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Teorias da personalidade- Professor Rui

Aluna: Aline Regina Alves de Souza- Turma: D4


Título: Uma análise psicanalítica do caso Schreber: Reflexões sobre paranóia e mecanismos de
defesa

Introdução:
O presente estudo busca realizar uma análise psicanalítica do caso Schreber, sob a perspectiva
teórica de Sigmund Freud. O caso Schreber, discutido por Freud em sua obra ""Psicopatologia
da Vida Cotidiana" (1901) e posteriormente em "Sigmund Freud
O Caso Schreber: Notas Psicanalíticas Sobre um Relato Autobiográfico de um Caso de
Paranóia”(1911), apresenta um valioso exemplo clínico para compreender os mecanismos
psíquicos envolvidos na psicose. Neste trabalho, serão examinados aspectos como a relação
entre o ego e o superego, a dinâmica das identificações e os mecanismos de defesa presentes
no caso Schreber, destacando sua relevância para a compreensão dos transtornos mentais.

O caso Schreber é amplamente conhecido na psicanálise como um dos casos mais


emblemáticos no estudo da psicose. Daniel Paul Schreber, um jurista alemão do século XIX,
desenvolveu um quadro psicopatológico caracterizado por delírios persecutórios e grandiosos.
Ao analisar a história desse paciente, Freud propôs uma interpretação psicanalítica baseada
em conceitos fundamentais, como o complexo de Édipo, o narcisismo e os mecanismos de
defesa.

Desenvolvimento:
Freud enfatiza a importância da análise da relação entre o ego e o superego no caso Schreber.
O ego, segundo a teoria freudiana, é responsável pela mediação entre os desejos e as
demandas da realidade, enquanto o superego representa o conjunto de normas e regras
internalizadas pela pessoa. No caso de Schreber, Freud argumenta que houve um
enfraquecimento do ego e um superego superdesenvolvido, resultando em uma luta interna
intensa entre o desejo e a censura.

A análise do caso Schreber também levanta questões sobre o papel das identificações e da
transferência na psicose. Freud observa que Schreber desenvolveu uma identificação intensa
com seu pai, que influenciou sua percepção de si mesmo e do mundo. A transferência no caso
de Schreber é complexa, com aspectos tanto negativos quanto positivos, revelando a dinâmica
das relações objetais e o conflito entre amor e ódio.

Freud identifica vários mecanismos de defesa no caso Schreber, destacando o papel da


negação, da projeção e do deslocamento. A negação permitiu a Schreber negar a realidade de
seus desejos reprimidos e lidar com sua angústia. A projeção, por sua vez, foi uma estratégia
de defesa utilizada para atribuir a outros os sentimentos indesejados e perturbadores. O
deslocamento, por fim, permitiu que Schreber redirecionasse seus impuls
os e afetos para objetos substitutos menos ameaçadores. Esses mecanismos de defesa
desempenham um papel crucial na manutenção da estabilidade psíquica de Schreber, ao
mesmo tempo em que contribuem para a distorção da realidade e a intensificação de seus
delírios.

Considerações finais:
A análise psicanalítica do caso Schreber proporciona uma compreensão mais profunda dos
mecanismos psíquicos envolvidos na psicose. Ao explorar a relação entre o ego e o superego,
as identificações e os mecanismos de defesa presentes no caso, é possível reconhecer a
complexidade e as dinâmicas internas que caracterizam os transtornos psicóticos.
No caso Schreber, o enfraquecimento do ego, aliado a um superego excessivamente rígido,
conduziu a um desequilíbrio psíquico significativo. As identificações intensas e a transferência
complexa revelaram as influências parentais na estruturação do self e a ambivalência afetiva
presente no paciente. Além disso, os mecanismos de defesa, como a negação, a projeção e o
deslocamento, desempenharam um papel crucial na preservação da integridade psíquica de
Schreber, mas também contribuíram para a construção de suas crenças delirantes.

A análise do caso Schreber, dentro da linha teórica da psicanálise de Freud, contribui para a
compreensão dos fenômenos psicóticos e reforça a importância dos processos intrapsíquicos
na formação e manutenção dos transtornos mentais. Aprofundar-se nesse caso clínico oferece
uma base sólida para o estudo das psicoses e enriquece a compreensão dos mecanismos
psíquicos envolvidos em outros quadros psicopatológicos.

Por fim, é importante ressaltar que a análise do caso Schreber é apenas uma das diversas
contribuições da psicanálise para a compreensão da psicose. Uma abordagem multidisciplinar
e uma análise clínica aprofundada são necessárias para uma compreensão mais completa e
integrada dos transtornos mentais e sua complexidade psicodinâmica.

Bibliografia:
FEIST, Jess. Teorias da personalidade. 8 ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.

FREUD, Sigmund. O Caso Schreber: Notas Psicanalíticas Sobre um Relato Autobiográfico de um


Caso de Paranóia (dementia Paranoides). 1 ed. 1911/1913.

FREUD, Sigmund. Psicopatologia da vida cotidiana e Sobre os sonhos. 1. ed. Local: Companhia
das Letras, 1901.

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