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PSICOPATOLOGIA e SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA

Profª Rosylene Machado Pelegrini


Médica Psiquiatra
1.NOÇÕES INICIAIS

Semiologia

▪ Sinais comportamentais objetivos (observáveis)


▪ Sintomas (vivências subjetivas relatadas pelo paciente)

Semiologia:

Estuda especificamente os sinais e sintomas produzidos pelos transtornos mentais

Semiotécnica:

▪ Refere-se aos procedimentos específicos de observação e coleta dos sinais e sintomas,


assim como de sua interpretação

▪ No caso dos transtornos mentais, o instrumento fundamental é a entrevista, com o


paciente, os familiares e demais pessoas que com ele convivem.

▪ A relação entre examinador e examinando é fundamental para a coleta de dados.

▪ É fundamental o “como” e o “quando”, fazer as perguntas, assim como o modo de


interpretar as respostas e a decorrente formulação de novas perguntas.

▪ É importante sobretudo a “observação” minuciosa, atenta e perspicaz do


comportamento do paciente, o conteúdo de seu discurso e seu modo de falar, sua
mímica, postura, vestimenta, a forma como reage, seu estilo de relacionamento com o
entrevistador, com outros pacientes e com seus familiares
Semiologia

▪ Síndromes são agrupamentos relativamente constantes e estáveis de


determinados sinais e sintomas

▪ A síndrome é puramente uma definição descritiva de um conjunto momentâneo e


recorrente de sinais e sintomas.

▪ A noção de síndrome em psicopatologia clínica tem sido menos utilizada por não
ser adotada pela CID e pelo DSM.

▪ Entidades nosológicas, doenças, ou transtornos específicos são fenômenos


mórbidos nos quais se podem identificar (ou pelo menos presumir) determinados
fatores causais (etiologia), um curso relativamente homogêneo, estados terminais
típicos, mecanismos psicológicos e psicopatológicos característicos, antecedentes
genético-familiares algo específicos e respostas a tratamentos mais ou menos
previsíveis.
Definição de Psicopatologia

▪ Pode ser definida como o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento


mental do ser humano

▪ Conhecimento que se esforça por ser sistemático, elucidativo e desmistificante.

▪ Não há julgamento moral do objeto, se busca apenas observar, identificar, e


compreender os diversos elementos da doença mental.

Conceito de Normalidade

O conceito de normalidade em psicopatologia implica também na própria definição


do que é saúde e do que é doença mental, definição que tem repercussões em várias áreas
da saúde mental

Critérios de Normalidade

Os critérios são multidimensionais:

Tem-se no mínimo 9 critérios, sendo que o mais divulgado é o usado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS)

Normalidade como bem-estar (segundo OMS)

E os outros 8 critérios? Detalhes em anexo

1. Normalidade como ausência de doença


2. Normalidade ideal
3. Normalidade estatística
4. Normalidade funcional
5. Normalidade como processo
6. Normalidade subjetiva
7. Normalidade como liberdade
8. Normalidade operacional

Princípios Gerais de Diagnóstico

Apesar de ser absolutamente imprescindível considerar os aspectos mais pessoais,


singulares de cada indivíduo, sem um diagnóstico psicopatológico aprofundado não se
pode nem compreender adequadamente o paciente e seu sofrimento, nem escolher o tipo
de estratégia terapêutica mais adequada.

Princípios Gerais de Diagnóstico


▪ Há no processo diagnóstico uma relação dialética permanente entre o particular,
individual (paciente específico, pessoa em particular), e o geral e universal (categoria
diagnóstica). Portanto, não nos esqueçamos: os diagnósticos são “idéias” (construtos),
fundamentais para o trabalho científico, para o conhecimento do mundo, mas não
objetos reais e concretos.

▪ Os limites da ciência psicopatológica consistem precisamente em que nunca se pode


reduzir inteiramente o ser humano a conceitos psicopatológicos

▪ A ciência psicopatológica é tida como uma das abordagens possíveis do homem


mentalmente doente, mas não a única e exclusiva.

▪ A psicopatologia sempre perde aspectos essenciais do homem, principalmente nas


dimensões existenciais, estéticas, éticas e metafísicas.

▪ Não se pode compreender ou explicar tudo o que existe em um homem por meio de
conceitos psicopatológicos.

▪ Deve-se manter-se em duas linhas paralelas de raciocínio clínico:


1) uma linha diagnóstica, baseada fundamentalmente no cuidadosa descrição
evolutiva e atual dos sintomas que, de fato, o paciente apresenta,

2) e uma linha etiológica, que busca na totalidade de dados biológicos,


psicológicos e sociais uma formulação hipotética plausível sobre os possíveis fatores
etiológicos envolvidos no caso.

Diagnóstico descritivo
Classificações nosológicas:

a) CID10 – Classificação Internacional das Doenças – 10ª edição


b) DSM V – Manual Estatístico das Doenças Mentais – 5ª edição

ANÁLISE PSICOPATOLÓGICA

A PSICOPATOLOGIA se importa com a FORMA de cada função psíquica, os conteúdos têm


uma importância secundária.

Ex.: a forma de um livro é aquilo que faz com que reconheçamos que se trata
de um livro, e o conteúdo é sua mensagem.

SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA

HISTÓRIA CLÍNICA:

a) ANAMNESE
b) EXAME FÍSICO
c) EXAME DO ESTADO MENTAL
d) EXAME COMPLEMENTARES

ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA

▪ Obtenção de informações valiosas para o diagnóstico clínico, para o


conhecimento da dinâmica afetiva do paciente e o que pragmaticamente é mais
importante para uma melhor intervenção e planejamento terapêuticos.
▪ A técnica e a habilidade em realizar entrevista é um atributo fundamental e
insubstituível do profissional de saúde.

Principais aspectos da avaliação psicopatológica:


a) Anamnese – Histórico dos sintomas e sinais e sintomas; antecedentes pessoais
e familiares, e meio social.
b) Exame psíquico - Exame do estado mental

EXAME PSIQUIÁTRICO
CONCEITO
“O exame psiquiátrico é a ferramenta que o terapeuta possui, para não só
classificar o que se passa com o paciente, mas principalmente ter uma forma de
entender toda abrangência e complexidade de seu sofrimento.”
Por intermédio de uma entrevista realizada com arte e técnica, o profissional poderá
obter informações valiosas para o diagnóstico clínico, para o conhecimento da
dinâmica afetiva do paciente e o que pragmaticamente é mais importante para
uma melhor intervenção e planejamento terapêuticos.
A técnica e a habilidade em realizar entrevista é um atributo fundamental e insubstituível
do profissional de saúde

Referências bibliográficas

■ DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Caps. 1 a


5. Porto Alegre:ArtMed, 2008.
ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO

Elementos constitutivos do pensamento:


- conceito
- juízo
- raciocínio
São elementos propriamente intelectivos do pensamento.

