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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

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SUMÁRIO

1- PSICOTERAPIA: O QUE É, TIPOS, BENEFÍCIOS E QUANDO PROCURAR 3

2- AJUDA AO DEPENDENTE QUÍMICO 17

3- TRABALHADORES DEPENDENTES QUÍMICOS:

ACOMPANHAMENTO DEVE SER MULTIDISCIPLINAR 21

4- AS DIMENSÕES BÁSICAS DO PAPEL DO TERAPEUTA

EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA 23

5- IMPORTÂNCIA DA TERAPIA NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA 32

6- PROJETO REGULAMENTA OFÍCIO DE TERAPEUTA

EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA 37

REFERÊNCIAS

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1- PSICOTERAPIA: O QUE É, TIPOS, BENEFÍCIOS E QUANDO PROCURAR

A psicoterapia é uma grande aliada para quem busca a melhora de aspectos


emocionais. Além de oferecer auxílio em momentos de aflição, a técnica proveniente
da psicologia também permite um maior entendimento frente às questões da vida.

Ter o acompanhamento de um psicólogo no dia a dia pode trazer transformações


significativas em sua existência, independente do motivo que o motivou a iniciar a
psicoterapia.

Segundo pesquisas realizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 23,9%


dos brasileiros apresentam algum transtorno de ansiedade. Além disso,
a depressão acomete 5,8% da população brasileira.

Estes dados apontam a importância do cuidado à saúde mental, e também despertam


uma reflexão acerca dos gatilhos responsáveis pelo nosso mal-estar de modo geral,
que pode ser combatido e compreendido através da psicoterapia.

O que é psicoterapia?

Etimologicamente, psicoterapia é o "tratamento da alma". O médico escocês James


Braid (1795-1860) foi um dos primeiros a utilizar o termo, além de ser o criador da
palavra "Hipnotismo", que com o passar dos tempos popularizou-se como "Hipnose",
que significa "estado de sono".

A psicoterapia é um tratamento colaborativo, em que paciente e psicólogo trabalham


juntos para resolver as questões desejadas. Uma das principais ferramentas utilizadas
na psicoterapia é a fala, pois é através dela que o paciente poderá expressar todos
seus pensamentos em consultório.

O ambiente da terapia é acolhedor, e a postura do especialista que irá te atender deve


ser objetiva, neutra e sem julgamentos.

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Fazer psicoterapia não demonstra fraqueza, pelo contrário - Imagem: Shutterstock

Com a ajuda do psicólogo, é possível identificar as causas e os padrões


comportamentais que possam estar lhe impedindo de ter uma vida mais feliz. A
psicoterapia ilustra de maneira clara, os pontos que necessitam de atenção e reparo
em nosso cotidiano, para que possamos atingir um estado de satisfação emocional.

Para que serve a psicoterapia?

A psicoterapia é uma forma de ajudar as pessoas a lidarem com uma série de


problemas psicológicos ou dificuldades emocionais. Assim, pode auxiliar na
eliminação ou no controle de sintomas que possam prejudicar nossa vida.

Muitas vezes, nos sentimos tristes, irritados ou ansiosos em níveis desproporcionais,


e acabamos tendo diversas áreas de nosso cotidiano afetadas.

Nossos relacionamentos afetivos e profissionais ficam comprometidos quando não


estamos nos sentindo bem e nossa autoimagem é uma das primeiras a serem
prejudicadas. Isto acarreta em uma diminuição de nosso bem-estar, o que
consequentemente pode vir a se tornar uma condição patológica para nossa mente.

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É neste momento que a psicoterapia pode ser útil. Em consultório, é possível sentir-
se acolhido por alguém que está disponível para nos ajudar com nossos problemas.
E com as reflexões promovidas pela psicoterapia, adquirir um
maior autoconhecimento e assertividade acerca de nossas escolhas torna-se uma
tarefa menos árdua.

Quem pode fazer psicoterapia?

Não há restrições acerca de quem pode ou não fazer psicoterapia. Ela é indicada para
todas as idades e não deve ser vista como uma prática utilizada apenas por quem
apresenta distúrbios emocionais. A psicoterapia pode potencializar a felicidade e a
satisfação de todos que incluem ela em suas vidas.

Quando eu devo considerar fazer psicoterapia?

Não há um momento exato em que devemos iniciar a psicoterapia. Decidir iniciar um


tratamento psicológico depende de nosso autoconhecimento e do suporte de amigos
e familiares.

Porém, esta pode não ser uma escolha simples. Admitir que estamos fragilizados e
vulneráveis requer que olhemos para lugares de nossas almas que não são fáceis de
serem observados.

Antes de tudo, é necessário que aceitemos nossa condição. Reconheça toda a sua
humanidade, tendo em mente que todos nós estamos sujeitos a termos dificuldades
emocionais. Não há um controle mágico capaz de regular nossos sentimentos.

Algumas pessoas podem lidar melhor com seus respectivos dilemas e outras não; e
isso não significa que você é fraco. Todos nós nascemos com uma identidade singular,
tendo limitações e qualidades específicas.

Buscar a psicoterapia é um ato de coragem, pois superamos os julgamentos e os


equívocos sociais acerca dos tratamentos psicológicos. Escolher iniciar a terapia
também é uma prova de amor próprio, pois decidimos lutar pelo nosso bem-estar.

Em que situações a psicoterapia é indicada?

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A partir do momento em que temos dificuldade para lidar com o nosso dia a dia, a
psicoterapia torna-se aconselhável.

Traumas como a morte de um ente querido ou um abuso sexual, doenças médicas e


desordens emocionais, como a depressão e a ansiedade, tornam a psicoterapia
necessária.

Porém, a psicoterapia também pode ser buscada pelo desejo de nos conectarmos
com nós mesmos e por pessoas que queiram se conhecer melhor.

Veja algumas situações que podem indicar que está na hora de iniciar um tratamento
psicológico:

 Você se sente triste e solitário por longos períodos de tempo.


 Você não consegue resolver seus problemas mesmo com esforço e a ajuda
de amigos e familiares.
 Você não consegue se concentrar no trabalho e focar em outras atividades
do dia a dia.
 Você se preocupa excessivamente
 Você sempre espera o pior, estando constantemente tenso.
 Suas ações prejudicam você e aos outros.

Quais condições a psicoterapia pode tratar?

A psicoterapia pode tratar diversos transtornos psicológicos, sendo os mais comuns:

Como funciona a psicoterapia

A psicoterapia pode ser conduzida de forma individual ou em grupo, envolvendo


casais e famílias. A maioria das sessões duram em média de 30 a 50 minutos,
podendo se estender por mais tempo.

Para a terapia funcionar, é necessário que o paciente confie em seu terapeuta e que
ambos tenham um bom relacionamento.

A psicoterapia pode ser a curto prazo, lidando com problemas imediatos. Também
pode ocorrer a longo prazo, com duração de meses ou anos, trabalhando com
conflitos pessoais complexos e duradouros.
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Os objetivos do tratamento, além da frequência de visitas ao consultório e os métodos


que serão utilizados em terapia são planejados pelo psicólogo de acordo com as
necessidades do paciente.

A confidencialidade é um requisito básico da psicoterapia, portanto, não se preocupe


em compartilhar suas experiências com um psicólogo.

Também é importante reiterar que apesar dos pacientes expressarem pensamentos


extremamente pessoais em terapia, o contato físico com o psicólogo nunca é
apropriado.

