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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ

INSTITUTO FEPI
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA

THAINÁ CARDOZO ARANTES DE OLIVEIRA

ATIVIDADE
EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA NO TEMPO: A FAMÍLIA REAL E A FAMÍLIA IDEAL

ITAJUBÁ
2023
THAINÁ CARDOZO ARANTES DE OLIVEIRA

ATIVIDADE:
EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA NO TEMPO

Atividade Avaliativa apresentada pela Prof. Ms. Ana


Maria Faria Menicali à turma do 4° período do ano
de 2023 do curso de Psicologia da Fundação de
Ensino e Pesquisa de Itajubá (FEPI).

ATIVIDADE- EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA NO TEMPO

ITAJUBÁ
2023
1. INTRODUÇÃO
As famílias, ao longo do tempo, sofreram diversas transformações até se tornarem a
instituição que são hoje. Hoje em dia, os sistemas familiares são diversificados e cada
um possui sua dinâmica própria, tendo em vista que a sociedade atual está cada vez
mais livre de preconceitos e definições tradicionais e limitantes do que vem a ser a
família.

A alguns anos atrás, apenas a família nuclear possuía validação social, era a família
formada por um casal heterossexual e seus filhos. Com o passar dos anos, novas
configurações foram surgindo, que incluem famílias recompostas, famílias
homossexuais, famílias de mãe ou pai solteiros, famílias onde as crianças são criadas
apenas pelos avós e diversos outros tipos.

Porém, apesar da conceituação vasta de família atual, é um consenso para a


Psicologia Sistêmica que essa instituição deve se firmar como uma entidade funcional
onde cada membro possui seus papéis, direitos e deveres, e onde são assegurados
a compreensão e o respeito.

Na presenta atividade, será feita uma breve análise da transformação das famílias ao
longo da história e como elas estão inseridas no contexto contemporâneo, além de
uma observação sobre como devem funcionar de forma a serem uma instituição
saudável e que provê proteção e autonomia aos seus membros.
2. DESENVOLVIMENTO

A família é, antes de tudo, uma instituição. É a primeira instituição social básica com
a qual todos nós temos contato nos primeiros anos de vida, e que auxilia a moldar
nossa personalidade, ética, moral e valores.

A família não é uma instituição fixa, ela se altera ao longo da história. Ambas a família
e a sociedade se encontram num ciclo de mudanças, onde uma contribui para a
transformação da outra.

Nos tempos antigos, antes de haver a civilização, a monogamia ainda não havia sido
estabelecida. Assim, não havia grupos fechados de indivíduos que se diferenciavam
pela linhagem paterna. Foi com o estabelecimento da monogamia, isto é, a união entre
um homem e uma mulher, que a família foi se delineando. Conforme foi se dando a
necessidade das riquezas e dos acúmulos de bens serem passados de geração em
geração, os homens foram tomando a primeira posição na família e no meio, pois
eram responsáveis pela administração das posses. Porém, foram utilizando deste
poder para assumir domínio sobre as mulheres, e estas foram se submetendo cada
vez mais a ser um simples objeto de reprodução de filhos.

Com a reforma social que ocorreu no século XIX, a família passou a ser assunto de
interesse do estado, que começou a instituir leis sobre os mais diversos temas que
acometiam essa instituição. Porém, o representante da família na sociedade era o
patriarca, pois a mulher continuava em segundo plano; muitas vezes era até mesmo
considerada em posição menos importante que os filhos. As mulheres e mães não
eram permitidas a participar da vida social, tendo que se restringir apenas ao cuidado
do lar e dos filhos. Assim, elas eram as responsáveis pela educação das crianças, e
futuramente os filhos meninos iriam assumir a herança de todos os bens da família.
As meninas dariam continuidade ao papel da mãe.

Já no século XX, com o início das lutas feministas, as mulheres começaram a


reivindicar diversos direitos nunca antes questionados, como o direito a não se
submeter a casamentos arranjados. A partir daí foi se dando o direito feminino em
questões como o voto, a política, a educação, o divórcio, o direito a controlarem os
seus próprios bens materiais e financeiros, etc. As mulheres foram se inserindo cada
vez mais no espaço social, se libertando das amarras que as prendiam somente ao
cuidado de suas próprias casas.

