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Fichamento capítulos 01 e 02
FEIST, Jess; FEIST, J.; ROBERTS, Tomi-Ann. Teorias da personalidade. 8ª ed.
Porto Alegre: AMGH, 2015, p. 02-42.
Definição de teoria
Podemos definir teorias como ferramentas geradoras de pesquisa e
organizadoras de informações. Dentro da ciência, constitui um conjunto de
pressupostos relacionados que permite a formulação de hipóteses verificáveis através
do raciocínio lógico dedutivo. Para ser considerada verdadeiramente científica, uma
teoria deve atender a alguns requisitos: a) possuir, necessariamente, mais de um
pressuposto constituindo-se em um conjunto de pressuposto inter-relacionados; b) o
raciocínio lógico-dedutivo deve ser ferramenta na geração de hipóteses. Hipóteses
são suposições específicas e suficientemente fundamentadas para sua validade seja
submetida e testada através de métodos científicos. Uma hipótese será útil somente
se puder ser verificada e c) deve possuir estrutura lógica, consistência e valor
significativo ao conceito que se propõe. Por fim, ainda que relacionadas à filosofia, à
especulação, à hipótese e à taxonomia, o conceito de teoria não deve ser confundido
aquelas. Assim, ciência é o ramo de estudo interessado na observação e classificação
dos dados e na verificação das leis gerais através do teste científico das hipóteses.
Para que seja útil, uma teoria científica deve ser dotada de 6 conceitos: 1)
capacidade de gerar pesquisa; 2) natureza refutável; 3) possuir dados organizados e
bem estruturados entre si; 4) orientar à ação oferecendo uma estrutura de respostas
aos problemas cotidianos; 5) ser internamente coerente, ou seja, ser fiel ao âmbito
aquilo que propõe respeitando seus limites; e 6) ser parcimoniosa. Entre duas teorias
sobre o mesmo objeto, aquela mais parcimoniosa, isto é, a mais simples é também a
mais útil.
As teorias da personalidade diferem entre si em questões básicas referentes à
natureza humana. Para que seja possível o exame do conceito de humanidade em
cada uma das teorias, adotamos 6 dimensões estruturais: 1) determinismo vs livre
arbítrio; 2) pessimismo vs otimismo (onde, normalmente, os teóricos deterministas
caracterizam-se também pelo pessimismo e aqueles militantes do livre arbítrio
geralmente são otimistas); 3) casualidade vs teleologia; 4) determinantes conscientes
vs determinantes inconscientes; 5) influências biológicas vs sociais; e 6)
singularidades vs semelhanças.
Dinâmicas da personalidade
Os níveis e instâncias da mente constituem a estrutura da personalidade,
contudo, Freud acreditava que a personalidade em si também desempenha um papel
nesse funcionamento. Assim, estipula um princípio motivacional que explicasse a
força motora por detrás das ações individuais pela procura do prazer e que buscam
reduzir a tensão e ansiedade. Tal energia seria derivada da energia psíquica e da
física e tem sua origem em nossos impulsos básicos.
Impulsos, nesse contexto, referem-se a estímulos internos que operam como
uma força motivacional constante. São classificados em dois grupos: sexo ou libido
(eros) e agressividade ou destruição (tânatos). Tais impulsos originam-se no id, mas
ficam sob o controle do ego. A finalidade de eros é o prazer, contudo, não apenas
limitado à satisfação genital, vide as zonas erógenas e o deslocamento objetal
proposto pela teoria freudiana do desenvolvimento psicossexual. Fenômenos como o
sadismo e o masoquismo também aparecem interligados ao conceito de eros.
Tânatos, por sua vez, é o impulso destrutivo de retornar o organismo a um estado
inorgânico, ou seja, a morte. Assim, o objetivo final do impulso agressivo é a
autodestruição do sujeito.
Eros e tânatos compartilham o centro da teoria dinâmica freudiana com o
conceito de ansiedade. Freud define ansiedade como um estado afetivo
desagradável, acompanhado de uma sensação física que alerta o indivíduo contra um
perigo iminente. Somente o ego pode produzir ou sentir ansiedade, porém, id,
superego e mundo externo são fatores envolvidos no desenvolvimento de cada um
dos 3 tipos de ansiedade – neurótica (resultado da dependência que o ego tem do id),
moral (objeto da dependência do ego em relação ao superego) e realista (produzida
pela relação de dependência entre ego e mundo externo). Normalmente, os três tipos
de ansiedade tendem a existir simultaneamente.
