazer consiste apenas em ajudar a pessoa,


facilitando o esforço que ela tem a fim de encontrar a causa que está
provocando os sintomas neuróticos.” (p. 118) Também não podemos esquecer
que o indivíduo é constituído pela soma da cultura, do seu psicológico e de
suas influências biológicas. Por isso, ainda que apresente uma estrutura clínica
predominante, o indivíduo vai manifestá-la de uma maneira própria, a partir da
sua história de vida, familiar, cultural e da herança genética.

Posto isso, não podemos esquecer que cada sujeito irá relatar os
acontecimentos durante a sua vida, dependendo da forma particular dos
“sentir”, interpretá-los e expressá-los intimamente ou perante a sociedade. A
psicanálise estuda e trabalha suas hipóteses diagnósticas a partir de três
principais grupos de estruturas clínicas: a neurose, a psicose e a perversão.

Cada uma destas estruturas apresenta um discurso próprio de


posicionamento ante à vida, mecanismos de defesas e sintomas
característicos. Neurose é o termo que se refere a qualquer desequilíbrio
mental que cause angústia e/ou ansiedade. Estudado, em 1777, pelo médico
escocês William Cullen, através de um tratado de medicina, referia-se a
desordens do sentido e da ação. Porém, a noção precisa de neurose só ficou
conhecida com Freud, quando, no decorrer do século XIX, passou a ser
comum caracterizar esta estrutura clínica como uma série de afecções do
sistema nervoso.

Para Freud, a neurose era o resultado de um conflito interno entre as


forças psíquicas que constituem o nosso psiquismo, ou seja, ocorrido entre os
desejos do nosso inconsciente que, ao serem incompatíveis com a realidade
exterior, desenvolviam, no indivíduo, um alto nível de ansiedade e mal-estar
geral. Apesar disso, era característica à falta de explicação orgânica que
respondesse à inflamação ou à lesão da estrutura do órgão em questão. “Os
sintomas neuróticos são, assim, o resultado de uma luta, uma consequência de
um conflito entre duas forças opostas. De um lado, a nossa moral e a nossa
educação acham que o melhor para nós é fazermos uma determinada coisa.
De outro lado, as tendências instintivas acham que o que devemos fazer é uma
outra coisa diferente.” (ESTEVAN, s.d, p. 114)

De acordo com Laplanche e Pontalis (1996), neurose é uma afecção


psicogênica em que os sintomas são demonstrações simbólicas de um conflito
psíquico, que tem origem na história infantil do indivíduo e constitui
compromissos entre o desejo e a defesa. Voltando a Estevan (s.d), ele nos
garante que, sem causa orgânica, porém psíquica, as neuroses precisam ser
pesquisadas, baseando-se no passado e não no organismo do paciente.

Tudo isso porque foram os conflitos, dramas e lutas interiores, que


acabaram encontrando uma válvula de escape na neurose. Hoje, o termo
neurose está em desuso, tendo, inclusive, já sido eliminado no DSM-III
(Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, de 1980). Porém, faz
parte deste contexto, recorrer à questão levantada por Laplanche e Pontalis
(1996). Os autores afirmaram que analisar a transformação sofrida pela noção
de neurose no fim do século XIX, exigiria um imenso levantamento histórico,
até porque tal evolução se fez diferente de país para país.

Para o objetivo deste estudo, basta que saibamos que, “por outro lado,
na fronteira móvel que o separa das doenças mentais, o grupo das neuroses
tende a anexar quadros clínicos (obsessões e fobias) classificados, ainda, por
certos autores entre as ‘psicoses’, as ‘loucuras’ ou os ‘delírios’.” (2006, p. 297)
Aqui precisamos salientar outro tópico que é de suma importância. Para tal,
façamos nossas as palavras de Laplanche e Pontalis que ao explicarem sobre
as neuroses levantaram que “Dificilmente poderemos considerar concluída a
diferenciação entre as estruturas psicóticas, perversas e neuróticas.

