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terapeuta.html
O livro traz em seu conteúdo, duvidas de dois jovens em início de carreira, assim, elucidando
os aspirantes sobre o perfil de um psicoterapeuta, como deve ser o setting, sobre a cura, o amor
transferencial, etc.
Calligaris inicia seu livro dizendo sobre a vocação profissional, que para ser um bom
psicoterapeuta, é útil que possua alguns traços de caráter ou de personalidade, que dificilmente
podem ser adquiridos no decorrer da formação. Pois, se o psicoterapeuta espera gratidão de seus
pacientes, esqueça
Curar ou não curar, Calligaris relata que um grande número de colegas psicanalistas acha
estranho que, nestas cartas, fale de psicoterapia e de psicanálise como se fossem parentes próximos.
Em princípio, eles certamente reconhecem que a psicanálise é a matriz mais importante que opere
com as motivações conscientes e inconscientes de quem sofre. Mas não aceitam que a psicanálise
seja uma psicoterapia, recusam a ideia de que o psicanalista se proponha a curar, de uma maneira ou
de outra, o sofrimento de seus pacientes.
Em muitos casos, o paciente busca uma psicoterapia por um problema bem definido: um
medo específico, uma ejaculação precoce, um pensamento obsessivo ou uma dificuldade de tomar
uma decisão na vida.
Freud, por exemplo, recomendava que os psicanalistas não tivessem pressa de curar. Tentando
imediatamente combater o sintoma ou ajudar na solução do dilema, o sintoma e o dilema apenas se
deslocaram para outro lugar, o fato é que a pressa de curar e decidir são uma péssima conselheira.
Uma psicoterapia é uma experiência que transforma; pode-se sair dela sem o sofrimento do
qual a gente se queixava inicialmente, mas ao custo de uma mudança. Na saída, não somos os
mesmos sem dor; somos outros, diferentes.
Para Calligaris, os argumentos apresentados até aqui nos encorajam a redefinir o que é a cura
que pode ser esperada de uma psicoterapia e sugerem que, justamente para curar direito, o
psicoterapeuta não deve se apressar.
Essa discussão, Por que a psicanálise não seria uma terapia? Por que a ideia de curar o
sofrimento psíquico se tornou objeto do escárnio de muitos psicanalistas? a uma razão histórica que
começou no final dos anos 60, época triunfante da contracultura americana e do espírito do maio
francês, em que a crítica e a revolta eram o único sinal verdadeiramente aceitável de “saúde” mental.
Nascia o movimento antipsiquiátrico.
Calligaris se interessa pela psicanálise por sua capacidade de transformar as vidas e atenuar a
dor. Ele diz que uma reserva diante da palavra “paciente”, é porque espera que todos sejamos
impacientes com o sofrimento desnecessário que, eventualmente, estraga nossos dias. A psicanálise
não se afastou de um projeto terapêutico; apenas passou a propor a todos, como cura, a chance de
tornar-se psicanalista. Com isso, aliás, curou suas próprias finanças e qualquer crise de clientela.
Lacan avançara seu entendimento do fim da análise também para polemizar com a ideia de que o fim
de uma análise seria uma identificação com o analista.
Uma prática e uma disciplina têm seus dias contados se perdem o rumo de sua utilidade
social para se preocuparem apenas com sua própria reprodução. Enfim, essa história contém lições
que podem ser valiosas para você, especificamente na hora em que se pergunta como estabelecer sua
clínica. Seu primeiro compromisso não é com “a psicanálise” ou “a psicoterapia”, seu primeiro
compromisso é com a comunidade na qual você presta serviços. E o compromisso é de prestar o
melhor serviço possível.
“O que fazer para que mais pacientes cheguem até meu consultório?”. “Para estabelecer sua
clínica, vale esta máxima: se seu compromisso for com os pacientes, não se preocupe, eles vão acabar
sabendo”.
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Não deve haver pressa na terapia. Não se deve suprimir os sintomas antes que a doença se
manifeste. Cura é definida como o restabelecimento a normalidade funcional, ou, levar o sujeito de
volta a seu estado anterior à doença.
Psicanálise não tem noção preestabelecida de normalidade mas um estado em que o sujeito se
permite realizar suas potencialidades.
Psicoterapia é uma experiência que transforma, pode-se sair dela sem o sofrimento, mas ao
custo de uma mudança.
A psicologia francesa dos anos 60 não era adepta da idéia de cura. Curar significava perder o
potencial de revolta.
Mas, o autor se interessa pela psicanálise por acreditar que ela tem a capacidade de
transformar vidas e atenuar a dor