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Tereza Dubeux
INTRODUÇÃO
Estas frases lacanianas prenunciam a postura
psicanalítica diante da loucura: abordar a psicose como
algo específico e determinado, que tem sua lógica e seu
rigor.
INTRODUÇÃO
Para a psicanálise, em especial na abordagem
lacaniana, a psicose é uma estrutura clínica na qual não
há inscrição do significante primordial, o Nome-do-Pai,
responsável por interditar a relação dual mãe-bebê,
operando um corte cujas conseqüências são: o
reconhecimento da incompletude tanto do bebê quanto
da mãe, e o direcionamento do seu caminhar guiado
pelo desejo.
INTRODUÇÃO
Em virtude de sua estrutura, ele cria uma nova realidade para dar
conta do que lhe ocorre intrapsiquicamente.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
A psicose não é um fenômeno novo, pelo contrário,
foi constatado há anos, sendo tratado de diversas
formas ao longo dos tempos. Apesar de se tratar de um
fenômeno antigo, nem a sociedade, nem a comunidade
científica, nem a rede de saúde mental do território e
nem a família, no particular, estão preparadas
totalmente para dar conta dessa problemática.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
As estruturas clínicas são formas de organização
defensiva do psiquismo para atuar no mundo frente à
falta e à castração. São o modo singular encontrado pelo
sujeito para lidar com esses fatos essenciais da vida
humana.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
A psicanálise, por sua vez, traz justamente a questão
do sujeito como fator central, defendendo que a
sintomatologia não é suficiente para a determinação da
estrutura clínica, tendo em vista que o mesmo sintoma
pode surgir em diversas estruturas. Existem outros
fatores que influenciam, os quais se organizam a partir
da especificidade da configuração de seus elementos.
NEUROSE E PSICOSE
Freud afirma que na totalidade dos casos , das neuroses
e psicoses, o sujeito encontra-se diante da incapacidade
do eu de se defender de uma representação psíquica
intolerável; diferencia no entanto, seus mecanismos e
efeitos sobre a estrutura clínica.
NEUROSE E PSICOSE
Esse processo que Freud chama de rejeição,
Lacan o toma no sentido de abolição simbólica.
NEUROSE E PSICOSE
Nessa aproximação com a linguagem, vão se
constituir três campos de influência sobre o sujeito:
de um lado, o simbólico, que se organiza como
estrutura para dar lugar aos elementos que se
ordenam na dimensão do inconsciente,
representado pelo significante.
Do outro, como função, o imaginário, que tem
prevalência no nível do pré-consciente,
representado pela significação;
E, do outro, o real, que é exatamente o discurso
feito realmente na dimensão diacrônica, histórica,
mas inaccessível, impossível de ser apreendido.
Trata-se daquilo que existe, que produz efeitos,
mas que não é nomeável.
PSICOSE
Tereza Dubeux
NEUROSE E PSICOSE
Os mecanismos da neurose, o recalcado e o
retorno do recalcado (o sintoma), são ambos de
natureza simbólica. O retorno de uma representação
ainda é uma representação que continua a fazer parte do
eu. Um sintoma neurótico é um retorno da mesma
natureza simbólica e está tão integrado ao eu quanto a
representação recalcada.
NEUROSE E PSICOSE
No que se refere aos mecanismos da
psicose, o repúdio ou a abolição da
representação intolerável, aquilo que é
repudiado e o que retorna são de naturezas
profundamente heterogêneas.
NEUROSE E PSICOSE
Na psicose, a perda da realidade é
primária, constituindo a própria doença. O
desligamento parcial da realidade é o mais
freqüente, servindo de preâmbulo ao
desligamento total.
Lacan retoma os pontos de vista freudianos sobre
o narcisismo, que alicerça a sua concepção da
psicose, e o mecanismo da foraclusão para
construir a sua teoria do fracasso da instalação da
metáfora paterna como fundamento de todo o
processo psicótico.
A gravidez pode, nesse sentido, ser causa de um
retorno maciço do recalcado, retorno que, se não acaba
numa psicose, torna todavia, psicogênica sua relação
com a criança.
Conseqüências:
1. Não se realiza a metáfora paterna, e ao não se
constituir a condição básica para o recalque primário,
o psicótico se vê radicalmente impossibilitado de usar
a linguagem em sua dimensão simbólica (sofre o
rebote real da linguagem), tornando-se
impossibilitado de negar algo no plano de um discurso
onde tudo se afirma para ele.
PSICOSE
Tereza Dubeux
FORACLUSÃO
A posição teórica de Lacan a propósito da
foraclusão varia conforme os seus textos e a
época de sua elaboração teórica.