Diferentes dimensões do processo de pensamento:


- curso
- forma
- conteúdo

Elementos constitutivos do pensamento:


1. Conceitos: formam-se a partir das representações. Ao contrário das percepções, o conceito não possui
elementos de sensorialidade, não sendo possível contemplá-lo nem imaginá-lo. O conceito é um elemento
puramente cognitivo, intelectivo, não tendo qualquer resquício sensorial. Não é possível visualizar um
conceito, ouvi-lo ou senti-lo. Nos conceitos se exprimem apenas os caracteres mais gerais dos objetos e
fenômenos. O conceito é o elemento estrutural básico do pensamento. Se expressa por palavras.
Para formação dos conceitos são necessários:
- Eliminação dos caracteres de sensorialidade que ainda apresentam as representações.
Cadeira - Imagem: cadeira preta, bonita etc.
- Conceito: objeto de 4 pés, para sentar etc.
- Generalização - conceito resulta da síntese de um número considerável de fenômenos
singulares.
2. Juízos: consistem na afirmação de uma relação entre dois conceitos.
“Cadeira” e “utilidade”: a cadeira é útil.
O juízo tem como função básica formular uma relação unívoca entre um sujeito e um predicado. O juízo se
expressa por frases ou proposições.
3. Raciocínio: é a função que relaciona os juízos. Assim como a ligação entre conceitos permite formar
juízos, a ligação entre juízos forma novos juízos e, assim, o raciocínio e o pensamento se desenvolvem.

Alterações dos conceitos:


1. Desintegração dos conceitos: perda de seu significado original. Uma mesma palavra passa a ter
significados mais diversos. Na desintegração dos conceitos, o sujeito utiliza as palavras de forma
totalmente pessoal.
Ex: ateu = descrente de Deus
↓ ↓ inverte o significado
a teu comando = a comando de Deus
Surgem os neologismos de palavras conhecidas recebendo significados novos. Ocorre nas esquizofrenias e
síndromes demenciais.
2. Condensação dos conceitos: dois ou mais conceitos são fundidos, condensando duas ou mais idéias em
um único conceito que se expressa por uma nova palavra. Surgem os neologismos de palavras novas.
Alterações dos juízos:

1. Juízo deficiente ou prejudicado: ocorre pela deficiência intelectual e pobreza cognitiva do indivíduo.
Juízos simplistas, concretos e sujeitos à grande influência do meio social.

2- Alteração do juízo de realidade ou delírio: segundo Karl Jaspers, as idéias delirantes ou delírio são juízos
patologicamente falseados. O delírio é um erro do ajuizar que tem origem na doença mental. Sua base é
mórbida e ele é motivado por fatores patológicos. Segundo Jaspers, o delírio tem 3 características
essenciais:

a) O paciente apresenta uma convicção extraordinária, uma certeza subjetiva praticamente absoluta. A sua
crença é total, para ele não se pode colocar em dúvida a veracidade de seu delírio.

b) É impossível a modificação do delírio pela experiência objetiva, por provas explícitas da realidade, por
argumentos lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes. O delírio é irremovível, é inabalável.

c) O delírio é um juízo falso, seu conteúdo é da ordem do impossível. Alguns doentes podem delirar e seu
delírio ser verídico: alcoolista crônico com delírio de ciúmes, cuja mulher o trai realmente; líder político
com delírio de perseguição, sendo que há pessoas que querem prejudicá-lo ou matá-lo. Para ele, contudo,
seu juízo é delirante e foi determinado por fatores mórbidos.

Acrescente-se um quarta característica às 3 descritas por Jaspers:

d). O delírio é uma produção associal, idiossincrática em relação ao grupo cultural do doente. O delírio, na
maioria das vezes, não é produzido, nem compartilhado por um grupo religioso, político ou científico.

Indicadores de gravidade do delírio:

Kendler e colaboradores propuseram 7 dimensões ou vetores da atividade delirante:

1. Convicção – até que ponto o paciente está convencido da realidade de suas idéias delirantes. A crença
delirante é muito arraigada.

2. Extensão – em que extensão as idéias delirantes envolvem diferentes áreas da vida do paciente.

3. Bizarrice – o quanto seu delírio se distancia da realidade consensual.

4. Desorganização – até que ponto as idéias delirantes são consistentes internamente, têm uma lógica
própria e em que grau são sistematizadas.

5. Pressão – o quanto o paciente está preocupado e envolvido com suas crenças delirantes.

6. Resposta afetiva – o quanto as suas crenças delirantes abalam ou tocam afetivamente o paciente.

7. Comportamento desviante – o quanto o paciente age em função de seu delírio – as idéias passam a reger
toda a conduta do paciente.

Delírio primário ou idéias delirantes verdadeiras:

Segundo Jaspes, o verdadeiro delírio é um fenômeno primário. Logo, é psicologicamente incompreensível,


pois não apresenta raízes na experiência psíquica do homem normal. É impenetrável e é algo inteiramente
novo, uma transformação qualitativa em toda a existência do paciente.

Delírio secundário ou idéias deliróides:


Assemelha-se externamente ao primário, mas é diferente dele, pois não se origina de uma alteração
primária do pensamento, mas sim de alterações profundas em outras áreas da atividade mental
(afetividade, consciência etc.) que, indiretamente, fazem com que se produzam falsos juízos. São produtos
de condições psicologicamente rastreáveis e compreensíveis.

Ex. 1: o delírio de ruína ou culpa de um paciente depressivo grave é compreensível e derivável de um


estado de humor profundamente alterado: constitui mais um aspecto, mais uma dimensão que o humor
depressivo toma.

Ex. 2: delírio de grandeza de um paciente em estado maníaco franco.

Classificação dos delírios:

Segundo a estrutura, os delírios são classificados em:- simples ou complexos.

- não-sistematizados ou sistematizados.

1. Delírios simples: são constituídos de idéias que se desenvolvem em torno de um só conteúdo, de um


tema único, geralmente de um único tipo – religioso, persecutório etc.

2. Delírios complexos: englobam vários temas ao mesmo tempo, com múltiplas facetas, conteúdos de
perseguição, místico-religioso, de ciúmes, de reivindicação etc.

3. Delírios não-sistematizados: são delírios sem uma concatenação consistente. Os conteúdos e detalhes
variam de um momento a outro.

4. Delírios sistematizados: são delírios bem organizados, com histórias ricas e consistentes, e que
preservam ao longo do tempo os seus conteúdos e detalhes. Ocorrem nas paranóias (transtornos
delirantes).

Surgimento e evolução do delírio - estados pré-delirantes:

Os delírios surgem, em geral, após um período denominado de humor delirante (Jaspers) ou trema
(Konrad). Nesse período, o paciente experimenta aflição e angústia, sente como se alguma coisa terrível
estivesse para acontecer, mas ele não sabe exatamente por quê. Predomina uma sensação de
perplexidade, uma sensação de fim do mundo, e, essencialmente, de radical estranheza.

Este estado pode durar dias. O chamado humor delirante cessa quando o paciente configura o delírio,
quando “descobre”, como se fosse por uma revelação inexplicável, “o que está, de fato, acontecendo”:
“Ah, então é isso, os vizinhos organizaram um complô para me matar”.

Ou: “Já entendi, a minha esposa está tendo relações com todos esses homens”.

Após essa revelação do delírio, o paciente muitas vezes se acalma, como se tivesse encontrado uma
explicação plausível para aquela perplexidade inexplicável anterior.

Em relação ao curso, os delírios podem ser:

- agudos

- crônicos

Delírios agudos – surgem rapidamente e podem desaparecer também rapidamente. Podem ser passageiros
e fugazes.

Delírios crônicos – são persistentes, contínuos, de longa duração, se modificam pouco ao longo do tempo.
Tipos mais freqüentes de delírio:

1. Delírio de perseguição ou persecutório – é o tema mais freqüente dos delírios; o paciente é sempre alvo
de uma perseguição.

