Você está na página 1de 12

Revista da Abordagem Gestáltica:

Phenomenological Studies
ISSN: 1809-6867
revista@itgt.com.br
Instituto de Treinamento e Pesquisa em
Gestalt Terapia de Goiânia
Brasil

Cardoso Andrade, Celana


CARTA A UMA JOVEM PSICOTERAPEUTA
Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies, vol. XVI, núm. 2, diciembre, 2010, pp.
222-225
Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt Terapia de Goiânia
Goiânia, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=357735614013

Como citar este artigo


Número completo
Sistema de Informação Científica
Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal
Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
Ensaios ...........................
Josiane M. T. de Almeida

CARTA A UMA JOVEM PSICOTERAPEUTA

Letter to a Young Psychotherapist

Carta a una Joven Terapeuta

Celana Cardoso A ndrade

Resumo: O início da prática clínica na psicologia é vivido pela jovem terapeuta como um grande desafio. Envolve sentimentos
de esperança, de medo, de incerteza, dentre outros. Esses sentimentos advêm da difícil tarefa de não pular etapas nesse proces-
so, de ter paciência para obter formação teórica, metodológica e pessoal, e, ainda, de ir além da teoria estudada, em um espaço
em que as respostas não são tão óbvias. Tornar-se terapeuta é um caminho solitário em que é preciso, também, buscar respostas
em si mesma, tanto nos questionamentos que surgem em sua vida pessoal quanto nos relativos à profissão. A pessoa que esco-
lhe ser terapeuta precisa entender que terapia é uma expressão que significa cuidado, tratamento e cura. Cuidar implica con-
sideração, interesse, atenção, solicitude, zelo, preocupação, atitudes comuns nas terapeutas iniciantes em sua relação com os
clientes, mas raras quando se referem a elas mesmas. Para tanto, a jovem terapeuta precisa estar disponível para o encontro, o
contato, condição que se faz imprescindível na relação terapêutica e, ao mesmo tempo, ela deve cuidar de si própria. O objetivo
dessa carta é, de alguma maneira, mostrar que a pessoa precisa começar a realizar atendimentos, mesmo que ainda não se sin-
ta totalmente pronta para tal empreitada. A vontade e a disposição para atender, além de toda a teoria estudada, com certeza, a
capacitará para iniciar essa atividade.
Palavras-chave: Terapia; Início Profissional; Suporte Teórico; Suporte Emocional.

Abstract: The onset of clinical practice in psychology is experienced by young therapist as a major challenge. It involves
feelings of hope, fear and uncertainty, among others. These feelings stem from the difficult task of not skipping steps in the
process, having patience for theoretical, methodological and personal, and also going beyond the theory studied in an area
where answers are not so obvious. Becoming a therapist is a lonely path in which we must also seek answers in ourselves
for the questions that arise in our personal lives and also in governing the profession. The person who chooses to be a thera-
pist needs to understand that therapy is an expression that means care, treatment and cure. Caring involves consideration,
interest, attention, and concern, common attitudes among therapists in their relationship with patients, but rare when re-
ferring to themselves. For this reason the young therapist must be available for the meeting and the contact, a condition
which is indispensable in the therapeutic relationship and, at the same time, she should take care of herself. The purpose
of this letter is, in some way, to show that one must begin to make calls even if it does not feel quite ready for such an un-
dertaking. The desire and willingness to serve, along with all the theory previously studied, will certainly enable her to
initiate this activity.
Keywords: Therapy; Early Training; Technical Support; Emotional Support.

Resumen: El inicio de la práctica clínica en la psicología es vivido por la joven terapeuta como un gran desafío. Envuelve senti-
mientos de esperanza, de miedo, de incertidumbre, entre otros. Esos sentimientos vienen de la difícil tarea de no saltar etapas
en ese proceso, de tener paciencia para obtener información teórica, metodológica y personal, y aún ir más allá de la teoría estu-
diada, en un espacio en que las respuestas no son tan obvias. Convertirse terapeuta es un camino solitario, en que es necesario
también, buscar respuestas en si misma, tanto en los cuestionamientos que surgen en su vida personal como en los relativos a la
profesión. La persona que escoge ser terapeuta necesita entender que terapia es una expresión que significa cuidado, tratamiento
y cura. Cuidar implica consideración, interés, atención, solicitud, celo, preocupación, actitudes comunes en las terapeutas ini-
ciantes en su relación con los clientes, pero raras cuando se refieren a ellas mismas. Por tanto la joven terapeuta necesita estar
disponible para los encuentros, el contacto, condición que se hace imprescindible en la relación terapéutica y, al mismo tiempo,
ella debe cuidar de si misma. El objetivo de esta carta es, de alguna forma, mostrar, que la persona necesita comenzar a realizar
atendimientos, aunque no se sienta totalmente lista para tal tarea. El deseo y la disposición para atender, además de toda la teo-
ría estudiada, con seguridad, la capacitará para iniciar esa actividad.
Palabras-clave: Terapia; Inicio Profesional; Soporte teórico; Soporte Emocional.

