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 A prática clínica da Terapia cognitivo comportamental (TCC)

fundamenta-se em um conjunto de teorias bem desenvolvidas que


são utilizadas para elaborar panos de tratamento e orientar as ações
do terapeuta.
 A TCC baseia-se em dois princípios centrais:

1- nossas cognições tem uma influência controladora sobre nossas


emoções e comportamentos; e

2- o modo como nos comportamos pode afetar profundamente nossos


padrões de pensamento e nossas emoções.

(Wright, Basco e Thase, 2008).


 Aron Back foi a primeira pessoa
a desenvolver completamente
teorias e métodos para aplicar
as intervenções cognitivas e
comportamentais a transtornos
emocionais (Beck, 1963, 1964).

 As primeiras formulações de
Beck centravam-se no papel do
processamento de informações
desadaptativo em transtorno de
depressão e ansiedade.

(Wright, Basco e Thase, 2008).


 Na década de 1960, ele descreveu uma conceituação cognitiva da depressão na
qual os sintomas estavam relacionados a um estilo negativo de pensamento em três
domínios: si mesmo, mundo e futuro (a tríade cognitiva negativa).
 (Wright, Basco e Thase, 2008).
 A proposta de Beck de uma terapia cognitivamente orientada com o
objetivo de reverter cognições disfuncionais e comportamentos
relacionados foi então testada em um grande número de pesquisas,
incluindo casos clínicos de depressão, transtornos de ansiedade,
transtornos alimentares, esquizofrenia, bipolar, dor crônica, transtorno
de personalidade e abuso de substâncias.

(Wright, Basco e Thase, 2008).


 Os componentes comportamentais do modelo de terapia cognitivo
comportamental tiveram seu início na década de 1950 e 1960, quando
pesquisadores clínicos começaram a aplicar ideias de behavioristas
experimentais.

 Beck defendeu a inclusão de métodos comportamentais desde o início


do seu trabalho, pois reconhecia que essas ferramentas são eficazes
para reduzir sintomas e conceitualizou um relacionamento estreito
entre cognição e comportamento.
(Wright, Basco e Thase, 2008).
 Os principais elementos do modelo cognitivo comportamental estão
esquematizados na figura a seguir.

 O processamento cognitivo recebe um papel central nesse modelo, porque o ser


humano continuamente avalia a relevância dos acontecimentos internamente e
no ambiente que o circunda, e as cognições estão frequentemente associadas às
reações emocionais.

(Wright, Basco e Thase, 2008).


Evento Avaliação cognitiva
(Preparando-se
(“Não vou saber o que dizer...
para ir a uma
Vou parecer um desajustado...
festa) Vou travar e querer ir embora
imediatamente”).

Comportament Emoção
o (ansiedade, tensão)
(Deu uma desculpa e
evitou a festa) Modelo cognitivo
comportamental básico:
exemplo de um paciente com
fobia social
 O modelo básico de TCC apresentado na figura, é usado para ajudar os
terapeutas a conceitualizarem problemas clínicos e implementarem
métodos da TCC específicos. Ele volta a atenção do terapeuta para as
relações entre pensamentos, emoções e comportamentos.
(Wright, Basco e Thase, 2008).
 Níveis de processamento cognitivo

Foram identificados três níveis básicos de processamento cognitivo. O


nível mais alto de cognição é a consciência, um estado de atenção no
qual decisões podem ser tomadas racionalmente. A atenção consciente
nos permite:

1- monitorar e avaliar as interações com o meio ambiente;


2- ligar memórias passadas às experiências presentes;
3- controlar e planejar ações futuras.
(Wright, Basco e Thase, 2008).
 Na TCC os terapeutas dedicam bastante esforço para ajudar os
pacientes a reconhecer e mudar pensamento patológico em dois
níveis de processamento de informações: pensamentos automáticos
e esquemas.

(Wright, Basco e Thase, 2008).


 Segundo Beck (1964) não é o contexto que determina o que as
pessoas sentem, mas o modo como elas interpretam (e pensam) os
fatos.

 É diante de cada nova situação que o indivíduo pensa e extrai os


padrões percebidos de cada acontecimento.