2. Delírio de referência – de alusão ou auto-referência – tudo se refere ao sujeito, as pessoas estão falando
dele, dizendo que ele é ladrão ou homossexual etc. Paciente ouve o próprio nome e o xingam (alucinação
associada ao delírio de referência). Deduz que uma conversa é sobre ele (interpretação associada ao delírio
de referência). Ocorre nas psicoses em geral, especialmente na esquizofrenia paranóide.3. Delírio de
relação – o paciente constrói conexões significativas entre os fatos normalmente percebidos.

4. Delírio de influência – o paciente vivencia que está sendo controlado, comandado, influenciado por uma
força externa – antena, computador, ser extraterrestre, demônio. São freqüentes na esquizofrenia.

5. Delírio de grandeza – o paciente acredita ter poderes de origem superior, geralmente místicos e outros.
Ocorre nos quadros maníacos.

6. Delírio de reivindicação ou querelância – o paciente é sempre vítima de injustiças terríveis e se envolve


em querelas legais. Ocorre na paranóia.

7. Delírio de invenção ou descoberta – paciente acredita ter descoberto a cura de uma doença grave ou
coisas que vão mudar o destino do mundo.

8. Delírio de reforma ou salvacionismo – paciente desenvolve sistema religioso ou político que acredita ser
o único capaz de salvar a humanidade.

9. Delírio místico ou religioso – paciente é um novo messias, um deus, um santo poderoso. É freqüente no
nosso meio cultural.

10. Delírio de ciúmes e de infidelidade – ocorre em todas as psicoses, especialmente no alcoolismo crônico
e na paranóia (transtorno delirante crônico atual).

11. Erotomania – ocorre também na paranóia e foi descrita por Clérambault. O paciente crê que uma
pessoa (em geral famosa) está totalmente apaixonada por ele.

Os delírios de conteúdo depressivo se dividem em:

12- Delírio de ruína ou niilista – paciente se sente condenado à miséria, ao sofrimento, ao fracasso.

13. Delírio de culpa e de auto-acusação – o paciente se sente culpado de tudo de ruim que acontece no
mundo e com as pessoas a sua volta – ocorre nas formas graves de depressão.

14. Delírio de negação de órgãos – o paciente experimenta profundas alterações corporais: o corpo está
destruído ou morto, não tem um ou vários órgãos, as veias estão secas, o corpo secou, as pernas estão se
esfarelando. Síndrome de Cottard: quando o delírio de negação de órgãos vem acompanhado de delírio de
imortalidade: “não vou morrer nunca, vou sofrer eternamente”. Ambos ocorrem nas depressões graves e
na esquizofrenia.

15. Delírio hipocondríaco – o paciente crê que tem uma doença grave. Às vezes é difícil de diferenciar das
idéias hipocondríacas não-delirantes; para fazê-lo: intensidade da crença, total ausência de crítica, grande
envolvimento com as idéias hipocondríacas. Ocorre nas depressões graves, paranóia, esquizofrenia.

16. Delírio cenestopático – paciente crê que existem animais (cobra, rato) ou objeto (laranja podre no
crânio) dentro do próprio corpo. É uma interpretação delirante de sensações corporais vividas pelo
paciente, mas sem a idéia da doença. Esquizofrenia e paranóia.

17. Delírio de infestação – Síndrome de Ekbon – paciente crê que o corpo está infestado por pequenos (mas
macroscópicos) organismos: bichinhos embaixo da pele, insetos nos cabelos, vermes, aranhas etc. Ocorre
na esquizofrenia, nas depressões, especialmente no delirium tremens.
18- Delírio fantástico ou mitomaníaco – narrativas fabulosas, totalmente irreais, contadas com plena
convicção e sem qualquer espécie de crítica. Ocorre tipicamente na parafrenia (Kraepelin a chamou de
parafrenia fantástica). É diferente da mitomania: tendência patológica a mentir, sabendo que o que está
relatando é falso. A mitomania corre nos transtornos de personalidade - sociopatia.

http://www.macjorge.pro.br/pdfs/aulas/psicopatologia_geral/Alteracoes_do_pensamento.pdf
UNIVERSIDADE BRASIL
Curso de Medicina Humana
2021/02
Módulo: SAÚDE MENTAL Sub-Módulo V: PSICOPATOLOGIA
Profa: Rosylene Machado Pelegrini – médica psiquiatra

A LINGUAGEM E SUAS
ALTERAÇÕES

Noções gerais e definições de tipos de linguagem

1.DEFINIÇÕES BÁSICAS

A linguagem é o principal instrumento de comunicação dos seres humanos.


Além disso, é fundamental na elaboração e na expressão do pensamento. É preciso
diferenciar os três elementos essenciais da linguagem que dividem em: o fonético, o
semântico, e o sintático e assim é possível descrever as seguintes funções da
linguagem: a função comunicativa, a linguagem como suporte de pensamento, como
instrumento de expressões, como afirmação do eu, e sua dimensão artística e/ou
lúdica.

Fonético Que se refere aos sons e aos elementos materiais da fala


Semântico Relacionado a significação dos vocábulos utilizados em
determinada língua
Sintático Diz respeito a relação e articulação lógica das diversas palavras

A linguagem é uma criação social de cada um e de todos os grupos humanos


é ainda um sistema de signos arbitrários, signo linguístico, as palavras. Esses signos

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ganham seus significados por meio de um sistema de convenções historicamente
dado.

A criatividade é um aspecto essencial da linguagem humana, pois o sujeite


tem a capacidade de produzir e compreender sentenças novas, a partir de princípios
sistemáticos ou regras gramaticais, as quais, embora determinantes ainda são
desconhecidas.

A necessidade de comunicação é um fator social onde a partir dela ocorre


uma interação de diálogo. A linguagem é uma interação recíproca e constante,
contextualizada em um determinado ambiente, histórico, político e cultural.

Funções da Linguagem

1. A função comunicativa, que garante a socialização do indivíduo.

2. A linguagem como suporte do pensamento, particularmente de sua forma


evoluída, como pensamento lógico e abstrato.

3. A linguagem como instrumento de expressão dos estados emocionais, das


vivências internas, subjetivas.

4. A linguagem como afirmação do eu e de instituição das oposições eu/mundo,


eu/tu, eu/outros.

5. A linguagem na sua dimensão artística e/ou lúdica, como elaboração e


expressão do belo, do dramático, do sublime ou do terrível, isto é, a linguagem como
poesia, como literatura.

A linguagem é ainda um sistema de signos arbitrários, o signo linguístico, as


palavras. Esses signos ganham seus significados específicos por meio de um
sistema de convenções historicamente dado. A linguagem é, portanto, uma criação
social de cada um e de todos os grupos humanos.

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Devido à grande flexibilidade da produção da linguagem, torna-se muitas vezes
difícil discriminar o normal do patológico.

Há certa polêmica na literatura científica quanto à independência e à autonomia da


linguagem em relação ao pensamento e à inteligência.

2.ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM

2.1 Alterações da linguagem secundárias a lesão neuronal identificável

Esses tipos de alterações são provocados por lesões neuronais identificáveis como:
acidentes vasculares cerebrais, tumores cerebrais e mal formações arterio-venosa,
essas alterações ocorrem mais no hemisfério esquerdo, nas regiões conhecidas
como áreas cerebrais da linguagem (frontal póstero-inferior, temporal póstero-
superior, etc.). É comum, portanto, que os déficits orgânicos da linguagem venham
acompanhados de hemiparesias do dimidio direito do corpo. A seguir apresentam-se
as alterações específicas da linguagem secundárias a lesão neuronal.