Sempre que me deparo com as angústias, próprias de sentido amplo da palavra. O que me estimula a escrever
uma jovem psicoterapeuta, remeto-me a situações muito esta mensagem é esse contato com jovens terapeutas que
Ensaios

próximas pelas quais passei e com as quais, de alguma buscam a compreensão teórica e prática da clínica ges-
forma, me defronto, vinte anos depois, na posição de uma táltica. O objetivo desta carta é escrever algumas pala-
professora que ensina a difícil tarefa de ser terapeuta, no vras raramente ditas nas salas de aulas ou nas supervi-

Revista da Abordagem Gestáltica – XVI(2): 217-221, jul-dez, 2010 222


Carta a uma Jovem Psicoterapeuta

sões clínicas e que acredito ser importante ouvir ou ler (...) ser artista precisa deixar-se amadurecer como
no início dessa estrada tão teorizada e ao mesmo tempo uma árvore, que não apressa sua seiva e permanece
tão desconhecida. confiante durante as tempestades da primavera, sem
A primeira coisa que gostaria de dizer a você é que o temor de que o verão não possa vir depois. Ele vem
eu a entendo! Entendo o seu sofrimento e a sua esperan- apesar de tudo. Mas só chega para os pacientes, para
ça, a sua angústia e a sua satisfação na busca para ser os que estão ali como se a eternidade se encontrasse
uma melhor terapeuta. Estar face a face com uma pes- diante deles, com toda a amplidão e serenidade.
soa que procura ajuda, que sofre, é mesmo um grande Aprendo isto diariamente, aprendo em meio a dores
desafio. Você pode me perguntar: “Será que eu realmen- às quais sou grato: a paciência é tudo.
te disponho do conhecimento e da habilidade mínima
necessária para atender essa pessoa”? Suas dúvidas e Sei o quanto tem sido pesado para você entrar em um
seus sentimentos tocam-me e, por isso, estou aqui hoje, mundo muito diferente daquele com que você acostu-
por meio dessa carta, disposta a dividir com você al- mava lidar. Como é complicado deixar de ser uma gran-
guns conhecimentos e experiências que talvez possam de aluna e se perceber como uma pequena terapeuta.
facilitar um começo de carreira tão repleta de cobran- Acabaram-se as notas e você ficou perdida sem elas, pois
ças e incertezas. eram uma excelente bússola. A nota, a partir de agora é
As cobranças são de todos e provêm de todas as par- tão subjetiva, não é?! Tenho percebido o quanto você tem
tes: de seus pais, de seus parentes, de seus amigos, do sido cruel consigo mesma ao avaliar seus atendimentos,
seu namorado, de seus professores e, muitas vezes, de quando escuto: “Foi péssimo! Se esse cliente tivesse sido
você mesma. Trata-se de mensagens explícitas, às vezes atendido por alguém mais experiente teria sido bem me-
até mesmo implícitas que, certamente, tornam-se ainda lhor”. Talvez sim, talvez não. Sei apenas que esse cami-
mais pesadas por se misturarem com as suas próprias. nho autopunitivo não te ajuda. Você precisa alterar sua
Cuidado, essas mensagens provavelmente não são exata- rota para, assim, chegar o dia em que sua dúvida se con-
mente as mesmas. Você escuta das pessoas: “Você acabou verterá de destruidora em sua melhor colaboradora. Essas
de formar e ainda precisa estudar”? “Você já tem cliente, perguntas a seguir, certamente, serão mais importantes
quantos”? “Você prestou atenção que gasta mais do que para seu crescimento:
ganha?” “Será que essa profissão vale a pena”? Nesse mo- – “Eu tive atitude intencional e consciente de acolhi-
mento, perante o outro, você arruma uma desculpa ou mento da vivência do cliente”?
fica muda, mas no seu silêncio podem-se adivinhar al- – Eu busquei compreender o cliente e permiti que ele
gumas inquietações: “Como tem sido difícil, será que es- se desvelasse para mim em sua autenticidade”?
tou no caminho certo”? “Quero tanto, será que vou conse- – “Eu acompanhei meu cliente com todo o cuida-
guir”? “Preciso passar por tudo isso para ser uma grande do”?
terapeuta”? Você sabe o quanto esse caminho é longo e – “Eu encontrei meu cliente, mesmo falhando em
solitário! Essa é a grande diferença da sua cobrança em algumas intervenções técnicas”?
relação às demais pessoas. Então, afaste-se o máximo – “Eu me comprometi em responder ao meu cliente,
que você der conta do que os outros pensam, da cobran- com toda minha inteireza, e de uma forma dialo-
ça das outras pessoas. gal”?
Fico aqui lembrando sua carinha animada e angus- – “Eu consegui ajudar o meu cliente a dar um pró-
tiada ao mesmo tempo. Animada, pois você está reali- ximo passo?”
zando tudo o que sempre sonhou. Você já se formou, no
momento cursa a especialização que escolheu, montou Enfim:
seu consultório, além disso, pode fazer terapia, pode fazer – “A despeito dos referidos erros na condução das
supervisão, está tudo, aparentemente, certo. Ao mesmo sessões, o processo como um todo revelou bons
tempo você tem medo de não dar conta do recado, de não resultados?”
estar no caminho certo, afinal, ainda faltam o cliente, a
segurança no atendimento, a experiência tão sonhada. São questões que você deve enfrentar, até porque, so-
Falta, acima de tudo, calma, paciência, tolerância ao en- mente pela consciência de quem somos e onde estamos,
carar as cobranças diante das incertezas que a assolam. podemos chegar a algum outro lugar. Não é por acaso que
As incertezas são inúmeras, são teóricas, metodológicas, Maslow já dizia: “Se não for você, então quem”? A nota,
filosóficas, financeiras, pessoais. Tente passar com serie- a partir de agora é sua, mas cuidado, uma nota pode ao
dade por esse período de seu crescimento, mas jamais se mesmo tempo, incentivar seu crescimento ou paralisar
esqueça da serenidade. seus projetos. Então imagine trocar a pergunta: “Estudei
Rilke, poeta existencialista, descreve o que é ser artis- tanto... sei tão pouco... devo desistir”? Para essa outra:
Ensaios

