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RESUMO: Em nosso estudo de caso, iremos falar sobre um caso clínico que teve grande
repercussão na Psicanálise, trazendo uma nova ciência e metodologia na época. O caso de
Anna O, foi o primeiro caso a ser estudado e diagnosticado no conceito da histeria na
Psicanálise e no método da hipnose. Para iniciarmos esta jornada, precisamos primeiramente
conhecer que foi essa mulher que trouxe uma revolução a Psicologia e que envolveu grandes
nomes da filosofia, da medicina e da ciência
3 O CASO ANNA O.
Anna O. era uma mulher de 21 anos
que adoeceu enquanto cuidava de seu pai, que
depois morreu vítima de um abscesso
tubercular. Sua doença começou com uma
tosse intensa e em seguida ela desenvolveu
vários outros sintomas físicos e psíquicos.
Inicialmente, Bertha foi submetida as sessões
de hipnose pelo método criado por Jean-Martin
Charcot, conhecido como sugestão hipnótica.
Figura1- Bertha Pappenheim, conhecida como Anna O.
Psicologia- 3º Período
Seminário de Psicologia Psicanalítica
Prof.: Rafael Matias
Breuer sabia que Anna era muito apegada ao pai e cuidou dele junto com a mãe enquanto
ele estava em seu leito de morte. À medida que ela vivia para tratar seu pai, começou a
desenvolver alguns transtornos emocionais. Com isso foi afastada do leito do seu pai por sua
família. Durante seus estados de consciência alterada, Anna podia recordar fantasias nítidas
e sentimentos poderosos que ela experimentara enquanto seu pai estava morrendo. Em um
dos seus relatos de caso, Breuer tratou o episódio narrado por Anna O. Durante o transe,
como o relato verdadeiro do incidente responsável por sua aversão a beber. E disse ter
concluído que a maneira de curar um sintoma particular de “histeria” era recriando a memória
do incidente que o havia provocado originalmente, desencadeando assim uma catarse
emocional e induzindo o paciente a expressar todo sentimento associado ao fato. O
desaparecimento repentino de um dos vários sintomas de Anna O. forneceu a base do que
Breuer chamou posteriormente de “procedimento técnico terapêutico”. Segundo Freud e
Breuer, esse método catártico*, aplicado sistematicamente a cada um dos sintomas de Anna
resultou na cura completa da histeria. Breuer ficou admirado ao observar que à recordação
de sua paciente de circunstâncias carregadas de afeto, durante as quais seus sintomas
haviam aparecido levaram esses mesmos sintomas a desaparecer. Breuer diagnosticou a
doença de Anna O., como um caso de histeria, e elaborou, gradualmente, uma terapia que
acreditava ser efetiva na dissolução daqueles sintomas. A própria Bertha chamou o
tratamento de "cura pela fala". Freud considera esse o primeiro caso de tratamento pela
psicanálise pois envolve a possibilidade de tratar sintomas físicos pela fala. Desse caso
deriva uma das primeiras teorias de funcionamento psíquico da psicanálise, a teoria da
defesa, apresentada no importante livro "Estudos sobre a Histeria", escrito por Josef Breuer e
Sigmund Freud conjuntamente. Segundo Freud, em sua autobiografia, o caso termina sem
Bertha estar plenamente curada. Ela desenvolveu uma "gravidez psicológica" dizendo ser o
filho do Dr. Breuer o que levou à abandonar o caso, diferentemente do que o Dr. Breuer
relata em "Estudos sobre a Histeria", com receio da sociedade e do pensamento de sua
esposa que devido a atenção e entusiasmo que Breuer dedicava ao tratamento de sua
paciente, trouxe para seu relacionamento conjugal um desgaste devido ao ciúmes provocado
pela sua dedicação ao caso. Certo dia Breuer foi chamado à beira da cama de Anna O., que
estava em meio a uma crise. Ele a encontrou em um estado super agitado, com fortes dores,
simulando um parto histérico. Embora não tivesse percebido quaisquer sentimentos da
paciente em relação a ele, a gravidez psicológica que sua paciente desenvolvera refletia os
anseios eróticos intensos que Anna nutria pelo seu médico, Dr. Breuer. Porém antes da sua
partida, ele acalmou sua paciente induzindo um transe hipnótico, e em seguida organizou
uma partida para uma segunda lua de mel com sua esposa em Veneza, sem mais retomar ao
caso. Posteriormente, esse tipo de situação, comum nos casos clínicos, será conceituado por
Freud como um fenômeno transferencial onde o inconsciente é atualizado na sessão clínica.
Freud ficou intrigado pelo poder das lembranças inconscientes e dos afetos suprimidos de
produzir sintomas histéricos. O paciente histérico sofre de “reminiscências”, segundo Freud.
A experiência traumática representava uma ideia incompatível ao paciente e foi, portanto,
intencionalmente dissociada ou reprimida da consciência. A excitação nervosa associada à
ideia incompatível foi transformada ou convertida em canais somáticos que produziram
sintomas histéricos. Com isso, tudo o que restou na percepção consciente foi um símbolo
mnemônico apenas remotamente conectado ao evento traumático, frequentemente por meio
de ligações mascaradas. Freud supôs que, se a lembrança da experiência traumática
pudesse ser trazida de volta à percepção consciente do paciente, junto com o afeto suprimido
associado a ela, os sintomas desapareceriam quando o afeto fosse descarregado. E assim
outros casos foram surgindo semelhantes ao de Anna O. e Freud pode constatar a tese
desenvolvida. Eles procuravam Freud não por causa de algum problema emocional, mas por
estarem sofrendo de sintomas físicos.
Psicologia- 3º Período
Seminário de Psicologia Psicanalítica
Prof.: Rafael Matias
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Julia. História da Psicanálise: Quem foi Anna O.? Diálogo, Espaço de
Psicologia, 2019. Disponível em: <https://dialogopsi.com.br/blog/historia-da-psicanalise-
anna-o/> Acesso em: 28/03/2021.
FREUD, Sigmund. Estudo sobre a histeria (1893-1895). Companhia das Letras, 2016