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Não espere fórmulas mágicas ou receitas com passos imediatos para ser feliz e se livrar dos
problemas. O processo terapêutico é uma construção, um trabalho conjunto, entre terapeuta e
paciente. O psicólogo é um facilitador do seu caminho, mas cabe a você encontrar as suas próprias
respostas.
3º mito: Psicólogos não têm problemas e “tiram de letra” as dificuldades
Se fosse assim, não existiriam nutricionistas acima do peso e os médicos não ficariam doentes.
Mas a verdade é que não. Nós não analisamos as pessoas, o tempo todo. Nós não diagnosticamos
pessoas e não ouvimos nas entrelinhas, enquanto estamos na nossa vida particular. Em nossos
momentos de lazer, no nosso tempo livre.
A nossa escuta, enquanto psicólogos, é uma escuta clínica, diferente da escuta, na vida pessoal.
É claro que mesmo em nossa vida particular trazemos o nosso conhecimento e as nossas
experiências, mas não aplicamos técnicas no dia a dia, com nossos amigos e familiares e nem
tampouco, os analisamos.
Muita gente acredita que coexistem, na nossa cabeça, um cérebro racional e outro emocional. As
pessoas que utilizam mais o hemisfério esquerdo seriam mais lógicas e analíticas. Por sua vez, as
que utilizam mais o hemisfério direito seriam mais criativas e emocionais.
Não é bem assim. O que pode ter suportado esse tipo de mito é o fato de algumas áreas do encéfalo,
mais próximas ao tronco encefálico e ao sistema límbico, estarem mais ligadas aos processos
emocionais, especialmente se comparadas zonas mais superficiais do cérebro como o lóbulo
frontal.
Mas é uma simplificação pensar que nosso cérebro funciona assim. Todas as partes trabalham de
forma conjunta e é impossível saber se um padrão de ativação de neurônios é racional ou
emocional. Além do mais, ressonâncias magnéticas funcionais comprovam que os dois
hemisférios trabalham por igual.
6º mito: Se o psicólogo não passou pela mesma situação que eu, ele não está apto para me
compreender
– “Se o psicólogo não for casado, ele não vai saber nada sobre casamento/relacionamento”;
– “Se o psicólogo for muito novo, ele não tem muita experiência e não pode me ajudar. Aliás, eu
já vivi muito mais do que ele”;
– “Se o psicólogo não tem filhos, ele não sabe nada sobre crianças.”;
– “Se o psicólogo não teve depressão, ele não sabe como é na prática. Só quem já passou sabe
como é”.
Esse tipo de visão é muito frequente e equivocada, pois a formação do psicólogo possibilita,
através de anos de estudo sobre o ser humano, a compreender diversas realidades e situações, em
diferentes fases da vida, e com diferentes perspectivas.
Além da teoria, o psicólogo também aprende na prática. São dezenas de disciplinas, estágios,
atendimentos e supervisões que ele traz na bagagem e possibilitam o seu entendimento através de
vivências, assim como o torna apto para lidar com situações diversas.
Um médico não precisa ter câncer para saber lidar e tratar do câncer, certo? O psicólogo da mesma
forma.
A psicologia, enquanto ciência, parte do pressuposto de que cada indivíduo é único e subjetivo, ou
seja, traz consigo formas de ser e estar no mundo. Ela leva em conta a questão psicossocial e
entende que nem tudo é para todos. Cada caso é um caso.
A autoajuda, por sua vez, geralmente discute assuntos demasiadamente abrangentes, não leva em
conta a diferença cultural e nem o contexto social. Sugere caminhos e não leva em conta as
particularidades de cada um.
8º mito: Estou tomando remédio prescrito pelo psiquiatra, não preciso ir ao psicólogo fazer
psicoterapia
Muitos pacientes começam a se tratar com psiquiatras antes da buscarem psicoterapia.
Obviamente, se o medicamento prescrito for o adequado e o seu corpo reagir bem, após em média
15 dias, você deverá sentir uma melhora dos sintomas.
O problema não é o medicamento em si, o problema é achar que por ter uma melhora dos sintomas,
os seus problemas estão resolvidos.
Os medicamentos agem nos sintomas, e não na causa. Os sintomas são a “pontinha do Iceberg”,
ou seja, o que se vê e sente. Mas existe algo anterior a isso. Ou seja, a causa.