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Quando se fala da análise e sobre esse processo doloroso, é sobre algo realmente
insuportável, que poderá gerar cansaço, que poderá gerar um pouco de resistência
ao processo dela. Se aquele paciente não acreditar que aquele analista do qual ele
se identificou e buscou ajuda poderá ajudá-lo a sair daquele local, ele poderá não
conseguir receber tal ajuda. Essa analisabilidade ajudará o terapeuta a lidar com
esses sintomas desse paciente, a não não forçá-lo e respeitar seus limites. Porque
muitas das vezes o paciente só vai conseguir fazer uma ligação e marcar aquela
sessão, mas não vai dar conta de chegar até lá. Muitas das vezes ele conseguirá vir
em uma primeira sessão, mas não dará conta de retornar. Poderá no decorrer da
análise, depois de alguns anos, de o paciente apresentar uma dor que ele não
saberá como lidar e isso causar o abandono do processo terapêutico sem que tenha
tido uma eficácia.
É importante salientar que esse processo de análise não é sobre deixar aquele
sujeito dependente do analista. A ideia é que o paciente consiga internalizar e
simbolizar a dupla analítica, para que ele possa ter essas sensibilidades com a vida
e para que se torne também o seu próprio analista. A partir do momento em que
esse paciente não se sentir mais sozinho, ele estará aberto ao processo analítico e
em dois (ele e o analista) conseguirão pensar juntos. Quando esse paciente buscar
uma nova análise e ele se deparar com um novo analista que está perdido junto
com ele, mas tal paciente já tem neste momento algumas sensibilidades e já possui
algumas técnicas para não ser impedido por resistências, o paciente poderá ter o
auxílio do analista para encontrar algumas saídas, poderá confiar no analista para
ser o mais vulnerável possível e sem deparar com toda a dificuldade anterior que
não o deixava chegar até ali.
Outro ponto importante da análise é quando a dupla paciente e analista inverte esse
cuidado. Quando o paciente faz essa inversão de cuidado com o analista é quando
ele paga pela análise, aquilo que é cobrado por essa hora oferecida ao paciente.
Não é o vínculo que ambos vão nutrir, porque isso não tem valor, não tem como
cobrar um relacionamento. O que se cobra é apenas um aparato para que isso
possa acontecer, para que o analista consiga oferecer um tratamento de qualidade,
com um ambiente confortável e climatizado, para que ele possa se dedicar ao
aprendizado desse cuidado com seu paciente, que ele invista em livros e grupos de
estudos, que ele possa ter suas contas pagas e se foque na dedicação do cuidado
desse sujeito. E é claro que esse encontro de análise é um encontro de
aprendizado, de troca para os dois, um tempo de quebra de narcisismo, onde o
analista está totalmente focado em promover um ambiente para onde o paciente
pense para criar seus instrumentos e viver a sua mudança catastrófica.
Então o requisito fundamental para que essa análise possa acontecer é que o
paciente possa ter como analisar todas essas habilidades e que possa ter
esperança no tratamento, que naquele momento tudo está difícil, mas tudo poderá
melhorar. Assim como um dos acontecimentos mais felizes da vida dele também
acontecerá e vai passar depois de um dado momento.