Afasia: Desde 1996, na revisão de Rozenthal já era definido que é a perda da


linguagem, falada e escrita, por incapacidade de compreender e utilizar os símbolos
verbais, essa perde deve-se obrigatoriamente a uma lesão neuronal do Sistema
Nervoso Central (SNC). Os principais tipos são:

1- Afasia de expressão ou de Broca, onde o indivíduo tem o órgão fonador


preservado porem não consegue falar ou fala com dificuldade, o qual não
produz a linguagem de modo fluente, entretanto a compreensão da
linguagem está relativamente preservada.
2- Afasia de compreensão ou de Wernicke, trata-se de uma afasia fluente na
qual o indivíduo pode falar, mas a mesma é defeituosa, tem incapacidade
de repetição e não consegue compreender falas e escrita, apresenta
muitos erros na hora de expressar suas ideias.
3- Afasia global, é uma afasia não fluente, geralmente grave.
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Parafasia: Trata-se de um déficit de linguagem discreto, na qual o indivíduo deforma
palavras especificas. Comum em início de demência.

Agrafia: É a perda da linguagem escrita por uma lesão orgânica, sem que haja
perda cognitiva ou algum déficit motor.

Alexia: O paciente fica inapto a leitura, devido a uma perda de origem neurológica.
Dá-se coligado com as afasias e as agravias. Exemplo: Dislexia (disfunção leve da
leitura).

Disartria: São alterações no aparelho fonador que dificulta a articulação


corretamente das palavras, onde a fala é pastosa “embriagada” dificultando a
compreensão. Pode ocorrer em patologias neurológicas e psiquiátricas.

Disfonia e disfemia: Segundo Sá Jr, a disfonia é alteração da fala produzida pela


mudança na sonoridade das palavras já a disfemia é a alteração da linguagem
falada sem qualquer lesão ou disfunção orgânica, exemplo disso é a gagueira.

Dislalia: Nesse caso ocorre a substituição dos fonemas, a dislalia pode ser orgânica
quando o indivíduo apresenta defeitos na língua/lábios ou pode ser funcional, qual a
origem geralmente é psicogênica.

2.2 Alterações da linguagem associadas a transtornos psiquiátricos


primários

Logorréia, taquifasia e loquacidade: A logorréia descreve-se como pressão para


falar a qual ocorre a produção aumentada e acelerada (taquifasia) da linguagem
verbal, podendo haver perda logica do discurso já a característica da loquacidade é
o aumento da fluência verbal sem a perda da lógica do discurso.

Bradifasia: Geralmente observada em quadros depressivos onde o paciente fala de


forma lenta e difícil

Mutismo: Ausências e respostas verbal oral, o paciente não tem capacidade de


responder. O mutismo é observado em vários tipos de inconsciência, quadros
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esquizofrênicos, principalmente catatônicos, e em depressões graves. Também se
caracteriza como mutismo seletivo quando a criança escolhe não falar.

Perseveração e estereotipia verbal: Devido a lesões orgânicas nas áreas pré-


frontais ocorre repetições automáticas de palavras ou trechos de frases de modo
mecânico e sem sentido.

Ecolalia: Fenômeno automático e involuntário que efetua repetição da última ou das


últimas palavras que o entrevistador dirigiu ao paciente.

Palilalia e logoclonia: É a repetição automática da última ou últimas palavras que o


próprio emitiu, ocorre de forma voluntaria, a logoclonia é a repetição das últimas
sílabas, ocorrem geralmente nos quadros de demência.

Tiques verbais ou fonéticos e coprolalia: Os tiques verbais são produções de


fonemas ou palavras de formas recorrentes, improprias e irresistíveis, algo
impossível de ser contido. A coprolalia é a emissão de palavras obscenas e
vulgares. Casos comuns em transtorno de Tourette.

Glossolalia: Fala pouco compreensível, não possuem sentido linguístico, porem


imitam uma fala normal.

Linguagem na esquizofrenia: A linguagem esquizofrênica apresenta alterações


peculiares nota-se o neologismo patológico, estilizações, rebuscamento e
maneirismo que indicam as alterações do pensamento e alterações do paciente. Nos
estados avançados da esquizofrenia observa-se jargonofasia denominado “salada
de palavras”, trata-se de frases sem sentido, com o fluxo verbal desorganizado e
caótico

A linguagem do paciente com demência: No início nota-se quadros de parafasia e


dificuldade de encontrar as palavras. O paciente tende a usar termos vagos e
inespecíficos, como “o prédio em vez de a prefeitura”. A alteração progride em um
quadro de afasia nominal, na qual o paciente fica incapacitado de em nomear
objetos e figuras até a perda completa da capacidade de produzir e utilizar a
linguagem verbal.

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2.3 Alterações da linguagem em crianças
Segundo Us Preventive Services Task Forces, 2006, a psicopatologia da
criança, ocorrem com bastante frequência, alterações da linguagem. A linguagem
implica na compreensão no processamento e na produção de comunicação e os
problemas da linguagem inclui: gagueira, falhas na fluência verbal, mutismo
seletivos e dificuldades fonéticas articulatórias. As crianças podem crescer com o
desenvolvimento inadequado da linguagem podendo incluir, dificuldades
gramaticais, com palavras e vocabulários, com regras e sistema produção sonoro da
fala e dificuldade de leitura e escrita.

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Módulo: SAÚDE MENTAL Sub-Módulo V: PSICOPATOLOGIA
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AFETIVIDADE
DEFINIÇÕES BÁSICAS:
 Afetividade: é um termo genérico que compreende varias modalidades de
vivencias afetivas, como humor, as emoções e os sentimentos. A vida afetiva é a
dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivencias humanas.
Quanto menor a distancia (real ou virtual) entre quem percebe e o objeto de
percepção, mais eles se confundem. Assim, vai desaparecendo a possibilidade
de configurar ou formar imagens delimitadas. A partir disso uma nova
modalidade de experiência intima surge, afetando a totalidade do individuo. É
onde surge a afetividade. Tipos de vivência afetiva: humor ou estado de animo,
emoções, sentimentos, afetos e paixões.
 Humor ou estado de animo: tônus afetivo do individuo, o estado emocional
basal e difuso em que se encontra a pessoa em determinado momento.
 Emoções: é um estado afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente
como a reação do individuo a certas excitações internas ou externas,
conscientes ou inconscientes. Ou seja, podem ser definidas como reações
afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos.
 Sentimentos: são estados e configurações afetivas estáveis. Em relação às
emoções, são menos intensos e menos reativos a estímulos passageiros. Tipos:
1. Sentimentos da esfera da tristeza: melancolia, saudade, culpa tristeza,
nostalgia, vergonha, impotência, aflição, etc.
2. Sentimentos da esfera da alegria: euforia, expectativa, esperança, confiança,
etc.
3. Sentimentos da esfera da agressividade: raiva, ira, inveja, vingança, nojo, etc.
4. Sentimentos relacionados a atração pelo outro: amor, atração, tesão,
gratidão, apego, respeito, consideração, etc.
5. Sentimentos associados ao perigo: temor, receio, desamparo, abandono,
rejeição, etc.
6. Sentimentos do tipo Narcísico: arrogância, superioridade, orgulho,
prepotência, etc.
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 Afetos: qualidade e tônus emocional que acompanha uma idéia ou
representação mental.
 Paixões: estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade
psíquica como um todo, captando e dirigindo a atenção e o interesse do
individuo em uma só direção, inibindo os demais interesses.