ta e hoje repasso esse ensinamento a você, uma terapeuta, “Estudei tanto... o que posso fazer com o que sei e com a
profissão tão próxima de uma artista. Ele escreve: pessoa que sou?”.

223 Revista da Abordagem Gestáltica – XVI(2): 222-225, jul-dez, 2010


Celana C. Andrade

Nesse momento, você se volta para si mesma. Você receber valores e adequar sua vida de acordo com aquilo
pode responder melhor a essa pergunta do que qualquer que seus pais, professores, igreja, sociedade considera-
outra pessoa, do que procurar a resposta em outro lugar. ram certo. Os cuidados formaram-na e, com certeza, de-
E mais, espere a hora mais tranquila para formular suas formaram-na, pois exigiram obediência e adequação, em
respostas, tente ouvir suas próprias perguntas com amor. detrimento da sua expressão pessoal. E você, na vontade
Não procure agora respostas que você não está prepara- de ser aceita, submeteu-se a tudo e a todos e se perdeu de
da para alcançá-las. No momento, viva suas perguntas! você mesma. Cabe agora a você fazer diferente, comece,
Viva-as com a sua delicadeza. Um dia você, gradativa- portanto, a cuidar de você, para assim cuidar melhor do
mente, sem tanta pressa, conhecerá essas respostas. De seu cliente, que também foi formado e deformado, e que
nada adianta olhar para o que falta se não se percebe o agora procura ajuda em seu consultório. Você, psicólo-
que se tem. ga, tem o privilégio de cuidar sem ter que educá-lo ou
Após esses breves comentários, gostaria de lembrar- moldá-lo, mas apenas acompanhá-lo em seu desvelar. Do
lhe o significado da palavra terapia, pois acredito que contrário, você se comportará como todos os outros que
esse significado seja fundamental para o seu encontro cuidam dele, sem resultado satisfatório.
com o cliente. Se você realmente entendê-lo, ficará mais Para finalizar gostaria de dizer-lhe mais algumas pa-
fácil aceitar que não conseguiu suspender seus precon- lavras, cara aluna e supervisionanda, uma jovem e com-
ceitos, ou chegar às coisas mesmas – ideal metodológi- petente terapeuta, mas que acredita que a teoria estuda-
co tão difícil para todos nós. Terapia é uma expressão da até então é insuficiente para o atendimento clínico e
que significa cuidado, tratamento e cura. O terapeu- está, no momento, paralisada. Você precisa começar a
ta cuida ao ajudar o cliente a colocar-se nas melhores atender e da melhor forma possível. Entregue-se a esse
condições possíveis naquele momento. Assim, o cliente atendimento, do seu jeito e do seu tamanho, você! Vá ao
pode alcançar seu ajustamento criativo, advindo, então, encontro de seu cliente, encontre-o como e onde você e
a cura. O encontro que cura só é possível por meio do ele estão, com toda sua inexperiência e vontade. Não im-
cuidado, e o terapeuta deve ser um cuidador, já que ele porta como, atenda-o! Escute a sua queixa, investigue-a,
cuida da dor! sem se preocupar se você realmente está fazendo uma
Cuidar vai muito além de toda a teoria estudada por redução fenomenológica. Seja curiosa! Pergunte o que for
você. Cuidar significa consideração, interesse, atenção, preciso para entender um pouco mais aquilo que o clien-