Por isso, a nossa definição corre o risco inevitável de ser ampla demais,
à medida em que se pode aplicar, pelo menos parcialmente, às perversões e
às psicoses.” (1996, p. 299) Assim, basta que entendamos o conceito da
neurose como toda a variedade de condição psiquiátrica, onde a angústia
emocional ou o conflito inconsciente são expressos por perturbações físicas,
fisiológicas e/ou mentais.

Na realidade, ainda vale dizer que as tendências neuróticas são bem


comuns. Ainda que as queixas dos pacientes neuróticos sejam subjetivas, há
uma acentuada carga afetiva que evolui com total consciência do indivíduo.
Apesar disso, comumente, estamos falando de pessoas com uma imagem
empobrecida de si, o que acarreta um elevado sentimento de inferioridade e
culpa. Além disso, e como um agravante do quadro, por terem o contato com o
outro prejudicado, são pessoas de pouca naturalidade, bastante inseguras e
com típico comportamento defensivo. “Toda pessoa normal sente medo
quando se encontra diante de um perigo.

O medo que o neurótico sente, entretanto, não é um medo normal, é um


medo mórbido, patológico, doentio. O medo normal é uma reação diante de um
perigo real. A angústia que um neurótico sente é uma reação diante de um
perigo imaginário, um perigo que não existe realmente (...) o perigo que está
ameaçando o neurótico é imaginário, mas a angústia que ele sente não é
imaginária.” (ESTEVAN, s.d, p. 107) Histeria De acordo com Estevan (s.d), a
noção da histeria é bem antiga e nos remonta a Hipócrates (460 a.C - 370 a.C)
que acreditava que a causa da histeria, uma doença essencialmente feminina,
estava na movimentação irregular do sangue do útero pelo o cérebro.

Precisamos esclarecer que havia, nesta época, uma teoria que


acreditava que o útero vagava pelo corpo. Na verdade, a delimitação da
histeria acompanhou as metamorfoses da história da medicina. Somente
depois de anos de estudo é que tal estrutura pode ficar conhecida como uma
forma de neurose que ocorre, especialmente, quando existem conflitos
psíquicos inconscientes que se revelam através de manifestações corporais e
sintomas psicológicos. Na histeria, encontramos conflitos inconscientes,
convertidos em sintomas físicos, sem que isso dependa de alguma patologia
orgânica.

Seus distúrbios sensoriais podem incluir os sentidos da visão, paladar,


olfato ou audição e podem variar desde a hipersensibilidade até a anestesia
total. Conforme foi lembrado por Estevan (s.d), um neurótico atacado de
histeria pode ficar paralítico, sem que haja nenhuma causa orgânica. Diante
disso, muitos médicos, antes de Freud, diziam que o paciente estava fingindo.

Foi somente Freud quem considerou este quadro clínico como uma
doença psíquica bem definida e que, portanto, exigia uma etiologia específica.
Ao estudar e atender algumas pacientes histéricas, Freud pôde abandonar o
método sugestivo e a utilização da hipnose para investigar o inconsciente. Ele
percebeu, de tal modo, que a histeria é causada pela rejeição do desejo sexual
tipicamente reprimido, manifestando-se em forma de ansiedades e traumas.

Atualmente, psicanalistas ampliam o conceito para além da repressão


dos desejos sexuais, mas há outros tipos de desejos ou mesmo de situações
traumáticas.

Freud nomeou diferentes tipos de histeria, o que nos faz perceber, que
esta estrutura clínica é uma classe de neurose que apresenta variados quadros
clínicos. Suas principais formas sintomáticas é a histeria de conversão, onde o
conflito é simbolizado através de sintomas corporais diversos, e a histeria de
angústia, em que a angústia é fixada de modo estável, através de fobias que
podem ser observadas na neurose obsessiva.

