a) Como Freud compreendeu a paranoia e sua relação com o desejo
homossexual? América...
b) Qual a relação entre a paranoia e o narcisismo? Natani
A paranoia para Freud era associada à projeção de desejos reprimidos, enquanto o narcisismo envolvia um investimento excessivo no eu, por outro lado destacava a paranoia como uma defesa contra a invasão narcisista sugerindo uma relação complexa entre os dois, onde a paranoia poderia ocorrer como uma proteção contra ameaças ao eu narcisista.
c) Quais são os mecanismos presentes nas formas de paranóia descritas
por Freud, ou seja, nos diferentes tipos de delírio? Mariuza...
d) Qual a relação estabelecida por Freud entre a paranoia de Schreber e a
figura do pai? Ele levantou a hipótese de que a paranóia de Schreber, um juiz alemão, era causada por um ódio inconsciente por seu pai. Freud acredita que Schreber desenvolveu um mecanismo de defesa contra ataques psíquicos que suprimiu o desejo de contar os detalhes de sua vida. Em vez disso, ele ficou paranóico com a perseguição que sentia. Para Freud, o complexo de Édipo teve um papel significativo, a figura paterna foi percebida como uma ameaça significativa, o que levou à paranóia como forma de proteção psicológica. e) Quais as comparações feitas por Freud entre a paranoia e a histeria? Josi As comparações feitas por Freud entre a paranoia e a histeria foram em varios aspectos. Para ele a histeria é caracterizada de sintomas somaticos, enquanto a paranoia por uma causa biologica. A histeria tem sintomas causados por conflitos psicologicos inconscientes, que podem fazer parte de traumas vivenciados na infancia. Os sintomas caracteristicos na paranoia envolve uma formação de compromisso entre a autocensura e a lembrança de uma experiencia primaria prazerosa. É uma forma de reprimir desejos inconscientes, projetando esses desejos em outras pessoas ou objetos. Freud comparou a paranoia e histeria em termos de sua relação com a sexualidade. Para ele, a histeria era uma forma de defesa contra a sexualidade, enquanto a paranoia era uma forma de defesa contra a homossexualidade. Para ele a paranoia era uma forma mais grave de psicose do que a histeria, porque envolvia algo mais profundo com a realidade. f) O que significa a afirmação de Freud de que o delírio pode ser considerado uma tentativa de cura? Sandra Freud propôs, a partir da análise do relato autobiográfico de paranoia de Schreber, que a doença expressaria um mecanismo de defesa do sujeito contra sua libido homossexual. Ele também estabeleceu a projeção como mecanismo característico da paranoia e sustentou ser o delírio uma tentativa de cura da ruptura psíquica na psicose, feita pelo doente. Sua tese se fundamenta no seu próprio modelo teórico para as psiconeuroses, baseado nos conceitos de fixação, recalque e retorno do recalcado na forma de sintomas. A bissexualidade inata do ser humano, originalmente proposta por Fliess e defendida por Freud em seus Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), é o ponto inicial de sua construção, que estabelece o homossexualismo como o resultado da impossibilidade da satisfação heterossexual normal. O seu antigo conceito de “divisão do ego” secundário aos mecanismos de defesa contra o recalque é aqui incorporado. Após recalcada, a libido homossexual retornaria com a falência das defesas e o ego defender-se-ia novamente com o desenvolvimento da paranoia, através de seu mecanismo de projeção, que é manifesta clinicamente pelos delírios de perseguição e de ciúme, por erotomania e por megalomania. Esta reflete a fixação da libido no próprio ego e revela dinamicamente a regressão da homossexualidade sublimada ao narcisismo. g) Quais as contribuições que o caso trouxe para o desenvolvimento da teoria psicanalítica? Sandra O caso Schreber revela as dificuldades em obter-se o esclarecimento da psicogênese da paranoia, já que nele estão simultaneamente presentes argumentos clínicos para duas das principais teorias psicanalíticas aventadas – defesa contra a libido homossexual e resposta à sádica agressividade persecutória do pai –, o que não permite decidir qual deles ou se ambos são condições necessárias para a gênese da doença. Discernir a importância relativa desses dois fatores não parece ser possível. O caso Schreber pode ser visto como um paradigma da inter-relação entre a Psicanálise e as Neurociências. É desejável integrar, no tratamento do psicótico, os avanços destas na área da Psicofarmacologia e o espaço privilegiado para a fala do paciente oferecido por aquela. No entanto, tem ocorrido nas últimas décadas um “autismo” dessas duas tendências científicas, que se fecham nos próprios discursos e dificultam a multidisciplinaridade, tão necessária no tratamento do sujeito psicótico e no acolhimento daqueles que o cercam. O abandono de crenças e ideologias isolacionistas é condição para a interação harmoniosa das diferentes visões sobre as psicoses, com o intuito de oferecer o melhor para seu tratamento. A hipótese aqui aventada de ser a psicose o resultado da não formação ou da involução por desuso das presumidas “vias sinápticas da afetividade” no sistema dopaminérgico-mesolímico-cortical, consequente a um investimento narcísico precário na infância por parte da mãe ou sua substituta, talvez possa representar o ponto de intersecção entre as visões da Psiquiatria e da Psicanálise sobre a etiopatogenia da doença, reforçando o valor da teorização psicanalítica.