CATATIMIA
Bleuler denominou de catatimia a importante influência que a vida afetiva, o estado
de humor, as emoções, os sentimentos e as paixões exercem sobre as demais
funções psíquicas. A atenção é captada, dirigida, desviada ou concentrada em
função do valor afetivo de determinado estímulo; a memória é altamente detalhada
ou muito pobre dependendo do significado afetivo dos fatos ocorridos, a
sensopercepção pode se alterar em função de estados afetivos intensos.

REAÇÕES AFETIVAS
A vida afetiva ocorre sempre em um contexto de relações do Eu com o mundo e
com as pessoas, variando de um momento para outro de acordo com as
circunstâncias. Há duas importantes dimensões da resposta ou reação afetiva de um
indivíduo. Denomina-se sintonização afetiva a capacidade de o indivíduo ser
influenciado afetivamente por estímulos externos; assim, o sujeito entristece-se com
ocorrências dolorosas, alegra-se com eventos positivos, ri com uma piada, enfim,
entra em sintonia com o ambiente.
A irradiação afetiva, por sua vez é a capacidade que o indivíduo tem de transmitir,
irradiar ou contaminar os outros com seu estado afetivo momentâneo; por meio da
irradiação afetiva faz com que os outros entrem em sintonia com ele. Na condição
de rigidez afetiva, o indivíduo não deseja, tem dificuldade ou impossibilidade tanto
de sintonização como de irradiação afetiva; ele não produz reações afetivas nos
outros nem reage afetivamente diante da situação existencial cambiante.

ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE

Alterações de Humor (timopatias)


Distimia
Designa a alteração básica do humor, tanto no sentido da inibição como no sentido
da exaltação. Não se deve confundir o sintoma distimia com o transtorno distimia,
um transtorno depressivo leve e crônico. A psicopatologia geral utiliza, nessa mesma
linha, os termos distimia hipertímica, expansiva ou eufórica, para nomear a
exaltação patológica do humor e distimia melancólica ou hipotímica para estados de
inibição do humor.

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Os dois pólos básicos das alterações do humor são o pólo depressivo, ou
hipotímico, e o pólo maníaco, ou hipertímico. Assim, hipotimia refere-se à base
afetiva de todo transtorno depressivo. Por sua vez, o termo hipertimia refere-se a
humor patologicamente alterado no sentido da exaltação e da alegria, como no
espectro maníaco.
Disforia
Diz respeito à distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva desagradável, mal-
humorada. Quando se fala em depressão disfórica ou mania disfórica, está sendo
designado um quadro de depressão ou de mania acompanhado de forte
componente de irritação, amargura, desgosto ou agressividade.
Elação
Estado em há, além da alegria patológica, a expansão do Eu, uma sensação
subjetiva de grandeza e de poder. O Eu vai além dos seus limites, ganhando o
mundo.
Puerilidade
A alteração do humor que se caracteriza pelo aspecto infantil, simplório, regredido.
O indivíduo ri ou chora por motivos banais; sua vida afetiva é superficial, sem afetos
profundos, consistentes e duradouros. Verifica-se a puerilidade especialmente na
esquizofrenia hebefrênica, em indivíduos com déficit intelectual, em alguns quadros
histéricos e em personalidades imaturas de modo geral.
Moria
Forma de alegria muito ingênua, boba, que ocorre principalmente em pacientes com
lesões extensas dos lobos frontais, em deficientes mentais e em indivíduos com
quadros demenciais acentuados.
No estado de êxtase, há uma experiência de beatitude, uma sensação de
dissolução do Eu no todo, de compartilhamento íntimo do estado afetivo interior com
o mundo exterior, muitas vezes com colorido hipertímico e expansivo. Está
freqüentemente associado a experiências circunscritas a um contexto religioso ou
místico, fenômeno cultural. Entretanto, o êxtase também pode estar presente em
condições psicopatológicas, como no transe histérico, na esquizofrenia ou na mania.
Na irritabilidade patológica, há hiperreatividade hostil e, eventualmente, agressiva
a estímulos (mesmo leves) do meio exterior. Qualquer estímulo é sentido como
perturbador, e o indivíduo reage prontamente de forma disfórica. A irritabilidade é
sintoma bastante freqüente e inespecífico, indicando, não raramente, quadro de
natureza orgânica. Também ocorre a irritabilidade patológica nas síndromes
depressivas, nos quadros maníacos, nos transtornos ansiosos e na esquizofrenia. O
clínico sempre deve procurar diferenciar a irritabilidade primária, oriunda diretamente
de um transtorno do humor ou psicorgânico, de uma irritabilidade secundária,

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associada a vivências psicóticas (delírios persecutórios, alucinações ameaçadoras,
etc.) ou neuróticas (conflitos inconscientes, insegurança, dificuldade em tomar
decisões existenciais importantes, etc.).

Ansiedade e Angústia
Ansiedade:
É definida como estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao
futuro, inquietação interna. Inclui manifestações somáticas e fisiológicas(ex:
dispneia, taquicardia, vasoconstrição, ou dilatação, tremores, sudorese, tontura)e
manifestações psíquicas(inquietação interna, apreensão, desconforto mental).
Angústia:
Relaciona-se diretamente à sensação de aperto no peito e na garganta, de
compressão, sufocamento. Assemelha-se muito à ansiedade, mas tem conotação
corporal e mais relacionada ao passado. Do ponto de vista existencial a angustia
tem significado mais marcante que a ansiedade, é algo que define a condição
humana, é um tipo de vivência mais pesada.
Em algumas correntes teóricas da psicopatologia, tem-se definido certos tipos de
angustia e ansiedade:

ALTERAÇÕES DOS SENTIMENTOS E EMOÇÕES

Apatia
É a diminuição da excitabilidade afetiva. Na apatia, o indivíduo, apesar de saber da
importância afetiva que determinada experiência deveria ter para ele, não consegue
sentir nada. O paciente torna-se hiporreativo. Trata-se de um quadro afetivo próprio
dos quadros depressivos, mas podem ocorrer em esquizofrênicos, personalidades
psicopáticas insensíveis e transtornos neuróticos. É uma alteração qualitativa.
Hipomodulação do afeto ou Rigidez afetiva
A rigidez afetiva caracteriza-se por uma perda da capacidade de modular a resposta
afetiva de acordo com a situação de cada momento, indicando rigidez na sua
relação com o mundo. Em oposição ao que ocorre na labilidade e na incontinência
afetiva, a expressão afetiva varia muito pouco no decorrer do tempo. Assim,
independentemente dos acontecimentos externos, o estado de humor do paciente
será parecido. A rigidez afetiva ocorre na esquizofrenia, na depressão, na demência
e, às vezes, na mania crônica irritável.