solicitude, zelo, preocupação. Ao que me consta, essas te está lhe apresentando. Sua vontade e disposição para
são qualidades que não faltam no seu atendimento, no atender, além de toda a teoria estudada, com certeza, a
encontro com o seu cliente. O cuidado somente surge capacitará para começar o atendimento.
quando a existência de alguém tem importância para o Quantas vezes, no encontro com o cliente, sua teoria,
outro. Então, pensar a prática clínica tendo como funda- imprescindível, não é suficiente. O cliente, mais que de
mento o cuidado consiste em nos remeter a atitudes que um teórico, precisa de uma pessoa, precisa de você, uma
têm relação mais direta com o cuidado na clínica: res- pessoa íntegra, disponível, presente, permissiva, compa-
peitar o cliente, interessar-se por ele, dar atenção a ele, nheira, cuidadora! Quantas vezes, por mais elaborado
dedicar-se e ele, tornar-se disponível para participar de que seja um recurso terapêutico, ele não é satisfatório.
seu destino, de suas buscas, de seus sofrimentos e de E mesmo na hora, em que se esgotam todos os recursos
suas conquistas, enfim, de sua vida. Imagino você me terapêuticos, ainda resta você. No momento em que dois
perguntando: “Somente isso ajuda”?!!! Você não imagi- seres humanos permanecem em relação, os conheci-
na o quanto é difícil alcançar essas atitudes embora elas mentos teóricos, filosóficos ou metodológicos tornam-se
sejam tão naturais em você. tão irrelevantes! E sabemos que esses são os momentos
O cuidado que acabo de descrever deveria existir em transformadores.
todo encontro humano, em toda palavra e em todos os Quando falo de um comprometimento humano na
outros meios pelos quais o homem entra em contato com terapia, não significa, em absoluto, que descarto o com-
um outro homem e pode, assim, nele atuar, pois o cuida- prometimento teórico. Apenas realço que a integração de
do é parte da esfera do inter-humano. Na psicoterapia, há seu comprometimento humano, do seu conhecimento e
duas pessoas face a face, de algum modo dirigidas uma da sua capacidade técnica são os responsáveis pela mo-
para a outra, portanto, são pessoas que estão uma com a dificação terapêutica. Afinal, um terapeuta comprome-
outra e separadas uma da outra, enfim, é uma co-presença tido, estuda, se aperfeiçoa, realiza seu trabalho pessoal,
operante e dialogante. Alcançar essa proposta vai além desenvolve recursos relacionais, e, assim, sente-se dis-
de qualquer teoria e é disso que lhe falo: esteja aberta ao ponível ao encontro com o outro. Esse desenvolvimen-
encontro, ao contato, visto que é uma condição que se faz to global e permanente do terapeuta, às vezes, é penoso,
imprescindível na relação terapêutica. mesmo se, a longo prazo, provoque uma grande satisfa-
Ensaios

Não se esqueça de que o cuidado forma e, também, de- ção. Nessa busca, você descobrirá que sua eficácia ad-
forma a pessoa, o que pode ser percebido em sua própria vém, também, da sua aceitação, da liberdade de poder
experiência. Você foi cuidada (formada e deformada) ao ser você mesma.