FORACLUSÃO
FORACLUSÃO
Quer se trate de uma ou de outra dessas perspectivas, o que
está em jogo é sempre este tripé de base: o Todo, o Um e a falta,
sobre o qual atuará a foraclusão. A operação foraclusiva pode
incidir sobre o Todo, sobre o Um da existência ou sobre a falta.
FORACLUSÃO
FORACLUSÃO
O Nome-do-Pai, entendido como expressão do desejo da mãe ou
do desejo do filho, é qualificado por Lacan de metáfora paterna,
ou seja, metáfora do desejo da criança perpassada pelo desejo da
mãe.
Elisão Restauração
1. Do imaginário 3. No real:
perplexidade
2. Do simbólico
4. No imaginário:
delírio
PSICOSE
Tereza Dubeux
Na paranóia, a constelação paterna que volta no Real é o pai não castrado. Por essa
razão é possível encontrar facilidade de constituição do delírio, riqueza de alucinações
auditivas, riqueza de manifestações do pai no Real e escassez de alucinações não
auditivas. O êxito da constituição do delírio funciona como uma defesa efetiva do
sujeito, sustentando-o numa significação. As alucinações cenestésicas surgem
freqüentemente no quadro paranóico como uma tentativa de sexuação do sujeito.
Essas alucinações poderiam ser pensadas como alucinações auditivas na medida em
que seriam manifestação de uma tentativa de sexuação Real pelo pai (efeitos de sua
voz). Elas teriam a ver com a transformação do sexo do sujeito (transexualismo).
PSICOSE
Tereza Dubeux
A fobia apresenta sempre duas faces. Por um lado, existe a fobia de significantes,
como a dos objetos cortantes, dos animais etc. Por outro lado, as fobias do espaço,
que são propriamente fobias relativas à posição de objeto do sujeito, fobias de ser
punido pelo outro, aspirado no seu gozo. A referida oscilação dar-se entre um esforço
para produzir um excesso de pai, esforço este que nunca se apaga, e a queda
imediata desse esforço, um risco objetal que produz uma fobia de espaço ou ainda
uma posição depressiva. Esse tipo de constelação paterna produziria na psicose uma
oscilação entre um excesso de significação do lado da mania e um abandono objetal
do lado da depressão.
PSICOSE
Tereza Dubeux
Definição
A paranóia é uma psicose que se caracteriza por um delírio
sistematizado em que predomina a interpretação, e pela ausência
de enfraquecimento intelectual.
Histórico
A hipótese inicial de Freud era de que ele podia abordar as
manifestações psíquicas da paranóia à luz dos conhecimentos que
a psicanálise tinha adquirido sobre as neuroses, pois ele
acreditava que elas decorriam dos mesmos processos gerais da
vida psíquica.
Já em 1894, Freud escrevia que as idéias delirantes deviam ser
classificadas ao lado das idéias obsessivas, sendo ambas
distúrbios puramente intelectuais; a paranóia situa-se ao lado do
distúrbio obsessivo na qualidade de psicose intelectual.
PSICOSE
Tereza Dubeux
2. Unidade e Fixidez
A intrusão do semelhante funda a unidade do eu em seu
narcisismo de objeto unificado. Há confusão entre
identificação e amor de si. Confusão que deve ser mantida
para a estabilidade da personalidade.
4. O objeto do desejo
O conhecimento paranóico institui uma tríade imaginária do
outro, do eu e do objeto. O interesse por um determinado
objeto nasce a partir do desejo do outro por este objeto.
Assim, uma alteridade primitiva está inclusa no objeto, uma
vez que ele é primitivamente o objeto de rivalidade e de
concorrência. A competição, a rivalidade, o ciúme são a
gênese e o arquétipo dos sentimentos sociais.
PSICOSE
Tereza Dubeux
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
Para Lacan, a mania é um pecado mortal, uma covardia,
no sentido de significar ceder em seu desejo de saber, de
saber sobre o inconsciente que determina o sujeito.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
O debate sobre a doença mental entre a psiquiatria e a
psicanálise não é de hoje. Evidentemente, nem uma, nem outra
são a mesma. Ambas evoluíram e assimilaram novos recursos
para o tratamento específico defendido por seus campos de
trabalho.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A psicanálise, contrapondo-se à esta perspectiva, insiste
em demonstrar a presença do sujeito nas realidades das
psicoses. Ao tratar da mania em seu artigo
“Televisão,”Lacan a define como pecado-mortal,
lembrando, assim, que ela não está fora do campo da
ética.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
Histórico
Embora Freud tenha abordado a psicose maníaco-
depressiva, suas teses sobre a melancolia foram mais
elaboradas do que sobre a mania.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
Histórico
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
Histórico
A interrogação que o melancólico ou o maníaco coloca
parece desenrolar-se no interior do mundo comum a
todos nós.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
Na mania, o sujeito lida com a exigência paterna no
Real. O encontro com esta exigência vale para produzir
significação para o sujeito tanto mais quanto mais a
exigência se manifesta como implacável. Este encontro
pode ser pensado como a busca de um referencial que
lhe dê sustentação.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
A mania foi abordada pela psicanálise em suas relações
com a melancolia: uma e outra dependeriam de “ um
mesmo processo ao qual o eu sucumbiu às pressões do
superego na melancolia, ao passo que, na mania, o
dominou ou o afastou.” (Freud, “Luto e Melancolia”). Ele
considerava a mania como uma defesa contra a
melancolia, em que confluiriam o eu e o ideal do eu,
ocasionando uma imagem de triunfo do ego sobre o
superego.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
A tese freudiana faz da mania o simétrico da melancolia:
o luto, referindo-se à tristeza melancólica e a festa, à
euforia maníaca. Assim, o júbilo da transgressão torna-se
a chave da mania, tal como a dor da perda, a da
melancolia.