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Inadequação do afeto ou Paratimia
A paratimia caracteriza-se por uma inadequação do afeto: uma incongruência entre
o afeto expresso e a situação vivenciada, ou entre o afeto expresso e aquilo que o
indivíduo verbaliza. Por exemplo: o paciente, rindo, conta que foi torturado; ou então
o doente afirma estar alegre, mas sua mímica é de tristeza. Reflete uma desarmonia
entre a afetividade e o pensamento, revelando desarmonia profunda da vida
psíquica (ataxia intrapsíquica), contradição profunda entre a esfera ideativa e a
afetiva.
Ocorre na esquizofrenia.
Pobreza de sentimentos e distanciamento afetivo
Perda progressiva e patológica das vivências afetivas. Há, aqui, o empobrecimento
relativo à possibilidade de vivenciar alternâncias e variações sutis na esfera afetiva.
Ocorre nas síndromes psico-orgânicas, nas demências e em algumas formas de
esquizofrenia.
Embotamento afetivo e devastação afetiva
Perda profunda de todo tipo de vivência afetiva.É observável por meio da mímica,da
postura e da atitude do paciente,ocorre tipicamente nas formas negativas,deficitárias
de esquizofrenia.
Sentimento de falta de sentimento
É a vivência de incapacidade para sentir emoções,experimentada de forma muito
penosa pelo paciente .É percebido claramente pelo doente,que se queixa de sentir-
se intimamente morto ou em estado de vazio afetivo.O sentir o “não sentir” é
vivenciado com muito sofrimento,como uma tortura,pode ocorrer em quadros
depressivos graves.
Anedonia
É a incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinadas
atividades e experiências da vida. Os pacientes dizem: “Agora não vejo mais graça
em nada, as coisas perderam o sabor, não vibro com mais nada...”. A anedonia é
um sintoma central das síndromes depressivas, podendo ocorrer também nos
quadros esquizofrênicos crônicos, em transtornos da personalidade e em formas
graves de neuroses. A apatia e a anedonia são fenômenos muito próximos que
ocorrem, na maioria das vezes, de forma simultânea.
Indiferença Afetiva
Trata-se de certa frieza afetiva incompreensível diante dos sintomas que o paciente
apresenta, uma frieza e uma indiferença que parecem indicar que, no fundo (de
forma inconsciente), o paciente sabe que seus sintomas são psicogênicos e
potencialmente reversíveis, denotando até certo exibicionismo por trás da

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indiferença. Não é uma indiferença profunda, sendo mais aparente e teatral que real
(por isso é considerada “bela indiferença”). Ela se contrapõe á triste indiferença do
paciente depressivo com apatia marcante, e á pálida indiferença do paciente
esquizofrênico crônico que perdeu aspectos fundamentais da sua vida afetiva devido
os sintomas negativos do transtorno.
Labilidade Afetiva e incontinência afetiva
São os estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e imotivadas de humor,
sentimentos e emoções. O indivíduo oscila de forma abrupta, rápida e inesperada de
um estado afetivo para outro. O paciente está falando de algo ameno e começa a
chorar convulsivamente, passando, logo a seguir, a sorrir de forma tranquila. Na
incontinência afetiva, o indivíduo não consegue conter de forma alguma suas
reações afetivas. A resposta afetiva ocorre geralmente em consequência a estímulos
apropriados, mas é sempre muito desproporcional. A labilidade e a incontinência
afetiva são consideradas formas de hiperestesia emocional, indicando exagero e
inadequação da reatividade afetiva. A labilidade e a incontinência afetiva podem
ocorrer em quadros de depressão ou mania, estados graves de ansiedade e
esquizofrenia. Deve-se sempre lembrar que tanto a labilidade como a incontinência
afetiva são sintomas que podem estar associados a quadros psico organicos, como
encefalites, tumores cerebrais, doenças degenerativas do SNC, síndromes frontais,
etc. Nesse sentido o riso patológico e o choro patológico ocorrem como episódios
imotivados de um choro e/ou riso abrupto, de curta duração, de forma convulsiva,
associados geralmente à paralisia pseudobulbar vascular, à esclerose lateral
amiotrófica, à esclerose múltipla ou à lesões vasculares bilaterais ou difusas.
(Poeck, 1985).
Ambivalência afetiva
É o termo cunha por Bleuler para descrever sentimentos opostos em relação a um
mesmo estimulo ou objeto, sentimentos que ocorrem de modo absolutamente
simultâneo. Assim, o indivíduo sente, ao mesmo tempo, ódio e amor, rancor e
carinho por alguém. O poeta romano Catulo (87-54 a.C) diz: “Odeio e amo. Por quê?
– você quer saber. Não sei, mas sinto assim e me atormenta.
A ambivalência afetiva, ocorrendo de forma radical e intensa, foi descrita por Bleuler
para caracterizar um aspecto importante da experiência afetiva de pacientes
esquizofrênicos. Ela indicaria um processo de cisão radical do Eu, de desarmonia
intrapsíquica fundamental na esquizofrenia, o psiquiatra vienense Erwin Stransky
[1904] (1987) denominou “ataxia ou incoordenacao intrapsíquica”.
Neotimia
A neotimia consiste em uma vivência inteiramente nova e inusitada, com afetos
qualitativamente diferentes de todos os que o paciente havia experimentado em sua
vida. São afetos muito estranhos e bizarros para a própria pessoa que os

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experimenta. Podem ter esse caráter de neotimia alguns sentimentos místicos, de
êxtase, de elação, de desolação e de terror. A neotimia é observada em pacientes
em estado psicótico, na esquizofrenia, na intoxicação por alucinógenos e em
algumas auras epilépticas.
Exame da afetividade
Não é necessário que o paciente conte o que está sentindo para poder avaliar a sua
afetividade: o afeto é expresso através da mímica, do olhar dos gestos, da postura e
do tom de voz. A afetividade é avaliada empaticamente. É como se o observador
dissesse para si mesmo: “Se eu estivesse me sentindo como aquele indivíduo
aparenta estar pela sua expressa facial, gestos, etc.-, eu me sentiria muito alegre;
portanto ele está alegre.”
Referências Bibliográficas
1. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais.
2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
2. CHENIAUX, E. Manual de psicopatologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.

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PSICOPATOLOGIA
Exame do Estado Mental:
As categorias apresentadas no exame do estado mental são apenas para fins de
organização, pois os comportamentos não seguem uma seqüência e não são itens isolados.
Um exemplo também utilizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e que eu adoto é:

I) Apresentação Geral do Paciente:


1. Aparência quanto à idade e à saúde; 2. Defeitos e peculiaridades físicas;
3. Posição corporal; 4. Mobilidade geral e parcial;
5. Expressão facial; 6. Modo de vestir-se e cuidados;

II) Situação da Entrevista:


1. Condições nas quais a entrevista é realizada (local, presença de outros participantes, etc);
2. Atitudes do paciente frente ao profissional e ao exame (cooperante, receante, desafiante,
hostil, etc).

III) Linguagem e Pensamento:


1. Características da linguagem:
- aspectos formais: tonalidade (ex: disfonia); articulação (ex: disartria); ritmo;
modalidade da voz (ex: linguagem de bebê);
- aspectos significativos: compreensão e expressão;
- ausência de linguagem (ex: mutismo).
2. Fluxo ou Progressão do pensamento
- Aspectos quantitativos: taquipsiquismo, bradipsiquismo.
3. Forma do pensamento:
a. Logicidade e Coerência;
b. Aspectos qualitativos: prolixidade, ecolalia, neologismo, fuga de idéias, confabulação, etc;
4. Conteúdo do pensamento: Tema predominante; Ideação delirante; Compreensão da
realidade
5. Capacidade de abstração
6. Capacidade intelectual: avaliação empírica: realização escolar; informações gerais;
cálculo aritmético

IV) Afetividade:

Dra. Rosylene Machado Pelegrini – médica psiquiatra – Fernandópolis - setembro 2021


1. Tonalidade Emocional: alegre, ansiosa, indiferente, eufórica, desconfiada, apática, etc.
2. Outras Características: ambivalência afetiva, neoafetos, etc.
3. Modulação: normodulação, hipomodulação (rigidez, pouca oscilação ) ou
hipermodulação (labilidade afetiva).
4. Relação com o conteúdo do Pensamento: associação ou dissociação ideo-afetiva,
dramatização, etc.
5. Equivalentes orgânicos do Afeto: apetite, sono, peso, libido.

