Você está na página 1de 4

Disciplina: Técnicas Psicoterápicas Psicanalíticas

Discente: Giulia Karine Fontele Fernandes


Docente: Weidila Nink Dias
Período: 8° B
Matrícula: 1202012252

REVISÃO
1. Com base na psicanálise freudiana, defina que é a noção conceitual repetição.
Qual é a sua aplicabilidade clínica?
Na psicanálise freudiana, a noção conceitual de repetição refere-se ao padrão
inconsciente de uma pessoa repetir padrões comportamentais, emocionais ou
relacionais, muitas vezes ligados a experiências passadas significativas. Freud
destacou isso no contexto da transferência, onde padrões interpessoais prévios são
repetidos no relacionamento terapêutico.
Aplicabilidade clínica: A repetição desempenha um papel essencial na análise, uma
vez que oferece ao terapeuta uma visão das dinâmicas inconscientes do indivíduo.
Ao identificar e investigar tais padrões repetitivos, a psicanálise procura trazer à luz
questões não tratadas, possibilitando ao paciente uma compreensão mais
aprofundada de seus conflitos internos. Essa abordagem pode resultar em
transformações benéficas na maneira como a pessoa enfrenta obstáculos e se
relaciona.

2. Qual é a função dos sonhos no processo de uma análise?


Na psicanálise, os sonhos têm uma importância fundamental. São vistos como a
"estrada" para o inconsciente, possibilitando que pensamentos e desejos reprimidos
se manifestem de forma simbólica. A interpretação dos sonhos, conforme delineado
por Freud, auxilia na exposição de conflitos internos, desejos silenciados e aspectos
psicológicos subjacentes, oferecendo valiosos entendimentos para o processo
terapêutico.

3. Na clínica psicanalítica, de que modo transcorre o "tratamento" ou a "cura"?


Na clínica psicanalítica, o processo terapêutico não é exatamente focado na "cura"
no sentido tradicional, mas sim na compreensão e no enfrentamento dos conflitos,
traumas e questões inconscientes que afetam o indivíduo. O tratamento
psicanalítico, conduzido por um psicanalista treinado, normalmente segue algumas
etapas:
● Entrevista inicial: O paciente e o psicanalista se encontram para discutir os motivos
que levaram o paciente a buscar ajuda. É um momento para estabelecer a relação
terapêutica, estabelecer confiança e entender a dinâmica entre paciente e
terapeuta;
● Sessões regulares: As sessões são geralmente realizadas uma ou mais vezes por
semana e têm uma duração fixa. O paciente é encorajado a falar livremente sobre
seus pensamentos, emoções, sonhos e memórias, enquanto o terapeuta escuta
atentamente, buscando identificar padrões e significados ocultos;
● Análise do inconsciente: A psicanálise se concentra na exploração do inconsciente
do paciente, onde estão armazenadas emoções, desejos e memórias reprimidas. O
objetivo é trazer à tona esses conteúdos inconscientes para que o paciente possa
compreendê-los e lidar com eles de maneira mais saudável;
● Transferência e contratransferência: Durante o processo terapêutico, podem surgir
emoções intensas em relação ao terapeuta (transferência) e vice-versa
(contratransferência). Estas emoções são consideradas importantes para
compreender aspectos não resolvidos da vida do paciente;
● Interpretação: O psicanalista pode oferecer interpretações ao paciente, fornecendo
insights sobre padrões de comportamento, emoções reprimidas ou conflitos
inconscientes. Essas interpretações são destinadas a trazer consciência e
promover a mudança;
● Conclusão do tratamento: O tratamento psicanalítico não tem um período de tempo
fixo. Pode durar meses ou anos, dependendo das necessidades do paciente e do
progresso alcançado. Geralmente, termina quando o paciente alcança maior
autoconhecimento e capacidade de lidar com suas questões de maneira mais
adaptativa.
É importante notar que a psicanálise não promete uma "cura" definitiva no sentido
convencional, mas visa possibilitar uma compreensão mais profunda do
funcionamento psíquico do indivíduo, permitindo-lhe enfrentar seus desafios de
maneira mais consciente e adaptativa.