A festividade maníaca é concebida pela a exclusão da
censura, em prol da afirmação narcísica e triunfante das
exigências pulsionais.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
Para Freud, o júbilo maníaco seria efeito da eliminação
do gasto psíquico exigido pelo recalque, convertendo-se
em afeto a energia liberada.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
Com sua idéia de que a mania é uma festa, Freud não
explicou o risco mortal que é inerente a ela.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
Melanie Klein foi talvez a única a ressaltar que as
manifestações da mania deviam ser referidas a algo na
postura do sujeito. Sua idéia de defesa maníaca e, mais
ainda, sua formulação de que a mania se apoiaria numa
“negação da realidade psíquica” vão nesta direção.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
O rechaço do inconsciente, ou o rechaço da linguagem,
não passa de outro nome da foraclusão, um nome que
tem a vantagem de implicar a causalidade subjetiva.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
Partilhando com o melancólico a impressão de
nivelamento que engloba pessoas e coisas, o sujeito
manifesta a impressão de falta de relevo, desvitalização
do mundo, nesta fuga de idéias.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
No que se refere à estrutura, a definição é bastante
precisa: o retorno no real é uma ruptura da cadeia
significante. Apresenta-se toda vez que um elemento da
linguagem se emancipa da estrutura binariamente
ordenada de toda mensagem, impondo-se em sua
presença de “um”.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
Essa fala só parece festiva e despreocupada, assim como
desorientada, por estar livre das restrições da semântica,
emancipada do real que entra em jogo na gramática.
Lacan falou, no seu seminário sobre a angústia,em a não
função do objeto a que está implícito na constituição de
qualquer mensagem. Ele é o real que está em jogo na
gramática. Se a língua é a condição do sentido, o objeto é
a sua causa.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
Há uma diferença entre esse tipo de retorno no real e o
que se passa no modelo usado na alucinação.
Falta-lhe
o significante mestre, como referência, e a
metonímia, como lugar da deriva do mais-de-gozar.
PSICOSE
Tereza Dubeux
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
O ataque no nível do discurso também é um ataque da
regulação do gozo. A excitação maníaca é um exemplo
disso, pois ela não é apenas um desenfrear da fala e uma
desordem da historicidade, mas também o abalo da
homeostase do ser vivo, que reduz as necessidades vitais
do corpo, que o torna infatigável, insone, movido pr uma
vida paradoxal que leva à morte, com tanta certeza
quanto o suicídio melancólico.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
A excitação maníaca é o gozo que não é regulado pela
função fálica e, no qual, o um do corpo é obsedado pelos
múltiplos uns da linguagem no real, até que, depois da
morte do sujeito, siga-se a morte do ser vivo.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
Diferentemente das condições normais do humor, o
maníaco vive um triunfo completo sobre a castração,
ignorando os constrangimentos do imaginário (o sentido),
e do real (o impossível).
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A MANIA
Essa devoração não significa fixação ou regressão à fase
oral. Trata-se de um levantamento geral do mecanismo de
inércia que alimenta o funcionamento normal das pulsões,
a castração.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
Lacan distingue o conceito de perda do conceito de falta.
