Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP

CURSO DE PSICOLOGIA - 5º SEMESTRE – NOTURNO


MATRIZES DO PENSAMENTO EM PSICOLOGIA – COGNITIVA
COMPORTAMENTAL – PROFª. PRYSCILLA
VALÉRIA URQUIZA DA SILVA

BASES FILOSÓFICAS E HISTÓRIA DA TERAPIA COGNITIVA


COMPORTAMENTAL
(Resumo dos Vídeos)

CAMPO GRANDE – MS
2023
BASES FILOSÓFICAS E HISTÓRIA DA TERAPIA COGNITIVA
COMPORTAMENTAL
(Resumo dos Vídeos)

A Terapia Cognitiva Comportamental se baseou nas filosofias estóica,


budista, taoísta e existencialista para o seu desenvolvimento.
A linha do pensamento principal do Estoicismo é não controlarmos o
que está fora de nosso alcance. Considerando que, na realidade, não podemos
controlar muita coisa na nossa vida, a TCC se valeu desse pensamento para
ajudar as pessoas a avaliar e lidar com os próprios pensamentos e
comportamentos frente a qualquer situação, tendo em vista que por serem
pessoais, podemos controlar. Ademais, no estoicismo, nós sempre procuramos
fazer o nosso melhor, independentemente do resultado. Nessa parte, a Terapia
Cognitiva Comportamental também aparece. Através dos experimentos
comportamentais estimula-se os pacientes a terem comportamentos que eles
temem, sem ligar para o resultado, mas se importando com a tarefa, com o
fazer. Isso ajuda o paciente a não se envolver tanto com seus pensamentos
sobre o resultado e focar no que ele pode controlar que é o comportamento. Ou
seja, ir em busca do que ele deseja que é atingir sua melhor versão e aceitar
qualquer resultado que apareça.
Não se pode esquecer de falar sobre a influência de Sócrates que traz o
nome para a principal técnica da Terapia Cognitiva Comportamental: o método
socrático ou o questionamento socrático. O método socrático é definido como
um método de descoberta guiada onde o terapeuta faz uma série de perguntas
cuidadosamente sequenciadas para ajudar na definição de problemas, auxiliar
na identificação de pensamentos e crenças, examinar os significados de
eventos ou avaliar as ramificações de pensamentos ou comportamentos
particulares. É considerado por muitos o principal pilar da Terapia Cognitiva
Comportamental. Por isso, muitas vezes, nem é considerado uma técnica, já
que se faz uso desse questionamento durante todo o processo terapêutico. A
ideia por trás do pensamento socrático é trazer à tona o que o paciente está
pensando e direcionar esse pensamento para algo mais funcional, ao invés do
terapeuta dizer o que ele acredita que o paciente está pensando.
A compreensão Taoísta do processo de viver como uma atividade que
pode ser melhorada com a prática, e a ideia de se sentir em harmonia com o
universo se une bem com a TCC e sua metodologia prática de aceitação do
que não temos controle. Para o taoísta, nós e o universo estamos em
constante processo de transformação. Isso nos impede de chegarmos a
conclusões, verdades absolutas sobre a natureza das coisas. Devido à nossa
capacidade de categorizar tudo ao nosso redor, temos a tendência de permitir
que nossas categorizações superem nossa experiência do presente para tentar
encaixar nossa experiência em noções preconcebidas de como as coisas
deveriam ser ou são. A percepção taoísta de que as coisas estão em constante
mudança e que rotulações não condizem com essa realidade, é uma base da
TCC. A verdade, no fim das contas, não é absoluta em muitas coisas e a SUA
versão das coisas não é A verdade.
Para o Budismo, somos o produto de muitas experiências, o que se
relaciona muito bem com a formação de nossas crenças centrais da TCC. O
budismo nos encoraja então a sentir equanimidade e compaixão por todos os
seres e entender que eles são, em parte, o produto de uma série de
experiências passadas e condições que os levaram a se comportar dessa
