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A regulação emocional é um assunto que vem sendo bastante estudado nos últimos
anos. E relacionar esse tema com autismo é fundamental, já que pessoas no espectro
costumam ter dificuldades ligadas a respostas emocionais que envolvem um déficit na
forma de perceber o entorno e de interagir com o outro.
E essa habilidade de lidar com cada uma é o que vai fazer que a gente consiga interagir
de forma saudável com as pessoas e o meio, com reflexos na forma que iremos nos
sentir nessa interação.
Porém, cada pessoa tem o seu processo de regulação emocional. No geral, conseguimos
avaliar bem o contexto para alinhar como vamos expressar nossas emoções. No entanto,
pessoas autistas apresentam um prejuízo na maneira de regular suas emoções.
Índice
Terapias e intervenções
As terapias mais recomendadas para desenvolver essas habilidades são: a terapia
comportamental com ABA para crianças, já para jovens e adultos, recomenda-se a
terapia cognitivo-comportamental. Também recomenda-se terapia ocupacional para
alguns casos.
Fonte: Envato/Powerofphotos
Para muitos autistas, certas atividades podem ser incômodas do ponto de vista social,
principalmente quando elas são praticadas em grupo. Nesses casos, é possível encontrar
alternativas que possam ser praticadas em uma única pessoa.
No entanto, devemos enxergar a insistência na atividade física como uma busca por
soluções. A prática dessas atividades contribui, sem dúvida, para o desenvolvimento
motor. Logo, irá tornar a rotina da criança mais fácil em alguns aspectos, deixando ela
menos suscetível a uma crise de desregulação emocional.
Em 2020, foi publicada uma pesquisa com 27 crianças de 8 a 12 anos direcionada para
um grupo de intervenção com exercícios (15 crianças) ou um grupo de controle (12
crianças), no Journal of Autism and Developmental Disorders. O grupo de intervenção
recebeu aula de corrida por 12 semanas. Os pais das crianças preencheram a lista de
verificação de regulação emocional e a lista de verificação de comportamento infantil
pré e pós – intervenção. O grupo da intervenção demonstrou melhora significativa na
regulação emocional e redução de problemas comportamentais.²
Fonte: Envato/NomadSoul1
Indo ainda mais fundo no problema, a regulação emocional está por trás de problemas
emocionais mais graves. Uma pessoa que não trata esse aspecto pode ter prejuízos para
si que também impactam as pessoas mais próximas. Estamos falando, na prática, de
quadros graves de agressividade, ansiedade, depressão e até ideação suicida.
Portanto, as terapias para autismo exercem uma importância que vai além do que está
sendo diretamente trabalhado. Por isso, não deixe de procurar ajuda profissional em
qualquer sinal de alerta no desenvolvimento do seu filho. Quanto antes iniciarem
investigações e as intervenções, melhores serão os resultados para a vida da pessoa.
Existem atividades muito simples que trabalham atenção, foco, interação e melhoram
questões sensoriais, são elas:
Todos estamos propensos às questões emocionais, mas muitos autistas não desenvolvem
os mecanismos de defesa da mesma maneira que pessoas neurotípicas. Os cuidados
acima dependem de atenção, alerta, empatia e ajuda profissional. Por isso, este artigo
precisa chegar em mais pessoas. Compartilhe os aprendizados com seus amigos e
familiares e, depois, continue navegando em nosso Blog. Aproveite para acessar nossos
materiais gratuitos para download e siga o Autismo em Dia nas redes sociais.
Referências
Responder
Autismo em Dia disse:
26/02/2024 às 17:13
Olá, Franklin… que bom que gostou do nosso texto. Continue fazendo o que te ajuda a
Responder
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Posts Recentes
Irritação, gritos, birras intensas e agressividade. Se você é pai, mãe ou convive de perto
com alguém que faça parte do TEA, sabe que esse que isso é bastante comum no
comportamento autista. Essas crises, muitas vezes, chegam a tal ponto que a
agressividade é voltada para si mesmo, ou seja, a própria criança vive os prejuízos da
violência.