Com a inserção da mulher na esfera pública e a transformação de seu papel, que


agora também era trabalhar para prover sustento à família (pelo menos nas classes
não abastadas), a classe trabalhadora como um todo também foi conquistando alguns
direitos. Esses direitos também eram direcionados a suas famílias, e incluíam o
salário-mínimo, direito de aposentadoria, direito a auxílios financeiros. Como as
crianças não eram mais educadas em casa, também se passou a dar valor à educação
pública.

Dessa forma, não apenas as mães, mas todos os membros da família começaram a
ser inseridos na sociedade cada vez mais cedo. Foram sendo criados e desenvolvidos
os direitos das crianças e adolescentes, que garantem a sua proteção.

Essa trajetória nos leva a observar o modo como a família se porta na sociedade hoje
em dia. A família, hoje, é uma instituição que gira em torno do afeto, do amor, da
preservação da dignidade e desenvolvimento sadio dos membros familiares. Com as
transformações econômicas, políticas, tecnológicas e culturais, a instituição familiar
assume uma face completamente diferente da que possuía nos tempos antigos, onde
prevalecia a barbárie ao invés da civilização. Têm-se mais importância os valores que
incluem a compreensão, a solidariedade e o incentivo à individualidade dos membros
ao mesmo tempo. Hoje em dia, os filhos não são criados para a família, mas sim para
o mundo, para toda a sociedade. Assim, é comum que se incentive as crianças desde
pequenas a buscarem sua autonomia, individualidade, autenticidade.

Porém, é importante notar que existem algumas nuances da realidade entre as


famílias de classes sociais diferentes. As famílias mais marginalizadas, por exemplo,
não têm tanto acesso a oportunidades de educação e emprego como as famílias de
classe média ou classe alta. São as famílias periféricas que estão mais vulneráveis à
fome, ao desemprego, à miséria, à exploração.

Hoje em dia, além dos indivíduos terem o poder de escolher livremente o seu
conjugue, o direito ao divórcio também é garantido. Assim, observamos que a escolha
de uma família se dá pelo amor e não pela obrigação. Por conta disso, a instituição
da família tradicional sofreu grandes transformações. Novos modelos de famílias que
fogem do padrão ganharam cena. Alguns modelos de famílias atuais são a família
nuclear, uniões de facto, uniões livres, famílias homossexuais, família monoparental e
famílias recompostas.

Como as famílias são diversificadas, a perspectiva sistêmica também precisa ter um


olhar ampliado sobre as questões familiares. Para a Psicologia Sistêmica, a família é
um sistema que constitui interação e integração entre seus membros, onde deve
prevalecer a comunicação para que esse elo se sustente devidamente. É um sistema
dinâmico que possui subsistemas, como o parental, fraterno e conjugal. Esse sistema
possui dois objetivos principais: o objetivo interno, que é prover proteção psicossocial
aos membros, e o externo, que é se acomodar a uma cultura e transmiti-la
socialmente. A visão sistêmica também depreende que a família passa por alguns
estágios que compreendem o ciclo vital familiar, sendo eles: estágio da formação do
casal, família com filhos pequenos, família com filhos na escola e família com filhos
adultos, principalmente.

Para ser considerada uma família funcional, a família precisa cumprir bem com seus
objetivos internos e externos e realizar adequadamente a passagem pelo ciclo vital,
sabendo se adaptar às fases que seguem uma atrás da outra. É importante se atentar
ao fato de que cada sistema familiar possui suas particularidades, seu dinamismo, sua
cultura, sua organização. Porém, é possível observar, utilizando da Psicologia
sistêmica, quando um grupo familiar possui uma relação de interdependência
saudável e quando a relação entre os membros é disfuncional.

Para ser funcional, o espaço familiar precisa possibilitar aprendizagens, crescimento


e movimento, de forma com que seus membros cresçam de maneira saudável,
desenvolvendo virtudes como autonomia, responsabilidade e consciência. Uma
família saudável também precisa impor bem as suas fronteiras, isto é, definir bem
quem são os membros dela, para que possam ser divididas as tarefas e papéis de
cada um.