Existem diversas abordagens terapêuticas e algumas delas podem ser mais


adequadas para determinados problemas ou transtornos. Além disso, a psicoterapia
pode ser combinada com medicações e outras formas de terapia.

Tipos de psicoterapia

1 - Psicanálise

A psicoterapia psicanalítica foi fundada por Sigmund Freud. De acordo ele, as pessoas
podiam ser curadas tornando conscientes seus pensamentos e motivações
inconscientes.

O objetivo desta terapia é trazer à tona emoções e experiências reprimidas, de forma


a tornar o inconsciente em consciente. Ela é capaz de tratar transtornos e
perturbações psicológicas, como a depressão e a ansiedade.

No tratamento, é possível resolver tanto os sintomas, como a causa geradora. O alvo


da psicanálise é facilitar o processo de cura e reabilitação dos pacientes. O foco está
no subconsciente e seus métodos envolvem a livre interpretação de ideias,
interpretação dos sonhos e análise de atos falhos.

2 - Psicoterapia Junguiana/Analítica

Na psicoterapia junguiana, o psicólogo monitora o universo simbólico, focando a


terapia nos sonhos. Nesse caso, há um diálogo entre o consciente e o inconsciente,
o que ajuda na transformação e na ampliação de um olhar interior do paciente.

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O terapeuta, nesse tipo de psicoterapia, leva em consideração que o inconsciente não


contém influências somente da individualidade humana, como também do coletivo. A
psicologia analítica reitera que o meio externo pode alterar os rumos de sua vida,
assim como criar tendências de comportamento.

3 - Psicoterapia Lacaniana

Na técnica da psicoterapia lacaniana, idealizada pelo estudioso Jacques Lacan, o


paciente discorre sobre tudo aquilo que o incomoda no dia a dia. Nessa terapia, o
psicoterapeuta quase não intervém na fala do paciente, deixando-o discorrer sobre o
assunto de forma livre. O psicólogo escuta o que o paciente tem a falar, mas também
fica atento às entrelinhas.

Escolha o tipo de psicoterapia que mais se adequa ao seu perfil - Imagem:


Shutterstock

4 - Psicoterapia Cognitivo-Construtivista

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Durante a psicoterapia cognitivo-construtivista, o paciente é incentivado a analisar


pensamentos e emoções negativas. Para o avanço do tratamento, é necessária a
construção de uma consciência emocional, que faz com que o indivíduo crie
independência psicológica, sendo capaz de lidar com seus sentimentos.

5 - Psicoterapia Cognitivo-Comportamental

A psicoterapia cognitivo-comportamental visa identificar e mudar padrões de


pensamento e comportamento que são prejudiciais ao bem estar. O objetivo é
substituir estes comportamentos sabotadores por ideais saudáveis. Normalmente a
técnica envolve o aprendizado de novas habilidades sociais.

6 - Psicodrama

O psicodrama precisa do coletivo para acontecer. Um grupo encena emoções e


situações na vida dos pacientes, e interagem um com os outros para trabalhar
questões pessoais. A técnica promove a espontaneidade dos sentimentos,
produzindo insights transformadores. A comunicação verbal e não-verbal é utilizada
nessa modalidade de psicoterapia.

7 - Terapia Interpessoal

A psicoterapia interpessoal é um tratamento a curto prazo. Ela ajuda os pacientes a


entender problemas interpessoais que estejam causando malefícios para suas rotinas,
como por exemplo, lutos não vivenciados, mudança de papéis sociais ou profissionais,
conflitos com pessoas importantes para o vínculo social, e confrontos externos no
geral.

A terapia interpessoal é uma boa ferramenta para a criação de formas saudáveis de


expressar as emoções e melhorar a comunicação com os outros. Ela é comumente
utilizada para tratar a depressão.

8 - Hipnoterapia

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A psicoterapia por hipnose é capaz de introduzir ideias construtivas no subconsciente.


Se feita de maneira correta, ela pode auxiliar na alteração de padrões de
comportamento, pensamento e sentimento.

9 - Psicoterapia por EMDR

A psicoterapia por EMDR é relativamente nova, pois teve seu início no final dos anos
80. O método faz com que ocorra a dessensibilização e o reprocessamento de
vivências através da estimulação dos dois hemisférios do cérebro.

Ao contrário de outros tratamentos que focam em alterar as emoções, pensamentos


e respostas advindas de experiências traumáticas, a psicoterapia por EMDR foca
diretamente na memória.

É aplicada com o objetivo de alterar a forma que as lembranças são armazenadas em


nosso cérebro, reduzindo e eliminando sintomas prejudiciais ao bem estar.

10 - Fenomenologia

Segundo a psicóloga Ana Lia Clerot, a psicoterapia por fenomenologia procura


compreender a vivência dos pacientes no meio social e também suas percepções do
mundo que os cerca.

11 - Psicoterapia Regressiva

A psicoterapia regressiva utiliza a hipnose para acessar memórias do passado que


estejam causando mal no presente. Essas lembranças desencadeiam sintomas
prejudiciais ao bem-estar e o papel desse procedimento é fazer com que o paciente
analise, compreenda e supere acontecimentos não resolvidos do passado.

12 - Psicoterapia Comportamental Dialética

A psicoterapia comportamental dialética ajuda o paciente a regular suas emoções. É


frequentemente utilizada para tratar pessoas com pensamentos suicidas e outros
distúrbios psicológicos, como os alimentares e o estresse pós-traumático.

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Ela cria novas habilidades sociais nos pacientes, para que seja possível mudar
comportamentos prejudiciais ou disruptivos.

13 - Psicoterapia Infantil (Ludoterapia)

Psicoterapia voltada para as crianças, levando em consideração que quando elas


brincam, expressam seus sentimentos e pensamentos.

14 - Psicoterapia Corporal

Idealizada por Wilhelm Reich, a psicoterapia corporal leva em consideração corpo e


mente. Nessa vertente, considera-se que os distúrbios psíquicos e emocionais
causam tensões musculares crônicas.

Além da fala como ferramenta para a terapia, especialistas dessa área também
trabalham a respiração do paciente, envolvendo processos de toque, massagem,
expressão sonora, técnicas posturais e alongamentos em consultório, a fim de atingir
o equilíbrio emocional e físico de quem passa por este procedimento.

15 - Psicoterapia Gestaltista

Na psicoterapia Gestaltista, o psicólogo faz com que você tenha responsabilidade por
si mesmo, agregando maior relevância para sua vivência individual.

Nessa corrente, existe um menor foco em sintomas e acontecimentos passados, pois


leva-se em consideração que o presente é o único período tangível.

Sendo assim, a preocupação pela origem do problema é reduzida, já que o objetivo é


compreender como os dias atuais lhe afetam e como você pode alterar a realidade
hoje.

16 - Constelações Sistêmicas e Familiares

A constelação familiar é um tipo de psicoterapia que leva em consideração que todo


ser humano faz parte de um sistema ou família.

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O paciente conta ao psicólogo seus problemas, e então, o profissional irá investigar


informações relevantes de sua família, como doenças, mortes, separações, brigas,
entre outros.

Após essa análise, o terapeuta irá notar padrões familiares que se repetem com o
passar dos tempos e como o paciente pode estar vivendo com a consciência de seus
antepassados, ao invés de agir levando em consideração sua própria essência.

Além dessas correntes psicoterápicas, existem algumas outras que podem ser
aplicadas em consultório, como:

17 - Psicoterapia Breve

A psicoterapia breve é um tratamento a curto prazo, com tempo e objetivos definidos.