maneira. Esse processo ajuda, e muito, na aceitação das coisas e da nossa
falta de controle sobre a vida e o outro. Não nos levando a sério, conseguimos
também entender que muitos comportamentos que poderíamos julgar como
“ataques pessoais”, na verdade não possuem nenhuma relação com o objeto
de ataque, mas com quem ataca. Outra ideia que internalizamos na TCC é a
busca para revertermos nosso costume de renunciarmos à riqueza do
presente, desejando constantemente diminuir possíveis sofrimentos no futuro
ou revivendo o passado imutável. Isso não elimina a ideia do sacrifício do
presente para uma vida melhor. Mais, especificamente, sacrifícios de prazeres
e não ter medo do sofrimento.
A existência é constituída por possibilidades entre as quais o indivíduo
pode escolher e por meio das quais ele pode se projetar. Com isso, podemos
pensar na ideia de que a maioria das coisas não são como parecem. Não há
uma verdade absoluta sobre a maioria das coisas. Há diversas interpretações.
E que realmente nós não temos ferramentas tampouco meios suficientes para
chegar a uma resposta concreta. Com isso, nós podemos ver bem os desafios
que a TCC busca instigar em seus praticantes. Devemos como terapeutas
cognitivos sempre questionar o que está diante de nós e nunca alegarmos que
há uma verdade absoluta sobre a vida, sobre os pensamentos e sobre o
paciente. Tudo que temos são interpretações. Mas, mesmo assim, nós
podemos trabalhar com essas interpretações. A identidade dos indivíduos é
criada à medida em que eles agem. Como é central para o existencialismo o
conceito de liberdade, ele enfatiza que os indivíduos precisam perceber que
têm escolhas.
Quanto a história da Terapia Cognitiva Comportamental ou Terapia
Cognitiva, como ela foi primeiramente chamada, podemos dizer que surgiu na
década de sessenta e foi desenvolvida pelo Dr. Aaron T. Beck, que na época
era psiquiatra da Universidade da Pensilvânia e praticava a psicanálise.
Durante o seu trabalho, Beck desempenhou vários experimentos para testar os
conceitos psicanalíticos da depressão. Tudo isso na expectativa que suas
pesquisas e experimentos validariam os conceitos fundamentais da
psicanálise.
Mas, para sua surpresa, ele não só conseguiu provar sua hipótese como
percebeu uma nova explicação para os sentimentos e comportamentos de
seus pacientes. Ele percebeu que pacientes depressivos vivenciavam
correntes de pensamentos negativos que pareciam aparecer
espontaneamente; surgiram, então, os pensamentos automáticos. Conforme foi
observando os pacientes depressivos chegou à conclusão que esses
pensamentos caíam em três categorias: pensamento sobre si mesmo, sobre o
mundo e sobre o futuro.
Como as descobertas de Beck eram relativamente novas não havia
nenhum trabalho já estudado que poderia ajudar na melhora dos pacientes.
Assim, ele começou a ajudar os pacientes a avaliarem seus pensamentos
automáticos. Com o tempo ele percebeu que quando ele fazia isso os
pacientes conseguiam pensar de uma maneira mais realista. Como resultado,
os pacientes se sentiam melhor emocionalmente e conseguiam se comportar
de maneira mais funcional.
A longo prazo o paciente conseguia desafiar suas crenças sobre eles
mesmos, sobre o futuro e sobre o mundo, ou seja, a melhora continuava.
Assim surgiu a Terapia Cognitiva.
Conforme Beck ia se comunicando com outros pioneiros, como Albert
Ellis, da Terapia Racional Emotiva Comportamental (TREC), estudando ainda
mais sobre behaviorismo, ele notou que as experiências comportamentais e
exposições eram elementos muito valiosos para a melhora de vários
transtornos, em especial, transtornos de ansiedade. Com isso, agregou essas
técnicas à sua terapia que passou a chamar Terapia Cognitivo
Comportamental.

Você também pode gostar