 O primeiro nível de processamento de informação que ocorre diante


da exposição do indivíduo a um contexto, é o pensamento
automático.
 Passam despercebidos, porque são parte de um padrão repetitivos
de raciocínio e ocorrem tão seguidamente quanto rapidamente;

 São pensamentos privados ou não-declarados e ocorrem de forma


rápida à medida que avaliamos o significado de acontecimentos em
nossas vidas;

 Pessoas com problemas psicológicos frequentemente vivenciam


inundações de pensamentos automáticos que são disfuncionais ou
distorcidos.
 Pensamentos disfuncionais, sem base integral na realidade,
influenciam de forma significativa o humor e o comportamento do
indivíduo. É interessante notar que a intensidade dos sentimentos
depende em grande parte da forma como a situação é avaliada. Uma
análise parcial da realidade gera sentimentos desproporcionais ou
inapropriados para lidar com a situação.
 Esses pensamentos podem gerar reações dolorosas e
comportamento disfuncional;

 Essas cognições podem ser reconhecidas e entendidas se


nossa atenção for voltada para elas.
Situação Pensamentos automáticos Emoções
Minha mãe telefona e “Fiz besteira de novo. Não Tristeza, raiva.
pergunta por que eu tem jeito, nunca vou
esqueci o aniversário de conseguir agradá-la. Não
minha irmã. consigo fazer nada direito.
Do que adianta?”
Pensamento sobre um “É muita coisa pra mim. Ansiedade
grande projeto a entregar Não vou conseguir entregar
no trabalho. a tempo. Não vou conseguir
encarar meu chefe. Vou
perder meu emprego e
tudo mais na minha vida”
Meu marido se queixa de “Ele está realmente Tristeza, ansiedade.
que estou irritada o decepcionado comigo.
tempo todo. Estou fracassando como
esposa. Não gosto de nada.
Por que alguém iria querer
estar perto de mim?”
PENSAMENTOS
Negativos ou prejudiciais
Críticos
Focam as coisas que
podem dar errado

O QUE FAZEMOS SENTIMENTOS


Evitamos situações difíceis DESAGRADÁVEIS
Desistimos Preocupado
Deixamos de fazer coisas Ansioso
Zangado
Infeliz

Ciclo da preocupação
O que são?

 São equívocos característicos na lógica do pensamento


automático e outras cognições. São estilos patológicos de
processamento de informações.
 Pensamento dicotômico: é a tendência de interpretar todas as
experiências em termos de categorias opostas e polarizadas
(preto/branco; tudo/nada; sempre/nunca; perfeição/fracasso;
absoluta segurança/perigo total). Ex.: “Se eu não estudei todo o
conteúdo, então não sei nada” ou, “se eu não sair sempre bem (no
trabalho, etc.), isso significa que sou um fracasso”, “Como não sou
tão extrovertido, não sou capaz de fazer amizades novas...”.
 Abstração seletiva: é a tendência de focalizar apenas um detalhe
retirado de um contexto, ignorando outros aspectos também
importantes, e conceber a totalidade da experiência com base no
fragmento. Ex.: “Sou impotente” (após uma falha erétil); “Só tem
pessoas arrogantes aqui...” (desconsiderando outras).
 Inferência Arbitrária: é a tendência de chegar a uma conclusão (ou
regra) na ausência de provas suficientes, ou por meio de um
raciocínio lógico falho. Ex.: “não sou atraente para as mulheres”
(depois de algumas rejeições).
 Hipergeneralização: é a tendência a ver um evento negativo único
como parte de um padrão interminável de perigos ou sofrimentos. Ex.:
“se eu senti medo aqui, vou sentir sempre de novo” ou “tudo sempre
da errado para mim” (depois de bater com o carro).
 Desqualificação do positivo: é a tendência a rejeitar experiências
ou fatos positivos por insistir que “não contam” por qualquer
motivo. Ex.: “sou burra e doente” (mesmo tendo passado em dois
vestibulares); ou “não perdi o controle ainda” (desconsiderando
que nunca aconteceu nada durante inúmeros ataques de pânico).
 Erro oracular: é a tendência a antecipar que “as coisas vão dar
errado” de qualquer maneira, sem base para essa afirmação. Ex.:
“Eu sei que vou sei rejeitado”.
 Raciocínio Emocional: é a tendência a tomar as próprias emoções
como provas de uma “verdade”. Ex.: “Se sinto pânico é porque essa
situação é muito perigosa”.
 Rotulação: é a tendência a descrever erros ou medos por
características estáveis do comportamento, por rótulos pessoais. Ex.:
“Eu sou um fracasso” ao invés de “falhei nisso”.
 Tirania dos “Deveria”: é a tendência a dirigir a própria vida em
termos de “deverias” e “não deverias”, por avaliações de “certo” ou
“errado”, em vez de dirigi-la por seus desejos. Ex.: “Eu deveria
estudar mais” em vez de “eu quero (ou não quero) estudar mais”.
 Personalização: É a tendência a se ver como causador de fatos ruins,
sem o ser de fato. Ex.: “Se algo acontecer ao meu casamento, a culpa é
só minha”.
 Leitura Mental: é a tendência a antecipar negativamente sem
provas, o que as pessoas vão pensar sobre você. Ex.: “Se eu entrar
em pânico aqui todos vão pensar que sou doente”.
 Catastrofização: é a tendência a exagerar a probabilidade e a
magnitude dos efeitos de uma situação antecipada. Ex.: “Minha
carreira acabou” (depois de cometer uma falha no trabalho); “Meu
filho deve ter sofrido um acidente!” (depois de uma hora de atraso
para chegar em casa).
 Acusação: é a tendência a colocar outras pessoas como fonte dos nossos
sentimentos negativos, sem nos responsabilizarmos para mudar a nós
mesmos. Ex.: Meus pais são responsáveis por todos meus problemas.