Além disso, a família pode sofrer dentro e fora de casa. Essas crises, quando em
público, acentuam a probabilidade de que a resposta da sociedade seja negativa, afinal,
ainda existe muita desinformação sobre o assunto.
Nosso artigo de hoje vem informar como e porque esse comportamento acontece com
muitas crianças autistas. Afinal, ocorre com todos dentro do transtorno? É contornável?
Que motivos podem estar por trás disso? Continue com a gente e saiba as respostas 🙂
Índice
Lembre-se que seu filho ou filha, que normalmente já tem dificuldade de entender o que
você diz, terá esse discernimento prejudicado em função dos prejuízos de controle
inibitório e autorregulação. Nesse caso, seja objetivo e utilize frases curtas. Por
exemplo: em vez de dizer “filho, fique quieto e sente-se”, diga apenas “sente-se”.
Por segurança, leve a criança para longe de um espaço que ofereça perigo, como
prateleiras cheias de objetos ou locais com vidro. Também será preciso que as pessoas
que estejam por perto se afastem do caminho. Se você possui um lugar na casa que
naturalmente seja ligado à paz e à tranquilidade, leve a criança ou adolescente para lá.
Identificação
Entendimento
Gerenciamento
Prevenção
Na identificação, é interessante fazer anotações sobre o tipo de agressividade que a
criança apresenta e em que ocasiões ela é provocada. Isso vai ajudar a caracterizar a
agressividade dentro de um formato específico.
Gerenciamento e prevenção
Para a fase do gerenciamento, é preciso traçar um plano de ação baseado nas
informações coletadas nas duas fases anteriores. O método ABA (análise do
comportamento aplicada), por exemplo, é um dos mais utilizados por terapeutas para
ensinar à criança uma comunicação não agressiva.
Para os casos em que o ABA não funcionar, será necessário avaliar se há comorbidades
associadas ao comportamento autista. Essas comorbidades podem ser diversas, como
hiperatividade, TOD (Transtorno desafiador de oposição), enxaqueca e várias outras.
Você pode saber mais sobre o assunto nesse link.
Por fim, para a prevenção, é necessário uma ação em conjunto com pais, médicos,
professores e demais envolvidos na vida do autista. Intervenção que recebe o nome de
psicoeducação. Todos precisam colaborar para construir ambientes calmos, previsíveis e
recompensadores. Como já comentamos em outro texto por aqui, não se apaga fogo
com fogo.
Agora, a convidamos para contar, em detalhes, como ela vem superando essa
dificuldade:
“O que me ajudou muito foi o instinto de mãe, de conhecer o meu filho. Eu precisei
aprender a validar as emoções dele. E quando você tem inteligência emocional, começa
a validar essas emoções. Fazendo isso, você começa a entender o que fazer como cada
uma das emoções. Ajudou muito, também, conhecer a terapia ABA, que é a análise do
comportamento aplicada. Quando comecei a comparar o que ele apresentava de
comportamento tanto antes como durante a crise, eu já podia prever como agir quando
acontecesse de novo.
Fora de casa, por exemplo, eu sempre tento fazer coisas que possam prevenir a explosão
e dosar melhor esse lado difícil do comportamento do meu filho autista. Se sei que
vamos num lugar que vai ser agitado, com muitas informações e que vai provocar nele
uma sobrecarga sensorial, vou acompanhada, se for uma presença inevitável no local,
claro. Também faço todo o preparo emocional do Paulo Antônio para a ocasião.
Acontecendo uma crise no local, eu preciso saber, estrategicamente, como sair dali. Por
isso, sempre bato nessa tecla com as pessoas e pelas minhas redes sociais. É preciso
respeitar as vagas de estacionamento preferenciais, que geralmente ficam perto das
saídas, ou se virem um carro adesivado indicando que ali tem um autista. O Paulo
Antônio está crescendo, não é mais tão fácil colocá-lo no carro como quando ele tinha
cinco anos. “
Uma coisa que funciona bastante aqui em casa, também, é levá-lo para o banho, isso o
acalma bastante. Às vezes ele se morde, chuta, mas o tempo em baixo d’água vai agindo
pra deixar ele mais calmo. Quando eu vejo que é seguro, eu entro na água e fico
abraçada em silêncio com ele. É uma forma de mostrar que eu entendo e também sinto a
dor dele.”