Normalmente, é indicada para quem esteja passando por alguma crise emocional
aguda, que necessite de melhora imediata.

Na psicanálise, a postura do especialista costuma ser neutra e passiva. Já na


psicoterapia breve, o terapêuta se expressa de maneira ativa, e intervém nas falas do
paciente constantemente, visando um tratamento mais intensivo que traga melhorias
em um período pré-determinado.

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Psicoterapia em grupo permite a troca de experiências - Imagem: Shutterstock

18 - Psicoterapia em grupo

Na psicoterapia em grupo, se formam rodas de conversas, onde as pessoas podem


trocar experiências, identificando-se com as questões alheias.

O psicólogo atua como mediador dessa conversa, e os participantes da terapia


motivam-se entre si para enfrentar seus problemas.

19 - Psicoterapia em casal

Casais que buscam a psicoterapia conjunta tem o objetivo de resolver conflitos no


relacionamento, visando a melhora da qualidade de vida.

As expectativas de cada um acerca da relação são expostas em terapia, para que


ambas as partes cheguem a um acordo, sem a ocorrência de frustrações e mágoas.

20 - Psicoterapia online

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A psicoterapia online é uma alternativa para quem não pode gastar muito com uma
consulta presencial, ou não tem tempo para se deslocar até um consultório. Antes de
iniciar o tratamento, procure informações sobre o especialista para confirmar sua
veracidade.

Comumente, as sessões online acontecem por chamada de vídeo ou áudio, com


duração de aproximadamente uma hora. Realizar a psicoterapia pela internet pode
ser tão eficaz quanto em uma clínica. Tudo irá depender da abordagem terapêutica
do profissional, e de seu engajamento com o tratamento.

Como escolher um psicoterapeuta

É importante que você se sinta à vontade com seu terapeuta e que vocês estejam em
uma boa sintonia.

Psicólogos e pacientes trabalham juntos, portanto, não sinta medo de entrevistar


diversos especialistas antes de escolher um. Você pode fazer isso por telefone ou
durante sua primeira sessão.

Procure por alguém que faça você se sentir confortável e que transmita confiança.
Não se esqueça que você irá discutir questões profundas de sua existência em
consultório, portanto, é imprescindível que você esteja fazendo isso com a pessoa
certa.

O que você deve perguntar a si mesmo

Antes de iniciar a psicoterapia, é preciso refletir sobre alguns pontos, como por
exemplo, quais são seus objetivos com o tratamento, e como você irá bancar os
custos. Analise o impacto financeiro que isto lhe causará, além dos dias e horários
convenientes para sua rotina.

O que perguntar ao psicólogo

Questione o especialista sobre a experiência que ele tem em casos semelhantes aos
seus. Quanto tempo o profissional atua na área, quais são suas especialidades e qual
a abordagem psicoterapêutica utilizada por ele também são perguntas viáveis.

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Se você tem questões específicas que podem fazer você não querer realizar a
psicoterapia, compartilhar elas com o psicólogo pode ser útil.

Duração do tratamento

A duração da psicoterapia irá depender de diversos fatores: O tipo de problema ou


distúrbio emocional, as características e o histórico do paciente, as metas do
tratamento e a velocidade em que a pessoa faz progresso na terapia.

Algumas pessoas sentem-se aliviadas após uma única sessão de psicoterapia. Ter
contato com um psicólogo pode lhe oferecer novas perspectivas de vida, ajudando
você a ver as situações de maneira diferente, além de oferecer alívio para dores
emocionais.

A maioria das pessoas pode ser beneficiada após algumas sessões, especialmente
se não passou muito tempo lidando com a questão sozinha.

E mesmo que o seu conflito emocional não vá embora após breves sessões, é
possível que você se sinta confiante por ter feito algum progresso ao aprender novas
formas de lidar com suas dificuldades.

Pessoas que sofreram traumas, têm diversos conflitos internos ou que não sabem
exatamente a causa de sua infelicidade, podem passar mais tempo realizando o
tratamento. É importante não desanimar-se, pois resultados duradouros vêm com
tempo.

Como saber a hora de parar a terapia?

Paciente e terapeuta decidem juntos a hora de finalizar os trabalhos psicoterapêuticos.


Pode ser que um dia você vá dormir e perceba que acordou sem se preocupar com o
problema que o levava ao consultório.

Ou então, com o passar do tempo, é possível que você perceba que está lidando com
os seus conflitos de maneira saudável, sem sofrimento extremo.

O que acontece após o fim da psicoterapia?

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Em muitos casos, o psicólogo pode solicitar que você retorne ao consultório algumas
semanas ou meses após o término do tratamento, para checar se o que foi aprendido
na psicoterapia está sendo colocado em prática.

Porém, não pense que a psicoterapia tem início, meio e fim definidos. Você pode
resolver um problema e, algum tempo depois, ser confrontado com um novo.

Algumas das habilidades que você aprendeu durante o tratamento podem não se
adaptar a novas situações conflituosas e não há problemas nisso.

Não se sinta fraco por procurar ajuda novamente. Seu psicoterapeuta estará pronto
para lhe atender novamente, já sabendo seu histórico, o que pode ser útil em sessões
futuras.

E não é necessário estar enfrentando alguma crise para realizar a psicoterapia. Você
pode realizar um tratamento apenas para aumentar o seu bem-estar. Pense na
psicoterapia como uma grande aliada, que está disponível para tornar sua vida
melhor.

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2- AJUDA AO DEPENDENTE QUÍMICO

A reinserção social do dependente químico é algo que demanda força emocional para
superar diversos obstáculos, sobretudo o preconceito e o descrédito da sociedade.
Para muitos viciados, o recomeço da convivência em sociedade abrange a volta ao
mercado de trabalho, o retorno aos estudos, como também a tentativa de restabelecer
vínculos com os familiares e amigos.

Conforme o Relatório Mundial sobre Drogas de 2018, a quantidade de pessoas no


mundo que fez uso de entorpecentes ao menos uma vez no ano prosseguiu estável
em 2016. Sem dúvidas que para amenizar esses números e o retorno ao convívio
social não seja frustrante, o dependente de substâncias psicoativas precisa se
submeter a um tratamento especializado, a fim de que a sua reabilitação seja eficiente
e eficaz.

Dentre variados tipos de abordagens, há a internação, a qual consiste numa medida


mais intensa, cujo procedimento envolve um trabalho de desintoxicação e
consequente “limpeza do organismo”, com o uso de medicamentos para amenizar os
efeitos da abstinência e acompanhamento de médicos e psicólogos. A internação
pode ser voluntária, involuntária ou compulsória.

Neste post, falaremos a respeito do quanto a família é relevante para a retomada da


vida social do paciente usuário de drogas, das dificuldades para se inserir novamente
ao mercado de trabalho e das possíveis recaídas, as quais podem ser evitadas por
meio do apoio adequado. Confira!

A importância da família para a reinserção social do dependente químico

Dados estatísticos do Relatório Mundial sobre Drogas de 2018 demonstram que os


períodos da adolescência precoce (12 a 14 anos) e da adolescência tardia (15 a 17
anos) são de extremo risco em relação ao início do uso de substâncias psicoativas.

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Ademais, os resultados das pesquisas indicaram que essa situação pode atingir o pico
entre os jovens com idade entre 18 a 25 anos. Essa problemática só enfatiza o quanto
os familiares e as boas relações são fundamentais, pois podem prevenir que o
indivíduo use drogas ou o ajude a retomar a vida social após o tratamento contra o
vício.