Revista da Abordagem Gestáltica – XVI(2): 222-225, jul-dez, 2010 224


Carta a uma Jovem Psicoterapeuta

Quanto mais você se deixar ser como você é, tanto


mais fácil será você aceitar-se como uma pessoa irreme-
diavelmente imperfeita e que, com toda a certeza, nem
sempre atua como gostaria de atuar. Somente quando
você aceitar esse seu lugar você terá a chance de dele sair,
não é essa a teoria paradoxal da mudança? Você não pode
mudar, não pode se afastar do que você é enquanto não
aceitar verdadeiramente quem você é. Nesse momento, a
mudança acontecerá quase sem ser percebida.
Outra consequência da aceitação de você mesma é
que as relações se tornam mais reais. Não é somente seu
cliente que precisa ser aceito. As relações reais têm o ca-
ráter apaixonante de serem vitais e significativas. Confie
nessa experiência e deixe que ela seja a suprema auto-
ridade. Acompanhe seu mostrar-se! Somente pela expe-
riência você se aproxima da verdade, pois ela tem um
caráter pré-reflexivo. Aproximar-se da verdade nunca é
prejudicial. Assim, os juízos dos outros, embora devam
ser ouvidos, e levados em consideração pelo que são, ja-
mais poderão orientá-la.
Certa vez, ouvi em uma palestra três recomendações
muito significativas para mim e gostaria de terminar essa
carta repassando-as a você. Elas foram proferidas pelo
nosso querido professor e gestalt-terapeuta Ari Rehfeld:

Para terminar, uma recomendação aos pacientes, ou-


tra aos nossos alunos e, por último, a todos nós.
Aos pacientes quero citar o antigo rabino Nachman
de Braslav que disse: “Nunca pergunte o seu cami-
nho a alguém que o conheça, pois você não poderá
se perder”.
Aos alunos, um antigo pensador japonês Bashô: “Não
siga os antigos, procure o que eles procuraram”.
E a todos nós, a Mafalda: “A mim coube ser eu!”

Com carinho,
Celana

Celana Cardoso Andrade - Psicóloga Clínica, especialista em Gestalt-


terapia pelo Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-terapia
de Goiânia (ITGT); Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade
Católica de Goiás (UCG); Docente na Universidade Federal de Goiás
(UFG) e no ITGT. Email: celana@terra.com.br.

Recebido em 10.06.2010
Aceito em 18.07.2010
Ensaios

225 Revista da Abordagem Gestáltica – XVI(2): 222-225, jul-dez, 2010


Traducción elaborada para fines académicos con la ayuda de Google Traductor

TRADUCCIÓN
Carta a una joven psicoterapeuta
Cardoso Andrade, Celana
Revista del enfoque Gestalt: estudios fenomenológicos, vol. XVI, número 2,
edición 2010

