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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNI GUAIRACÁ

COLEGIADO DE PSICOLOGIA

CURSO DE PSICOLOGIA

ELISEU PIRES

CELINE DORNELLES DE OLIVEIRA

CHRISLÂINE APARECIDA MARTINS

UBIRAJARA GECHELE

KETLYN GABRIELLY FURTUOSO

GUARAPUAVA

2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNI GUAIRACÁ

COLEGIADO DE PSICOLOGIA

CURSO DE PSICOLOGIA

ELISEU PIRES

CELINE DORNELLES DE OLIVEIRA

CHRISLÂINE APARECIDA MARTINS

UBIRAJARA GECHELE

KETLYN GABRIELLY FURTUOSO

ANÁLISE INSTITUCIONAL:

Trabalho a ser entregue ao


professor Jadson Stevan para
obtenção de nota parcial no segundo
semestre de 2023, na disciplina de
Psicologia Institucional e Saúde
Mental.

GUARAPUAVA

2023
INTRODUÇÃO
De acordo com "Para uma psicologia clínico-institucional a partir da
desnaturalização do sujeito” de Liliana da Escóssia e Maurício Mangueira é dito que
a psicologia clínico-institucional é pautado num pensamento desnaturalizado e
desnaturalizador, ou seja, o ser crítico de si mesmo e do si mesmo. Tal posição visa
evidenciar “limites” sem cair nos psicologismos e inter subjetivismos.
Com isso situa-o no tempo do próprio pensamento criacionista. Todo psicólogo é
um corpo subjetividade naturalizado. É consequência de um pensamento que se
situa no tempo, um pensamento que se situa no prolongamento da pergunta o que é
ter uma história Analítica por excelência, tal psicologia fragmenta, mas não aponta
para um retorno à totalidade. A análise visa tornar visível a multiplicidade do ser.
Dentre este contexto pautado ao falar sobre a reflexão proposta na "A instituição
inventada" de Franco Rotelli existe o sofrimento dos pacientes e sua relação com o
corpo social. Com isto, o mal obscuro da Psiquiatria está em haver constituído
instituições sobre a separação de um objeto fictício - a doença - da existência
global, complexa e concreta do paciente e do corpo da sociedade.
Cada vez mais acreditamos que o trabalho terapêutico é um trabalho de
desinstitucionalização visa reconstituir as pessoas como atores sociais,
impedindo-as de se sentirem sufocados por papéis, comportamentos, estereótipos e
identidades internalizadas Esta é a máscara que se sobrepõe à máscara do
paciente. Que trata significa ocupar-se aqui e agora para que se transformem os
modos de viver e sentir o sofrimento do paciente e que ao mesmo tempo se
transforme a sua vida concreta cotidiana.
Todavia, ao aceitar este desafio da complexidade dos múltiplos planos de
existência, que será a não redução do sujeito à doença ou à comunicação
"perturbada" ou apenas um vocabulário pobre, autonomizando o corpo ou o
psíquico, mas reinscrevendo-o no corpo social.
A luta contra as instituições descontaminadas, inúteis ou nocivas, fruto do
higienismo Médico tradicional, significa a instituição da invenção, que restitui a
riqueza do objeto que Pobre é composto de "travessia". Para fazer isso, precisamos
praticar a cura - de artistas, pessoas culturais, poetas, pintores, cineastas,
jornalistas, inventores de vida, jovens, trabalho, festas, jogos, texto, espaço,
máquinas, recursos, talentos, assuntos múltiplos e a coleção de tudo isso.
Diante disto o documentário sobre a La Borde descreve com maior
profundidade falas e sentimentos dos “anormais” que vivem em hospitais
psiquiátricos, diante disto vamos realizar uma análise com um pensamento crítico
em relação ao tema exposto.

A institucionalização (normatização) do sofrimento psíquico: o discurso do


normal e do patológico.