É fato que uma família bem estruturada emocionalmente e nas relações entre os seus
componentes têm papel fundamental para que a reintegração do indivíduo à
sociedade seja bem-sucedida. A reinserção é um processo complexo, o qual envolve
diversos fatores, como a insegurança do dependente, a desconfiança da sociedade,
a dificuldade para encontrar emprego, entre outros.

Nesse sentido, o seio familiar tem uma essencial atribuição: fazer a pessoa se sentir
parte de um grupo, pelo qual ela pode ser amparada nos momentos de dificuldade. O
acolhimento da família vai desencadear no indivíduo dependente químico o
sentimento de pertença. Logo, saber que não está solitário nessa batalha contra o
vício é condição eficaz para revitalização.

Outra função da família é a de orientar o usuário de drogas. É natural que o paciente


se sinta perdido quanto às suas ações, pois se encontra em um processo de
recomeço. Assim, os que estão ao seu lado o fará compreender que a reinserção
social é algo lento e gradativo, que requer força de vontade para superar seus receios
e estigmas.

Também é necessário distanciamento das tentações e implementação de uma rotina


congruente com os objetivos do tratamento. Nesse momento, os valores éticos e
morais, que foram ensinados no seio familiar desde a infância devem ser retomados,
para que a pessoa os aplique como ser social e tenha o retorno esperado.

Nessa luta conjunta, os entes queridos, sobretudo os pais, precisam passar também
por um acompanhamento adequado, o qual visa, além do apoio psicológico, ensiná-
los a compreender as variáveis dessa retomada, a saber dialogar nos momentos de
adversidade e a estabelecer uma relação de confiabilidade, pois esses são elementos
indissociáveis desse trabalho de recomeço do indivíduo.
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Àqueles que convivem diretamente com o dependente de substâncias psicoativas são


fundamentais e aumentam consideravelmente as chances de superação do vício e
reconstrução da vida em sociedade. A solidariedade é condição imprescindível, em
que a compreensão e o afeto devolvem ao usuário a esperança de dias sóbrios.

Volta ao mercado de trabalho, os preconceitos e dificuldades

Certamente, o retorno à sociedade compreende a volta ao mercado de trabalho.


Sentir-se útil é fundamental nesse processo, pois acarreta elevação da autoestima e
da própria confiança. Entretanto, nessa ideia de reintegração surgem alguns
obstáculos que devem ser superados: o preconceito e outras dificuldades.

É comum que o preconceito social se faça presente na vida do dependente químico,


pois as pessoas o ligam a um histórico de problemas emocionais, nas relações
familiares e em sociedade. Diante dessas questões, o preconceito surge como
barreira, a qual pode ser superada por meio da demonstração de comprometimento
com o tratamento e capacitação profissional constante.

A própria falta de confiança e a de terceiros são dificuldades que também fazem parte.
A autoconfiança pode ser readquirida a cada vitória conquistada durante o projeto de
recuperação. Por intermédio das terapias, as crises existenciais, emocionais e de
abstinência são superadas, fatos que elevam a autoestima e própria credibilidade.

Quanto ao descrédito da sociedade, essa precisa compreender que o dependente


químico em recuperação não representa uma ameaça. O núcleo social,
principalmente no ambiente laboral, é parte imprescindível do tratamento. Assim,
quando o indivíduo é aceito, apesar da sua condição, isso serve como uma aplicação
extra de ânimo, a qual otimizará o seu projeto de recomeço no mercado de trabalho.

Desde o início, o ex-usuário precisa estar ciente do enfrentamento dessa


problemática. Entendendo essas questões, as chances de não ocorrerem quebras de
expectativas e frustrações aumentam. Assim, restam a disciplina constante para fazer
dar certo o tratamento e a regular capacitação profissional, para que, gradualmente,
a pessoa reconquiste o seu espaço no mercado de trabalho.
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O apoio é fundamental para evitar possíveis recaídas

O dependente químico em recuperação ainda tem vulnerabilidades emocionais e


fisiológicas, que precisam ser sanadas ao longo tempo. Qualquer abalo emocional,
como brigas, frustrações ou descontrole comportamental pode desencadear na
pessoa em reabilitação o desejo de usar drogas como forma de fuga e colocar tudo a
perder.

Diante dessa realidade, medidas estratégicas de apoio devem ser aplicadas. O


suporte tanto de profissionais especializados quanto de familiares e amigos é
essencial para prevenir possíveis recaídas. O acompanhamento terapêutico tem como
objetivo prever situações denominadas como gatilhos emocionais, a fim de que o
paciente possa se preparar e aprender a lidar com as situações que podem provocar
recaídas.

O dependente químico será orientado a buscar adquirir novos hábitos saudáveis, os


quais serão substitutos dos velhos costumes nocivos. Atividades como práticas
esportivas, hobbies, dedicação ao trabalho e estudos são instrumentos eficazes para
modificar o estilo de vida e evitar recaídas.

Estar com as pessoas certas, sem dúvidas, é o caminho ideal para prevenir
insucessos durante a reabilitação física e psicológica. Os entes queridos e os amigos
mais próximos têm fundamental função de cautelar o ex-usuário e blindá-lo de
exposições tanto a pessoas nocivas quanto a ambientes impróprios e degradantes. A
reinserção social deve ser vista pela perspectiva de combate a alguma recaída. Nesse
sentido, é preciso cuidado em relação a diversos fatores influenciadores negativos.

Portanto, neste post foi abordado pontos interessantes, os quais ajudam na reinserção
social do dependente químico, como a importância da família nesse processo
retomada, o enfrentamento do preconceito e das demais dificuldades na volta ao
mercado de trabalho e o quanto o apoio adequado é peça-chave para evitar recaídas.

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3- TRABALHADORES DEPENDENTES QUÍMICOS: ACOMPANHAMENTO


DEVE SER MULTIDISCIPLINAR

Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas, do Escritório das Nações Unidas sobre
Drogas e Crime (UNODC), 250 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos no mundo
haviam usado pelo menos uma droga em 2014. No Brasil, entre 2009 e 2013, o
número de auxílios-doença concedidos por transtornos mentais e comportamentais
pelo uso de drogas aumentou mais de 50%.

O crescimento da presença dessas substâncias, lícitas ou ilícitas, no cotidiano dos


trabalhadores, assim como os quadros de dependência química tornam o tema
também cada vez mais presente nas empresas e no cotidiano dos médicos do
trabalho.

“A mais comum e que causa maiores problemas é o álcool. Envolve faltas, atrasos,
conflitos de trabalho, erros, retrabalho, presenteísmo, entre outras preocupações. O
tabaco tem prejuízos importantes, mas que não se relacionam diretamente ao
trabalho, mas com consequências percebidas na saúde global do trabalhador. Em
terceiro lugar, há o crescimento da cocaína e seus derivados, com problemas
semelhantes aos do álcool”, pontua o psiquiatra Dr. Ricardo do Amaral, que ainda
enumera o consumo de opioides, especialmente entre profissionais da área de saúde.

A duração do acompanhamento, suas consequências e fatores externos são


obstáculos do processo. “A maior dificuldade é lidar com o que pacientes, colegas,
chefes, supervisores, familiares e amigos pensam sobre ‘cura’. O processo tende a
ser longo e envolve principalmente os prejuízos, ou danos, identificados pela pessoa
que procura ajuda”.