Siempre que me enfrento a las angustias, propias de un joven psicoterapeuta, me


refiero a situaciones muy similares por los que pasé y que, de alguna manera
afronto, veinte años después, en la posición de un profesor que enseña la difícil
tarea de ser un terapeuta, en sentido amplio de la palabra. Lo que me anima a
escribir este mensaje es este contacto con jóvenes terapeutas que buscan una
comprensión teórica y práctica de la clínica Gestalt. El propósito de esta carta es
escribir algunas palabras que rara vez se dicen en las aulas o en la supervisión clínica
y que creo que es importante escuchar o leer al comienzo de este camino tan
teorizado y al mismo tiempo tan desconocido.
¡Lo primero que me gustaría decirte es que te entiendo! Entiendo tu sufrimiento y
tu esperanza, tu angustia y tu satisfacción en la búsqueda por ser un mejor
terapeuta. Estar cara a cara con una persona que busca ayuda, que está sufriendo,
es un gran desafío. Quizás me preguntes: “¿Realmente tengo los conocimientos y
habilidades mínimas necesarias para ayudar a esta persona”? Tus dudas y
sentimientos me conmueven y, por eso, hoy estoy aquí, a través de esta carta,
dispuesto a compartir contigo algunos conocimientos y experiencias que tal vez
puedan facilitar el inicio de una carrera tan llena de exigencias e incertidumbres.
Las exigencias son de todos y vienen de todas partes: de tus padres, tus familiares,
tus amigos, tu pareja, tus profesores y, a menudo, de ti mismo. Se trata de mensajes
explícitos, a veces incluso implícitos que ciertamente adquieren aún más peso
cuando se mezclan con los tuyos.
Ojo, estos mensajes probablemente no sean exactamente iguales. Escuchas de la
gente: ¿acabas de graduarte y todavía necesitas estudiar? ¿Ya tienes cliente, cuántos?
¿Notaste que gastas más de lo que ganas? ¿Vale la pena esta profesión? En ese
momento, frente a la otra persona, pones una excusa o te quedas en silencio, pero
en tu silencio se adivinan algunas inquietudes: ¡Qué difícil ha sido!, ¿estoy en el
camino correcto? ¡Lo quiero tanto!, ¿podré hacerlo? ¿Necesito pasar por todo esto
para ser un gran terapeuta? Sabes lo largo y solitario que es este camino. Esta es la
Traducción elaborada para fines académicos con la ayuda de Google Traductor

gran diferencia en tu carga respecto a otras personas. Así que mantente lo más
alejado que puedas de lo que piensan los demás, de las demandas ajenas.
Me quedo aquí recordando tu cara emocionada y angustiada al mismo tiempo.
Emocionada, porque estás logrando todo lo que alguna vez soñaste. Ya te
graduaste, actualmente estás cursando la especialización que elegiste, abriste tu
consultorio, además, puedes hacer terapia, puedes hacer supervisión,
aparentemente todo está bien. Al mismo tiempo, tienes miedo de no hacer el
trabajo, de no estar en el camino correcto, al fin y al cabo todavía falta el cliente, la
seguridad en el servicio y la experiencia que soñaste. Sobre todo, falta calma,
paciencia y tolerancia a la hora de afrontar las exigencias ante las incertidumbres
que nos azotan. Existen innumerables incertidumbres, son teóricas,
metodológicas, filosóficas, financieras y personales. Intenta atravesar este periodo
de crecimiento en serio, pero nunca olvides la serenidad.
Rilke, poeta existencialista, describe lo que significa ser artista y hoy te transmito
esta enseñanza a ti, terapeuta, una profesión tan cercana a la de un artista. Él
escribe:
(...) ser artista necesita dejarse madurar como un árbol, que no apresura su
savia y se mantiene confiado durante las tormentas de la primavera, sin
temor a que el verano no pueda llegar después. Viene a pesar de todo. Pero
sólo basta para los pacientes, para quienes están allí como si la eternidad
estuviera ante ellos, con toda su amplitud y serenidad.
Esto lo aprendo a diario, lo aprendo en medio del dolor por lo que agradezco: la
paciencia lo es todo.
Sé lo difícil que ha sido para ti entrar en un mundo muy diferente al que solías
afrontar. Que complicado es dejar de ser un gran estudiante y verse como un
pequeño terapeuta.
Las notas se han ido y estás perdido sin ellas, ya que eran una excelente brújula. La
nota a partir de ahora es muy subjetiva, ¿no? He notado lo cruel que has sido
contigo misma al evaluar tu atención, cuando escucho: “¡Fue terrible! Si este cliente
hubiera sido atendido por alguien con más experiencia, habría sido mucho mejor”.
Tal vez sí tal vez no. Sólo sé que este camino autopunitivo no te ayuda. Necesitas
cambiar tu ruta para que llegue el día en que tu duda pase de ser un destructor a tu
mejor colaborador. Las siguientes preguntas sin duda serán las más importantes
para tu crecimiento:
– ¿Tuve una actitud intencional y consciente de acoger la experiencia del cliente?
Traducción elaborada para fines académicos con la ayuda de Google Traductor

– ¿Busqué comprender al cliente y le permití que se develara en su autenticidad?


