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Marco Fridolin Sommer Santos 13/10/2005

[Direito/UFRGS]

Os Custos dos Acidentes:


a contribuição de
Guido Calabresi

Prof. Marco Fridolin Sommer Santos

Introdução: protótipos de sistemas


de compensação de danos pessoais

1. Seguros de danos: compensa danos do motorista-


proprietário do veículo e passageiros;
2. Seguro de responsabilidade civil: compensa danos
causados à pessoas noutros veículos e/ou pedestres;
3. Responsabilidade do produtor: o fabricante dos veículos
compensa todos os envolvidos;
4. Responsabilidade social: os contribuintes financiam a
compensação dos danos pessoais causados em acidentes
de automóveis.

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Parte I: A redução do custo social


dos acidentes

Custos primários: a diminuição do


custo social dos acidentes resulta de
incentivos para minimizar a soma
do custo dos acidentes e do custo
para evitá-los.

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A) Seguro de Danos

1. Propensão do motorista-proprietário aos


acidentes;
2. Segurança/periculosidade dos que ocupam o
veículo;
3. Os danos sofridos pelo motorista e/ou
passageiros.

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B) Seguro de Responsabilidade
Civil
1. Propensão do motorista-proprietário aos
acidentes;
2. Segurança/periculosidade do automóvel em
relação as pessoas que se encontram fora
dele;
3. Os danos – custo dos acidentes - sofridos
pelos que se encontram fora do automóvel
ou em outros veículos.

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C) Responsabilidade do
Fabricante
1. O custo monetário de dirigir não depende da
propensão aos acidentes;
2. O custo reflete a relativa segurança/periculosidade
tanto para pessoas que se encontrem dentro do
automóvel quanto para aquelas que se encontrem
fora dele;
3. Os custos de dirigir dependem dos danos sofridos
pelos lesados, pois os preços dos automóveis
refletirão essa responsabilidade.
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D) Responsabilidade Social

1. Os custos dos danos são transferidos para toda a


sociedade;
2. Os custos com prevenção – inibição da propensão
aos acidentes e diminuição da periculosidade dos
veículos - praticamente desaparecem.
3. O Estado tende a compensar este efeito mediante a
adoção de mecanismos preventivo-punitivos, de
menor eficácia.

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Comentário 1: Responsabilidade
do Fabricante
1. A responsabilidade civil do fabricante cria maior
incentivo a segurança dos veículos do que o
seguro de danos e de responsabilidade civil, pois
reduz a periculosidade dos danos internos e
externos ao veículo;
2. Não reduz a propensão do motorista-proprietário
aos acidentes, porque este fator, mesmo se
refletindo no preço dos veículos, onera a todos
os motoristas-proprietários indistintamente.
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Comentário 2: Seguro de Danos e


de Responsabilidade

1. Os sistemas de seguro de danos e de


responsabilidade, inibem a propensão aos
acidentes de motoristas-proprietários;
2. O seguro de danos estimula à segurança interna,
ignorando a segurança externa;
3. O seguro de responsabilidade estimula a
segurança externa, ignorando a segurança
interna.

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Comentário 3: Responsabilidade
Social
1. A propensão aos acidentes não onera motoristas-
proprietários nem fabricantes;

2. Sem estímulo à prevenção, verifica-se o aumento


do custo social dos acidentes: aumentam o
número de acidentes e a gravidade das lesões
corporais sofridas por motoristas, passageiros e
pedestres.

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Parte II - Efeito distributivo dos


sistemas de compensação

1. Na observação de Calabresi, Posner e seus


seguidores diriam que nada pode ser feito em
termos de justiça distributiva;

2. Todavia, dependendo do modelo de


compensação de danos adotado, o sistema
poderá favorecer a concentração ou a
distribuição da riqueza.

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A) Responsabilidade Social
1. Socialização do prejuízo: coloca o ônus da
compensação dos danos a cargos daqueles que,
pelo sistema tributário, são considerados os
membros da sociedade mais aptos ao seu
pagamento;

2. Porque não favorece a prevenção dos acidentes,


determina um aumento do custo social.

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B) Seguro de Responsabilidade
Civil
1. Onera o motorista-proprietário segundo a sua
propensão para os acidentes;
2. No seguro de responsabilidade civil, a
indenização tarifada reflete o dano sofrido por
um cidadão de classe média e de meia idade;
3. O sistema é desvantajoso para duas categorias de
pessoas socialmente vulneráveis: pobres e
anciãos.

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C) Seguro de Danos
1. O custo dos acidentes leva em consideração a
expectativa de vida e renda do motorista-
proprietário e dos respectivos passageiros;

2. O prêmio devido no seguro de danos pelos


pobres e anciãos é menor do que no seguro de
responsabilidade, pois se segura uma renda
menor e por menos tempo.

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D) Responsabilidade do
Fabricante
1. A Responsabilidade do fabricante ignora a
propensão aos acidentes de motoristas-
proprietários;
2. Os preços dos veículo refletem a propensão aos
acidentes do motorista-proprietário médio, a
exemplo do Seguro de Responsabilidade Civil;
3. Verifica-se um aumento nos prêmios do seguro
sobre categorias de risco cujos danos são
inferiores: pobres e anciãos compensam os custos
de danos sofridos por jovens e ricos.
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Conclusão I: a contribuição da
análise econômica do direito
1. A análise econômica do direito agrega a teoria
do direito brasileiro uma visão coordenada e
comparativa entre os diversos sistemas de
compensação de danos disponíveis;
2. Se o objetivo de se garantir a compensação dos
sofridos pela vítima é o mesmo, a análise
econômica do direito permite vislumbrar a
possibilidade de se diminuir o número de
acidentes através da chamada prevenção de
mercado ou general deterrence.
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Conclusão II: a contribuição de


Guido Calabresi
1. Em algumas áreas limitadas do direito, pode-se
identificar a possibilidade de opção por algumas
preferências distributivas, o que pode contribuir
para a diminuição das desigualdades;
2. Na opção por um modelo de compensação de
danos, deve-se combinar os objetivos de
diminuição do custo dos acidentes, incentivando
investimentos em prevenção, com a distribuição
da riqueza;
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Conclusão III: o protótipo mais


adequado

1. O seguro de danos incentiva a adoção de


medidas de prevenção de danos sofridos pelo
motorista-proprietário e seus passageiros;
2. O seguro de danos inibe a propensão do
motorista-proprietário aos acidentes;
3. O seguro de danos evita a transferência do custo
dos danos de ricos e jovens a pobres e anciãos.

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Bibliografia

CALABRESI, Guido. The decision for accidentes: an


aproach to non fault allocation of costs. Harward Law
Review, v. 78, 1965.
______. The costs of accidents: a legal and economic
analysis. New Haven and London: Yale University,
1970.
______. Costo degli incidenti, efficienza e distribuizione
della richezza: sui limiti dell´analisi economica del
diritto, Roma. In: ANALISI economica del diritto
privato, a cura di Guido Alpa et alii, Milano: Griuffrè,
1998.

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