“As duas formas sintomáticas mais bem identificadas são a histeria de


conversão, em que o conflito psíquico vem simbolizar-se nos sintomas
corporais mais diversos, paroxísticos (exemplo: crise emocional com
teatralidade) ou mais duradouros (exemplo: anestesias, paralisias histéricas,
sensação de “bola” faríngica etc.), e a histeria de angústia, em que a angústia é
fixada de modo mais ou menos estável neste ou naquele objeto exterior
(fobias).” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1996, p. 211)

Vale lembrar que a “cena” causadora de tal distúrbio pode não ter
ocorrido na realidade, ou seja, ela pode ter sido uma criação, fruto da
imaginação do paciente, a partir de desejos proibidos. Sendo essa uma cena
real ou não, por provocar grande ansiedade, o indivíduo reprime o seu
conteúdo e somatiza, criando sintomas como uma forma de impedir o
movimento para o desejo.

Vimos que a neurose se caracteriza por sintomas físicos, ainda que não
haja nenhuma lesão orgânica capaz de explicar o sofrimento de tal queixa.
Apesar disso, diferentemente da psicose, a neurose não impede o pensamento
racional. Enquanto que o neurótico tem plena consciência dos seus atos, ainda
que não consiga controlá-los, na psicose o sujeito fica alienado, sem poder
comparar o que é fruto da imaginação daquilo que ocorre na realidade.

Os problemas também se manifestam nas alterações de humor e/ou no


déficit intelectual. Estevan (s.d) ao se questionar qual seria a diferença mais
importante entre as duas estruturas psicopatológica, ele acredita que ela esteja
no grau de consciência de que a pessoa não tem noção do seu estado. “Toda
psicose é formada por um conjunto de alterações do conhecimento do
indivíduo do próprio “eu” e do conhecimento do indivíduo do mundo em que ele
se encontra. Psicose é a alteração entre o “eu” e o mundo exterior, e a neurose
é a alteração da relação entre o ego, o id e o superego.” (LOPES, 2001, p. 30)

Desta forma, podemos afirmar que a psicose é caracterizada por


alterações psicológicas muito mais graves e comprometedoras que outros
distúrbios, como o exemplo da neurose, visto que afeta a personalidade do
indivíduo. Assim, o funcionamento mental de um psicótico interfere
consideravelmente em sua maneira de enfrentar a vida. “A palavra psicose foi
grafada pela primeira vez em 1845, por um psicólogo alemão, Feuchtersleben,
e apareceu no ano seguinte, pela primeira vez, no Zeitschrifte fur Psychiatrie
und Gerichtliche Medizin (Jornal de Psiquiatria e Medicina Forense).

Segundo o Petit Robert, a palavra psicose só foi usada na França, em


1869, e, se acompanharmos toda a literatura do século XIX, veremos que o
primeiro aparecimento da palavra psicose, com grande destaque, é no trabalho
de Möbius, de 1892, quando ele divide as doenças mentais em psicoses
exógenas e endógenas. Então, psicose é uma palavra de curso muito restrito,
especialmente no século XIX. Quando Kraepelin faz a sua sistemática, a
palavra psicose não aparece. Depois, ela vai surgir, frequentemente, em todos
os tratadistas.” (LOPES, 2001, p. 28)

A psicose é um quadro psicopatológico de valor reconhecido não só pela


psicanálise, mas também pela psiquiatria. Neste estado psíquico, além de
haver uma perda de contato com a realidade, podem, inclusive, ocorrer
alucinações ou delírios, onde o paciente altera totalmente a realidade e,
irredutível de qualquer tentativa de argumentação lógica, passa a acreditar em
suas fantasias. Mais do que isso, Freud observa na psicose, um retraimento da
libido, que permite ao psicótico um estado de desligamento do mundo externo,
como acontece no narcisismo, onde o ego tem em si mesmo o seu objeto.