Irritação, gritaria e agressividade. A frase que abre esse texto serve, também, para
lembrar a todos que isso não define um autista. Cabe a todos o respeito e a
compreensão. E cabe também promover o acesso à informação para que mais pessoas
saibam que a agressividade é passageira e tem
Uma dessas gotas “decidiu” pousar no rosto do meu filho. Não seria nada demais para a
maioria das pessoas, mas esse acontecimento banal gerou um desconforto imenso no
meu filho. Ele me perguntou o que era aquela água que havia caído nele. Eu,
despreocupadamente, respondi que era uma gotinha da chuva que havia caído mais
cedo.
Mas ele simplesmente não conseguia entender como podia cair nele uma gota de chuva
sem que estivesse chovendo naquele momento. As perguntas se tornaram insistentes e
repetitivas e nada que eu falasse fazia sentido para ele. Logo já estava gritando, batendo,
chorando e se jogando no chão.
Eu estava confusa: como uma gota d´água pode causar um distúrbio tão grande? Tentei
pegar meu filho no colo, o que não é nada fácil quando se trata de um garotão de 9 anos.
Ainda mais quando assume a força de um adulto quando em crise de desregulação, e o
levei aos trancos e barrancos até um local seguro. Eu temia não conseguir segurá-lo
adequadamente e ele correr para o meio da rua. Também temia os olhares de
desaprovação dos demais pedestres juntamente com seus comentários maldosos.
Por experiência própria, sei que alguns dos expectadores não se contentam apenas em
olhar e julgar. Eles querem se meter e dar palpites para resolver a situação. Já ouvi
muito: “isso é falta de tapa”; “na minha época isso não acontecia”; “a mãe está
maltratando a criança”; “é pura falta de pulso”;“que moleque mais sem educação”; esse
mundo está perdido”; “vou chamar o Conselho Tutelar”; e por aí vai.
Tem gente que tenta, ainda por cima, colocar a mão na criança em crise ou falar com
ela, o sempre foi uma péssima ideia. Pois no meu caso, isso sempre deixava meu filho
ainda mais descontrolado.
Por tudo isso, sempre que possível, tento me abrigar num local em que me sinta mais
protegida e já aviso rapidamente que meu filho tem autismo. Também falo que está em
crise de desregulação e que logo deve passar. Já vi pessoas que carregam pequenos
cartões com informações sobre a situação, mas nunca fiz isso pois sempre achei que
fosse esquecer de entregar na hora em que o auê se instalasse.
Bom, não sei quanto tempo a crise durou. Para mim pareceu uns 30 ou 40 minutos mas
sei que nossa percepção de tempo fica prejudicada durante momentos de tensão como
esse…O que eu sei com certeza é que, até que tudo voltasse ao normal, tentei conter
meu filho para que ele não machucasse a si próprio ou a mim, embora eu tenha falhado
nesse último ponto.
Minha bolsa foi arremessada para longe, me descabelei, mas mantive a calma e repetia
de tempos em tempos para ele respirar fundo junto comigo. Dizia com a voz calma que
tudo iria ficar bem até que ele foi relaxando, a tensão se foi e a crise passou.
A crise de desregulação sempre me intrigou: como alguém que está sendo totalmente
racional em um momento, pode ser o oposto no segundo seguinte? Mas, se pensarmos
bem, isso acontece o tempo todo com pessoas que agem impulsivamente quando
movidas pela raiva ou pelo medo, não é mesmo?
Gritos,
Choros,
Enjoos,
Mal estar,
Tremores,
Xingamentos
Objetos voando pelos ares, por exemplo.
