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QUANDO SEI QUE PRECISO IR A UM PSICÓLOGO?

Diversos mitos e tabus ainda fazem parte do universo da saúde mental e


do cuidado com nossas emoções. O cuidado com a saúde integral que
deveria ser compreendido como uma atitude de coragem e sensatez,
ainda pode ser erroneamente atribuído a fraqueza. Assim, é sempre
necessário esclarecer o que pode permear a busca por um profissional de
psicologia.
Podemos procurar um psicólogo quando estamos ansiosos, tristes,
irritados, com medo ou com a autoestima prejudicada. Quando algum
assunto nos incomoda e mesmo depois de uma infinidade de tentativas
para resolver essa questão a gente não chegou a lugar algum.
Mas não se deve procurar este profissional apenas quando os sintomas já
estão "escancarados" e o adoecimento é iminente. Podemos buscar ajuda
também quando queremos nos conhecer melhor, quando queremos
explorar nossos pontos positivos e negativos, aprimorar aquilo que está
bom e melhorar o que não nos agrada. Tem coisas sobre nós mesmos que
sem o olhar atento do psicólogo a gente nunca nem sonharia em
conhecer.
O psico pode te ajudar a fazer escolhas quando você está muito confuso.
Quando você não tem ideia dos prós e contras, quando você tem medo de
tomar uma decisão. O profissional vai lá com toda a sensibilidade e técnica
e aos poucos "limpa as nuvens" que rodeiam sua cabeça.
Podemos também ganhar uma autoconfiança, uma autoestima, um
autocuidado e um amor próprio que nunca imaginamos. Algo que nos fará
mais felizes, mais tranquilos, mais leves. Algo que transforma a nossa
existência e nos faz mais fortes.
Por fim, mas não que isso finalize as possibilidades de ajuda que a terapia
pode trazer para nossas vidas, o psicólogo é alguém que não julga, que
não direciona, que não invade sua vida, ele apenas te ajuda a se
encontrar, a se compreender, a refletir com profundidade sobre quem é
você e o que você quer nesse mundo.
"Através dos outros, nos tornamos nós mesmos!" Lev Vygotsky

PSICÓLOGO – O QUE ELE FAZ COM OS NOSSOS PROBLEMAS?

Aposto que se você vai ao psicólogo, fez ou faz terapia, já se perguntou o que seu psico
faz com tantos problemas que ouve diariamente.
Isso é um fato real. Psicólogos e psicólogas ouvem problemas em boa parte do tempo.
Dezenas, centenas de dores e sofrimentos.
Ao final do dia, geralmente terminamos nossa jornada de trabalho bastante cansados,
precisando de um respiro, mas não voltamos pra casa com os problemas alheios, não!
Aprendemos a nos "blindar" e a deixar para o outro o que é do outro. Ajudamos os
pacientes, clientes a acharem as respostas, mas não vamos pra casa com tarefas,
tentando desvendar os mistérios das vidas de quem nos confia suas histórias.
Por vezes e isso deveria ser uma regra desde a faculdade, precisamos de um psicólogo
pra "chamar de meu" também. Porque tem histórias que ouvimos e que mexem com a
gente e por mais que as deixemos no consultório ou só toquemos nelas durante as
sessões, ainda assim estarão lá, a nos rondar.
Jung dizia que enquanto psicos temos que nos cuidar para poder cuidar do outro e
dessa forma, seja lá como for, o psicólogo precisa de atenção.
Seja fazendo terapia, seja meditando, seja fazendo yoga, o psicólogo também deve ter
seu momento de cura interior, de crescimento e evolução.
Para deixar alguém saudável, precisamos estar saudáveis em primeiro lugar.
Separar o que é nosso do que é do outro, não confundir histórias e sentimentos, não
nos deixar abalar pelos problemas que ouvimos, é assim que deve ser.
Por mais que às vezes aconteça um choro, ainda assim, sabemos como agir, para
garantir que o paciente seja sempre o protagonista da história, porque é assim que
deve ser
E pra terminar, dia desses uma paciente me escreveu algo assim "espero que você
saiba o que fazer com tantos problemas que deixamos aí e que eles não te façam mal".
Minha resposta foi "fique tranquila, assim que vocês saem, coloco todas as dores e
sofrimentos numa máquina de lavar e de lá sai tudo limpinho e cheiroso".
Saber o que fazer com a dor do outro é um dever do profissional e disso depende o
sucesso da psicologia e do processo terapêutico.
Fonte do texto e da imagem: PsicoOnline

