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com/2011/05/resenha-cartas-um-jovem-
terapeuta.html
O livro traz em seu conteúdo, duvidas de dois jovens em início de carreira, assim, elucidando
os aspirantes sobre o perfil de um psicoterapeuta, como deve ser o setting, sobre a cura, o amor
transferencial, etc.

Calligaris inicia seu livro dizendo sobre a vocação profissional, que para ser um bom
psicoterapeuta, é útil que possua alguns traços de caráter ou de personalidade, que dificilmente
podem ser adquiridos no decorrer da formação. Pois, se o psicoterapeuta espera gratidão de seus
pacientes, esqueça

A formação segundo Calligaris de um psicoterapeuta é o tratamento ao qual ele mesmo se


submete, espera-se que, nesta experiência, o futuro terapeuta se depare com a complexidade de suas
motivações, sintomas e fantasias conscientes e inconscientes e para não desprezar os estudos de
psicologia ou de psiquiatria.

É indispensável que um psicoterapeuta tenha instrumentos diagnósticos para não confundir,


sintomas de uma ou de outra. Na suspeita, é bom encaminhar o paciente para um check-up
neurológico, vascular e endocrinológico. É útil que um psicoterapeuta conheça os princípios
diagnósticos do Manual Estatístico Diagnóstico adotado pela Organização Mundial da Saúde, uma
experiência efetiva e consistente com pacientes psicóticos, com toxicômanos e conhecer os princípios
ativos dos remédios psicotrópicos. Espera-se também que, nesse emaranhado, o terapeuta escolha um
fio e o percorra detalhadamente, lendo e estudando.

Curar ou não curar, Calligaris relata que um grande número de colegas psicanalistas acha
estranho que, nestas cartas, fale de psicoterapia e de psicanálise como se fossem parentes próximos.
Em princípio, eles certamente reconhecem que a psicanálise é a matriz mais importante que opere
com as motivações conscientes e inconscientes de quem sofre. Mas não aceitam que a psicanálise
seja uma psicoterapia, recusam a ideia de que o psicanalista se proponha a curar, de uma maneira ou
de outra, o sofrimento de seus pacientes.

Em muitos casos, o paciente busca uma psicoterapia por um problema bem definido: um
medo específico, uma ejaculação precoce, um pensamento obsessivo ou uma dificuldade de tomar
uma decisão na vida.

Freud, por exemplo, recomendava que os psicanalistas não tivessem pressa de curar. Tentando
imediatamente combater o sintoma ou ajudar na solução do dilema, o sintoma e o dilema apenas se
deslocaram para outro lugar, o fato é que a pressa de curar e decidir são uma péssima conselheira.
Uma psicoterapia é uma experiência que transforma; pode-se sair dela sem o sofrimento do
qual a gente se queixava inicialmente, mas ao custo de uma mudança. Na saída, não somos os
mesmos sem dor; somos outros, diferentes.

Para Calligaris, os argumentos apresentados até aqui nos encorajam a redefinir o que é a cura
que pode ser esperada de uma psicoterapia e sugerem que, justamente para curar direito, o
psicoterapeuta não deve se apressar.

Essa discussão, Por que a psicanálise não seria uma terapia? Por que a ideia de curar o
sofrimento psíquico se tornou objeto do escárnio de muitos psicanalistas? a uma razão histórica que
começou no final dos anos 60, época triunfante da contracultura americana e do espírito do maio
francês, em que a crítica e a revolta eram o único sinal verdadeiramente aceitável de “saúde” mental.
Nascia o movimento antipsiquiátrico.

Nos anos 70 e 80, os psicanalistas americanos, por exemplo, queixavam-se de uma


diminuição do número de pacientes e de candidatos e explicavam a penúria pelo fato de que talvez a
psicanálise clássica fosse uma cura longa e trabalhosa demais. Uma geração revoltada, apaixonada
pelas ciências humanas e ameaçada de desemprego estava entregue a furores abstratos; a psicanálise
francesa respondeu perfeitamente ao mal-estar dessa geração, considerando a ideia de curar como
anátema.

Calligaris se interessa pela psicanálise por sua capacidade de transformar as vidas e atenuar a
dor. Ele diz que uma reserva diante da palavra “paciente”, é porque espera que todos sejamos
impacientes com o sofrimento desnecessário que, eventualmente, estraga nossos dias. A psicanálise
não se afastou de um projeto terapêutico; apenas passou a propor a todos, como cura, a chance de
tornar-se psicanalista. Com isso, aliás, curou suas próprias finanças e qualquer crise de clientela.
Lacan avançara seu entendimento do fim da análise também para polemizar com a ideia de que o fim
de uma análise seria uma identificação com o analista.