Em inglês essas crises são chamadas de “meltdown”, que significa literalmente
derretimento. O nome é bem apropriado porque durante a crise ocorre o colapso de toda
(ou quase toda) capacidade de autorregulação e autogerenciamento.
Para entender melhor essas crises e saber como agir, comecei a estudar e descobri essa
curva. Com ela entendi porque minhas chances de sucesso na intervenção diminuem ao
mesmo tempo em que a curva escala até o seu pico.¹
4 – Controle da crise
Uma hora ou outra, a crise vai se dissipando, veja que ali no gráfico o momento da
queda está representado pelo número 4. Embora as coisas possam estar mais calmas
nesse momento, resista a tentação de conversar sobre a crise que acaba de acontecer. A
pessoa pode estar se sentindo muito ansiosa e esgotada.
Na ilustração você também vai observar uma curva mais discreta e moderada,
representada pela cor rosa. Essa é a curva do cuidador, que também vai passar por
momentos de apreensão seguidas de um pico de estress. Que aos poucos também deverá
ir diminuindo. O cuidador também precisa estar muito atento às suas emoções e reações,
pois o seu instinto vai ser de entrar no modo “luta ou fuga”, assim como a pessoa que
está em crise.
Importante lembrar que na hora da crise, pouca coisa surte efeito, por isso, o tempo me
mostrou que coisas que funcionam muito bem numa crise, podem não funcionar em
outra. A convivência com outros autistas e seus familiares também me fez ver que os
gatilhos para crises são muito pessoais e o que causa crises em um pode muito bem
motivo de risos em outro. Assim, aprendi que o que se pode fazer quando a crise se
instalou é manter a calma, respirar fundo e garantir a segurança e o bem estar de quem
está em crise até que tudo volte ao normal.
Tudo isso tem a ver com o funcionamento do Sistema Nervoso Autônomo, que é quem
comanda as ações fundamentais e espontâneas do corpo humano como, por exemplo, a
respiração, digestão, temperatura e frequência cardíaca. O Sistema Nervoso Autônomo
depende do funcionamento sincronizado de dois outros sistemas: o Sistema Simpático e
o Sistema Parassimpático.
Quando tudo está bem, este último entra em ação nos levando a ficarmos calmos, com
os batimentos cardíacos mais lentos e a respiração tranquila e calma. Por outro lado,
quando nos vemos diante de uma situação de perigo (seja ele real ou imaginário),
ativamos nosso sistema de defesa que é responsável por preparar nosso corpo para luta
ou fuga.
Não é de se espantar que tudo fique mais complicado nesses momentos, né? Com esse
nível de tensão, a comunicação e a aprendizagem ficam momentaneamente prejudicadas
ou mesmo impedidas, motivo pelo qual, qualquer tentativa de se ensinar algo, dar um
sermão ou aumentar as demandas pode ser encarada como uma agressão ou uma
confrontação, o que não ajuda a crise a passar de forma mais rápida.
Esse ponto deixa bem clara a diferença entre uma crise de desregulação e uma mera
birra. A birra se encerra assim que a criança consegue o que quer, ou seja, todo choro e
aparente descontrole cessam quando o objetivo é alcançado. O mesmo não ocorre na
crise de desregulação. Não se trata de se conseguir o que se quer e sim ser capaz de
acalmar um corpo que entrou no estado de luta ou fuga, que acha que precisa se
defender ou fugir e cuja cognição está prejudicada.
Como não se apaga fogo com fogo, a função de pais, avós, tios, professores, terapeutas
e demais cuidadores é manter a calma nos momentos de uma crise de desregulação para
que a criança, adolescente ou adulto em crise possa também se acalmar o mais breve
possível. Nunca conseguiremos controlar como agem e o que pensam os expectadores
de uma crise de desregulação, mas nossas ações e reações estão sob nosso comando e é
justamente nelas que devemos focar.
Colaborou com esse artigo: Cristiane Carvalho, mãe de autista e empresária idealizadora
do Teraplay