Retirado de Rangé (2001) e Heimberg, Turk e Mennin (2004).


 Temos acessos as crenças centrais do indivíduo, a partir do
aprofundamento dos pensamentos automáticas.

 As crenças são as ideias mais fixas e enraizadas derivada do


processo do desenvolvimento, experiências e formação do indivíduo,
desde a infância, e são aceitas por ele como verdade absoluta.
 Sobre si mesmas: Tais crenças resultam em
autocrítica, culpa e sentimentos de desvalorização.
 Sobre o mundo a sua volta: Os pacientes esperam
resultados negativos para as suas experiências e se
apresentam aos outros com exigências que, como não
conseguem atender, transformam-se em barreiras para a
felicidade.
 Sobre o futuro: Os pacientes encaram o futuro como um
lugar sombrio devido a antecipação de frustrações,
catástrofe e dor.
Crença Desamor Desvalor Desampar

Crença

Crença
Sobre ser Sobre ser o
indesejável incapaz Sobre ser
Incapaz de Incompetent sozinho
e
ser gostado Sem apoio
Inadequado
 As concepções cognitivas desenvolveram as mais diversificadas
propostas e criaram ferramentas de ajuste cognitivo
(reestruturação cognitiva).
 Inicialmente, os diários de registro de pensamentos, são
utilizados para que o indivíduo, dentro do processo
terapêutico, possa identificar os seus pensamentos
automáticos, e a influência desses pensamentos
automáticos em suas emoções, comportamentos e
respostas fisiológicas.

 Para isso, pode ser utilizado a seguinte ferramenta:


1 – Situação 2 – Pensamento Automático 3 - Emoção

Quais pensamentos ou imagens


Especifique a situação – o que passaram por sua cabeça naquela Quais sentimentos ou emoções
aconteceu? Onde você estava? situação? Sublinhe o pensamento (tristeza, ansiedade, raiva, etc.) você
Fazendo o que? Quem estava mais importante ou aquele que mais sentiu naquela situação? Se possível
envolvido? lhe incomodou? Se possível avalie avalie a intensidade de cada
quanto você acredita em cada um emoção ( 0 – 100%).
dos pensamentos (0 – 100%)

Para descrever os Pensamentos Automáticos (coluna 2), busque identificar as respostas das perguntas abaixo:
1. Quais pensamentos me ocorrem mediante à situação (específica) que estou vivendo? O que estou
pensando mediante à situação?
2. O que estou sentindo (em relação à situação específica), está sendo alimentado por quais pensamentos?
3. Quais significados estou atribuindo para esta situação (específica)?
(Adaptação: Knapp, P. e cols., 2004)
1 – Situação 2 – Pensamento Automático 3 - Emoção
Perdi a bolsa Nada dá certo comigo (100) Tristeza (80)
Desespero (90)

Para descrever os Pensamentos Automáticos (coluna 2), busque identificar as respostas das perguntas abaixo:
1. Quais pensamentos me ocorrem mediante à situação (específica) que estou vivendo? O que estou
pensando mediante à situação?
2. O que estou sentindo (em relação à situação específica), está sendo alimentado por quais pensamentos?
3. Quais significados estou atribuindo para esta situação (específica)?
(Adaptação: Knapp, P. e cols., 2004)
 M., 50 anos, funcionária pública, mãe de três filhos, buscou a
psicoterapia porque separou-se de seu marido há dois meses e
encontra-se muito abalada, e acha que pode estar com depressão. M.
chora intensamente todos os dias, não aceita o fato de estar
separada. Após coleta de dados nas primeiras sessões do processo
terapêutico, foi inerido os diário de registro de pensamentos para
investigar os pensamentos automáticos e emoções de M.. A seguir,
um diário que M. fez para sessão.
1 – Situação 2 – Pensamento Automático 3 - Emoção
 É fazer com que você substitua a forma de pensar não-
racional, eventualmente derivada de medos, pelo
raciocínio lógico; desenvolva uma atitude cientifica, pondo
em dúvida suas convicções e tentando comprová-las, a fim
de mantê-las ou rejeitá-las, sobretudo quando contrárias ao
que é observado no cotidiano.