– ¿Seguí a mi cliente con mucho cuidado?
– ¿Encontré a mi cliente, a pesar de que fallé en algunas intervenciones técnicas?
– ¿Me comprometí a responder a mi cliente, con toda mi integridad, y de manera
dialógica?
– ¿Logré ayudar a mi cliente a dar el siguiente paso?
De todos modos: ¿A pesar de los errores antes mencionados en la realización de
las sesiones, el proceso en su conjunto arrojó buenos resultados?
Son preguntas que debes afrontar, sobre todo porque, sólo siendo conscientes de
quiénes somos y dónde estamos, podremos llegar a otro lugar. No es casualidad
que Maslow ya dijera: “¿Si no eres tú, entonces quién”? A partir de ahora la nota
es tuya, pero cuidado, una nota puede incentivar tu crecimiento o paralizar tus
proyectos. Así que imagina cambiar la pregunta: “Estudié tanto... sé tan poco...
¿debería rendirme”? Por esta otra: Estudié tanto... ¿qué puedo hacer con lo que sé
y con la persona que soy?
En ese momento te vuelves hacia ti mismo. Puedes responder a esa pregunta mejor
que nadie, que buscar la respuesta en otra parte. Es más, espera el momento de
mayor tranquilidad para formular tus respuestas, intenta escuchar con amor tus
propias preguntas. No busques respuestas ahora si no estás preparada para
obtenerlas. ¡Por ahora, vive tus preguntas! Vívelas con delicadeza. Un día tú, poco
a poco, sin tener prisa, conocerás esas respuestas. No tiene sentido mirar lo que
falta si no entiendes lo que tienes.
Después de estos breves comentarios, me gustaría recordarles el significado de la
palabra terapia, ya que creo que este significado es fundamental en su encuentro
con el cliente. Si realmente lo entiendes, será más fácil aceptar que no pudiste
suspender tus prejuicios o llegar a las mismas cosas: un ideal metodológico que nos
resulta muy difícil a todos. Terapia es una expresión que significa cuidado,
tratamiento y curación. El terapeuta se encarga de ayudar al cliente a ponerse en
las mejores condiciones posibles en ese momento. De esta manera, el cliente puede
lograr su ajuste creativo, lo que resulta en curación. El encuentro curativo sólo es
posible a través del cuidado, y el terapeuta debe ser un cuidador, ¡ya que se ocupa
del dolor!.
El cuidado va mucho más allá de toda la teoría que estudiaste. Cuidar significa
consideración, interés, atención, solicitud, celo, preocupación. Por lo que tengo
Traducción elaborada para fines académicos con la ayuda de Google Traductor

entendido, son cualidades que no faltan en tú servicio, a la hora de atender a tú


cliente. El cuidado solo surge cuando la existencia de alguien es importante para el
otro. Entonces, pensar la práctica clínica basada en el cuidado consiste en
remitirnos a actitudes que tienen una relación más directa con el cuidado en la
clínica: respetar al cliente, interesarse por él, prestarle atención, dedicarse a él, estar
disponible para participar de su destino, de sus búsquedas, de sus sufrimientos y
de sus realizaciones, en definitiva, de su vida. Me imagino que me preguntas:
“¿Esto por sí solo ayuda”? No te imaginas lo difícil que es lograr estas actitudes a
pesar de que te resultan tan naturales.
El cuidado que acabo de describir debe existir en cada encuentro humano, en cada
palabra y en cualquier otro medio por el cual el hombre entra en contacto con otro
hombre y puede así actuar sobre él, ya que el cuidado forma parte de la esfera de
lo interhumano. En psicoterapia hay dos personas frente a frente, de alguna manera
dirigidas entre sí, por lo tanto, son personas que están juntas y separadas entre sí,
en definitiva es una copresencia operativa y dialogante. Lograr esta propuesta va
más allá de cualquier teoría y de eso hablo: estar abiertos al encuentro, al contacto,
ya que es una condición esencial en la relación terapéutica.
No olvides que el cuidado moldea y también deforma a la persona, lo cual se puede
comprobar en tú propia experiencia. Fuiste cuidado (formado y deformado) para
recibir valores y adaptar tu vida de acuerdo a lo que tus padres, maestros, iglesia,
sociedad consideraban correcto. Los cuidados te formaron y, ciertamente, te
deformaron, pues te exigían obediencia y adaptación, en detrimento de tu
expresión personal. Y tu, en el afán de ser aceptado, te sometiste a todo y a todos
y te perdiste. Ahora te toca a ti hacer algo diferente, así que empieza a cuidarte,
para que puedas atender mejor a tu cliente, que también fue formado y deformado,
y que ahora busque ayuda en tu consultorio. Tú, psicólogo, tienes el privilegio de
atenderlos sin tener que educarlos ni moldearlos, sino simplemente acompañarlos
en su develamiento. De lo contrario, usted se comportará como todos los otros
que lo han cuidado, sin resultados satisfactorios.
Por último, me gustaría decirle unas palabras más, querido estudiante y
supervisado, un terapeuta joven y competente, pero que cree que la teoría estudiada
hasta ahora es insuficiente para la atención clínica y está, en estos momentos,
paralizada. Necesitas empezar a responder de la mejor manera posible. Entrégate
a esa atención, a tu manera y a tu medida. Ve al encuentro de tu cliente, encuéntralo
como y dónde estés tú y él, con toda tu inexperiencia y voluntad. Pase lo que pase,
¡respóndele! Escucha su queja, investígala, sin preocuparte si realmente estás
Traducción elaborada para fines académicos con la ayuda de Google Traductor