Uma prática e uma disciplina têm seus dias contados se perdem o rumo de sua utilidade
social para se preocuparem apenas com sua própria reprodução. Enfim, essa história contém lições
que podem ser valiosas para você, especificamente na hora em que se pergunta como estabelecer sua
clínica. Seu primeiro compromisso não é com “a psicanálise” ou “a psicoterapia”, seu primeiro
compromisso é com a comunidade na qual você presta serviços. E o compromisso é de prestar o
melhor serviço possível.
“O que fazer para que mais pacientes cheguem até meu consultório?”. “Para estabelecer sua
clínica, vale esta máxima: se seu compromisso for com os pacientes, não se preocupe, eles vão acabar
sabendo”.

https://rubenssantana.com/livrocartas-a-um-jovem-terapeuta/

Capitulo 8/9 - A Formação


O terapeuta deve ter formação psi ou não ? As vantagens de quem tem a formação psi é o
conhecimento de várias abordagens (pluraridade), o conhecimento de padrões internacionais (CID /
DSM) e estágios. A linha a ser seguida não é uma ideologia, não é preciso ser fiel.

Capitulo 10- Curar ou não curar

Não deve haver pressa na terapia. Não se deve suprimir os sintomas antes que a doença se
manifeste. Cura é definida como o restabelecimento a normalidade funcional, ou, levar o sujeito de
volta a seu estado anterior à doença.
Psicanálise não tem noção preestabelecida de normalidade mas um estado em que o sujeito se
permite realizar suas potencialidades.
Psicoterapia é uma experiência que transforma, pode-se sair dela sem o sofrimento, mas ao
custo de uma mudança.
A psicologia francesa dos anos 60 não era adepta da idéia de cura. Curar significava perder o
potencial de revolta.
Mas, o autor se interessa pela psicanálise por acreditar que ela tem a capacidade de
transformar vidas e atenuar a dor

Capitulo 11 - O que fazer para ter mais clientes


No início de sua carreira o autor ouviu que para ter mais cliente era necessário "fazer-se
conhecer". Na época.
"fazer-se conhecer* significava ser conhecido dos colegas.
pois imaginavam que os clientes só viriam indicados por outros colegas. Por isto, o objetivo
era impressionar os colegas.
A questão do termino da análise também é tratada no capítulo, pois "o que nos faz sofrer é a
relevância excessiva que atribuimos à nossa presença no mundo. Insistimos sempre em ser iguais a
nós mesmos*. No final da análise seríamos capazes de largar os sintomas que nos devastam e que nos
amamos a tal ponto que ao conseguimos desistir deles. "O momento em que eu realizasse a
experiência de que não sou nada seria o momento em que finalmente conseguiria ser alguma coisa ou
mesmo alguém". Alcançar este momento passou a ser o objetivo dos terapeutas e não tratar pessoas.
Para o autor o importante para conseguir mais clientes é ter compromisso primeiro com as pessoas
que confiam em você.
Capitulo 12 - Questões Práticas
A regra de que o paciente pode falar sobre tudo deve ser enunciada? depende do paciente e do
sentimento do terapeuta. O importante é que "as palavras sempre levarão seus pacientes por terra
imprevistas". A autorização para o paciente falar. não obriga a falar do que nós queremos ouvir. "É
possível se esconder de si mesmo usando a razão ou a poesia".
Regras utilizadas por Freud
1 - Durante a análise não tomar decisões cruciais. Esta regra não é utilizada hoje por
dois motivos:
- As vezes o motivo da análise é exatamente o de tomar uma decisão
- A análise pode demorar muito
2 - Não falar da terapia com as pessoas próximas
- os amigos poderão achar que a pessoa irá mudar com eles
- pode gerar conflitos em casais que fazem terapias com terapeutas diferentes
O setting depende do paciente. Sentado, no diva, etc. O terapeuta não deve ser afoito e tomar
cuidados com as perguntas iniciais. O autor faz duas:
1 - Eu (o terapeuta) posso ajudar ? Posso estabelecer a aliança terapêutica. Deve-se ser
sincero, o autor, por exemplo, tem restrições a vozes que ele não gosta
2 - O que o paciente espera ? Procurar descobrir o que realmente a pessoa espera (sentir) e
não o que disse que espera. Esta pergunta deve ser repetida ao longo da terapia e as mudanças da
resposta analisada.
A duração da sessão poderá variar, mas não deve ser breve
Havia uma crença de que o paciente devia pagar do bolso. mas "as resistências não são
vencidas pelo esforço de pagar"
A frequência semanal depende da necessidade. O terapeuta deve estar disponível para
emergências
Se necessário, um supervisor não deve custar mais do que cobra ao paciente e a função da
supervisão não é didática é inspirar confiança.
Se você confia em si a ponto de autorizar-se a atender.
continue.

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