V) Senso-percepção: Ilusões; Pseudo-alucinações; Alucinações: auditivas, visuais,


gustativas, olfatórias, táteis, cinestésicas.

VI) Atenção: espontânea e voluntária (aumento ou diminuição das mesmas).

VII) Memória: fixação e Evocação.


1. Alterações quantitativas: hipermnésia, hipomnésia, amnésia.
2. Alterações qualitativas: falso reconhecimento ou paramnésia (“déjà vu”, por exemplo).

VIII) Orientação:
Alopsíquica: têmporo-espacial, significado da situação atual.
Autopsíquica: dados sobre si mesmo, conhecimento sobre seu próprio nome, idade, etc.

XIX) Estado da consciência:


1. Alterações da intensidade e nitidez da consciência: sonolência, obnubilação, confusão
mental, etc.
2. Estreitamento da consciência: sonambulismo, estado de transe, etc.

X) Psicomotricidade:
- Quantidade e velocidade dos movimentos (hiper ou hipoatividade).
- Alterações qualitativas: dispraxias, agitação psicomotora, compulsão, ecopraxia,
estereotipia, flexibilidade cérea, maneirismo, tique, etc.

XI) Juízo Crítico da Realidade.

Dra. Rosylene Machado Pelegrini – médica psiquiatra – Fernandópolis - setembro 2021


6º Semestre Hélem Machado

PSICOPATOLOGIA AV1
Conceitos
Psicopatologia descritiva x psicopatologia dinâmica:
Descritiva: importante a estrutura dos sintomas, a vivência patológica como
sintoma
Dinâmica: importante o conteúdo da vivência, os sentimentos do indivíduo, sua
experiência subjetiva e pessoal
Semiologia: é a ciência dos signos; é campo de grande importância para o estudo da
linguagem, da música, das artes em geral e do todos os campos de conhecimento e
de atividades humanas que incluam a interação e a comunicação entre dois
interlocutores por meio de um sistema de signos.
Dividida em duas grandes subáreas:
1. Semiotécnica
2. Semiogênese
Semiologia Médica: é o estudo dos sintomas e dos sinais das doenças, estudo que
permite ao profissional de saúde identificar alterações físicas e mentais, ordenar os
fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender terapêuticas.
Semiologia Psicopatológica: Cuida especificamente dos estudos dos sinais e
sintomas produzidos pelos transtornos mentais, signos que sempre contêm essa
dupla dimensão.
Campos da semiologia: são três:
1. Semântico: responsável pelo estudo das relações entre os signos e os objetos
a que tais signos se referem;
2. Sintaxe: que compreende as regras e as leis que regem as relações entre os
vários signos de um sistema de signos;
3. Pragmática: que se ocupa das relações entre os signos e os usuários, os
sujeitos que os utilizam concretamente.
Signo: é o elemento nuclear da semiologia; é um tipo de sinal (qualquer estímulo
emitido pelos objetos do mundo) sempre provido de significação.
Signos de maior interesse para a psicopatologia: sinais comportamentais objetivos,
verificáveis pela observação direta do paciente, e os sintomas, isto é, as vivências
subjetivas relatadas pelos pacientes, suas queixas e narrativas, aquilo que o sujeito
experimenta e, de alguma forma, comunica a alguém.
6º Semestre Hélem Machado

Constituído por 2 elementos:


1. Significante: que é o suporte material, o veículo do signo;
2. Significado: aquilo que é designado e que está ausento o conteúdo do veículo
(conteúdo).
Símbolo: não há relação direta entre significante e significado. O sentido e o valor de
um símbolo dependem necessariamente das relações que este mantém como os
outros símbolos do sistema simbólico total.
Semiotécnica: refere-se a técnicas e procedimentos específicos de observação e
coleta de sinais e sintomas, assim como à descrição de tais sintomas.
Nos transtornos mentais: concentra-se na entrevista direta como paciente, seus
familiares e demais pessoas com aas quase convive. Observação minuciosa, atenta
e perspicaz do comportamento do paciente, do conteúdo de seu discurso e do seu
modo de falar, da sua mímica, da postura, da vestimenta, da forma como reage e de
seu estilo de relacionamento como o entrevistador, com outros pacientes e com seus
familiares.
Semiogênese: é o campo de investigação da origem, dos mecanismos, do significado
e do valor diagnóstico e clínico dos sinais e sintomas. Alguns autores utilizam o termo
propedêutica.
Síndromes: agrupamento relativamente constantes e estáveis de determinados
sinais e sintomas. A síndrome é puramente uma definição descritiva de um conjunto
momentâneo e recorrente de sinais e sintomas.
Psicopatologia: conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do
ser humano. Conhecimento que se esforça por ser sistemático, elucidativo e
desmistificaste, por isso é necessário conhecer muito bem a mente humana.
Não há julgamento moral do objetivo, se busca apenas observar, identificar, e
compreender os diversos elementos da doença mental, o julgamento moral interfere
no tratamento do paciente.
Normalidade: em psicopatologia implica também na própria deficiência do que é
saúde e do que é doença mental, definição que tem repercussões em várias áreas da
saúde mental, o que pode ser anormal pode também ser saudável.
1. Normalidade Ideal
• Elaborada pela sociedade -> uma norma social ideal, por critérios socioculturais
e ideológicos, às vbezes, doutrinários e dogmáticos.
- Determina o que é "sadio e mais evoluído."
6º Semestre Hélem Machado

• Indivíduos portadores de características socialmente desejadas foram


percebidos como normais pelos entrevistados, pessoas desprovidas dessas
características foram consideradas como anormais
Ex: peso, altura, cultura ...
OBS: o normal é estipulado pela sociedade.
2. Normalidade Estatística
• Aplica-se especialmente a fenômenos quantitativos, com distribuição
estatística na população geral (como peso, altura, horas de sono ...).
• Normal = observado com mais frequência.
Indivíduos que se situam estatisticamente fora (ou no extremo) de uma curva de
distribuição normal, passam a ser considerados anormais.
OBS: nem tudo o que é frequente necessariamente é “saudável”.
Ex: cáries dentárias, consumo de álcool podem ser frequentes, mas não podem ser
considerados normais ou saudáveis.
3. Normalidade como Ausência de Doença
• Ausência de sintomas, de sinais ou de doenças.
• Normal (em psicopatologia) = indivíduo que não é portador de um transtorno
mental definido.
• Definição negativa -> define normalidade por aquilo que ela não é.
4. Normalidade como Bem-estar
• Organização Mundial de Saúde (WHO, 1946) definiu a saúde: completo bem-
estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de doença.
• O bem-estar físico é difícil de definir objetivamente, e o completo bem-estar
físico e social é tão utópico que poucas pessoas se encaixariam na categoria
“saudáveis”.
5. Normalidade funcional
• Baseia-se nos aspectos funcionais e não quantitativos.
• É considerado patológico a partir do momento em que é disfuncional, produz
sofrimento para o próprio indivíduo ou para o seu grupo social.
6. Normalidade como processo
• Consideram-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das
desestruturações e das reestruturações ao longo do tempo, de crises, de mudanças
próprias a certos períodos etários.
6º Semestre Hélem Machado

• Útil em psiquiatria infantil, de adolescentes e geriátricas.