 COMO FAZER
 Qual é a situação:

 O que estou pensando ou imaginando?

 Quanto eu acredito nisso? um pouco __ médio__ muito __ (ou avalie de


0 a 10:___)

 Como esse pensamento me fez sentir? Zangando __ Triste __ Nervoso __


outro:__

 Quão forte é o sentimento? Um pouco __ médio __muito forte __ (ou


avalie de 0 a 10:__ )

 O que me faz pensar que o pensamento é verdadeiro?


 O que me faz pensar que o pensamento não é verdadeiro ou totalmente
verdadeiro?

 Há alguma outra forma de ver isso?

 Qual o pior que poderia acontecer? Eu poderia sobreviver a isso?

 Qual o melhor que poderia acontecer?

 O que é o que mais provavelmente irá acontecer?

 O que acontecerá se continuar a pensar dessa forma?


 O que aconteceria se eu mudasse meu pensamento?

 O que eu diria a um amigo meu se isso acontecesse com ele?

 O que eu deveria fazer agora?


 Quanto eu acredito nesse pensamento negativo agora?

 Um pouco ______ médio _____ muito _____ (ou avalie de 0 a 10:


______ )

 Quão forte está o meu sentimento negativo agora?

 Um pouco forte _____ médio ______ muito forte ______ (ou avalie de 0 a
10:_____)
 Dados relevantes da história de vida
M. J, 25 anos, estudante de disign, casado, procurou tratamento
psicológico com queixas relacionadas a ciúmes excessivo. Brigava
sempre com o marido, tinha ciúmes de pessoas estranhas, bebia
excessivamente e sempre causava brigas desastrosas. Vigiava o
marido no trabalho, gerando desconforto.

Sente ciúmes do marido desde o início do relacionamento. Não


confiava e achava que a qualquer momento podia ser trocado e ser
traído.
Diante desses dados, foram usados diários de registro de pensamentos
e identificados pensamentos automáticos negativos que geravam
sentimentos desagradáveis e atitudes desproporcionais do paciente.

Pensamento automático identificado e questionado pela técnica de


questionamento socrático.

ELE ESTÁ ME TRAINDO


 Qual é a situação: O ATRASO DO J.

 O que estou pensando ou imaginando? ELE ESTÁ ME TRAINDO.

 Quanto eu acredito nisso? um pouco __ médio X muito __ (ou avalie de


0 a 10: 6)

 Como esse pensamento me fez sentir? Zangando __ Triste X Nervoso X


outro:__

 Quão forte é o sentimento? Um pouco __ médio __muito forte X (ou


avalie de 0 a 10: 9 )

 O que me faz pensar que o pensamento é verdadeiro? NENHUMA


 O que me faz pensar que o pensamento não é verdadeiro ou totalmente verdadeiro?
O J. GOSTA DE MIM, NÃO É DO CARÁTER DELE, ELE NÃO DEMONSTRA SER INFIEL, NÃO
MENTIRIA PRA MIM.

 Há alguma outra forma de ver isso?


LEMBRAR SE ELE ME AVISOU DO ATRASO, IMPREVISTO. ELE SEMPRE AVISA SE ALGO
ACONTECE.

 Qual o pior que poderia acontecer? Eu poderia sobreviver a isso?


ELE ME TRAIR. SIM.
 Qual o melhor que poderia acontecer?
ELE NÃO ME TRAIR, VIVER TRANQUILO, SEM PREOUPAÇÃO.

 O que é o que mais provavelmente irá acontecer?


O MELHOR.

 O que acontecerá se continuar a pensar dessa forma?


MEU CASAMENTO ACABA.
 O que aconteceria se eu mudasse meu pensamento?
EU FICARIA EM PAZ
 O que eu diria a um amigo meu se isso acontecesse com ele?
“PARA QUE TÁ FEIO, DESENCANA, CONFIA EM VOCÊ”.
 O que eu deveria fazer agora?
CONFIAR MAIS EM MIM E NELE.
 Quanto eu acredito nesse pensamento negativo agora?

 Um pouco X médio _____ muito _____ (ou avalie de 0 a 10: 2 )

 Quão forte está o meu sentimento negativo agora?

 Um pouco forte X médio ______ muito forte ______ (ou avalie de 0 a 10: 2 )
 Os próprios dados do questionamento socrático
demonstram como a crença no pensamento automático
ELE ESTÁ ME TRAINDO diminuiu após aplicação da
técnica. É importante lembrar que quanto mais treino, mas
eficaz se torna a técnica.
 A técnica da pizza da responsabilidade também é uma
técnica que ajuda na reestruturação cognitiva.