O quadro deve ser definido para que o acompanhamento do trabalhador seja


adequado. Além da dependência em si, é preciso avaliar as relações com colegas de
trabalho, convívio familiar e social, lazer, estresse, atividades físicas, entre outros
pontos.

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Segundo Dr. Ricardo, o tratamento deve abranger diversas áreas, além da médica.
“Precisamos desenvolver acompanhamentos abrangentes e longitudinais.
Profissionais das áreas de psicologia, serviço social, enfermagem, educação física,
nutricional são importantes da mesma forma”.

Além dos cuidados médicos ao indivíduo, o envolvimento da empresa e demais


trabalhadores em torno do tema contribui para o tratamento adequado. “É preciso
envolver todas as pessoas interessadas, promover a prevenção e estimular os locais
de trabalho a rever determinadas posturas relacionadas à omissão e à punição,
atitudes extremas que só contribuem para piorar o problema”, alerta.

Seminário Sudeste da ANAMT

“Saúde mental: O grande desafio do Médico do Trabalho” será o tema central do


Seminário Sudeste da ANAMT, em Belo Horizonte (MG). “O cuidado à saúde de
Trabalhadores Portadores de Dependência Química na Empresa será assunto de um
dos cursos do evento.

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4- AS DIMENSÕES BÁSICAS DO PAPEL DO TERAPEUTA EM

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

O interesse em tornar o Método de Minnesota conhecido é devido à total ignorância


do Método no campo do tratamento medicamentoso usado no país, quando, no
entanto, é geralmente usado em muitos países ao redor do mundo desde a década
de 1950 (HAZELDEN FOUDATION; 1993).

O objetivo geral é explicar e informar com base em pesquisa e documentação e, acima


de tudo, fornecer dados para ajudar na luta para encontrar soluções para a angústia
particular daqueles que sofrem com a escravidão às drogas.

Os objetivos específicos são descrever o método e discutir a sua aplicabilidade


terapêutica.

As razões para tornar este método conhecido baseiam-se na crença e na confirmação


de sua eficácia. Para começar, por causa da natureza integral do tratamento, que é
algo que não existe no atual ambiente de pesquisa em dependência de drogas. A falta
de coordenação entre os recursos para ajudar a luta contra o vício desumaniza o que
deveria ser um tratamento individual e contínuo e claramente personalizado. Esta
lacuna que pode ser vista é dada, principalmente por razões econômicas que não
permitem a construção de sinergias entre setores, que acusam a papelada como
perda de tempo, sendo na verdade o registro tão importante para as oportunidades
de quem espera receber um tratamento para deixar medicamentos (HAZELDEN
FOUDATION; 1993).

É um fato comprovado que aqueles que têm o poder econômico para ir a um centro
privado se beneficiam dos resultados positivos de sua aplicação, enquanto muitos têm
que renunciar a eles devido à falta de recursos suficientes. A precariedade de recursos
sociais torna difícil a aplicação de um método como este nos serviços públicos de
saúde, mas seria bom para estabelecer uma padronização do tratamento de
dependentes de álcool para o método Minnesota.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Com este propósito procedemos à descrição do mesmo. Diferentes aspectos clínicos


do atendimento terapêutico com pacientes dependentes do uso de substâncias são
apresentados ao longo do trabalho. Refere-se ao trabalho em clínicas especializadas
de tratamento, a intervenções psicoterapêuticas individuais e em grupo, ao modelo
assistencial de Minnesota e aos diferentes níveis terapêuticos.

2 TRAJETÓRIA HISTÓRICA

Antes da década de 1950, havia apenas um breve período de desintoxicação médica


e / ou internação em um hospital psiquiátrico como atendimento ao alcoólatra. Além
disso, faltavam recursos materiais, havia poucos profissionais que queriam trabalhar
e poucos eram treinados para ajudar alcoólatras. O modelo de tratamento surgiu da
chamada “Experiência de Minnesota”. É a aparência, entre 1948 e 1950 de três
centros de tratamento pioneiro para o alcoolismo no estado de Minnesota, EUA:
Pioneer House, Hazelden e Hospital Estadual de Willmar, que continua com um
trabalho clínico constante para desenvolver e avaliar este modelo abrangente de
atenção ao viciado (EDWARDS; MARSHALL; COOK, 2015).

A Hazelden Foundation distingue-se pela divulgação de pesquisas e observações do


trabalho clínico, e pelo ensino e publicação de documentação relevante no campo dos
vícios. A “Experiência de Minnesota” foi baseada em conceitos novos e
revolucionários, criando uma verdadeira filosofia de intervenção, radical, controversa
naquela época (HAZELDEN FOUDATION; 1993).
O modelo de reabilitação Minnesota é intensivo, de curta duração, e está na
vanguarda em termos de conhecimento atual para tratamentos de todos os tipos de
doenças viciantes. O modelo permite que o paciente não saia de seu ambiente, bem
como a incorporação precoce às suas atividades em um curto espaço de tempo,
características que são de grande benefício para o usuário, sua família e a sociedade.

No momento em que o modelo começa, apesar de não ser capaz de estabelecer uma
relação entre o vício e condição física ou psiquiátrica, foi sugerido que deve haver

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

consistência entre considerar o alcoolismo uma doença e não a pessoa responsável


por isso (HAZELDEN FOUDATION; 1993).

A implicação de que o paciente não é culpado e sua consequência terapêutica tem


sido fundamental para o modelo de Minnesota. Para os precursores do método, é
essencial trabalhar primeiro com o vício. Caso contrário, a recuperação de transtornos
psiquiátricos ou a modificação bem-sucedida de problemas sociais e / ou físicos é
perdida. Por outro lado, ajudar alguém a aceitar e enfrentar honestamente o vício e
não ajudá-lo a lidar com outros problemas incapacitantes da vida resultaria em
fracasso (EDWARDS; MARSHALL; COOK, 2015).

As consequências associadas ao vício foram agrupadas em multifacetadas, físicas,


psicológicas, sociais e espirituais, sendo o tratamento a intervenção direta no
processo primário. Essa era a ideia radicalmente nova, especialmente para
profissionais que aprenderam que o vício sempre foi um sintoma de alguma situação
subjacente (EDWARDS; MARSHALL; COOK, 2015).

O modelo concentra-se no crescimento espiritual, na dignidade da pessoa e defende


o conceito de doença sem cura, com cuidados contínuos na recuperação. Os objetivos
que se propõe alcançar são: recuperar o adicto para reinseri-lo na sociedade, em vez
de envolvê-los ou ignorá-los; trate-os com dignidade e ajudar a recuperar-se
fisicamente, mentalmente e espiritualmente (FERNÁNDEZ-LLIMÓS; FAUS, 2005).

Para o modelo, o conceito de doença é defensável do ponto de vista lógico e útil no


nível terapêutico. A anatomia do viciado pode ser comparada com a de outras doenças
“legítimas”. Também trata a dependência química como uma doença porque faz
sentido clínico: defende o tratamento humanitário para pessoas dependentes, melhora
o acesso ao tratamento e promove a abstinência (FERNÁNDEZ-LLIMÓS; FAUS,
2005).

A dependência química deve ser tratada como uma doença primária. Primário refere-
se à natureza do vício como uma entidade patológica separada de outros estados
fisiopatológicos que podem estar associados. Primário refere-se à dependência
química não é um sintoma de outro processo patológico subjacente. O modelo visa
atingir dois objetivos de longo prazo, de um lado, o de abstinência total das drogas e
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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

o segundo, de uma melhor qualidade de vida. Para atingir objetivos de longo prazo,
trabalhamos com os objetivos de curto prazo que são ajudar a pessoa viciada e sua
família a reconhecer a doença e as conseqüências que ela traz (JABER FILHO;
ANDRE, 2002).

