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TRABALHO PSICANÁLISE

SILVIA JARA

MÓDULO 1

06/08/21

Trabalho: Faça uma resenha de 20 a 30 linhas do Filme JORNADA DA ALMA


com uma análise psicanalítica e envie para o e-
mail agosttinho@queroevoluir.com.br  e em seguida uma mensagem de
WhatsApp para o Canal de Atendimento Anna (11)-96460-1376 com os
dizeres: ANÁLISE DO FILME NO EMAIL

Link do filme
https://www.youtube.com/watch?v=gmx4NPC6wF8

Jornada da Alma fala sobre o caso de terapia da paciente russa Sabina Spielrein
acompanhada por Carl Jung. Sua internação se deu após a perda da irmã.

A história relatada no filme mostra o envolvimento de Jung com Sabina durante sua
internação. E, posteriormente, após a alta da paciente. Durante a internação Jung
utilizou os conceitos freudianos da psicanálise. O filme da traz dois conceitos
importantes da psicanálise e das terapias de forma geral.

O primeiro é o conceito de transferência que, para a maioria dos autores pode ser
conceituado como “o conjunto de todas as formas pelas quais o paciente vivencia
junto com o psicanalista, na experiência emocional da relação analítica, todas as
representações que ele tem do seu próprio self, as relações objetais que habitam seu
psiquismo e os conteúdos psíquicos que estão organizados como fantasias
inconscientes, com as respectivas distorções perceptivas, de modo a permitir
interpretações do psicanalista, as quais possibilitem a integração do presente e do
passado, o imaginário com o rela, o inconsciente com o consciente.”(Zimermann)

O conceito de transferência mudou ao longo de toda a evolução da psicanálise


diversas vezes, mas hoje parece ser um fenômeno normal e até desejável dentro do
processo analítico.

A transferência acontece no filme quando Jung possibilita que a paciente se


aproxime dele e projete nele a figura de alguém que lhe protege e lhe ama, o que ela
parece não reconhecer no pai. Sabina vê no psicanalista essa figura o que é esperado
e até conveniente para a terapia porque possibilita trazer conteúdos que talvez não
surgissem sem essa transferência. Sabina se sente segura com Jung, se sente amada
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e respeitada. Nesse sentido, a transferência é positiva e até mesmo esperada dentro


do processo terapêutico. O psicanalista atento ao processo percebe essa
transferência e se coloca e se mantem nesse papel para gerar uma proximidade com
o paciente, podendo assim explorar e compreender diversos aspectos relevantes par
o processo terapêutico. A interação é mais produtiva porque revela sentimentos e
emoções que estão ‘escondidas’ no discurso comum do paciente. No entanto, é
preciso que o terapeuta esteja atento a esse fenômeno que é comum nas terapias. O
surgimento desse fenômeno entre paciente-analista demanda um profissional bem
estruturado e muito trabalhado em suas questões para que tenha total controle
desse ‘laboratório’ que ocorre entre ele e o paciente.

Durante o processo terapêutico, e por ser a primeira vez que Jung o utilizava,
acredito que o desejo de curar a paciente tenha sido tão importante para Jung que
nem mesmo ele percebeu que estava ultrapassando seus próprios limites e
quebrando regras para chegar a cura de Sabina.

Jung começa a perceber o seu envolvimento emocional com Sabina e se afasta por
alguns dias da paciente. Nesse período ela tenta o suicídio. Jung tinha uma ligação
muito forte com a paciente e, talvez por seu envolvimento emocional ou por sua
forte intuição, sente e percebe o que acontece com ela.

No entanto, Jung não consegue controlar isso e surge o fenômeno da


contratransferência.

A contratransferência é uma identificação do terapeuta com a questão do


analisando. No caso do filme, Jung vivencia a contratransferência porque ele se
envolve emocionalmente com ela, demonstrando sua dificuldade em conter a
transferência da paciente.

Sabina sendo uma mulher inteligente e sensível atua também como a ‘analista’ de
Jung, compreendendo os processos internos dele e utilizando das mesmas técnicas
de Jung para também analisá-lo. E, nesse momento, o processo terapêutico perde
sua função e não seria mais possível que ele ocorresse.

Isso é negativo e não esperado para o processo psicanalítico. É necessário que o


psicanalista esteja muito atento em seus próprios conteúdos e no movimento da
contratransferência.

Nesse fenômeno o analista pode projetar no paciente suas questões e buscar através
dele, resolver seus próprios conteúdos, gerando impulsos para que o paciente atue
como ‘seu representante’ na solução dessas questões.
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O analista se coloca naquele paciente e isso é totalmente inadequado na relação


analista-analisando. Para que a contratransferência não aconteça é necessário que o
analista vigie muito todo o processo.

Jung não foi capaz de atuar dessa forma com Sabina. Ele se apaixonou por ela e
interagiu com a paciente de forma não profissional, criando nela uma dependência
emocional que poderia tê-la levado a um estado emocional ainda pior do que antes,
reforçando a carência e a frustração que ela sentia pelo pai.

Felizmente, após o processo terapêutico Sabina reunia condições intelectuais e


emocionais, apesar de todo esse processo, para dar continuidade à sua vida. Apesar
dos desvios, me parece que a análise pode tirar Sabina da situação que ela se
encontrava.

Quando surgem os processos de contratransferência significa que a terapia acabou,


não há como continuar e, me parece que esse foi o mérito de Jung que, apesar de
apaixonado, de ter dado vazão aos seus impulsos, desistiu de tratamento de Sabina.

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