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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ

INSTITUTO FEPI
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA

Allana Tayssa Sales de Castro


Monyque Ferreira
Thainá Cardozo Arantes de Oliveira
Yasmim Giovana Ribeiro do Vale

ANÁLISE DO FILME:
AUGUSTINE

ITAJUBÁ
2023
Allana Tayssa Sales de Castro
Monyque Ferreira
Thainá Cardozo Arantes de Oliveira
Yasmim Giovana Ribeiro do Vale

ANÁLISE DO FILME:
AUGUSTINE
Atividade Avaliativa apresentada pela Prof. Ms.
Camila Ambrósio Nogueira de Sá à turma do 2°
período do ano de 2023 do curso de Psicologia da
Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá (FEPI).

FILME – Augustine

ITAJUBÁ
2023

1. INTRODUÇÃO
O filme Augustine (2012), da roteirista e diretora Alice Winocour, se passa no ano de
1885, em Paris. A maior parte da trama acontece no Salpêtrière, hospital psiquiátrico
onde trabalhava o neurologista Jean-Martin Charcot, responsável por importantes
contribuições para a Psicanálise.

No filme é retratada a histeria nas mulheres, tema que começou a ser abordado nessa
época por importantes figuras da psicanálise. A protagonista é Augustine, jovem de 19
anos que teve um ataque de histeria durante o trabalho e passou a ser analisada por
Charcot.

Nessa atividade, será traçado um paralelo entre os temas abordados no filme e sua
relação com o conteúdo aprendido na disciplina de Teorias Psicodinâmicas da
Personalidade. Esse conteúdo, voltado principalmente ao estudo psicanalítico, inclui
conceitos como o consciente e inconsciente, hipnose, associação livre, somatização
e transferência.

2. DESENVOLVIMENTO
O filme Augustine acontece no ano de 1885, em Paris. A personagem principal,
Augustine, é uma jovem empregada doméstica que trabalha em uma casa bem
abastada da elite francesa. Sofrendo de convulsões, Augustine é encaminhada ao
hospital comandado por Jean-Martin Charcot, que suspeitava de histeria.

Ao ser analisada por Charcot, Augustine realiza demonstrações eróticas que


impressionam o neurologista e os médicos convidados a observarem as crises
histéricas. Ela também adquiriu uma paralisia motora no braço direito e não conseguia
mais abrir o olho direito depois do episódio histérico, sintomas que chamavam a
atenção de Charcot.

Conforme se seguiam as análises de Charcot com auxílio da hipnose, podemos


perceber que o maior motivo das crises histéricas da paciente são os abusos sexuais
que ela havia sofrido. É possível deduzir isso por conta das demonstrações
autoeróticas que ela reproduzia nesses momentos, como se aquilo a trouxesse
sofrimento. Na época, trazer às claras assuntos de cunho sexual e principalmente de
abuso sexual era visto como escândalo, havia muito tabu e esse tipo de conversa era
censurada. Assim, é possível deduzir que Augustine se sentia culpada e o trauma
gerado era mandado para o seu inconsciente, se manifestando apenas em momentos
de crise. Além disso, os restos de eventos “esquecidos”, ou seja, mandados ao
inconsciente, podiam se manifestar através de dores inexplicáveis, cegueira, paralisia
(como no caso do filme), e estes podem ser chamados de sintomas, como visto nas
aulas da disciplina de Teorias Psicodinâmicas da Personalidade.

Pode-se até mesmo alongar a relação do filme com o conceito de somatização da


psicanálise. Sob o olhar psicanalítico, a somatização se trata do sofrimento orgânico
que é uma resposta à dor mental. O paciente, ao não conseguir falar sobre ou trazer
para o consciente, transforma sofrimento na somatização em seu próprio corpo. Para
Freud, a histeria se comporta como se a anatomia não existisse ou como se não
tivesse conhecimento dela. Uma paralisia pode ocorrer mesmo se os nervos e
músculos estiverem intactos, por exemplo. Tanto que pela hipnose pode-se retirar
momentaneamente os sintomas, demonstrando que o organismo estava em
condições normais e não estava afetado neurologicamente.

Como aprendido nas aulas da presente disciplina, os pacientes histéricos podem ser
tratados pelo método de associação livre, posteriormente desenvolvido por Freud.
Nele, o paciente falava o que vinha à cabeça, sem restrições e sem se fazer
necessário que o conteúdo seja organizado. Assim, quando eram relembradas as
cenas traumáticas, os traumas se relacionavam aos sintomas, que iam embora. No
filme de Augustine, a técnica utilizada ainda era a de hipnose. Posteriormente é que a
associação livre se tornou a técnica da psicanálise por excelência.

Não apenas Augustine, mas outras pacientes de Charcot também recordavam


eventos traumáticos quando estavam sob efeito da hipnose. Eventos esses que as
causavam sentimento de culpa, vergonha, promiscuidade.

No longa, também é mostrado um pouco do fenômeno da transferência. Esta ocorre


quando o paciente reproduz seus padrões de pensamento e comportamento em
direção ao analista, projetando nele conteúdos que estão em seu inconsciente. Para
Freud, o psicanalista não deve ceder às exigências do paciente que está realizando
a transferência, nem tampouco ignorá-las. Quando ocorrer, a transferência deve ser
bem aproveitada para auxiliar na análise, e pode-se notar padrões nos conteúdos
trazidos do inconsciente para o consciente do indivíduo. Porém, no filme analisado,
Charcot cede à transferência de Augustine quando corresponde aos seus desejos, e
há uma experiência erótica entre os dois antes que os sintomas da protagonista
desapareçam. Nessa época, a transferência ainda não havia sido “descoberta” por
Freud.

Por último, é possível observar a manifestação do inconsciente através dos sonhos


de Augustine. Ela sonha que está correndo atrás de galinhas, esfaqueia uma galinha
e logo em seguida desmaia ao ver o sangue. Logo após esse sonho, Augustine
menstrua pela primeira vez. É deduzido que ela possuía algum conflito interno que
não a bloqueava de conseguir menstruar, tanto que seu organismo obedecia a
pensamentos reprimidos e inconscientes.

3. CONCLUSÃO
Dessa forma, concluímos que as aulas de Teorias Psicodinâmicas da Personalidade
somaram muito ao nosso conhecimento, de modo que foi possível analisar o filme
Augustine sob uma perspectiva psicanalítica.

É possível notar que, nesse filme recheado de demonstrações acerca dos estudos de
Charcot e que precedem os estudos de Freud, o inconsciente atua de maneira drástica
no psiquismo do indivíduo e rege suas ações e comportamentos do dia a dia e em
momentos de crise, como nas crises de histeria vivenciadas por Augustine.

Charcot analisa as crises histéricas de Augustine e utiliza da técnica da hipnose para


acessar seu inconsciente, descobrindo que muito do motivo da histeria da paciente se
devia ao fato de que ela havia passado por abusos físicos e sexuais.

Utilizando desta técnica da psicanálise e também lidando com a transferência, mesmo


que de modo diferente do que Freud posteriormente discorreria sobre ser o adequado,
Charcot consegue tratar dos sintomas de Augustine, como é retradado no filme.

Sem dúvidas, Augustine é um filme que contribui para um maior entendimento de


alguns temas da Psicanálise, e retrata bem o que seria a histeria estudada nas aulas
de Teorias Psicodinâmicas da Personalidade.

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