Se a falta é constitutiva do desejo subjetivo (só se deseja
porque há falta), a perda faz vacilar o desejo, pois ela dá
ao sujeito o sentimento de que o objeto perdido é aquele
que ele desejava verdadeiramente, isto é que ele torna
presente o objeto da falta, o objeto a, que preenche,
assim, a falta e obtura o desejo.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
O termo melancolia evoca, na psicanálise, duas noções
distintas: a de uma entidade clínica diferenciada e a de
um estado psíquico bastante particular para esclarecer,
por caminhos diversos, certas características da própria
subjetividade.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
Enquanto estado psíquico, a melancolia remete à
instalação dos conceitos de libido, de narcisismo, de eu,
de objeto, de perda, etc.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
Histórico
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
Histórico
Vinte anos depois, tendo introduzido o conceito de
narcisismo, Freud faz um remanejamento geral da teoria
das pulsões. O eu torna-se o primeiro objeto de amor,
possibilitando uma compreensão melhor das psicoses.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
Histórico
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
Um outro conceito introduzido por Lacan foi o
desenvolvimento que ele dá ao amor, em sua vertente
oposta ao desejo, e colocado em perspectiva com a morte.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
O suicídio indica o ponto em que não há mais fala
possível, não há mais endereçamento ao Outro, não há
mais do que esse instante em que o sujeito, chegado ao
extremo de não ser, cai e se encontra, enfim, em sua
própria queda, em seu casamento melancólico consigo
mesmo, na morte.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
Essa perda é essencial e irremediável, sempre passível
de se atualizar nas múltiplas perdas que a vida impõe a
todos. Qual a natureza desta perda tão penosa?
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
Se a tristeza neurótica tem por motivo o não querer
saber nada do inconsciente, é possível conceber que a
rejeição do inconsciente na psicose, que é totalmente
diverso, surta os chamados efeitos de humor.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
O delírio de pequenez exibe toda a gama da falta a ter e
da falta a valer, e pressupõe sempre a medida dos
significantes ideais do Outro.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
Em geral os deveres se definem em relação aos três “is”
do Outro: a interdição, o ideal, e o imperativo. A
interdição que limita; o ideal que prescreve as formas
corretas de gozo; e o imperativo que impõe a obrigação.
A PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA
A Melancolia
O CASO SCHREBER
O CASO SCHREBER
Daniel Paul Schreber nasceu em 1842, numa família
protestante burguesa.
Sobre sua vida, sabe-se que seu pai, um médico
ilustre e também educador, exercia um verdadeiro
terrorismo pedagógico através de sua invenção de
uma“ginástica terapêutica,” que consistia em um
treinamento cuja finalidade era erradicar tudo o que
estivesse errado na postura e reprimir o que
pertencesse à ordem do desejo.
Ao mesmo tempo, ele foi promotor do movimento,
de inspiração social-democrata, em prol dos
loteamentos ajardinados para operários que continua
até hoje, conseguindo notoriedade por suas criações.
PSICOSE
O Caso Schreber ( continuação )
Tereza Dubeux
O TRANSEXUALISMO
A diferença entre a identidade sexual e a sexuação
permite reconhecer, por um lado, os transexuais, em
quem a identidade sexual está foracluída e que
são,portanto, “fora de sexo”, e por outro, os
transexualistas, nos quais a identidade está
assegurada, mas que permanecem num impasse no
que diz respeito à sexuação.
O TRANSEXUALISMO
A medicina reconhece como sofrendo de
transexualismo o indivíduo que expressa seu
desacordo com o sexo de seu corpo e o papel social
assumido pelas pessoas do seu sexo.
O TRANSEXUALISMO
A utilização pelos profissionais, médicos ou juristas,
de uma terapêutica cujos obstáculos e seu caráter
irreversivelmente mutilantes não desconhecem,
parece se sustentar num apelo ao bem, numa atitude
de compaixão. Para a psicanálise, não é na
compaixão, com os efeitos de cegamento que ela
engendra, que se pode apreciar com razão os
procedimentos terapêuticos.
O TRANSEXUALISMO
Essas singularidades fazem do transexualismo uma
síndrome à parte na clínica, em que a articulação das
posições respectivas do paciente e do médico é inabitual
a ponto de acabar invertida.
O TRANSEXUALISMO
Para a psicanálise, o transexualismo se articula
clinicamente sobre dois eixos. O primeiro concerne à
identidade sexual em sua vertente identitária e sua
vertente sexual: é o eixo Real, ou é, essencialmente, a
impossibilidade de articulação do Real pelo sujeito
que está em jogo.
O TRANSEXUALISMO
Os quatro pólos determinados por esses eixos: o
identitário, o sexual, o individual e o social não são
independentes. Cada um se articula com o outro.
O TRANSEXUALISMO
Esta natureza difere conforme a estrutura do sujeito?
Nesse sexual, interessa em primeiro lugar o corpo, o
aspecto exterior, a aparência, isto é, o imaginário, ou o
nome, a maneira como o sujeito é reconhecido pelos
outros, isto é, o simbólico?
O TRANSEXUALISMO
O drama do transexual , segundo Lacan, é confundir o
órgão com o significante. Por não resolver esse drama no
significante, ele vai tentar eliminar o órgão: versão
psicótica de uma expulsão do objeto que não pôde fazer
no início.
O TRANSEXUALISMO