Ajudar a pessoa a admitir que está doente e precisa de ajuda, e se convencer de que
pode viver uma vida construtiva com a realidade de uma doença que não tem cura.
Ajudar a pessoa a identificar quais são os comportamentos e / ou defeitos que ela tem
que modificar para ter uma melhor qualidade de vida.

3 PRESSUPOSTOS BÁSICOS DO MÉTODO DE MINNESOTA

3.1 Sinais E Sintomas Do Alcoolismo

É comum a negação do alcoolismo entre os próprios alcoólatras, médicos, amigos e


familiares, pelo menos por um período prolongado. E isso é um problema em si. Para
identificar o problema, existem sinais e sintomas quase idênticos, independentemente
da origem demográfica, da personalidade e da heterogeneidade sociocultural das
pessoas. Pensou-se que os critérios diagnósticos tinham que ser unificados e foi
apontado que todos os alcoólatras bebem excessivamente, independentemente da
forma de beber, da periodicidade ou da classe social a que pertencem (ALCOÓLICOS
ANÔNIMOS, s-d).

Além disso, o álcool é prejudicado por todas as pessoas e a maioria das pessoas
continua a beber por anos, mesmo que sua vida se torne complicada e perca a
qualidade.

4 A ESTRUTURA DO PROGRAMA DE TRATAMENTO

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Até a década de 1950 não havia um programa estruturado, mas um procedimento


curto com protocolos médicos de desintoxicação. A ideia desenvolveu que o
tratamento deveria ter um programa progressivo, assim como o alcoolismo era
considerado uma doença progressiva e crônica com diferentes fases. Decidiu-se que
o foco do modelo seria o cuidado e não a cura. O objetivo: ajudar o viciado a aprender
a viver com sua condição crônica. A filosofia básica do programa adotou os conceitos
do Programa dos Doze Passos de Alcoólicos Anônimos (AA). A confiança no valor do
AA veio principalmente de uma série de visitas informais a membros da comunidade
e proeminentes líderes do AA no estado de Minnesota (ALCOÓLICOS ANÔNIMOS,
s-d).

Profissionais não viciados queriam conhecer e aprender com os membros de AA para


acessar sua maneira de pensar e personalidade do viciado. Esta facilidade de acesso
foi dada pela experiência de profissionais que conheciam os ex-viciados tenham vivido
no seu corpo o que sentiram e este lhes proporcionou maior capacidade de empatia.

Pensou-se que para alcançar objetivos terapêuticos, seria melhor se os pacientes


vivessem em um espaço clínico. Decidiu-se criar um ambiente estruturado com uma
série de atividades organizadas para que os pacientes estimulassem mudanças
comportamentais. O tratamento foi pensado para ser curto e intensivo para produzir
uma mudança rápida. O objetivo seria desenvolver estratégias para ajudar cada adicto
a modificar o estilo de vida viciante (ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, s-d).

A equipe em que se pensava tinha que ser multidisciplinar. Tudo começou com um
grupo de equipamentos psiquiátrico hospital, médicos, assistentes sociais, psicólogos,
enfermeiros, sacerdotes e alguns alcoólicos em recuperação foram incluídos. Estes
últimos foram integrados para atuar como “conselheiros”. Sua tarefa era aproximar e
escoltar os pacientes, comunicar a filosofia do AA e ser um modelo de recuperação a
seguir pelos pacientes. A influência das estratégias de comunicação nos grupos e
conselhos de AA foi fundamental no desenvolvimento do programa.

Conselheiros em recuperação serviram para liderar grupos baseados em tarefas.


Identificando-se com os pacientes, eles puderam obter sua confiança para que
pudessem dar respostas honestas. O objetivo das reuniões do grupo era ajudar a

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

resolver problemas pessoais relacionados ao alcoolismo. Foi em um ambiente de


grupo, altamente estruturado e orientado para a tarefa, alguns pacientes podem
escapar à sua principal problema muito tempo (ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, s-d).

Pronto foi que alguns pacientes foram capazes de ajudar uns aos outros.
Informalmente, pequenos grupos não estruturados são formados, sem um líder.
Surpreendia o fato de pessoas doentes poderem se ajudar em alguns aspectos, sem
ajuda profissional. O paciente foi emancipado de uma tradicional relação passivo-
dependente com o profissional.

Sem a influência de administração de AA eu não tinha encontrado que quando um


grupo de companheiros de sofrimento se reúnem em uma estruturada para
compartilhar seu ambiente crônica e problemas comuns, ocorrem mudanças positivas.

Pessoas que não podem ajudar a si mesmos, às vezes, podem se ajudar mutuamente.
Outra de influências benéficas de AA era aprender o procedimento das suas reuniões
em seus aspectos didáticos. Nos grupos de autoajuda, os antigos membros ensinam
os novos. Eles vão assistir e ouvir palestras curtas e explicações sobre compreensão
e experiência pessoal dos Doze Passos do A. A (ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, s-d).

Como resultado desta descoberta, uma série de palestras para pacientes foi
desenvolvida. De fato, as conferências se tornaram a espinha dorsal do programa.
Uma razão para a eficácia desta abordagem educativa pode ser associada com o
anonimato de proteção de palestras em sala de aula. Neste ambiente, os pacientes
podem reconceitualizar sua própria situação sem medo de exposição a outros
pacientes ou equipe profissional e, especialmente, sem medo de ter de fazer
revelações pessoais ou embaraçosas porque uma das regras é que não há diz que
não transcenda esse espaço.

4 FASES FUNDAMENTAIS DO TRATAMENTO

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

O tratamento pode ser resumido em termos de um processo dinâmico sequencial ou


como um programa de três fases sistemáticas relacionadas (ALCOÓLICOS
ANÔNIMOS, s-d):

1. Aceite impotência sobre drogas: O primeiro objetivo do tratamento, uma vez que o processo de
desintoxicação e avaliação diagnóstico é para ajudar o paciente a admitir e aceitar que é
impotente perante o álcool ou outras drogas que alteram o humor. Nesta fase, ele ajuda a aceitar
o fato de que a vida se tornou incontrolável por causa do vício. É o primeiro dos Doze Passos
da filosofia de AA e é uma tentativa de quebrar a negação.
2. Reconhecer a necessidade de mudança: Agora o paciente é ajudado a reconhecer que é vital
para mudar seu comportamento para a sobrevivência. Devemos transmitir a ele que ele tem a
capacidade de fazer mudanças. Outro aspecto importante é ajudar o paciente a ver que a
estrutura do programa, a rotina básica para realizá-lo, é o veículo para, em seguida, faça as
alterações. O período de detenção é o tratamento, a recuperação será alcançada depois de
colocar em prática o que foi aprendido no programa. O paciente é introduzido no SHG, AA ou
NA, como uma ferramenta essencial para o trabalho para executar a recuperação.
3. Plano para agir: O terceiro objetivo do tratamento é ajudar o paciente a agir, tomar decisões e
alterar os comportamentos que precisam mudar. O objetivo é apoiar o paciente. Ele começa a
visualizar o que vai precisar e ser capaz de fazer mudanças em seu estilo de vida.