• Características de cada faixa etária cada fase da vida tem sua peculiaridade.
7. Normalidade subjetiva
• Maior ênfase à percepção subjetiva do próprio indivíduo em relação a seu
estado de saúde, as suas vivências subjetivas.
• O ponto falho é que muitas pessoas que se sentem bem “muito saudáveis e
felizes”, como no caso de sujeitos em fase maníaca, apresentam, de fato, um
transtorno mental grave.
8. Normalidade como liberdade
• Doença mental = perda da liberdade existencial.
• A doença mental é constrangimento do ser.
• Saúde mental -> possibilidade de dispor de “senso de realidade, senso de
humor ...” desfrutando do prazer que a existência oferece.
• Indivíduo deve ser capaz de se expressar como quiser: vestir, andar, cabelo ...
9. Normalidade operacional
• Possui finalidades pragmáticas explícitas.
• Define-se a priori, o que é normal e o que é patológico e busca-se trabalhar
operacionalmente com esses conceitos, aceitando as consequências de tal definição
prévia.
• É um critério assumidamente arbitrário.
Embotamento afetivo: Perda profunda de todo tipo de vivência afetiva; é observável,
constatável por meio da mímica, da postura e da atitude do paciente. Ocorre
tipicamente nas formas negativas, deficitárias de esquizofrenia.
Delírio de reivindicação ou Querelância: Atitude agressiva e de represália da parte
de pessoas que se julgam vítimas de injustiça. Na maioria das vezes são casos de
paranóia, com delírio crônico sistematizado não-alucinatório e de tema persecutório.
Ex: “o indivíduo, de forma completamente desproporcional em relação à realidade,
afirma ser vítima de terríveis injustiças e discriminações e, em consequência disso,
envolve-se em intermináveis processos trabalhistas
Orientação: como um complexo de funções psíquicas, pelo qual tomamos
consciência da situação real em que nos encontramos a cada momento de nossa vida.
A orientação pode ser inferida da avaliação do estado de consciência e encontra-
se intimamente ligada às noções de tempo e de espaço.
6º Semestre Hélem Machado

Em geral, o primeiro sentido de orientação que se perde é o do tempo, depois o


do espaço, que envolve deslocamento e localização e, num estado mais grave, a
desorientação do próprio eu (identidade e corpo).
A orientação divide-se em:
a. Autopsíquica: paciente reconhece dados de identificação pessoal e sabe
quem é;
b. Alopsíquica: paciente reconhece os dados fora do eu; no ambiente:
- Temporal: dia, mês, ano em que está; em que parte do dia se localiza (manhã,
tarde, noite);
- Espacial: a espécie de lugar em que se encontra, para que serve; a cidade
onde está; como chegou ao consultório;
- Somatopsíquica: alterações do esquema corporal, como, por exemplo, os
membros fantasmas dos amputados, negação de uma paralisia, a
incapacidade de localizar o próprio nariz ou olhos...
Ex: “Sabe fornecer dados de identificação pessoal, informar onde se encontra, dia,
mês e ano em que está...”.
Sensopercepção: É o atributo psíquico, no qual o indivíduo reflete subjetivamente
a realidade objetiva. Fundamenta-se na capacidade de perceber e sentir.
Neste ponto, investigam-se os transtornos do eu sensorialmente projetados,
simultâneos à percepção verdadeira, ou seja, experiências ilusórias ou alucinatórias
que são acompanhadas de profundas alterações do pensamento.
• Ilusão é a percepção deformada da realidade, de um objeto real e presente,
uma interpretação errônea do que existe.
• Alucinação é uma falsa percepção, que consiste no que se poderia dizer uma
“percepção sem objeto”, aceita por quem faz a experiência como uma imagem de uma
percepção normal, dadas as suas características de corporeidade, vivacidade, nitidez
sensorial, objetividade e projeção no espaço externo.
Pensamento: por meio do pensamento ou do raciocínio, o ser humano é capaz de
manifestar suas possibilidades de adaptar-se ao meio. É por ele que se elaboram
conceitos, articulam-se juízos, constrói-se, compara-se, solucionam-se problemas,
elaboram-se conhecimentos adquiridos, ideias, transforma-se e cria-se.
• Curso
• Forma
6º Semestre Hélem Machado

• Conteúdo
Circunstancialidade: muitos detalhes irrelevantes e tediosos, trivialidade;
Tangencialidade: objetivo da fala não é atingido, introduz pensamentos não
relacionados ao assunto, pobreza de conteúdo do pensamento.
Quando questionado, o paciente dá uma resposta que é apropriada para o tópico
geral, sem, de fato, responder à questão.
Perseveração: repete mesma resposta;
Fuga de ideias: pensamento acelerado com associações inapropriadas entre os
pensamentos;
Pensamento incoerente: perda de lógica, afrouxamento de associação de partes das
frases, sequencia incompreensível – salada de palavras;
Bloqueio de pensamento: interrupção súbita da fala;
Neologismos: cria novas palavras;
Ecolalia: repete palavras.
Prolixidade - O paciente revela grande dificuldade em sintetizar seu pensamento,
tornando-se a exposição abundante em detalhes supérfluos faltando, ao mesmo
tempo, a agilidade psíquica que permitiria desprezar os fatos secundários e utilizar
apenas os principais.
Delirium: rebaixamento da consciência (delirium tremens; delirium febril);
Delírio: alteração do pensamento (alteração do juízo);
• idéia delirante: também chamada de delírio verdadeiro; é primário e ocorre
com lucidez de consciência; não é consequência de qualquer outro fenômeno.
É um conjunto de juízos falsos, que não se sabe como eclodiu.
• idéia deliróide: é secundária a uma perturbação do humor ou a uma situação
afetiva traumática, existencial grave ou uso de droga. Há uma compreensão
dos mecanismos que a originaram.
Linguagem: A comunicação é o meio que permite ao indivíduo transmitir e
compreender mensagens. A linguagem é a forma mais importante de expressão da
comunicação. A linguagem verbal é a forma mais comum de comunicação entre as
pessoas.
A linguagem é considerada como um processo mental predominantemente
consciente, significativo, além de ser orientada para o social. É um processo dinâmico
que se inicia na percepção e termina na palavra falada ou escrita e, por isso, se
modifica constantemente.
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Jargonofasia: uma forma de afasia de Wernike (afasia receptiva, central ou sensorial)


caracterizada pela fala em que a sintaxe parece normal, mas o seu conteúdo não faz
sentido. Sinonímia: Fala sem sentido
Descarrilamento ("afrouxamento de associações"): Um padrão de discurso no
qual as idéias da pessoa mudam de um assunto para outro sem qualquer relação ou
apenas obliquamente relacionado
Psicose: Transtorno mental maior de origem orgânica ou emocional na qual a
capacidade para pensar, responder emocionalmente, recordar, comunicar,
interpretar a realidade e comportar-se apropriadamente está suficientemente
prejudicada, a ponto de interferir amplamente na capacidade para atender às
demandas comuns da vida.
De acordo com a Associação Norte-Americana de Psiquiatria, o termo psicótico refere-
se a um amplo comprometimento do teste da realidade.
Cenestesia: é a consciência (senso-percepção) que temos do próprio corpo, é a
representação consciente do próprio corpo, de sua posição, de seu movimento, de
sua postura em relação ao mundo à sua volta e em relação aos suas diversas partes
e segmentos.
Sinestesia: senso-percepção dos movimentos corporais; é uma condição em que um
ou mais dos sentidos se mistura com outro, em vez de ambos serem percebidos
separadamente. Algumas pessoas sentem um sabor quando ouvem música,
enquanto outras percebem cores ao olharem para letras e números.

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