“Considerado na sua compreensão, o conceito de psicose continua


definido em psiquiatria de uma forma mais intuitiva do que sistemática, através
de características pertencentes aos mais diversos registros. Nas definições
correntes, vemos, muitas vezes, figurarem, lado a lado, critérios como a
incapacidade de adaptação social (problema da hospitalização), a “gravidade”
maior ou menor de sintomas, a perturbação da capacidade de comunicação, a
ausência de consciência do estado mórbido, a perda de contato com a
realidade, o caráter não “compreensível” (segundo o termo de Jaspers”) das
perturbações, o determinismo orgânico ou psicogenético, as alterações mais ou
menos profundas e irreversíveis do ego.” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1996, p.
392)

Precisamos ter em mente que a psicose não se refere a uma única


doença específica. Ao falarmos dela, estamos falando de uma síndrome, ou
seja, de um conjunto de doenças que possuem sinais e sintomas semelhantes.
Podemos dar como exemplo de psicose a esquizofrenia, o transtorno bipolar e
o autismo. A psicose não tem cura definitiva, mas a ingestão de medicamento
provoca a estabilização da doença que, entretanto, pode voltar a se manifestar.

A estrutura clínica da perversão Para Freud, a compreensão sobre o


adoecer mental está associada às variações da libido no desenvolvimento
humano: a libido, não satisfeita, poderia tentar ser descarregada de inúmeras
formas. Assim, a produção, o aumento, a diminuição, a distribuição ou o
deslocamento desta, nos proporciona a possibilidade de se esclarecer os
fenômenos psicossexuais.

A palavra libido é de origem latina e significa desejo ou anseio, tendo


sido entendido por Freud como uma energia essencial de natureza sexual, que
pode ser investida em objetos externos, representações ou estrutura. Acontece
que, de acordo com a forma de investimento da libido, podem ocorrer prejuízos
ao indivíduo. Assim, percebemos que, como não há um objeto único de
satisfação, diversas práticas sexuais puderam ser consideradas irregulares.

“É difícil conhecer a noção de perversão sem que haja uma norma.


Antes de Freud, e ainda nos nossos dias, o termo é usado para designar
“desvios” do instinto, definido este como um comportamento pré-formado,
próprio de determinada espécie e relativamente invariável quanto à sua
realização e ao seu objeto.” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1996, p. 341)

O estudo das perversões estava fervilhando no momento em que Freud


estudava sobre a teoria da sexualidade. Antes dele, estudiosos como Krafft-
Ebing (1840-1902), que teve sua obra “Psychopathia Sexualis” publicada em
1893 ou Havelock Ellis (1859-1939) que, em 1897, foi co-autor do primeiro livro
médico inglês, “Studies in the psychology of sex”, descreveram o conjunto de
perversões sexuais adultas, caracterizando as práticas sexuais que se
desviavam dos padrões éticos e morais da sociedade.

Vale dizer que o conceito de perversão teve diversas interpretações ao


longo da sua construção. Foi somente a partir de 1896 que este termo foi
definitivamente adotado como conceito, conservando, assim, a ideia de desvio
sexual em relação a uma norma. Cabe lembrar que estudar aquilo que vemos
como normal, traz à tona aquilo que é anormal. Assim, se tal fato deixou
margem para clara e objetiva conceituações, também permitiu conotações
pejorativas e errôneas.

“As perversões não são bestialidades nem degenerações no sentido


patético dessas palavras. São o desenvolvimento de germes contidos, em sua
totalidade, na disposição sexual indiferenciada da criança e, cuja supressão ou
redirecionamento para objetivos assexuais mais elevados — sua ‘sublimação’
destina-se a fornecer a energia para um grande número de nossas realizações
culturais.” (FREUD,1905, p.55-56)

“Em psicanálise, fala-se de perversão apenas em relação à sexualidade.


Embora Freud reconheça a existência de outras pulsões além das sexuais, não
fala em perversão a propósito delas. No campo daquilo que chama de pulsões
de autoconservação, a fome, por exemplo, ele descreve, sem empregar o
termo perversão, perturbações da nutrição, que muitos autores designam como
perversões do instinto de nutrição.

Para Freud, essas perturbações devem-se à repercussão da


sexualidade na função de alimentação (libidinização); poderíamos, pois, dizer
que esta é ‘pervertida’ pela sexualidade.” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1996, p.
341) Em seu primeiro contato com o estudo médico da perversão, Freud lança
um olhar mais moral do que científico.

