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Resenha do Livro:

Cartas para um jovem terapeuta

Nome: Francisco Pinheiro de Lima


Instituição: Universidade do Distrito Federal
licolimadr@gmail.com
Docente: Veridiana Canezin

Calligaris, Contardo. Cartas a um jovem terapeuta. São Paulo, Elsevier Editora Ltda, 2004. 71 pg.

A obra tem em seu conteúdo, incertezas de dois jovens ao iniciarem sua carreira, desta
forma o autor procura esclarecer de acordo com suas experiências sobre o perfil de um
psicoterapeuta, como deve ser o entendimento, a respeito da cura, o amor transferencial, e outros
conceitos.
O autor inicia a obra descrevendo sobre o pendor a vontade e disposição de ser um
terapeuta, ele pontua que para ser um bom psicoterapeuta, é interessante que o interessado tenha
algumas características, traços de caráter ou de personalidade, que normalmente podem ser
apendidos durante a formação. É comum alguns iniciantes acharem que seus pacientes lhes serão
gratos, ou que farão parte de suas vidas ao ponto de estarem na sua lista de presentes de Natal ou
em outras datas comemorativas, o que o autor afirma ser um ledo engano. O terapeuta na vida de
seus pacientes é comprado a um medicamento no qual o paciente uma vez que faz o uso e é curado
esse remédio volta ao esquecimento.
O autor ressalta que nós idealizamos o profissional de saúde ao qual vamos nos consultar.
Ao realizarmos o atendimento levamos a esse profissional uma demanda de dor, de preocupação
até mesmo aflição e dele esperamos uma resposta eficaz na cura dessa enfermidade, fazemos a
suposição que esse profissional nos conheça e ou conheça o caminho para a resolução de nossos
problemas e assim nos curar. Essa confiança depositada muita das vezes é excessiva o que de
qualquer forma é útil para chegar ao objetivo da satisfação, pois até esse excesso ajuda a chegar
nesse objetivo. É muito importante esse apego e convicção de que o método adotado dará certo
em qualquer coisa que venhamos a pleitear, porém na psicoterapia esse fator é preponderante
Escolher a profissão de psicoterapeuta esperando que vá ser adorado já por sim só é uma
contra indicação a seguir esse caminho profissional. Calligaris declara que alguns desses
profissionais podem ter sucesso com seus consultórios lotados, mas eles devem seu sucesso
profissional ao amor e à admiração que nunca se esquecem de alimentar em seus pacientes,
transformam-se em dependências químicas.
Calligaris resume que um para ser psicoterapeuta precisa se enquadrar em características
como, não querer ser uma celebridade, ter desejos um pouco ou até mesmo muito estranhos r
mesmo com essas estranhezas a pessoa não julga a natureza humana e sim tenta entender com
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um olhar de respeito, a variedade das condutas humanas, se gosta da palavra e se não é animado
pelo projeto alguém de fama, amado e respeitado pela vida afora, então, bem-vindo a nobre
profissão da psicoterapia, pois as chances de se identificar com essa tarefa é grande.
Calligaris responde a 4 bilhetes sobre o início do trabalho do terapeuta, para pacientes
escolher um terapeuta o importante é a confiança que se tem por ele, e não é relevante a aparência
ou até a opção sexual. Ele fala sobre pacientes que se deve ou não tratar, um grande analista
francês, Jacques Lacan, que disse, durante uma supervisão, “que a gente não deveria oferecer
tratamento aos parricidas”. Mas não explicou por quê. Ou seja, que cada terapeuta tem seus
próprios limites para oferecer análise.
O autor ainda descreve mais um traço esperado em um terapeuta de que antes de ele
escolher o caminho a seguir com o tratamento do seu paciente que ele procure averiguar o desejo
daquele paciente, que tenha sensibilidade na escuta, não é fácil decidir essa caminho a para chegar
a uma resolução que possa atender as expectativas do paciente e esse se bem ouvido quase
sempre ou sempre indica essa direção.
Com relação a começar a atender, existe muitas dúvidas de como conseguir o primeiro
paciente, pois um recém formado fica inseguro de como proceder.
O autor descreve como conseguiu seu primeiro paciente, ele afirma que a escolha do
profissional pelo paciente sempre conduzida por razões um pouco mais complexas e reveladoras do
que o próprio paciente imagina. O mais fácil, quem sabe, seja que nos contentemos em ser nós
mesmos e salienta que a experiência certamente ajuda na conduta das curas, mas, seria bom que
guardássemos sempre alguns elementos do espírito do estreante: componentes como a curiosidade, a
vontade de escutar e, por que não, o calor de quem, a cada vez, acha extraordinário que alguém lhe
faça confiança.
A confiança traz os amores terapêuticos, vem da admiração, do respeito e, em geral, dos
sentimentos que destinamos às pessoas a quem pedimos algum tipo de cura para nossos males.
Calligaris comenta que esses afetos facilitam o trabalho do terapeuta e que, neste caso, espera-se que
o encantamento se resolva, acabe um dia. Sem isso, a psicoterapia condenaria o paciente a uma eterna
dependência afetiva.
A psicanálise deu a essa paixão um nome específico: amor de transferência. O termo sugere
que o afeto, por mais que seja genuíno, sincero e, às vezes, brutal, teria sido “transferido”,
transplantado ao terapeuta.
Esta situação de paixão transferencial leva a paciente a supor que seu terapeuta detenha o
segredo ou algum segredo de sua vida. Ou seja, a paciente idealiza o terapeuta, e quem idealiza acaba
se apaixonando. Calligaris conclui: o apaixonamento da paciente é um equívoco. E não é bom
construir uma relação amorosa e sexual sobre um equívoco. Se paciente e terapeuta se juntar, a coisa,