 Como fazer:
 Faça uma lista dos possíveis fatores que podem
contribuir para que o fato ocorra;

 Atribua percentuais equivalentes aos pesos que, no


seu entendimento, esses diferentes fatores poderiam
ter para a ocorrência do fato;
 Divida a pizza, colocando em cada fatia, um dos fatores que em
sua opinião, poderiam colaborar para o desastre. Estabeleça o
tamanho das fatias de acordo com o percentual de
responsabilidade (peso) que você acredita que cada fator possa
ter.

 Quando terminar, observe o percentual de responsabilidade


atribuído à participação dos fatores envolvidos.

 Compare o percentual que você atribuiu a ela com o peso que ela
atribuiu a si mesma.
 Carol, 19 anos, buscou ajuda terapêutica depois que seu pai e sua
madrasta procuraram o psicólogo. Carol nos últimos dois anos
apresentava humor oscilante e tinha surtos de raiva a ponto de
agredir verbalmente e fisicamente todas as pessoas de sua família.
Tem uma história de vida cheia de dificuldades, privações e
violência. Já não tem mais amigos e praticamente todas as pessoas
de sua família já se afastaram devido seu comportamento. Sente- se
triste e verbaliza sempre que vai se matar. Relatou que todos seu
problemas se iniciaram após a separação dos pais. Ao longo das
sessões houve coleta de dados e investigação dos pensamentos
automáticos de Carol. O pensamento EU SOU CULPADA PELA
SEPARAÇÃO DOS MEUS PAIS gerava forte sofrimento em Carol e
diante disso foi aplicado a técnica Pizza da Responsabilidade.
Separação dos pais

25% 25% Falta de diálogo

Falta de sentimento

Agressões

Falta de atenção
25% 25%
 Carol percebeu, que a separação de seus pais foi
ocasionada por outros fatores, que fugiam a seu controle e
que nada tinha a ver com ela, percebendo assim que não
tinha culpa na separação dos pais. Pensando assim, Carol
sentiu-se mais aliviada e tranquila, e neste sentido já não
sofria mais.
Instruções:
1. Identifique um pensamento automático negativo ou problemático.

2. Em seguida, faça uma lista das evidências que você consegue encontrar para apoiar (“evidências a
favor”) ou contestar (“evidências contra”) o pensamento automático.

3. Após tentar encontrar erros cognitivos na coluna de “evidências a favor”, você pode escrever os
pensamentos revisados ou alternativos no final da página.
Evidências a favor do pensamento automático Evidências contra o pensamento automático
1. 1.

2. 2.

3. 3.

4. 4.

5. 5.

Erros cognitivos:
Pensamentos alternativos:
Instruções:
1. Identifique um pensamento automático negativo ou problemático: Sou cheio de defeitos

2. Em seguida, faça uma lista das evidências que você consegue encontrar para apoiar (“evidências a
favor”) ou contestar (“evidências contra”) o pensamento automático.

3. Após tentar encontrar erros cognitivos na coluna de “evidências a favor”, você pode escrever os
pensamentos revisados ou alternativos no final da página.
Evidências a favor do pensamento automático Evidências contra o pensamento automático
1.Joguei fora meu trabalho. 1. Fiz um trabalho descente: recebi um prêmio de
jornalismo.
2. Tive um casamento que fracassou.
2. Meu casamento foi bem por algum tempo.
3.Sempre senti que “minha máscara ia cair”.
3. Não perdi tudo.
4. Tive problemas na escola e atletismo.
4. Ganhei honra ao mérito em atletismo na faculdade.
5. Minha família era uma bagunça; sempre senti
“que sou um deles”. 5. Tenho um relacionamento positivo com minha filha.

Erros cognitivos: Catastrofização, hipergeneralização.


Pensamentos alternativos: Sou uma pessoa com alguns pontos fortes e alguns pontos fracos. Sou capaz de
superar momentos difíceis.
1 – Situação 2 – Pensamento 3 - Emoção 4- Resposta 5-Resultado
Automático Adaptativa

Quais Use as perguntas Avalie agora


Especifique a pensamentos ou Quais sentimentos abaixo para quanto você
situação – o que imagens passaram ou emoções compor as acredita nos seus
respostas aos pensamentos
aconteceu? Onde por sua cabeça (tristeza,
pensamentos automáticos (0 a
você estava? naquela situação? ansiedade, raiva, automáticos. Se 100%) e na
Fazendo o que? Sublinhe o etc.) você sentiu possível avalie intensidade das
Quem estava pensamento mais naquela situação? quanto você suas emoções (0 a
envolvido? importante ou Se possível avalie a acredita em cada 100%)
aquele que mais intensidade de resposta
lhe incomodou? Se cada emoção ( 0 – alternativa (0 a
100%). Quais
possível avalie 100%).
possíveis
quanto você distorções
acredita em cada cognitivas que
um dos você fez?
pensamentos (0 –
100%)
1- Quais são as evidências e que o pensamento automático é
verdadeiro?