Foi na sua obra "Três ensaios sobre a sexualidade" (1905), que Freud
retornou ao tema, relacionando-o com a sexualidade. Ao postular a existência
da atividade sexual infantil, a transformou no modelo para a sexualidade adulta,
bem como a condição da criança de “perversa polimorfa”, que, aos poucos,
seria moldada de acordo com padrões e normas ditadas pela cultura. Assim,
para ele, a perversão é a permanência, durante a vida adulta, de
características perversopolimorfas, ou seja, da sexualidade infantil. Aqui,
podemos entender quando Estevan (s.d) caracteriza este conceito como sendo
um desvio em relação ao ato sexual “normal”, definindo este como o coito que
visa a obtenção do orgasmo por penetração genital, com uma pessoa do sexo
oposto. Até um determinado ponto da sua obra, a perversão é teorizada como
consequência da fixação da libido decorrente de um excesso de gratificação.

“Diz-se que existe perversão quando o orgasmo é obtido com outros


objetos sexuais (homossexualidade, pedofilia, bestialidade etc), ou por outras
zonas corporais (coito anal, por exemplo) e quando o orgasmo é subordinado,
de forma imperiosa, a certas condições extrínsecas (fetichismo, travestismo,
voyeurismo, exibicionismo e sadomasoquismo). Estas podem mesmo
proporcionar, por si só, o prazer sexual” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1996, p.
341)

Muitos terapeutas encontram resistência no atendimento a indivíduos


perversos. Por vezes, é difícil escutá-los sem repeli-los, sem bater em nós, um
sentimento de estranheza. Porém, quando analisadas as atrações do paciente
perverso, nos revelam defesas contra a angústia e o sentimento de vazio, ou
seja, uma maneira de se defender contra o desamparo.

Vale também esclarecer que o paciente perverso nos afeta muito mais
no seu contato transferencial, do que o paciente neurótico. Isso ocorre porque
aquilo que anteriormente foi usado como defesa à castração é jogado na
relação terapêutica, exigindo de nós muito mais, para que possamos
acompanhar o sujeito em sua evolução. 4.4 – A estrutura clínica da
homossexualidade De acordo com Frazão e Rosário (2008), o termo
homossexual foi introduzido na literatura científica em 1869, por Karoly María
Benkert, em uma tentativa de eliminar ou substituir designações pejorativas
para as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo.

Depois de pouco tempo, surgiram os primeiros estudos médicos e


psiquiátricos sobre o assunto, cujos pressupostos estavam baseados na
procura de um substrato físico ou psíquico que explicasse tal desordem.
Apesar disso, tenhamos cuidado, já que muitos dizem que a psicanálise trata a
homossexualidade como doença, rodeando este assunto a inúmeros estigmas.

Não é isso! Ela é vista como um conjunto de sintomas, de uma defesa


maníaca ocorrida pelo ego que se vê diante de uma forte carga de ansiedade
de fundo paranóide e, ao mesmo tempo, depressiva. Assim, para Freud havia
uma profunda ligação entre a paranoia e a homossexualidade latente. Também
é determinante, nesta estrutura, o complexo de castração que amedrontaria o
indivíduo em direção às perdas e à ideia de morte.

Ainda que não tenhamos uma equação cartesiana ou um único caminho


que responda a homossexualidade, foi hábito de Freud pesquisar as origens
psíquicas da homossexualidade com a clara finalidade de construir um
caminho que o pudesse levar. De acordo com Frazão e Rosário (2008), com o
movimento político organizado desde 1970, ocorreram pressões cívicas e
sociais para o fim da visão da homossexualidade como uma doença mental. E
foi em 1973, através da American Psychiatric Association e pela American
Psychological Association, que a homossexualidade deixou de ser considerada
como uma doença mental.

