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CLÍNICA PSICANALÍTICA
ESTUDO DO CASO: O TRATAMENTO DE STÉPHANE
Belo Horizonte
2022
Débora Alves de Souza
Emanuelle Carolina Faustino
Gustavo Henrique Broilo Campos
Izabela Maia Freire Ribeiro Moraes
Laisa Caroline Dias e Silva
Maria Claudeci Ferreira dos Santos
Rayane Ferreira Cesar Soares
Belo Horizonte
2022
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 4
HISTERIA 4
HISTÓRIA CLÍNICA 6
CONCLUSÃO 7
REFERÊNCIAS: 8
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INTRODUÇÃO
HISTERIA
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O Timeu (360 a.C), o que se chama de matriz ou útero seria como um ser vivo,
possuído pelo desejo de fazer crianças. (Ávila, et al. 2010)
Segundo Ávila e col. em 1859, Pierre Briquet escreveu o “Tratado Clínico e
Terapêutico em Histeria”, baseado em uma análise quantitativa de mais de 400
pacientes. No século XIX, a histeria ocupava o primeiro lugar entre as afecções que
levavam a internações. Segundo registros históricos, perto de 50% dos leitos
hospitalares eram ocupados por pacientes diagnosticados como histéricos. Os
autores relatam que Charcot distinguiu duas formas de histeria: uma forma “menor”,
representada por sintomas como campo visual em túnel, anestesia cutânea, ou
hipnotizabilidade, e uma forma “maior”, com suas explosões emocionais dramáticas,
em que os pacientes supostamente evoluem por fases de um ataque completo. Na
obra “Estudos sobre a Histeria” (1895), em coautoria com Breuer, Freud sugeriu que
a “histeria traumática” sería causada por eventos traumáticos vividos precocemente,
exercendo uma ação remota na vida do indivíduo, formulando a famosa frase: “o
histérico sofre de reminiscências”
No estudo “Hereditariedade e a Etiologia das Neuroses” (1896) Freud postula
como causa imediata da histeria, um distúrbio particular na economia do sistema
nervoso e, em especial, distúrbios da vida sexual do indivíduo, baseado em uma
desordem de sua vida sexual atual ou em importantes eventos de seu passado.
Segundo Ávila e col. a evolução do pensamento Freudiano, embasado
firmemente na observação clínica, desvencilhou-se dos fatores concretos. Portanto,
Freud considerou que a histeria é marcada por uma fixação do desenvolvimento
psicossexual primitivo ao complexo de Édipo, com uma desvinculação incestuosa
malsucedida com o genitor amado, o que leva a conflitos na vida adulta. Os conflitos
estão relacionados à esfera do impulso sexual e organização da personalidade do
indivíduo. O impulso fica continuamente submetido à repressão, e a energia
derivada dele é convertida em sintoma histérico, que tanto protege o doente de um
conhecimento consciente desse mesmo impulso como também lhe traz a realização
disfarçada do que está reprimindo.
Os autores relatam que em 1924, o termo “somatização”, frequentemente
relacionado à histeria, foi introduzido na psiquiatria por Wilhelm Stekel. o termo teve
grande divulgação após 1980, quando foi introduzido como um diagnóstico
psiquiátrico pelos autores do DSM-III, em parte por sua conotação neutra, em parte
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pelo poder de autoridade do sistema classificatório do DSM. A primeira edição do
DSM não utilizou o termo “histeria”, evitando o termo “transtornos psicossomáticos”,
considerando-os mais um ponto de vista em medicina que uma patologia específica,
em si. Na segunda edição do DSM, de orientação mais psicanalítica, a histeria
retornou como neuroses e neuroses histéricas, sendo subdividida em tipos
conversivo e dissociativo. O DSM-III utilizou o epônimo “síndrome de Briquet” como
sinônimo para transtorno de somatização; esse termo foi eliminado, posteriormente,
pelo DSM-IV. O DSM-IV-TR lista cinco tipos de transtornos, incluindo o transtorno de
somatização, o transtorno conversivo, a hipocondria, o transtorno dismórfico corporal
e o transtorno doloroso, além de contar com outras duas categorias residuais, a
saber: o transtorno somatoforme indiferenciado e o transtorno somatoforme sem
outra especificação.
HISTÓRIA CLÍNICA
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O analista dividiu o tratamento em quatro fases. A primeira, onde se torna
possível perceber através dos discursos e através dos desenhos, um mundo de
extrema violência, um mundo totalmente desregrado, vivenciado por Stéphane. O
período inicial terminou quando ele questionou para o que servem as notas do
analista e os desenhos que ele guardava. Segundo o terapeuta é nesse momento
que a transferência começa, consequentemente, a análise também.
A segunda fase, refere-se ao desenvolvimento da transferência, da
colocação, pela ordem de aparecimento, da metáfora paterna, da identidade sexual
e da relação com os outros, permitiu ao analista que fizesse interpretações mais
pontuais acerca do que era levado pelo Stephane para as sessões.A terceira é a
fase do tempo para compreender, através da utilização transferencial, todos os
elementos que se repetem, abrindo portas para combinar e associar uns em relação
aos outros. Essa fase dura cerca de um ano. E finalmente a quarta fase, no qual é o
momento de conclusão do tratamento, a direção da intervenção gira em torno de um
tema mais assertivo, que neste caso, se trata da busca perigosa na qual o homem
triunfa, fazendo referência com todo o contexto vivido durante as sessões.
CONCLUSÃO
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da figura paterna e sua representação para além da função, mas na condição de
não afeto. Podemos perceber que há presença de um sintoma que nasce em seu
conflito com o questionamento que pode se supor “não estou no lugar de desejo do
meu pai?! ele me ama?!”.
Considerando as reformulações históricas sobre a histeria, as alterações no
DSM e as diferentes perspectivas de alguns autores, podemos dizer que atualmente
um dos desafios da psicanálise está relacionado à visão de pertencimento à ciência.
Desafio vivenciado por Freud desde o início das suas formulações nos congressos
de medicina. O percurso traçado pela teoria psicanalítica, baseado em inúmeros
estudos de caso clínicos, têm seu valor comprovado na aplicabilidade da teoria e
nas respostas obtidas nos tratamentos realizados.
Portanto, independente da nomenclatura utilizada nos diagnósticos clínicos,
vale ressaltar a importância dos estudos psicanalíticos na prática da psicologia
clínica. O referente estudo de caso é uma amostra da relevância dos estudos e dos
potenciais impactos na contemporaneidade.
REFERÊNCIAS:
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