2- Há explicações alternativas para o evento ou formas alternativas de


enxergar a situação?

3- Quais são as implicações, no caso dos pensamentos serem


verdadeiros? Qual a pior situação? O que é mais realista? O que é
possível fazer a respeito?

4- Se (...... Nome do amigo(a).) estivesse nessa situação e tivesse esse


pensamento o que eu diria pra ele (a)?
1 – Situação 2 – Pensamento 3 - Emoção 4- Resposta 5-Resultado
Automático Adaptativa
 Seu objetivo é, por meio de perguntas sobre o significado pessoal do
que o cliente está relatando, identificar a cadeia de pensamentos
automáticos até chegar a crença central. O terapeuta mostra ao
cliente, como um pensamento aponta para o outro mediante o uso de
flechas ou setas ( ). Após a identificação das crenças, o terapeuta
procura modifica-las com outras técnicas. A flecha descendente é
uma técnica complexa e o cliente já precisa saber identificar seus
pensamentos automáticos.

Abreu e Guilhardi (2004).


 B. 28 anos, do sexo masculino, jornalista, divorciado e sem filhos. É o
terceiro filho de pais alcoolistas, tem pouco contato com os
familiares, morava sozinho quando procurou tratamento. Veio para o
tratamento por iniciativa própria no intuito de parar o uso de drogas.
Iniciou com álcool na adolescência para “melhorar” a timidez, na
faculdade com 20 anos passou a usar cocaína 4 vezes por semana.
Com 23 anos casou com uma mulher que também usava cocaína e
passou a consumir diariamente. O casamento acabou depois de dois
anos, a esposa consumia mais droga que ele e foi ficando difícil.
Todos os seus amigos também consumiam cocaína.

Abreu e Guilhardi (2004).


“Não posso pensar na ideia de sair e não
usar cocaína”.
Terapeuta: O que significa pra você não poder pensar na ideia de sair e não usar cocaína?
Cliente: Significa que não consigo conviver com as pessoas, sem cheirar.
Terapeuta: ok. E o que é não conseguir conviver com as pessoas?
Cliente: Significa que não vou conseguir amigos.
Terapeuta: E, se isso acontecesse, o que significaria pra você?
Cliente: Que sou um banana, um fracote.
Terapeuta: Supondo que você tenha razão, o que quer dizer pra você ser um banana, um
fracote?
Cliente: De que sou um fracasso! (cliente se emociona e começa a chorar muito).

Abreu e Guilhardi (2004).


“Não posso pensar na ideia de sair e não usar cocaína”.
(Pensamento automático)

“Eu não consigo conviver com as pessoas, sem cheirar.”

“Não vou conseguir amigos.”

“Sou um banana, um fracote.”

“Sou um fracasso.” (Crença central).


 A estratégia geral da reestruturação cognitiva é identificar
pensamentos automáticos e crenças nas sessões de terapia,
ensinar habilidades para mudar cognições e, depois, fazer
os clientes realizarem uma série de exercícios planejados
para expandir os aprendizados da terapia à situações do
mundo real.

 Normalmente, é necessária a prática repetitiva até que os


clientes possam modificar prontamente cognições
desadaptativas arraigadas.
 O modelo de TCC enfatiza que a relação entre cognição e
comportamento é uma via de duas mãos. As intervenções
cognitivas descritas acima, sem implementadas com
sucesso, tem probabilidade de ter efeitos benéficos no
comportamento.

 Da mesma forma, mudanças positivas no comportamento


normalmente estão associados a uma melhor perspectiva
cognitiva.
 A maioria das técnicas comportamentais usadas na
TCC destina-se a ajudar as pessoas a:

1. Romper padrões de evitação ou desesperança;


2. Enfrentar gradativamente situações temidas;
3. Desenvolver habilidades de enfrentamento;
4. Reduzir emoções dolorosas ou excitação
autonômica.
 É indicada quando alguns pacientes obtém pouco ou nenhum prazer e
apresentam fadiga e anedonia.