Sendo assim, é ideal que cada membro familiar saiba bem o seu lugar dentro do
sistema. Se não forem pré-estabelecidos os papéis, é comum que as crianças tenham
um desenvolvimento perturbado, o que influencia negativamente na sua construção
psíquica. O ideal é que os pais ocupem o lugar de pais, os filhos ocupem o lugar de
filhos, os irmãos ocupem o lugar de irmãos (não tendo de exercer a função de cuidado
parental um sobre o outro, por exemplo).
Algumas outras aprendizagens sistêmicas estão ligadas à forma de criação dos mais
novos, que precisam aprender desde cedo sobre limites, direitos e deveres. Elas
precisam aprender a lidar com horários, tarefas, obrigações, regras, além de que
precisam receber afeto e atenção para que não cresçam se sentindo à deriva, com
sensação de abandono ou negligência. As trocas afetivas são cruciais, visto que o ser
humano é um ser que necessita da troca de sentimentos, que incluem amor, carinho,
aconchego.

Outro fator que influência no desenvolvimento saudável é a habilidade de saber impor


abertura e fechamento ao mundo exterior ao do núcleo familiar. Todos os membros
devem ter a liberdade para transitar e realizar os diversos tipos de interação social na
comunidade, mas é importante que haja um espaço seguro e delimitado no núcleo da
família. Deve-se fazer a distinção do que é público e privado, do que deve ou não ser
compartilhado com outras pessoas. Isso faz com que permaneça o sentimento de que
o lar é um lugar que provê segurança, para onde pode-se correr quando os desafios
em sociedade são muito exaustivos.

Um outro desafio à família é o de oferecer todo o conforto ao mesmo tempo em que


estimula a independência. Os filhos devem ser criados para o mundo, bem como
devem aprender a tomar decisões, ter consciência das consequências de seus atos,
se sentirem seguros consigo mesmos, cultivar uma boa autoestima.

Mesmo levando em consideração o contexto do espaço e tempo em que vivemos,


onde as famílias são dinâmicas e cada uma possui sua forma, é imprescindível entrar
em consenso que elas necessitam desenvolver tais aprendizagens em comum para
serem consideradas funcionais.
3. CONCLUSÃO

Assim, é possível perceber o quanto as famílias se transformaram ao longo da


história e quantas mudanças sociais precisaram ocorrer para que o conceito atual de
família fosse estabelecido como sendo algo amplo e aberto a diversas
configurações.

Atualmente, a Psicologia Sistêmica atua na valorização das relações familiares, na


resolução de crises e na compreensão desse sistema como algo capaz de formar
seres humanos saudáveis, autônomos e responsáveis que contribuam para o bem
da sociedade. A visão sistêmica trabalha para que seja valorizada, no meio familiar,
a comunicação, como ferramenta crucial para o equilíbrio da boa convivência.

A família deve ser um elemento firme, seguro e que estruture a personalidade dos
membros em formação, um local privilegiado para a construção do caráter dos filhos
que posteriormente formarão outros sistemas com valores similarmente
competentes.

Por fim, é ideal que as famílias busquem atuar como um sistema integrado onde
todos os membros se sintam acolhidos e as crianças se sintam preparadas para
lidar com o mundo exterior, possuindo um desenvolvimento psicológico saudável
que as possibilitem enfrentar os desafios de forma responsável e corajosa,
compartilhando os valores adquiridos no meio familiar com toda a sociedade, como
uma forma de troca cultural.
REFERÊNCIAS

DIAS, Maria Olívia - Um olhar sobre a família na perspectiva sistêmica – o


processo de comunicação no sistema familiar. Gestão e Desenvolvimento. Viseu.
ISSN 0872-0215. Nº 19 (2011), p. 139-156.

SIMIONATO, Marlene Aparecida; OLIVEIRA, Raquel Gusmão. Funções e


transformações da família ao longo da história. In: Encontro Paranaense de
Psicopedagogia, 1, 2003. Anais... Maringá: Bertoni, 2003. p. 57-66.

Centa, Maria de Lourdes; Elsen Ingrid. Reflexões Sobre a Evolução Histórica da


Família. Fam. Saúde Desenvolvimento, Curitiba, v. 1, n. 1/2, p. 15-20, jan./dez. 1999.

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