Segundo Canguilhem, ao longo da história, os conceitos de normalidade e


patologia foram amplamente discutidos. Influenciado pelo pensamento de
Hipócrates na Grécia antiga, surgiu um conceito dinâmico de doença. A saúde é
harmonia e equilíbrio, e a doença é uma perturbação da harmonia e do equilíbrio.
No entanto, esse desequilíbrio não é considerado disfuncional, mas sim uma
tentativa da natureza de restaurar a saúde e o equilíbrio anteriores. A doença é,
portanto, uma resposta universal voltada para a cura.
O normal como ideal requer acima de tudo determinado sistema de valor,
como escolher um sistema. para definir valores padrão normal se o ideal fosse um
grupo social, voltamos à noção de norma estatística porque todos deve se encaixar
no modelo de tal grupo; Se o sistema de valores ideal fosse pessoal, todos cada
pessoa tem sua própria definição de normal. o que torna o conceito inútil. Normal
enquanto média não leva em conta a pressão cultural, já que condutas desviantes
de tal cultura seriam consideradas,
Neste modelo, anormais, todos os que transcendem a realidade de alguma
forma limitações de conformidade social ou introversão por exemplo, ou seja seriam
consideradas anormal. O tipo de estrutura psíquica exerce grande influência sobre o
funcionamento do sujeito. No entanto, esta estruturação não é, por si só, suficiente
para classificá-lo como normal ou anormal.
Canguilhem, considerava que não há normal ou patológico em si, afirmando
que a anomalia e a mutação são normas de vida possíveis. Estas normas são,
segundo o que o autor descreve, consideradas patológicas caso sejam inferiores
quanto à estabilidade, à fecundidade e à variabilidade da vida. Caso sejam
equivalentes ou superiores em tais aspectos, são consideradas normais.
Diante do estudo feito na realização da leitura descrita acima, trago o
documentário sobre a La Borde apresentado em sala de aula que nos mostra a
clínica Cour-Cheverny (Loir-et-Cher), ou melhor como clínica La Borde, uma clínica
psiquiátrico fundado em 1953 pelo psicanalista e psiquiatra dr. Jean Oury, que muito
contribuiu para o desenvolvimento da psicoterapia institucional.
Ainda gerido pelo seu fundador, este espaço continua a receber pacientes de
acordo com os mesmos princípios e é considerado uma referência nesta área. O
documentário também conta com a presença do psicanalista Félix Guattari, o qual
muito contribuiu com a instituição, enquanto analista, militante e coordenador.
Ao ver e estudar sobre este assunto é notável a forma subjetiva que os sujeitos
se expressam e o desejo de serem ouvidos, os menos que fogem da normalidade
apresentam comportamentos relativamente “normal”, segundo isso é necessário
que estes indivíduos sejam tratados de uma maneira que supra as suas principais
necessidades fisiológicas ao mesmo tempo podendo ter liberdade para realizar
convívio social e desfrutar dos lazeres que os mesmos buscam.

A problematização sobre a interioridade e subjetividade instituída (forma):


desnaturalizar o sujeito.

A desnaturalização do sujeito e a politização da psicologia, se por um lado,


desestabiliza o campo psi afastando a psicologia do almejado e cômodo lugar da
neutralidade científica e colocando-a como exercício simultâneo de saber e poder,
por outro lado, abre uma nova possibilidade de reconfiguração desse campo.
Possibilita a emergência de práticas que tomam o caráter histórico, contingente,
inacabado e múltiplo do sujeito como potência afirmadora e engendradora de novos
modos de existência.
Os objetivos da psicologia clínico-institucional são, por um lado, permanecer
atenta às naturalizações instituídas ao longo da história, por outro, a constituição de
um mundo próprio, oportunizar a afirmação de um ponto de vista, voltar-se para as
“criações parciais”. Foucault (1971), fala que toda criação é sempre “parcial”, pois
situa-se na superfície do acontecimento. O que se expressa em um corpo não
remete a uma pletora oculta, a uma totalidade transbordante que faria das
emissões, sintomas manifestos. Dentro dessa perspectiva de pensamento os signos
expressos não se encontram em excesso ou carência. O que há são sempre
“expressões parciais” de um mundo constituído e em constituição, devir sempre
perspectivado.
A clínica institucional não é nem uma análise hermenêutica nem uma análise
descritiva, pois tais análises pressupõem naturezas dadas mesmo dispersas, se o
clínico encontra-se diante de uma expressão em vias de composição, sua atividade
não dispensa o traçado e a configuração de uma certa composição dos corpos em
ação.

As possibilidades instituintes (movimento): a experiência em La Borde e


experiências à brasileira.