 Esse método comportamental sistemático é frequentemente usado na


TCC para reativar pessoas e ajuda-las a encontrar maneiras de
melhorar seu interesse pela vida.
 Isa, 29 anos, casada há 5 anos, tem uma filha de um ano. A filha de Isa
nasceu com um grave problema neurológico. Desde o nascimento de
sua filha, Isa se mantém muito ocupada com seus cuidados, além de
trabalhar durante o período noturno em um hospital. Devido sua rotina
intensa de atividades e obrigações, Isa começou a sentir-se estressada
e com muita fadiga, preocupada com sintomas depressivos, o que a fez
procurar uma psicoterapia.

 Foi investigado que Isa estava envolvida somente com suas obrigações
e não estava entrando em contato com situações prazerosas que
melhorasse sua qualidade de vida. A técnica programação de atividade
foi utilizada.
 Foram programadas uma lista atividades prazerosas, monitoramento da
exposição a essas atividades, uma lista de ideias novas que valeriam a
pena tentar, e determinou-se quais atividades iriam ser acrescentadas no
dia a dia da cliente.

 Isa elaborou a seguinte lista:

Atividades prazerosas
1- Ir ao cinema sozinha
2- Sair para tomar shake com as amigas
3- Passear no parque com minha filha
4- Caminhar sozinha
 O ensaio comportamental é um procedimento utilizado em práticas
de intervenção, para ensaiar comportamentos por meio de
treinamentos. Também pode ser chamado de treinamento de
papéis ou role-play.

 É uma técnica de intervenção que visa o aprimoramento do


repertório comportamental já existente ou à instalação de novos
comportamentos.

 É muito utilizada na prática clínica com pessoas que apresentam


vários tipos de dificuldades de interação social, e que em
decorrência disso, vivem muitas situações problemáticas.
 É um tipo de representação teatral na qual simulam-se situações reais da vida
da pessoa nas quais ela apresenta algum grau de dificuldade. O terapeuta e o
cliente representam sequências de interações sociais já vividas ou a serem
enfrentadas.

 O terapeuta pode desempenhar o papel do o próprio cliente ou de outra


pessoa significativa no contexto. Quando isso ocorre, diz-se que está dando
um modelo.

 Esse modelo pode ser repetido várias vezes, com alternância dos papéis de
cada um.
 Instrução:
 É a descrição mais detalhada possível do que e de como deve
ser uma interação ou comportamento.
 Em alguns casos, as instruções são suficientes ajudar alguém a
enfrentar o seu problema.
 Exemplos de boas instruções:
“Ande até a porta, bata, espere-o aparecer e pergunte se o
havia chamado.”

“Olhe para pessoa durante toda conversa.”

“Fale com a amiga dela para descobrir que tipo de filme ela
gosta. Telefone para convidá-la para ir ao cinema com você.
Lembre-se de levar em conta qual será o dia de folga dela.”
 Modelação:

 Utiliza-se do princípio de aprendizagem vicariante, segundo o qual,


uma pessoa ode aprender um determinado comportamento pela
observação do desempenho de outra pessoa.

 O cliente observa a atuação de alguma outra pessoa de depois deve


imitá-la. O terapeuta comenta seu desempenho, reforçando os aspectos
positivos; oferece dicas para aprimoramento e sugere repetição e
observação.

 O terapeuta também pode ser modelo do seu cliente, e é uma maneira


mais eficaz de se ensinar comportamentos novos do que o uso de
instruções.
 Terapeuta: “Bem gente, todo mundo se lembrou que tem que tirar relógio,
pulseira, corrente, brinco, para fazer a aula de judô? Todo mundo tá com a
faixa?” (terapeuta olhando para o cliente o tempo todo).
 Cliente: “Não pode brinco, relógio e pulseira. Tem que tirar tudo”.
(Olhando para o chão e eventualmente para o terapeuta e falando baixo).
 Terapeuta: Olha, já melhorou desde o momento que você me contou pela
primeira vez. Veja o que você acha? “Pessoal, todo mundo se lembrou que
tem que tirar relógio, pulseira, corrente, brinco, para fazer a aula de judô?
Todo mundo tá com a faixa?”
 Cliente: “Gente, no judô não se pode usar: brinco, relógio, pulseira,
corrente, anel. Nada no corpo sem ser a roupa. Tem que estar com a
faixa.”
 Terapeuta: “Ótimo, melhorou muito. Você olhou pra mim enquanto falava.
Agora vamos trabalhar o tom de voz e o contato visual durante todo tempo
em que você estiver falando. Desse jeito, falando alto para todos ouvirem.”
 Cliente: “Gente, no judô não se pode usar: brinco, relógio... (cliente
repete as instruções de maneira adequada).
 Modelagem por aproximações sucessivas
 É um procedimento no qual se reforçam positiva e diferencialmente
desempenhos cada vez mais próximos do comportamento ou interação
final desejada, indicando-se quais são os passos seguintes a serem
alcançados.