Mecanismos de defesa
São mecanismos de proteção do ego, presente em todos os indivíduos em
maior ou menor grau, mas que quando levados a níveis extremos culminam em
comportamentos compulsivo, repetitivo e neurótico. Quanto mais defensivos somos,
menos energia psíquica nos sobra para a satisfação dos impulsos do id. Esse é, em
sim, o objetivo do ego ao estabelecer tais mecanismos – evitar lidar diretamente com
os impulsos sexuais e agressivos e, assim, defender-se da ansiedade que os
acompanha.
Os principais mecanismos de defesa são:
a) Repressão: sempre que o ego é ameaçado por impulsos indesejados do id,
tende a se proteger reprimindo tais impulsos, ou seja, força os sentimentos
ameaçadores para o inconsciente.
b) Formação reativa: originada nos impulsos reprimidos, a formação reativa
caracteriza-se pela manifestação e deslocamento disfarçados de tais
impulsos. Identifica-se por seu caráter exagerado, obsessivo e compulsivo,
quase sempre inverso ao desejo inconsciente real.
c) Deslocamento: trata-se do redirecionamento de impulsos considerados
inaceitáveis a objetos ou pessoas ou comportamentos de forma que o
impulso original seja disfarçado ou oculto, tornando-se, então, aceitável e
possível de ser sustentado pelo ego.
d) Fixação: ocorre quando a perspectiva de ultrapassar uma fase produz
ansiedade excessiva e, a fim de evitá-la, o ego recorre à estratégia de
manter-se no estágio psicológico presente e mais confortável, vinculando a
libido permanentemente a um nível de desenvolvimento anterior e primitivo.
e) Regressão: mais comum em crianças, a regressão manifesta-se quando,
devido a episódios de grande ansiedade, a libido regride a seu estágio de
desenvolvimento anterior. Costumam ser temporárias, contrapondo-se ao
processo de fixação, que demanda gasto predominantemente permanente
de energia libidinal.
f) Projeção: ocorre quando um impulso interno produz níveis de ansiedade
não suportados pelo ego. Este, por sua vez, para reduzir tais níveis de
ansiedade, atribuí o impulso indesejado a um objeto externo ou outra
pessoa. Ou seja, trata-se do mecanismo de projetar no outro aquilo que
reside em nosso próprio inconsciente, mas que não aceitamos ou com os
quais não queremos lidar. Seu nível extremo resulta no comportamento
paranoide.
g) Introjeção: trata-se da incorporação da qualidade positiva de outras
pessoas em seu próprio ego.
h) Sublimação: define-se como a repressão do alvo genital do impulso libidinal
e sua substituição por um propósito cultural ou social.
Estágios do desenvolvimento
Para Freud, os bebês possuem uma vida sexual pré-genital, de caráter
exclusivamente autoerótico durante os primeiros 4 ou 5 anos de vida. O autor, através
de sua teoria do desenvolvimento psicossexual, dividiu o processo de
desenvolvimento nas seguintes fases caracterizadas pelo deslocamento das zonas
erógenas:
- Fase Oral, onde a o prazer reside na boca, primeiro órgão a proporcionar
prazer ao bebê. Nessa fase, o prazer é satisfeito pelo ato de sugar. Subdivide-se em
fase oral precoce e sádica.
- Fase anal, caracterizada pelo deslocamento da satisfação através de
comportamentos agressivos e pela função excretória, pelo início do controle dos
esfíncteres. Subdivide-se em fase anal inicial, com comportamentos de destruir ou
perder objetos, e fase anal final, onde surge o interesse amistoso em relação as
próprias fezes e o prazer erótico de defecar.
- Fase fálica: presente entre 3 e 4 anos de idade, define-se pelo deslocamento
da principal zona erógena para os genitais. É marcado pela diferenciação anatômica
entre os sexos masculino e feminino. É nessa fase que começamos a observar a
ocorrência dos complexos de édipo, de castração e do complexo de Eléctra.
- Período de latência: vai dos 4 ou 5 anos até a puberdade. Caracteriza-se
como um período de adormecimento sexual.
- Fase genital: inicia-se no final da puberdade e persiste por toda a vida adulta.
Caracteriza-se pelo abandono do autoerotismo e o deslocamento da libido para outras
pessoas, bem como pelo amadurecimento sexual do organismo. Os impulsos sexuais
adquirem uma organização mais completa onde as demais zonas erógenas assumem
um papel auxiliar aos genitais.
- Maturidade psicológica: estágio alcançado após a passagem pelos níveis de
desenvolvimento anteriores de forma teoricamente considerada ideal. Como todo ato
idealizado, é raramente possível ou encontrado.