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mais cedo ou mais tarde, produzirá, no mínimo, uma decepção e, frequentemente, uma catástrofe
emocional, pois a decepção virá de um lugar que pode ter sido idealizado além da conta. Pode
acontecer uma vez na vida. Sabendo – se, que um verdadeiro encontro é muito raro, e é compreensível
que um terapeuta não deixe passar a ocasião, mas a partir da segunda, a série é suficiente para provar
que o terapeuta está precisando de terapia. Ele também afirma que é sempre importante um terapeuta
voltar a ser paciente
Para Calligaris, a formação de um psicoterapeuta é exatamente o tratamento ao qual ele
mesmo se submete, espera-se que, nesta experiência, uma vez que ao se submeter a terapia o futuro
terapeuta entra em contato com temas complexos, sentimentos e sintomas, bem como suas fantasias
conscientes e inconscientes podendo assim sempre se aperfeiçoar.
È muito importante que o psicoterapeuta saiba realizar um bom diagnóstico para que não haja
confusão na hora de escolher o meio de cura. Caso tenha alguma dúvida deve aconselhar seu paciente
a usar de consultas com outras especialidade, é bom encaminhar o paciente para um check-up
neurológico, vascular e endocrinológico. É imprescindível que o profissional psicoterapeuta conheça
os princípios diagnósticos do Manual Estatístico Diagnóstico adotado pela Organização Mundial da
Saúde, uma experiência efetiva e consistente com pacientes psicóticos, com toxicômanos e conhecer
os princípios ativos dos remédios psicotrópicos. Espera-se também que, nesse emaranhado, o
terapeuta escolha um caminho e o siga observando, atento a tudo o que pode ser estudado.
Por fim, Calligaris descreve que um grande número de profissionais psicanalistas acha
estranho que, nestas cartas, fale de psicoterapia e de psicanálise como se fossem parentes próximos.
De início, eles certamente reconhecem que a psicanálise é a matriz mais importante que opere com
as motivações conscientes e inconscientes de quem sofre. Mas não aceitam que a psicanálise seja uma
psicoterapia, recusam a ideia de que o psicanalista se proponha a curar, de uma maneira ou de outra,
o sofrimento de seus pacientes.
É comum que os pacientes procurem uma psicoterapia por problemas bem definidos como
uma fobia, uma ejaculação precoce ou ainda pensamentos obsessivos

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