4. Quais são as diferenças entre a neurose e a psicose?


A neurose é uma condição psicológica que se caracteriza pelo sofrimento psíquico,
gerando desconforto em muitas pessoas. A psicose, por sua vez, é um transtorno
mental grave que afeta a forma como uma pessoa percebe a realidade e se
relaciona com os outros.
Desse modo, a neurose é um termo usado para designar um conjunto de sintomas
mentais que afetam a pessoa emocionalmente, podendo interferir em sua vida
cotidiana, mas sem causar um sofrimento psicológico muito grave.
Enquanto a psicose é um termo utilizado para designar um transtorno psicológico
grave que causa alterações significativas na personalidade e no comportamento de
uma pessoa. A psicose pode ser causada por problemas orgânicos, como tumores
cerebrais, ou por condições psiquiátricas, como transtorno bipolar.
5. Para que serve o diagnóstico na clínica psicanalítica? Em que ele se baseia?
O propósito do diagnóstico na clínica psicanalítica é compreender e esclarecer os
processos mentais subjacentes aos sintomas apresentados pelo paciente. Ao
contrário do diagnóstico em abordagens mais convencionais da psiquiatria, que
geralmente se baseiam em categorias nosológicas (como os transtornos descritos
no DSM, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o diagnóstico
psicanalítico busca compreender as dinâmicas inconscientes que possam estar
contribuindo para o sofrimento do indivíduo.
Na psicanálise, o diagnóstico é fundamentado em uma análise profunda da história
de vida do paciente, seus relacionamentos afetivos, experiências na infância,
dinâmicas familiares, traumas e outros elementos que possam influenciar seu
funcionamento mental. Trata-se de um processo que leva em conta a subjetividade
do indivíduo, ultrapassando a simples identificação de sintomas observáveis.

6. Qual é a importância do lembrar na clínica psicanalítica?


No que diz respeito à relevância do processo de lembrança na clínica psicanalítica,
esta está intrinsecamente ligada à recuperação e à compreensão das experiências
passadas do paciente. A psicanálise sustenta a ideia de que eventos, pensamentos
e emoções do passado exercem uma influência significativa no presente, e que
trazer à consciência (lembrar) esses elementos pode propiciar uma compreensão
mais profunda dos padrões comportamentais e dos conflitos psíquicos.
O ato de lembrar na psicanálise está associado ao resgate da memória reprimida.
Freud, o pioneiro da psicanálise, postulou que experiências traumáticas ou
emocionalmente carregadas frequentemente são reprimidas para o inconsciente
como uma estratégia de defesa psíquica. O trabalho terapêutico na psicanálise
consiste na exploração dessas memórias reprimidas e na compreensão de como
elas continuam a influenciar a vida do indivíduo.
7. Quais são os aspectos centrais de uma neurose obsessiva?
Na abordagem psicanalítica, a neurose obsessiva é identificada por pensamentos
intrusivos (denominados "pensamentos obsessivos"), padrões comportamentais
repetitivos e compulsões mentais. Estes comportamentos são notáveis por serem
uma tentativa de enfrentar ansiedades profundas por meio de rituais mentais ou
ações repetitivas. Frequentemente, a pessoa enfrenta conflitos internos intensos e
busca alívio por meio desses padrões repetitivos, os quais podem ter um impacto
significativo na rotina diária.

8. Quanto a uma histeria, quais são os aspectos que permitem identificá-la no


curso de uma análise?
Na psicanálise, a histeria é considerada um termo que descreve um conjunto de
sintomas e padrões de comportamento associados a conflitos psíquicos não
resolvidos. É importante observar que o termo "histeria" não é amplamente utilizado
na psicanálise contemporânea devido à evolução dos conceitos e terminologias. No
entanto, historicamente, a histeria foi considerada um transtorno psíquico com
características específicas, algumas das quais podem ser identificadas no curso de
uma análise psicanalítica:
● Sintomas físicos conversivos: Os pacientes histéricos frequentemente
manifestavam sintomas físicos sem base orgânica evidente. Podiam
apresentar paralisias, cegueira, convulsões ou outras manifestações físicas
que pareciam ser de origem neurológica, mas não tinham explicação
médica;
● Expressão emocional intensa e dramática: A histeria era frequentemente
associada a expressões emocionais intensas, com mudanças abruptas de
humor, dramatização e reações exageradas a situações cotidianas. Essas
expressões emocionais podem ser desproporcionais ao evento
desencadeador;
● Histórico de trauma ou conflito emocional não resolvido: Pacientes histéricos
muitas vezes tinham históricos de experiências traumáticas não
processadas ou conflitos emocionais não resolvidos. Esses eventos ou
conflitos podiam ser reprimidos ou não integrados à consciência do
indivíduo;
● Relação com a sexualidade: A histeria, como entendida por Sigmund Freud
e outros primeiros psicanalistas, frequentemente tinha uma ligação com
questões sexuais reprimidas ou traumas relacionados à sexualidade.
Durante uma análise psicanalítica, o psicanalista pode identificar aspectos que se
assemelham a essas características históricas associadas à histeria. No entanto, é
essencial compreender que a abordagem psicanalítica visa explorar além dos
sintomas superficiais, buscando entender os significados subjacentes aos sintomas
e como esses conflitos psíquicos afetam o funcionamento do indivíduo.
Além disso, a terminologia e a compreensão da histeria mudaram ao longo do
tempo na psicanálise, e muitos dos conceitos e perspectivas iniciais foram
modificados ou ampliados à medida que a disciplina evoluiu. Portanto, a
identificação da histeria no contexto da psicanálise contemporânea pode ser mais
complexa e contextualizada de acordo com a compreensão individual do paciente e
suas dinâmicas inconscientes.

Você também pode gostar