O que é considerado normal pode variar de acordo com diferentes fatores,


como idade, gênero, cultura e valores sociais. Por exemplo, oscilações de humor
básicas, como ficar triste após uma perda, são consideradas reações normais e
esperadas diante de determinadas situações. Já o patológico está relacionado a
comportamentos, emoções e pensamentos que causam sofrimento significativo para
o indivíduo ou interferem de maneira negativa em sua vida diária e relacionamentos.
Esses padrões de funcionamento podem indicar a presença de transtornos
psicológicos ou condições de saúde mental que exigem atenção e intervenção
profissional.
A psicologia, por meio de uma avaliação cuidadosa e considerando o
contexto individual de cada pessoa, é capaz de identificar se os sintomas
apresentados são condizentes com um funcionamento normal dentro das variações
individuais ou se indicam a presença de um transtorno psicológico. Essa avaliação
envolve observar a intensidade, duração e frequência dos sintomas, bem como o
impacto deles na vida do indivíduo.É importante destacar que a linha que separa o
normal do patológico nem sempre é clara, e o diagnóstico deve ser feito por
profissionais qualificados, como psicólogos ou psiquiatras, com base em critérios
estabelecidos em manuais de classificação de transtornos mentais, como o DSM-5
(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) ou a CID-10
(Classificação Internacional de Doenças).
O problema da Institucionalização é que fica no conjunto de aparatos
científicos, legislativos, administrativos, de códigos de referências culturais e de
relações de poder estruturadas em torno de um objeto bem preciso, a doença a qual
sobrepõe no manicômio o objeto periculosidade. O projeto da desinstitucionalização
seria o rompimento desses paradigmas, é preciso mudar o objeto levando em conta
o ser humano, a existência e o sofrimento de um corpo em relação ao corpo social.
Esta seria a base da instituição inventada. A compreensão de que controle não se
faz apenas com medicalização da loucura e que há aspectos subjetivos, afetivos
que mobilizam as pessoas a permanecerem mais estáveis, sobretudo fazê-los
iguais nas diferenças, ou seja, todos têm direitos como cidadãos, sem qualquer
rotulação. Para tanto, são necessários laboratórios e não ambulatórios que designe
uma estrutura complexa, um lugar onde teria produção de cultura de trabalho.
Apesar da constante luta da Reforma Psiquiátrica, as práticas clínicas e as
concepções acerca da loucura não conseguiram total mudança na sociedade
contemporânea, na qual ainda percebemos algumas concepções remotas sobre a
loucura e o seu método de tratamento. No Brasil, em virtude do surgimento tardio de
instituições como os CAPS/NAPS, inclusive com limitados investimentos financeiros,
a prática clínica proposta pela Reforma Psiquiátrica ainda apresenta limites, não
solucionando a problemática do tratamento concreto dos pacientes. Estes, em
grande medida, ainda são alvos de preconceitos, tratados como loucos pela
sociedade, sendo a eles exigida a imposição da disciplina outrora oferecida
violentamente pelas instituições manicomiais quando eram taxados de revoltados
aos comportamentos padrões e aceitos.
Por fim a herança negativa deixada pelo manicômio: morte, maus tratos,
violação dos direitos humanos. Entretanto, é justamente da experiência da
psiquiatria clássica que emergem as condições para a Reforma Psiquiátrica.
CONSIDERAÇÕES
A psicologia tem o conhecimento necessários para compreender as nuances
entre o normal e o patológico, ajudando as pessoas a entenderem seus próprios
padrões de funcionamento e a buscar apoio adequado quando necessário,ao
analisar a institucionalização, normatização do sofrimento psíquico o discurso do
normal e do patológico, vem com vastas opiniões do que é certo ou nao certo de se
fazer, este mesmo padrão impõe a normatização o “anormal” vem ser o
comportamento que estatisticamente não se repete pela maioria dos sujeitos.

REFERÊNCIAS

ESCÓSSIA, Liliana; MANGUEIRA, Maurício. Para uma psicologia clínico-institucional a


partir da desnaturalização do sujeito. Revista do Departamento de Psicologia - UFF, v. 17 -
nº 1, p. 93-101, Jan./Jun. 2005.

ROTELLI, Franco. A instituição inventada. In: ROTELLI, F; LEONARDIS, O; MAURI, D.


Desinstitucionalização. São Paulo: Editora Hucitec, 2001, p. 89-99.

SILVA, Thiago et al. O normal e o patológico: contribuições para a discussão sobre o estudo
da psicopatologia. Aletheia v. 32, p.195-197, maio/ago. 2010.

CANGUILHEM, G. (2002). O normal e o patológico. 5.ed. rev. aum. Rio de Janeiro: Forense
Universitária.

Documentário; La Borde

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