5 CUIDADOS CONTÍNUOS

O Modelo de Minnesota tornou-se parte integrante do grau em que foi capaz de


estabelecer uma rede de serviços essenciais, onde o tratamento faz parte dos
cuidados continuados. O paciente deixa o tratamento preparado para a próxima fase,
com um plano para trabalhar em sua recuperação. Fica em contato para receber apoio
de uma rede de atendimento organizada pelo centro de tratamento. A maioria dos
pacientes retorna diretamente ao ambiente anterior, com a recomendação de se juntar
ao grupo AA ou NA em sua localidade ou outro grupo de referência (JABER FILHO;
ANDRE, 2002).

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Outros transferem-se para uma “casa intermediária”, onde continuam a receber


tratamento, integram-se em sua vida profissional e transferem-se para cuidados
psicológicos ou médicos especializados. Em Minnesota, foi possível verificar que
existe uma relação entre o número de pessoas recuperadas e o desenvolvimento da
extensão da rede de atenção contínua (JABER FILHO; ANDRE, 2002).

6 CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO DE COMUNIDADE TERAPÊUTICA

Atualmente, a prestação de serviços de assistência a toxicodependentes é


relativamente ampla, variada e bem conhecida. A escolha do contexto e da
modalidade de intervenção deve basear-se nas demandas de um plano de tratamento,
nas necessidades do paciente e nas características dos serviços disponíveis. A priori,
os pacientes devem ser tratados no ambiente menos restritivo possível com relação
ao acesso a substâncias e outros comportamentos de risco, que têm a maior
probabilidade de serem seguros e eficazes. As decisões sobre o local de tratamento
devem levar em consideração (JABER FILHO; ANDRE, 2002):

– Desejo e capacidade do paciente de cooperar e se beneficiar do tratamento.

– Sua necessidade de estrutura, apoio e supervisão para se manter seguro e longe


de atividades e ambientes que promovam o uso e abuso de substâncias.

– A necessidade específica de tratamentos para comorbidades médico-psiquiátricas.

– Necessidade de tratamentos específicos ou uma intensidade de tratamento


disponível em ambientes específicos e

– A preferência por um dado tratamento.

Os pacientes devem ser encaminhados de um nível de atenção para outro com base
nesses critérios e na avaliação clínica da disposição do paciente e na possibilidade
de se beneficiar de um nível mais baixo de assistência.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Estudos comparando os benefícios relativos de diferentes modalidades de tratamento


apresentam vários problemas metodológicos derivados da heterogeneidade das
amostras e tipos de programas, altas taxas de abandono, diferentes resultados, etc.
No entanto, alguns critérios podem definir a indicação de tratamento em uma
comunidade terapêutica para problemas de abuso ou dependência de drogas (JABER
FILHO; ANDRE, 2002).

CONCLUSÕES

A condição de ex-dependentes dos terapeutas é positivamente valorizada. A


toxicodependência é reconhecida como uma doença. A terapia é importante pra o
tratamento. O envolvimento da família no tratamento é fundamental. É muito
importante a localização no mesmo centro de todos os processos do tratamento. A
mudança de hábitos é fundamental para a reabilitação e o acompanhamento no centro
após o tratamento evita recaídas. A abstinência é o objetivo de acabar com o vício e
todos os pacientes experimentam uma mudança positiva e radical e recomendam o
tratamento.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

5- IMPORTÂNCIA DA TERAPIA NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

A dependência química é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como


um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se
desenvolvem após o uso repetido de determinada substância.
A dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa específica (por
exemplo, o fumo, o álcool ou a cocaína), a uma categoria de substâncias psicoativas
(por exemplo, substâncias opiáceas) ou a um conjunto mais vasto de substâncias
farmacologicamente diferentes.
O que causa a dependência química?
A dependência química é uma doença crônica e multifatorial. Isso significa que
diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e
frequência de uso da substância, a condição de saúde do indivíduo e fatores
genéticos, psicossociais e ambientais.
Fatores de risco
Determinadas características ou situações podem aumentar a probabilidade de
surgimento e/ou agravamento de problemas com o álcool e outras drogas. Essas
situações são conhecidas como fatores de risco. Entre eles, pode-se destacar a
genética, transtornos psiquiátricos (ex: transtornos de conduta), falta de
monitoramento dos pais, disponibilidade do álcool e drogas, etc.
Quais os sintomas de dependência química?
Os principais sintomas são o desejo incontrolável de usar a substância, a perda de
controle (não conseguir parar depois de ter começado), aumento da tolerância
(necessidade de doses maiores para atingir o mesmo efeito obtido com doses
anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da
substância), entre outros.
Quando a pessoa, quando dependente química, tem crises de abstinência do vício,
pode sofrer sintomas como a sudorese extrema, tremores, ansiedade profunda
e depressão.
Quanto tempo leva para eu me tornar dependente a uma droga?

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Se tornar dependente de uma droga é um processo que pode ser bastante rápido e
depende muito do tipo de droga, da idade em que se começa o uso e de uma
propensão
genética ou não de se tornar dependente mais facilmente.
Drogas como o crack ou a heroína, por exemplo, podem causar dependência
desde os primeiros usos.
Sabe-se que quanto mais cedo se começa a usar drogas, maior é a chance de se
tornar dependente. Pessoas que têm familiares que são dependentes também têm
maior tendência a se tornarem dependentes.
Mas “tal” droga não causa dependência! E se eu conseguir controlar?
Muitas pessoas acreditam que são capazes controlar o uso de uma droga, usando-a
só esporadicamente. No entanto, esta é uma ideia completamente falsa. A cada
exposição à droga, o usuário está correndo o risco de perder o controle e de se tornar
dependente (não há nenhuma regra para o momento exato em que isso pode
acontecer).
É impossível de avaliarmos nosso risco genético de nos tornarmos dependentes por
conta própria. Desconhecendo este risco, fica impossível saber quem irá usar a droga
e se tornar dependente e que não irá se tornar dependente (sim, também existem
esses casos, mas como saber se você é um deles? Vale a tentativa de arriscar a sua
vida?).
Lembrando que a exposição repetida, a precocidade do início do uso de drogas,
alguns fatores sociais, genéticos e pessoais podem facilitar o desenvolvimento da
dependência.
Dependência química não é uma questão de simples força de vontade.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Prevenir é a melhor escolha


Não entrar no ciclo de tentativa de drogas é o melhor a ser feito.
Se estamos falando sobre uma pessoa que se encontra no quadro de dependência
química, e quer prevenir novas recaídas, sugere-se que o paciente mantenha o
acompanhamento de profissionais especializados e o apoio de pessoas queridas, que
podem ser amigos, familiares.
Como conviver com o prognóstico?
A dependência química geralmente representa um impacto profundo em diversos
aspectos da vida do indivíduo e também daqueles que estão ao seu redor.
Dada a sua complexidade, é interessante que os programas de tratamento sejam
realmente múltiplos, para atender às diversas necessidades do paciente (aspectos
sociais, psicológicos, profissionais), sendo mais eficaz na alteração dos padrões de