 Na modelagem, decompõem-se os elos de uma cadeia comportamental e


programa-se qual a sequência a ser trabalhada. Esse procedimento contém
instruções e pode ser utilizado concomitantemente com a modelação.
 O retreinamento da respiração geralmente é utilizado no tratamento de
transtornos de ansiedade, pois a hiperventilação é um sintoma
frequente.

 Inicialmente começa por pedir ao paciente para aumentar o ritmo da


respiração, antes de reduzi-lo. Dá-se a seguinte instrução:

Respire de forma rápida e profundamente por um curto espaço de


tempo para produzir a respiração na vivência de um ataque de
ansiedade.

O próximo passo é pedir para o paciente tentar respirar lentamente até


recobrar o controle normal sobre sua respiração.
 Sente – se em uma cadeira ou poltrona confortável sempre que for fazer o exercício
do controle respiratório;

 Relaxe o corpo, deixe os pés apoiados no chão, suas mãos podem ficar sobre suas
pernas;

 Feche a boca e inale a maior quantidade de O² (oxigênio) possível pela narina, até
encher a barriga;

 Prenda a respiração, espere cinco segundos e libere o ar suavemente pela boca, até
esvaziar;

 Respire normalmente, voltando à atenção do seu corpo;

 Repita o exercício seis vezes consecutivo.


 O objetivo do treinamento de relaxamento é ajudar os
pacientes a aprenderem a atingir uma resposta de
relaxamento – um estado de calma mental e física. O
relaxamento muscular é um dos principais mecanismos
para atingir a resposta de relaxamento.

 Ensina-se aos pacientes a liberar sistematicamente a


tensão em grupos musculares por todo corpo. A medida
que a tensão muscular diminui, o sentimento subjetivo de
ansiedade normalmente reduz.
 Deixe que seus olhos vão se fechando e relaxe profundamente.

 1 ou 2 minutos depois...

 Está confortavelmente relaxado. Agora gostaria que continuasse


deixando seu corpo todo relaxado, enquanto concentra sua atenção em
sua mãe direita (ou esquerda, se for o braço dominante). Quando eu
disser, feche a mão, muito, muito fortemente, tão forte quanto possa.
Agora! Perceba o que sente quando seus músculos na mão e antebraço
estão tensos. Concentre-se nesse sentimento de tensão e mal estar que
experimenta.

 5 ou 7 segundos depois ...


 Agora, quando eu disser “solte” quero que sua mãe se abra completamente
e deixe-a cair sobre suas pernas; não o faça gradualmente, deixe-a cair de
uma vez. SOLTE!

 Perceba agora como a tensão e o incômodo desapareceram de sua mão e


antebraço. Fixe-se nas sensações de relaxamento, de prazer, de
tranqüilidade que tem agora. Fixe-se no contraste, na diferença entre ter a
mão tensa e tê-la relaxada. Continue soltando esses músculos, deixando
que se façam cada vez mais lisos, mais relaxados. Não faça nada, só deixe-
os soltos.

 30 a 40 segundos de relaxamento repete-se de novo o exercício até


completar o exercício do braço.
Sessões Grupos Musculares Exercícios
1 Mão e antebraços dominantes Aperta-se o punho.
Bíceps dominante. Empurra-se o cotovelo contra o
braço da poltrona.

Mão, antebraço e bíceps não- Igual ao membro dominante.


dominates.

2 Fronte e couro cabeludo. Levantam-se as sobrancelhas tão


alto quanto possível.
Olhos e nariz Apertam-se os olhos e ao mesmo
tempo enrruga-se o nariz.

3 Boca e Mandíbula Apertam-se os dentes enquanto se


levam as comissuras da boca em
direção às orelhas.

Aperta-se a boa para fora.


Abra-se a boca.
4 Pescoço Dobra-se para a direita.
Dobra-se para a
esquerda.
Dobra-se para diante.
Dobra-se para trás.
5 Ombros, peito e costas. Inspira-se profundamente,
mantendo a respiração, ao
mesmo tempo em que se
levam os ombros para trás
tentando juntas as
omoplatas.
6 Estômago Encolhe-se contendo a
respiração.
Solta-se, mantendo a
respiração.
7 Perna e músculo Tenta-se subir a perna com força sem tirar o
direito. pé do assento (ou chão).
Dobra-se o pé para cima, estirando os
dedos, sem tirar o calcanhar do assento (ou
Panturrilha chão).
Estira-se a ponta do pé e dobram-se os
dedos para dentro.
Igual ao direito.
Pé direito

Perna, panturrilha e
pé esquerdo.

8 Sequência completa Somente relaxamento.

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