Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
3) Qual é a visão de Freud sobre a paranoia no "Rascunho H" e como ele a relaciona com a
estrutura psíquica do paciente?
Freud descreve a paranoia como uma forma específica de psicose, na qual o indivíduo
desenvolve delírios e crenças persecutórias. Segundo Freud, na paranoia, o paciente experimenta
uma ruptura na relação com a realidade externa e desenvolve um sistema delirante complexo como
uma tentativa de proteger seu eu contra a ansiedade e a fragmentação.
No caso de Schreber, Freud observou que o paciente tinha uma relação complexa com seu
pai e uma intensa ambivalência em relação a ele. Ele sugeriu que o delírio persecutório de Schreber
tinha origem nessas relações conflituosas e que a paranoia era uma forma de defesa psíquica para
lidar com a ansiedade gerada pelos sentimentos ambivalentes em relação ao pai.
Freud também destacou a importância da sexualidade na paranoia. Ele argumentou que os
delírios persecutórios de Schreber eram, em parte, uma tentativa de lidar com desejos
homoeróticos reprimidos. Freud considerou que a paranoia poderia ser entendida como uma forma
de recusa da homossexualidade inconsciente, na qual o paciente projeta esses desejos nos outros e
os interpreta como uma ameaça.
6) Freud afirma que, durante o processo de luto, ocorre uma introjeção do objeto perdido.
Explique o que significa essa introjeção e como ela contribui para o trabalho de elaboração
do luto. Além disso, discuta como esse processo difere da identificação melancólica.
A introjeção, de acordo com a teoria psicanalítica de Freud, é um processo psicológico pelo
qual o indivíduo internaliza representações do objeto externo. No contexto do luto, a introjeção
refere-se à internalização simbólica do objeto perdido, ou seja, o indivíduo mantém uma conexão
com o objeto ausente através de representações mentais.
Durante o processo de luto, a introjeção permite que o indivíduo preserve uma relação
afetiva com o objeto perdido, mesmo que ele não esteja mais presente fisicamente. Essa
internalização do objeto perdido ajuda no trabalho de elaboração do luto, pois permite que o
enlutado mantenha uma conexão emocional com a pessoa falecida ou com o objeto de perda.
Por outro lado, a identificação melancólica difere da introjeção no luto. Na melancolia, em
vez de introjetar um objeto perdido, o indivíduo identifica-se com o objeto negativamente
internalizado. Essa identificação melancólica envolve uma assimilação do objeto negativo ao eu,
resultando em sentimentos de culpa, autodepreciação e desvalorização.
Enquanto a introjeção no luto permite a manutenção de uma relação simbólica com o objeto
perdido, a identificação melancólica envolve uma internalização negativa e uma sensação de fusão
com o objeto negativo internalizado. A identificação melancólica contribui para o sentimento de
vazio e desvalorização característicos da melancolia.
Em resumo, a introjeção no luto envolve a internalização simbólica do objeto perdido,
permitindo que o enlutado mantenha uma conexão emocional com ele e trabalhe na elaboração do
luto. Por outro lado, a identificação melancólica implica na assimilação do objeto negativo ao eu,
resultando em sentimentos autodepreciativos e de desvalorização.