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

comportamentos que o levam ao uso da substância, assim como seus processos


cognitivos e seu funcionamento social.
Para manter-se livre das drogas, o indivíduo terá que realizar uma série de mudanças
em seu estilo de vida.
É recomendado que a pessoa evite locais e situações que sejam associados ao uso
da droga, para reaprender sobre outras fontes de prazer (que não as que estejam
relacionadas ao consumo).
Geralmente, pessoas com problemas de dependência afastam-se de todas as formas
de lazer que tinham antes, hobbies, relacionamentos, etc. É importante retomar à vida
anterior, afastando-se de pessoas e ambientes que induzam ao uso da substância.
Essa pode ser uma das tarefas mais difíceis no processo de recuperação, mas é
possível realizá-la.
Se você é dependente químico ou conhece alguém que está passando pelo processo
de superação do vício, convide a pessoa para participar de atividades sociais
divertidas e saudáveis, para que ele realmente perceba que pode ser feliz sem o uso
da substância!
Qual é a real importância de buscar ajuda de um psicólogo na dependência química?
É importante que o indivíduo com dependência química procure ajuda com
profissionais de Psicologia quando ocorrem situações nas quais a substância está
influenciando negativamente a saúde física e/ou rotina, funções acadêmicas e/ou
profissionais e as relações interpessoais.
Os critérios do “Manual Estatístico e Mental de Transtornos Mentais”, da Associação
Americana de Psiquiatria, e “Classificação Internacional de Doenças”, da Organização
Mundial da Saúde (OMS), são os mais comumente empregados para o diagnóstico
dos transtornos relacionados ao uso de substâncias, e esse diagnóstico,
primeiramente, só pode ser feito por um conjunto de laudos de profissionais
qualificados (médico, psiquiatra, psicólogo).
Variados questionários de autopreenchimento (tais como ASSIST, CAGE, AUDIT) e
testes sanguíneos também têm sido empregados, em contexto clínico, com tais fins,
mas não podem ser considerados como substitutos de uma cuidadosa entrevista
clínica.
Falar sobre o assunto é importante, e fazer isso em um ambiente seguro e
profissional é de extrema importância.
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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Quando o paciente é diagnosticado, é importante que além do tratamento para a


dependência química, o indivíduo também tenha acompanhamento para garantir a
melhora de sua saúde como um todo, uma vez que a saúde mental é sempre
comprometida quando sentimos que estamos passando por uma fase difícil tal como
essa.
Tratamento específico para dependência química
O tipo de ajuda mais adequado para cada pessoa depende de suas características
pessoais, da quantidade e padrão de uso de substâncias e se o mesmo apresenta
problemas de ordem emocional, física ou interpessoal decorrentes desse uso, o que,
como mencionado, é muito comum de acontecer.
A avaliação do paciente pode envolver diversos profissionais da saúde, como médicos
clínicos e psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, educadores físicos,
assistentes sociais e enfermeiros.
Quando diagnosticada, a dependência química deve contar com acompanhamento a
médio-longo prazo para assegurar o sucesso do tratamento, que varia de acordo com
a progressão e gravidade da doença.
Uma das indicações é a da Terapia Cognitiva Comportamental, por ser uma
abordagem terapêutica estruturada, diretiva, com metas claras e definidas pelo
psicólogo e paciente, focada no momento presente e utilizada para tratar diversos
comportamentos disfuncionais.
Dependência química tem cura?
Não podemos afirmar que há uma cura para a dependência química.
A dependência química é uma doença crônica, assim
como diabetes e hipertensão. Porém, essa doença é totalmente passível de
tratamento.
Vale ressaltar que além de cessar o consumo, um tratamento eficaz é aquele que
consegue auxiliar o indivíduo a retomar o funcionamento produtivo na família, no
trabalho, na sociedade e no trabalho.
De acordo com o National Institute on Drug Abuse (NIDA), estima-se que cerca de
60% dos pacientes tem recaída. A recaída é praticamente parte do processo
terapêutico e indica que o tratamento deve ser revisto e ajustado, mas nunca
abandonado.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

6- PROJETO REGULAMENTA OFÍCIO DE TERAPEUTA EM DEPENDÊNCIA


QUÍMICA

A Câmara analisa o Projeto de Lei 7424/10, do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que
regulamenta o exercício da profissão de terapeuta em dependências químicas. Pelo
projeto, o ofício só poderá ser exercido por pessoas que possuírem certificado de
curso técnico específico e profissionalizante, expedido por escolas oficiais ou
reconhecidas ou por instituições legalmente capacitadas e registradas.

Segundo o autor, os terapeutas em dependência química atuarão no tratamento e na


recuperação de usuários de drogas, lícitas ou ilícitas, e também de seus familiares.
Em geral, compõem equipe interdisciplinar na área de saúde mental e são uma
referência para orientar, atender e encaminhar o dependente químico para o
tratamento mais adequado.

As atribuições do terapeuta em dependência química incluem, entre outras, as


seguintes atividades:
- ministrar seminário e palestras sobre dependência química;
- propor e acompanhar a desintoxicação domiciliar;
- organizar reuniões de apoio aos dependentes e familiares;
- prestar atendimento individual ao cliente;
- supervisionar os estagiários da área;
- elaborar e auxiliar entidades na formulação de propostas e projetos;
- implantar, implementar, acompanhar e supervisionar programas de sua área de
atuação em empresas.

Curso técnico
Poderão participar do curso específico para formar o terapeuta em dependência
química as pessoas com nível médio completo. Com carga horária mínima de 1,2 mil
horas de aulas teóricas e práticas, os cursos serão realizados em escolas de nível
médio, faculdades ou instituições legalmente capacitadas. Já os estágios práticos
supervisionados ocorrerão em hospitais, clínicas, escolas ou na própria comunidade.
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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Também serão reconhecidos os terapeutas que, na data da promulgação da lei,


comprovarem efetivo exercício da profissão por quatro anos seguidos ou seis
intercalados. Será considerada válida ainda a certificação em curso com carga de 480
horas, complementado por curso de nível superior ou técnico, ou a formação
específica em instituições estrangeiras, iguais ou assemelhadas.

O deputado Dr. Rosinha afirma que o projeto é inovador e vai proporcionar


credibilidade, segurança e qualidade no atendimento, em razão da exigência de
certificação técnica para o exercício da profissão.

Tramitação
Sujeito à análise conclusivaRito de tramitação pelo qual o projeto não precisa ser
votado pelo Plenário, apenas pelas comissões designadas para analisá-lo. O projeto
perderá esse caráter em duas situações: - se houver parecer divergente entre as
comissões (rejeição por uma, aprovação por outra); - se, depois de aprovado pelas
comissões, houver recurso contra esse rito assinado por 51 deputados (10% do total).
Nos dois casos, o projeto precisará ser votado pelo Plenário., o projeto será
examinado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Trabalho, de
Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Reportagem - Luiz Claudio Pinheiro

Edição - Noéli Nobre

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

REFERÊNCIAS

https://www.minhavida.com.br/bem-estar/tudo-sobre/16605-psicoterapia>acesso em
14/12/2020

https://www.anamt.org.br/portal/2017/08/03/saude-dos-trabalhadores-com-
dependencia-quimica-acompanhamento-deve-ser-multidisciplinar-e-
abrangente/>acesso em 14/12/2020

https://hospitalsantamonica.com.br/como-posso-ajudar-na-reinsercao-social-do-
dependente-quimico/>acesso em 14/12/2020

https://clinicajorgejaber.com.br/novo/2018/12/as-dimensoes-basics-do-papel-do-
terapeuta-em-dependencia-quimica/>acesso em 14/12/2020

https://blog.psicologiaviva.com.br/dependencia-quimica/>acesso em 14/12/2020

https://www.camara.leg.br/noticias/142890-projeto-regulamenta-oficio-de-terapeuta-
em-dependencia-
quimica/#:~:text=Poder%C3%A3o%20participar%20do%20curso%20espec%C3%A
Dfico,faculdades%20ou%20institui%C3%A7%C3%B5es%20legalmente%20capacita
das.>acesso em 14/12/2020

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