Ainda assim, foi somente em 1993, com a nova versão da CID-10


(Classificação Internacional de Doenças adotada pela Organização Mundial de
Saúde), que retirou a homossexualidade de sua lista de doenças. Como
ilustração, apresentamos uma carta de Freud, escrita em 1936, em resposta ao
pedido de uma mãe por tratamento da homossexualidade de seu filho
adolescente. (Do livro “Vida e obra de Sigmund Freud’ de Ernest Jones, Ed.
Zahar, 1979)

“Prezada Senhora, Deduzo de sua carta que seu filho é homossexual.


Estou especialmente impressionado com o fato da senhora não ter mencionado
este termo no seu relato sobre seu filho. Posso perguntar-lhe por que o evitou?
A homossexualidade seguramente não é uma vantagem, mas não é nada
vergonhoso, não é um vício, não é uma degradação, não pode ser classificada
como uma doença; nós a consideramos uma variação da função sexual
produzida por um certo bloqueio no desenvolvimento sexual.

Muitos indivíduos altamente respeitáveis na antiguidade e também nos


dias de hoje, foram homossexuais, muitos homens notáveis de sua época
(Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci). É uma grande injustiça e crueldade
a perseguição da homossexualidade como um crime. Se você não acredita em
mim, leia os livros de Havelock Ellis. Ao perguntar-me se eu poderia ajudar,
suponho que você quer saber se posso abolir a homossexualidade e colocar a
heterossexualidade normal em seu lugar. A resposta é que, de uma maneira
geral, não podemos prometer conseguir isto.

Em certos casos, temos sucesso em desenvolver as incipientes


tendências heterossexuais que estão presentes em todos os homossexuais,
mas, na maior parte dos casos, isto não é mais possível. Depende das
características e da idade do indivíduo.

O resultado do tratamento não pode ser previsto. O que a análise pode


fazer por seu filho segue em outra direção. Se ele é infeliz, neurótico, torturado
por conflitos, inibido em sua vida social, a análise pode lhe trazer harmonia,
paz de espírito, completo desenvolvimento de suas potencialidades, continue
ou não homossexual. Se você decidir que ele deve fazer análise comigo – e eu
não espero que isto aconteça – ele deverá vir a Viena. Não tenho intenção de
me mudar. De qualquer forma, não deixe de me responder. Sinceramente,
Desejo-lhe boa sorte, Freud” às origens da sexualidade ‘perversa’.

Assim, de acordo com Freud, alguns são fatores determinantes na causa


da homossexualidade. Entre eles, podemos destacar a forte ligação com a mãe
capaz de impedir a ligação com outra mulher e a fixação na fase narcísica,
fazendo com que a pessoa se ligue a seu igual e não em outro sexo. Vieira
(2009) amplia a nossa visão, comentando sobre teorias posteriores a Freud,
quando a perversão deixa de ter caráter unicamente sexual e passa a ser
considerada mediante o discurso sobre o gozo.

Tal autor nos diz que a homossexualidade pode ser entendida como
perversa, no sentido de dizer à autoridade parental, que o sujeito conhece um
gozo a que eles não terão acesso. Desta forma, esta perversão não é de
ordem moral, é da ordem do desafio à lei, do desafio ao imperativo fálico. É
sobre o saber que o perverso imagina ter conhecimento, sobre o gozo perdido
com a castração, caso esta tivesse sido aceita.

“A homossexualidade é tão antiga como a própria humanidade,


existindo, ao longo de todos os períodos históricos e atravessando todas as
culturas. Contudo, as diferentes sociedades humanas encararam-na ou a
encaram de formas distintas... De fato, esta visão negativa da
homossexualidade, nas culturas dominantes, foi manifestada através da sua
condenação social, moral e legal. Apenas em finais do século XIX, com o
advento daquilo a que Foucault (1976-1994) designou como “scientia sexualis”,
começam a emergir os primeiros discursos científicos e médicos acerca da
homossexualidade, embora a maioria deles mantenha, direta ou indiretamente,
um caráter profundamente patologizador.” (FRAZÃO e ROSÁRIO, 2008, p. 26)

Freud também nos falava sobre a bissexualidade como uma maneira de


afirmar que a sexualidade é uma esfera incerta e que, portanto, existe a
possibilidade de escolher, como objeto de amor, um homem ou uma mulher.
Esta escolha é da ordem do inconsciente e é revelada pela forma como
homens e mulheres se vêem em relação ao falo.