SOFRIMENTO TODOS NÓS TEMOS, MAS FAZER TERAPIA AINDA É UM


GRANDE TABU

Por Amanda Mont’Alvão Veloso


Uma vida que "deveria ser fácil de ser vivida", mas que, por algum motivo, não é.
Um caminho para a felicidade que nunca é encontrado: "Devo estar fazendo algo errado, não é
possível".
Uma sensação de que nada está bom. Uma sensação desconfortável, difícil de explicar.
A angústia, o sofrimento e as perdas fazem parte da vida, apesar de o pensamento
contemporâneo prometer combos de felicidade ininterrupta e remédios para os momentos
mais amargos da existência. Por mais que se tente ignorar, sofrer, se angustiar e sentir falta
são aspectos tão humanos e comuns quanto ficar alegre ou comemorar uma vitória. Estão
muito mais relacionados a saúde do que a doença.
E mesmo assim, recorrer à ajuda de psicólogos e psicanalistas para se viver melhor e lidar com
as dificuldades que a vida, tenha certeza, vai nos trazer, permanece um grande tabu em nossa
sociedade.
Uma pesquisa inédita do instituto Market Analysis, divulgada com exclusividade ao HuffPost
Brasil, revelou que apenas 2% dos adultos dos principais centros urbanos do Brasil fazem
psicoterapia. É o mesmo resultado verificado em 2002, quando a primeira medição foi
realizada.
O levantamento mostrou que 87% não faz ou nunca recorreu a uma terapia, e 11% já fez em
algum momento da vida.
Porém, 30% das pessoas consultadas admitem que têm muito interesse em fazer terapia, o
que mostra um distanciamento entre a vontade e a concretização.
Para Bárbara de Souza Conte, conselheira do Conselho Federal de psicologia (CFP), é possível
pensar em pelo menos três motivos: Um deles é a diminuição do poder aquisitivo da
população, o que restringe a procura, somada ao acesso cada vez menor a esses serviços pelo
Sistema Único de Saúde (SUS).
"Além disso, atualmente vem ocorrendo uma confusão quanto ao atendimento clínico
psíquico e a espiritualidade; desta forma, há uma certa oferta de ditos ‘tratamentos psíquicos’
em instituições religiosas que têm recebido a adesão de pessoas que frequentam estas
igrejas."
Dentre as pessoas interessadas em uma psicoterapia, existe também a dúvida quanto a quais
profissionais estariam habilitados para fornecer este serviço, completa Conte, que é mestre
em psicologia pela PUC/RS e doutora em Fundamentos e Desenvolvimentos em Psicanálise
pela Universidade Autônoma de Madri.
Questões financeiras – especialmente os mitos – de fato têm grande influência sobre fazer ou
não terapia, apurou a pesquisa. De um lado, fazer terapia é visto por 46% das pessoas
consultadas como um luxo reservado para a elite, onde só quem é abastado pode pagar as
sessões. Esta leitura é reforçada pela percepção desfavorável de que a psicoterapia não vale o
que custa – é o que pensam quase 4 em cada 10 brasileiros.
A conselheira do CFP destaca que o custo de um tratamento não é somente financeiro:
"Tratar-se também implica em entrar em contato com os aspectos destrutivos e sofridos de si
mesmo. Este é um custo que muitas vezes o sujeito não quer reconhecer e se implicar. O SUS
oferece uma escuta possível dentro das possibilidades, como em CAPs, com o atendimento à
álcool e drogas, psicoses, família. O SUS tem muito a ser aperfeiçoado, mas é uma forma de
oferecer atendimento clínico a uma faixa da população que não tem acesso ao atendimento
privado."
Há ainda um outro mito, que revela que os cuidados com a saúde mental ainda são um grande
tabu em nossa sociedade. Para 34% dos consultados, apenas quem passa por problemas muito
graves precisa fazer terapia. Pelo menos houve uma evolução quanto a isso: Em 2002, ano da
primeira medição, esta era a percepção de 42% das pessoas.
"Penso que ao longo do tempo foi se desenvolvendo um modelo que é psiquiátrico, referente
a transtornos e medicalização. E este modelo é muito diferente do que se entende por
problemas psíquicos. O modelo de saúde mental não é a ausência de sintomas, mas sim uma
possibilidade de reorganização psíquica que leva o sujeito a lidar e/ou modificar seu
sofrimento. O tabu existe porque, ao invés do olhar de quem atende dirigir-se ao sujeito e seu
sofrimento, ele se volta à tipificação da doença. Transforma o sujeito em doença e aí
medicaliza. Aí cria-se a barreira para o sujeito querer se tratar."
Por outro lado, a percepção quanto aos benefícios de uma terapia vem aumentando. Três
quartos dos consultados (76%) concordam que quem faz terapia acaba se relacionando melhor
com os outros, segundo a pesquisa.
Melhorou também a relação com a autonomia, mas uma em cada três pessoas (31%) ainda
receia que o paciente fique dependente do terapeuta. Antes, essa desconfiança vinha de 43%
dos consultados.
Conte afirma que só o trabalho com ética é capaz de mudar essa visão.
"Muitas vezes a sugestão toma o lugar da fala e da escuta. Dependência se cria quando, em
vez de o sujeito se pensar, ele passa a demandar que o terapeuta diga o que fazer. Se isso
ocorre, o terapeuta está fora de sua função e toma para si o lugar de sugerir. Esta é uma forma
de exercício de poder, de criar dependência."
Uma vez driblado o tabu, os pacientes têm muito com o que se beneficiar, e os efeitos de uma
terapia dependem do conflito, do desejo da mudança, das condições individuais e familiares
para a mudança psíquica e do tratamento a ser utilizado.
"Todo sujeito que sofre e deseja uma mudança psíquica irá se beneficiar quando escutado,
pois encontrará, em quem o ouve de forma abstinente e ética, uma via para buscar
alternativas e possibilidades de novas formas de lidar com o sofrimento."
O estudo foi realizado com homens e mulheres de 18 a 69 anos em 906 domicílios das cinco
regiões do País. Foram abrangidas as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
Salvador, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Manaus, Belém, Brasília e Goiânia.
Fonte do texto: psicologiasdobrasil.com.br/sofrimento-todos-nos-temos-mas-fazer-terapia-
ainda-e-um-grande-tabu/" target="_blank">psicologias do Brasil

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