haciendo una reducción fenomenológica. ¡Se curioso! pregunta lo que sea necesario
para entender un poco más lo que el cliente te está presentando. Tu deseo y
voluntad de brindar asistencia, además de toda la teoría estudiada, seguramente te
permitirán comenzar a brindar asistencia.
Cuántas veces, al reunirse con el cliente, tu teoría, que es fundamental, no es
suficiente. El cliente, más que un teórico, necesita una persona, te necesita a ti, una
persona íntegra, disponible, presente, permisiva, compañera, cuidadora. Cuántas
veces, por muy elaborado que sea un recurso terapéutico, no resulta satisfactorio.
E incluso en el momento en que se agoten todos los recursos terapéuticos, todavía
estás tú te queda. En el momento en que dos seres humanos permanecen en
relación, el conocimiento teórico, filosófico o metodológico se vuelve tan
irrelevante Y sabemos que estos son los tiempos transformadores.
Cuando hablo de compromiso humano en terapia, no significa, en absoluto, que
descarte el compromiso teórico. Sólo destaco que la integración de tu compromiso
humano, tus conocimientos y tu capacidad técnica son los responsables de la
modificación terapéutica. Al fin y al cabo, un terapeuta comprometido estudia, se
supera, realiza su trabajo personal, desarrolla recursos relacionales y, por tanto, se
siente disponible para encontrarse con los demás. Este desarrollo global y
permanente del terapeuta es a veces doloroso, aunque a largo plazo provoca una
gran satisfacción. En esta búsqueda descubrirás que tu eficacia también proviene
de tu aceptación, de la libertad de ser tú mismo.
Cuanto más te dejes ser tal como eres, más fácil te resultará aceptarte como una
persona irremediablemente imperfecta que, sin duda, no siempre actúa como le
gustaría actuar. Sólo cuando aceptes tu lugar tendrás la posibilidad de dejarlo, ¿No
es esa la paradójica teoría del cambio? No puedes cambiar, no puedes alejarte de
quién eres hasta que realmente aceptes quién eres. En ese momento, el cambio se
producirá casi sin que se note.
Otra consecuencia de aceptarte a ti mismo es que las relaciones se vuelvan más
reales. No es solo tu cliente quién necesita ser aceptado. Las relaciones reales tienen
el carácter apasionado de ser vitales y significativas. Confía en esta experiencia y
deja que sea la autoridad suprema. ¡Muéstrate! Sólo a través de la experiencia
puedes acercarte a la verdad, ya que ésta tiene un carácter prerreflexivo. Acercarse
a la verdad nunca es dañino. Así, los juicios de los demás, aunque hay que
escucharlos y tenerlos en cuenta por lo que son, nunca podrán guiarte.
Traducción elaborada para fines académicos con la ayuda de Google Traductor

Una vez escuché en una conferencia tres recomendaciones que fueron muy
significativas para mí y me gustaría terminar esta carta transmitiéndotelas. Fueron
dadas por nuestro querido profesor y terapeuta gestalt Ari Rehfeld:
Por último, una recomendación para los pacientes, otra para nuestros
alumnos y, por fin, para todos nosotros.
Para los pacientes, quiero citar al ex rabino Najman de Braslav, quien dijo:
“Nunca le preguntes a alguien que conozca tu camino, porque no podrás
perderte".
A los estudiantes, un antiguo pensador japonés Bashô: “No sigan a los
antiguos, busquen lo que ellos buscaron”.
Y a todos, Mafalda: “¡A mí me tocaba ser yo!”

Con cariño
Celana

Você também pode gostar