A homossexualidade dentro da psicanálise é entendida como uma


defesa maníaca, uma forma do ego de se proteger frente às demandas que
geram a angústia e as ansiedades, e que estão acima de qualquer escolha que
a pessoa possa ter feito. A homossexualidade masculina Em torno dos quatro
anos de idade, o menino encontra-se libidinosamente ligado à mãe. O pai
intervém nesta relação e se transforma em rival. Depois, deste momento, o
menino passa a interiorizar as características masculinas paterna, tanto quanto
seu objeto de desejo, as mulheres.

Freud explica a homossexualidade masculina como sendo uma saída


negativa do complexo de Édipo, ou seja, o pai, sem conseguir impor limite à
relação do filho com a mãe, não permite que este se volte para a característica
paterna. No lugar disso, interioriza as características femininas da mãe,
inclusive o seu objeto de desejo, o homem.

A homossexualidade masculina, assim, ocorreria quando o sujeito, ao


final do complexo de Édipo e à altura em que deve suprir a mãe por outro
objeto de desejo, produz uma inversão, ou seja, o menino passa a afeiçoar-se
com a mãe e dirigir-se a objetos que assumiriam o lugar antes ocupado pelo
seu próprio eu, sobre os quais, a partir deste momento, ele pode investir o
mesmo amor que sua mãe até então investira nele próprio.
Freud também explicou a homossexualidade masculina pela aversão
aos órgãos genitais femininos, consequência de um complexo de castração
intenso demais para ser entendido por completo pelo psiquismo do menino. “As
diferenças anatômicas seriam motivo de conflito entre rapazes e raparigas, por
revelarem reciprocamente as ameaças ligadas ao processo de
desenvolvimento psicossexual.

Assim, numa perspectiva clássica do desenvolvimento masculino e


feminino são só percebidos após as posições ativo/passivo e fálico/castrado,
que seriam a base da construção da identidade sexual.” (AFONSO, 2007, p.
332) Não podemos esquecer que Freud viveu em uma sociedade
extremamente conservadora, em um momento de supervalorização da criação,
da produção científica e das fábricas.

A conceituação do masculino, altamente valorizado e necessário, nesta


época, era a do ativo, do produtor. A teoria freudiana traz consigo o ranço
desta época. Uma época em que o corpo humano foi dividido,
cartesianamente, em uma dualidade homem-mulher, macho-fêmea. Aqui só
havia um sexo, o masculino, sobrando às mulheres, o corpo úmido e
incompleto que encontrou, na fragilidade, um empecilho em seu
desenvolvimento. Esta teorização levou à reduzida crença de que a
homossexualidade masculina significava passividade que, por sua vez, era
entendida como feminilidade, ou seja, um trauma.

Assim, os homens que são homossexuais passaram a ser negados ao


território da masculinidade e reformulados como mulheres falsificadas. “De
acordo com Freud (1933), ser masculino é qualidade natural que todo homem
valoriza. Por outro lado, não se pode dizer o mesmo sobre ser feminina, algo
de menos valor. Sendo a mãe o primeiro objeto de amor, o rapaz nasce
heterossexual.

Com genitais visíveis, uma identidade de gênero nuclear inequívoca,


estaria mais livre de conflitos. Mas, a ansiedade de castração suscitada pelo
receio do pai rival, ou pela observação das mulheres, sem pênis, pode
bloquear um percurso sem sobressaltos em direção à heterossexualidade.”
(AFONSO, 2007, p. 332)
Mais do que isso, lembremos que, para Freud, uma sexualidade sadia é
aquela em que os genitais encontram-se a serviço da reprodução, sendo esta a
última fase pela qual passa a organização da sexualidade. “Freud sublinhou a
variedade de significado dos conceitos masculino e feminino. No sentido
biológico, se referem aos caracteres sexuais primários e secundários que, por
si só, não explicam o comportamento psicossexual.

No nível sociológico, masculino e feminino, masculinidade e feminilidade


não são apenas dados da natureza, mas, sim, um trabalho da cultura sobre
esses dados, ou seja, são entidades reais, simbólicas e imaginárias. No nível
psicossexual, estão imbricados os dois níveis anteriores, particularmente o
social. Não são tanto os papéis funcionais, os desempenhos sociais a avaliar a
masculinidade/feminilidade, mas, sim, os fantasmas subjacentes, reveláveis
pelo processo analítico.” (AFONSO, 2007, p. 331)

Por meio desta visão, ainda vemos analistas, em seus consultórios,


sustentarem o gênero heterossexual como natural, inviabilizando, desta
maneira, a apreensão total da natureza e da experiência de gênero.
Precisamos ir além de permitir ao paciente a estruturação de um sistema de
valores. Nós, os profissionais de saúde mental, precisamos olhar de forma
ampla ao desenvolvimento da sexualidade.

Isto não significa isolar a necessidade da cultura e suas normas sociais,


mas distinguir o normativo do natural, de suma importância em nosso trabalho.

A homossexualidade feminina O desenvolvimento da sexualidade


feminina ocorre de forma diferente à dos meninos. Enquanto nos homens,
primeiro ocorre o complexo de Édipo e só, então, se faz presente o complexo
de castração, com as mulheres ocorre o inverso: a constatação da castração é
que desencadeia o complexo de Édipo.

A menina, por sua vez, abandonaria o desejo de ter um pênis em


substituição ao desejo de ter um filho do seu objeto de amor, isto é, seu pai.
Esta necessidade superaria a ferida de sua condição feminina, ao criar, ao lado
da equação proposta por Freud, onde o pênis é igual ao falo, uma nova
equivalência onde se percebe o filho igual ao falo. “A ausência de um pênis faz
a menina sentir inveja, que, de acordo com a forma como é manejada,
determinará a sua identidade. Em excesso, pode levar ao desenvolvimento de
qualidades masculinas para o substituir, ou à obtenção de um, através da
fantasia.

Pode se sentir inferiorizada, ficando passiva e masoquista, confundindo


o seu clitóris com um pênis defeituoso, não deslocando o erotismo para a
vagina. Se tudo correr bem, no entanto, ela se voltará para o pai e terá o
desejo de ter um bebê, orientando-se heterossexualmente.” (AFONSO, 2007,
p. 332) O mesmo autor (2007) segue com a sua explicação afirmando que, à
menina, ainda cabe perdoar o pai por a obrigar a adiar a chegada do bebê e
com isso precisa se identificar com a mãe para se tornar, finalmente, feminina.

É o complexo de castração que se coloca como o divisor de águas da


sexualidade feminina. Neste momento, para a menina cabem três alternativas:
abandonar os impulsos sexuais, tornando-se frígida, identificar-se com o pai,
provocando a homossexualidade, ou, escolher o pai como objeto de amor,
descobrindo a feminilidade. Assim, de acordo com Vieira, (2009), podemos
perceber que, embora Freud tenha traçado três vias possíveis para o confronto
das mulheres com sua castração, foi eleita uma única direção para se tornar
mulher, a saber, a maternidade.

Mais tarde, Freud (1920-1969) publica um artigo sobre a


homossexualidade feminina, onde desenvolve a ideia de que a
homossexualidade estaria ligada a uma fixação infantil à mãe e uma fortíssima
decepção em relação ao pai, aliando-se a isto um complexo de virilidade.
(FRAZÃO e ROSÁRIO, 2008, p. 28) Em outras palavras, como quem
engravidou foi sua mãe e não ela, a saída deste trauma é virar as costas para o
pai e para todos os homens e, pela inveja da conquista da mãe, busca o papel
masculino como uma solução para ter o mesmo destino que sua mãe.

3 CONCLUSÃO

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